"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

2ª Série - Atividade sobre Arte Romana - 3ª Unidade - 2016

1.    Qual a origem da cidade de Roma?
2.    A arquitetura se caracterizou pelo uso de três elementos principais. Quais são eles?
3.    Liste duas características gerais da arte romana.
4.    Qual o mais importante e belo edifício de Roma? Qual era a sua função e descreva sua arquitetura.
5.    Os romanos também modificaram a linguagem arquitetônica que haviam recebido dos gregos, uma vez que acrescentaram aos estilos herdados (dórico, jônico e coríntio) duas novas formas de construção: os estilos toscano e composto. Qual a diferença entre eles?
6.    A arte romana reúne duas ideias importantes, embora diversas, redadas dos etruscos e dos gregos. Quais são elas?
7. O que são termas?
8.     Os gregos construíam seus templos não para receber pessoas, mas para abrigar as estátuas das divindades e ser admirados de fora. Já os romanos procuraram criar grandes espaços interiores. Lembrando que os templos gregos eram construídos com colunas:
a) Explique por que o arco, herdado dos etruscos, foi fundamental para a arquitetura romana?
b) Além do arco, que outro elemento arquitetônico foi fundamental para que os romanos pudessem criar grandes espaços interiores?
9.    Os estudiosos da pintura existentes em Pompéia classificam a decoração das paredes internas dos edifícios em quatro estilos. Quais são e qual a diferença entre eles?

10. Como ocorreu o desenvolvimento do mosaico e onde eram utilizados?

1ª Série - TIPOS DE DANÇA - 3ª Unidade - Texto 3 - 2016

Como todas as artes, a dança é fruto da necessidade de expressão do homem.
Em nossos dias, podemos dividir a dança em quatro formas distintas: as religiosas (ou étnicas), as populares (ou folclóricas), as danças de salão e as teatrais.

Danças Religiosas: As danças populares ou folclóricas nasceram, em princípio, de danças religiosas que pouco a pouco foram sendo liberadas pelos sacerdotes de um culto para que as celebrações (de casamentos, batizados, de uma boa colheita) passassem a ser realizadas em praças públicas e não mais dentro dos templos. Essa liberação, cuja data dificilmente se poderá saber (pois que sobre ela não há registro), significa um progresso na história da dança. Ao passarem do domínio dos sacerdotes para o domínio do povo, as manifestações religiosas transformaram-se em manifestações populares. Assim, com o passar dos anos, a ligação com os deuses foi ficando cada vez mais longínqua, e danças que nasceram religiosas foram gradualmente se transformando em folclóricas.
Podemos citar algumas características da dança como manifestação religiosa: 1) acontecia em locais especiais, como os templos; 2) era privilégio dos sacerdotes; 3) realizavam-se dentro de cerimônias específicas, devendo haver razões para a forma e as datas em que cada dança tinha lugar.
Devemos lembrar que os deuses eram invocados e seu auxílio solicitado por razões das mais diversas, fosse pedindo ou agradecendo. Por isso os deuses eram lembrados por ocasião de nascimentos, casamentos, mortes, guerras e colheitas, ou seja, em todas as ocasiões em que os homens sentiam necessidade de apoio da divindade de sua adoração.
As danças pouco a pouco adquiriram uma coreografia própria, ou seja, passos e gestos específicos a cada uma, com significado próprio e que deveriam ser respeitados no contexto de cada uma das cerimônias.
Sabemos, por exemplo, que os soldados romanos executavam, antes de cada batalha, danças guerreiras, nas quais pediam o apoio de Marte, deus da guerra, para a luta que iriam iniciar. Se a princípio a dança era executada por sacerdotes e um número pequeno de iniciados, aos poucos ela foi abrangendo outros grupos, até ser dançada por boa parte dos soldados. Com o passar do tempo o seu significado religioso foi sendo esquecido dando lugar a manifestações de cunho popular ou folclórico.
As danças guerreiras de diversas regiões da Ásia e da Europa Oriental se inserem nesse contexto. É importante notar que, durante vários séculos, a dança era privilégio do sexo masculino, e só muito mais tarde as mulheres passaram a participar ativamente das danças.
Sem sairmos do nosso próprio país, aqui encontramos, entre os nossos indígenas e no candomblé, suficientes provas da ligação entre a dança e o ato religioso. Encontramos também outras provas dessa tese em cultos africanos e asiáticos que permanecem vivos no nosso tempo. Esses exemplos nos mostram que, nos ritos religiosos antes do domínio da Igreja Católica, a danças integravam quase que totalmente a noção de religião.
No caso das religiões afrobrasileiras e, especialmente do candomblé, ocorreu um sincretismo que permitiu que essas religiões sobrevivessem à guerra que lhes foi movida pela Igreja Católica. Os negros identificaram seus orixás com os santos católicos e passaram a executar seus ritos em lugares distantes e horas tardias, procurando evitar a fiscalização da polícia. E tanto conseguiram que essas religiões e seus derivativos, especialmente a umbanda, a quimbanda e o omolocô, são seguidos hoje em dia por dezenas de milhões de brasileiros, muitos dos quais, ao acenderem uma vela para Santa Bárbara de São Jorge, o fazem não só aos próprios santos mas também a Yansã e a Ogun.
Segundo as estatísticas, temos hoje uma população indígena de cerca de 10% da que existia em 1500. Dessa, uma parcela perdeu boa parte de suas raízes e de sua civilização, mas pelo que restou podemos ter ainda uma noção bastante nítida da ligação entre dança e religião através das cerimônias de iniciação dos meninos na vida adulta, dos enterros e casamentos, onde duas presenças são constantes: a dança e o pagé.

Danças Populares: A nossa dança popular (também conhecida como dança folclórica) é, ao mesmo tempo, imensamente rica e pouco executada. Os livros especializados na matéria indicam-nos centenas de danças, muitas das quais sobrevivem apenas em pequenas cidades e morrem um pouco a cada ano que passa com a falta de renovação de seus intérpretes e o pouco interesse das autoridades competentes. Assim, um rico acervo cultural de nosso país vai se diluindo no tempo e deixará de existir caso não haja uma ação firme por parte das autoridades culturais.
De acordo com os especialistas, o folclore brasileiro se divide em dois grupos principais: o urbano, ou aquele que é parte integrante da vida da população das cidades e que domina principalmente o Norte e Nordeste do Brasil; e o rural, que ocupa a maior parte do Sul e Centro-Oeste, mas que se desenvolve principalmente nas aldeias e vilarejos, fora dos grandes centros urbanos.
As pequenas cidades sofrem bem menos o impacto da civilização e continuam a procurar o seu lazer dentro das manifestações folclóricas, tal como faziam os seus antigos habitantes. Na verdade, essas danças permanecem mais puras quando são interpretadas nos locais mais distantes dos centros civilizados.
Essa divisão geral sofre uma subdivisão, de acordo com os meios de subsistência de cada uma dessas áreas. Assim, as danças locais sofrem, em seu contexto, o impacto do ambiente em que se desenvolvem. Essa conexão aparece não só na coreografia em si, mas principalmente nos temas e nos nomes dos personagens.  Essas áreas são: 1) Marítima (pesca); 2) Agricultura; 3) Mineração; 4) Pastoreio; e 5) Região Amazônica.
As festas das áreas marítimas estão geralmente ligadas aos santos protetores dos marinheiros, que lhes proporcionam boa pesca ou os protegem dos perigos do mar. Os cantos e danças dessas festas normalmente contam a história de algum milagre ligado ao santo que é celebrado. Aqui se percebe a influência clara de danças portuguesas e espanholas, não apenas nas figuras formadas pelos dançarinos, mas também nos ritmos, nos instrumentos e nos objetos usados durante as encenações. Essas danças só são executadas em dias determinados e, na maioria das vezes, nas praças e jardins, diante das igrejas. Pena que algumas dessas danças estão desaparecendo rapidamente. Diversas delas sobrevivem em pequenas comunidades e seus intérpretes pertencem à geração mais velha; talvez a tradição desapareça com eles. Parece haver um vazio na renovação dos intérpretes – a juventude mostra-se atualmente mais desinteressada em continuar as tradições.
Felizmente isso não acontece em todos os lugares. Exatamente o contrário parece estar acontecendo no Nordeste, onde a renovação dos intérpretes parece acontecer sem problemas. Na verdade, com o auxílio de especialistas, algumas dessas danças estão ganhando uma nova força e voltando com renovado impacto ao mundo da nossa cultura popular (nosso folclore). Em certos estados, como Paraná, Maranhão, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, diversas sociedades foram formadas com o objetivo de preservar e divulgar a cultura popular (folclore). Mas não há dúvida de que algumas danças apresentadas em vilarejos distantes correm o risco de desaparecer.Na lista de nossas danças populares, existem diversos “bailados” de natureza secular e de origem africana. É possível que, em alguma época, tenham sido danças religiosas antes de serem transportadas para o Brasil. Dentro dessa categoria estão a Congada, o Maracatu (do baque solto e do baque virado), a Dança dos Pássaros, o Reisado, o Moçambique, os Caboclinhos, o Quilombo, dentre muitas outras. O escritor e folclorista Mario de Andrade deu-lhes o nome de “Danças Dramáticas”, pois sempre contam uma história com significado dramático. Além destas, ainda podemos citar inúmeras danças especificamente nordestinas como: ciranda, frevo, maculelê, tambor de crioula, quadrilha, forró, samba de roda, cacuriá, côco, puxada de rede e afoxés.
Se diversas dessas danças, como já dissemos, tiveram sua chance de sobrevivência aumentada com a fundação de sociedades específicas, muitas delas, como o Maracatu, transformaram-se em atrações turísticas. Isso significa que sua natureza foi alterada para fazer face às necessidades de coreografia geralmente imposta pelo turismo. Seria necessário que essas sociedades atentassem para o problema e impedissem que sua natureza folclórica fosse se transformando a ponto de chegar ao que chegou o Carnaval, ou seja, manifestação folclórica cujas origens se perderam completamente no tempo e no espaço, para se transformar apenas em atração turística, ou seja, um grande jogo de interesses e grande empreendimento industrial.

Dança de Salão: Imaginem que a evolução da dança seguiu o seguinte trajeto: o templo, a aldeia, a igreja, a praça, o salão e o palco. O salão inclui todas as danças que passaram a fazer parte da vida da nobreza europeia da Idade Média em diante. Podemos situar o aparecimento dessas danças na época em que a religião católica diminuía sua força em proibir tudo aquilo que cheirasse a pecado ou a ligação com o paganismo. Os especialistas em danças medievais são praticamente unânimes em dizer que as danças de salão descendem diretamente das danças populares. Ao serem transferidas do chão de terra das aldeias para o chão de pedra dos castelos, essas danças foram modificadas. Abandonou-se o que havia nelas de “menos nobre” transformando-as de acordo com o gosto das classes que se julgavam superiores.
Tendo se transformado em diversão das classes mais ricas, a dança foi se sofisticando e adquirindo movimentos cada vez mais complexos. A descrição das danças daquele tempo mostra-nos que elas obedecem a uma verdadeira coreografia, a qual, sem dúvida, foi se formando e enriquecendo através dos séculos. Vale-se ressaltar que nos séculos XVI e XVII, quando as cortes europeias seguiam rígidas etiquetas, esses verdadeiros códigos de comportamento diziam até como se deveria dançar, quem poderia dançar com quem, etc. Foi nessa época que uma manifestação que nascera livre e espontânea se transformou numa “camisa de força”.
As primeiras danças sociais, como eram chamadas as danças em casais, surgiram no séc. XIV. Eram a base dance (1350-1550) e o pavane (1450-1650), dançadas exclusivamente por nobres e aristocratas. Nos sécs. XIV a XVII a Inglaterra foi berço da contradanse, também só dançada pela Corte. A popularização das danças sociais deu-se em 1820 através do Minuet e da Quadrille. Já no início do séc. XIX ocorreram rápidas transformações no estilo de dançar. O minueto e a quadrille desapareceram e a Valsa começou a ser introduzida nos sofisticados salões de baile. Logo, a polka e, no início do nosso século, o two-step, one-step, fox-trot e tango, também invadem os salões. A dança social passa então a ser chamada de Dança de Salão (Ballroom Dancing).
No Brasil a dança de salão foi introduzida em 1914, quando a suíça Louise Poças Leitão, fugindo da I Guerra Mundial, aportou em São Paulo. Ensinando valsa, mazurca e outros ritmos tradicionais para a sociedade paulista, Madame Poças Leitão não imaginava que iria criar uma tradição tão forte, seguida por discípulos que continuariam a divulgar a dança de salão. No Rio de Janeiro a dança de salão cresceu nas mãos de Maria Antonieta, que, com várias correntes de professores, fazem o nosso bolero, samba no pé e samba de gafieira famosos no mundo todo.

Danças Teatrais: As danças teatrais, tal como a conhecemos, iniciou sua trajetória quando Luís XIV fundou, em 1661, a Academia Nacional de Dança. Essa Academia tem funcionado ininterruptamente até nossos dias, uma vez que se transformou naquilo que hoje são a Escola e o Ballet da Ópera de Paris. Assim, através de uma linha ininterrupta de bailarinos e professores, temos naquele país o desenvolvimento dessa arte desde o século XVII.        
Mas, antes disso, muitas coisas aconteceram: a semente daquilo que se converteria em Ballet foi levado à França por Catarina de Médicis, que queria manter os filhos entretidos enquanto ela se preocupava em governar. A rainha então importou da Itália artistas e cortesãos especializados na preparação de luxuosos espetáculos, e lhes encomendou inúmeras diversões que deveriam manter a corte distraída durante boa parte do tempo. O espetáculo era uma combinação de dança, canto e textos falados, e seu objetivo era claramente social e político: um passatempo elegante para o Rei e sua corte. Também proporcionava ocasiões para o esbanjamento de fortunas e, principalmente, possibilitava a indecente adulação que a corte fazia ao rei.
O primeiro Ballet a merecer este título foi o Ballet Comique de la Reine, de Balthasar de Beaujoieux, italiano, apresentado em 15 de outubro de 1581. Fora encomendado por Catarina de Médicis por ocasião do casamento de sua irmã. O Ballet Comique de la Reine é considerado a primeira obra de Ballet porque Beaujoieux, que era músico e violinista, compôs uma verdadeira coreografia, mostrando extraordinário engenho nas figuras geométricas que constituíam os diversos quadros e na direção do espetáculo, dando-lhe um cunho verdadeiramente profissional. Claro está que os nobres da corte não tinham nenhum treinamento e que os passos executados estavam dentro das possibilidades dos intérpretes. Mas é o conjunto de fatores que dá a essa obra o direito de ser apontado como a base da dança teatral, como a conhecemos hoje.
Cem anos depois, durante o reinado de Luís XIV, a dança ganhou ainda um maior incremento. O próprio rei adorava dançar e, segundo os cronistas da época, tinha talento para a coisa. No período entre 1651 e 1669, criou um extraordinário número de personagens desempenhando os mais variados papéis.  E Luís XIV gostava de se cercar da nata de sua corte e de artistas. Entre seus primeiros bailarinos estava Bassonpierre, que era Marechal de Campo do seu exército e passou a estimular preguiçosos cortesãos que chegaram a ser verdadeiros semi-profissionais pois dedicavam todo o seu tempo à Dança. Molière escrevia as histórias (libretos) e compositores famosos como Lully e Beauchamps, compunham as músicas para essas extravagâncias reais.
É interessante notar que, segundo um historiador importante, o Ballet, tal como o conhecemos hoje, nasceu quando a acrobacia dos ciganos e saltimbancos de feira se misturou com a graça artística dos cortesãos.
Luís XIV fundou, em 1661, a Academia de Musica e Dança. Oito anos depois, tendo engordado, o rei deixou de dançar e a corte imediatamente seguiu o seu exemplo. Mas as raízes da nova arte estavam devidamente plantadas, e o rei não abandonou o seu apoio à Academia que fundara e que se encarregava de preparar músicos e bailarinos para o prazer real. Da mesma forma com que o povo já freqüentava teatros para assistir as peças de Molière, logo foram sendo apresentados espetáculos que incluíam a danças como parte integrante de sua estrutura.

BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
FARO, Antônio José. Pequena História da Dança. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
MENDES, Míriam Garcia. A Dança. São Paulo: Ática, 1987.
PORTINARI, Maribel. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
WIKIPÉDIA – Enciclopédia livre

GOOGLE imagens – www.google.com.br

(baseado no texto de Antonio José Faro)


1ª Série-Texto 3: Tipos de Dança - 3ªUnidade- 2016

Como todas as artes, a dança é fruto da necessidade de expressão do homem.
Em nossos dias, podemos dividir a dança em quatro formas distintas: as religiosas (ou étnicas), as populares (ou folclóricas), as danças de salão e as teatrais.

Danças Religiosas: As danças populares ou folclóricas nasceram, em princípio, de danças religiosas que pouco a pouco foram sendo liberadas pelos sacerdotes de um culto para que as celebrações (de casamentos, batizados, de uma boa colheita) passassem a ser realizadas em praças públicas e não mais dentro dos templos. Essa liberação, cuja data dificilmente se poderá saber (pois que sobre ela não há registro), significa um progresso na história da dança. Ao passarem do domínio dos sacerdotes para o domínio do povo, as manifestações religiosas transformaram-se em manifestações populares. Assim, com o passar dos anos, a ligação com os deuses foi ficando cada vez mais longínqua, e danças que nasceram religiosas foram gradualmente se transformando em folclóricas.
Podemos citar algumas características da dança como manifestação religiosa: 1) acontecia em locais especiais, como os templos; 2) era privilégio dos sacerdotes; 3) realizavam-se dentro de cerimônias específicas, devendo haver razões para a forma e as datas em que cada dança tinha lugar.
Devemos lembrar que os deuses eram invocados e seu auxílio solicitado por razões das mais diversas, fosse pedindo ou agradecendo. Por isso os deuses eram lembrados por ocasião de nascimentos, casamentos, mortes, guerras e colheitas, ou seja, em todas as ocasiões em que os homens sentiam necessidade de apoio da divindade de sua adoração.
As danças pouco a pouco adquiriram uma coreografia própria, ou seja, passos e gestos específicos a cada uma, com significado próprio e que deveriam ser respeitados no contexto de cada uma das cerimônias.
Sabemos, por exemplo, que os soldados romanos executavam, antes de cada batalha, danças guerreiras, nas quais pediam o apoio de Marte, deus da guerra, para a luta que iriam iniciar. Se a princípio a dança era executada por sacerdotes e um número pequeno de iniciados, aos poucos ela foi abrangendo outros grupos, até ser dançada por boa parte dos soldados. Com o passar do tempo o seu significado religioso foi sendo esquecido dando lugar a manifestações de cunho popular ou folclórico.
As danças guerreiras de diversas regiões da Ásia e da Europa Oriental se inserem nesse contexto. É importante notar que, durante vários séculos, a dança era privilégio do sexo masculino, e só muito mais tarde as mulheres passaram a participar ativamente das danças.
Sem sairmos do nosso próprio país, aqui encontramos, entre os nossos indígenas e no candomblé, suficientes provas da ligação entre a dança e o ato religioso. Encontramos também outras provas dessa tese em cultos africanos e asiáticos que permanecem vivos no nosso tempo. Esses exemplos nos mostram que, nos ritos religiosos antes do domínio da Igreja Católica, a danças integravam quase que totalmente a noção de religião.
No caso das religiões afrobrasileiras e, especialmente do candomblé, ocorreu um sincretismo que permitiu que essas religiões sobrevivessem à guerra que lhes foi movida pela Igreja Católica. Os negros identificaram seus orixás com os santos católicos e passaram a executar seus ritos em lugares distantes e horas tardias, procurando evitar a fiscalização da polícia. E tanto conseguiram que essas religiões e seus derivativos, especialmente a umbanda, a quimbanda e o omolocô, são seguidos hoje em dia por dezenas de milhões de brasileiros, muitos dos quais, ao acenderem uma vela para Santa Bárbara de São Jorge, o fazem não só aos próprios santos mas também a Yansã e a Ogun.
Segundo as estatísticas, temos hoje uma população indígena de cerca de 10% da que existia em 1500. Dessa, uma parcela perdeu boa parte de suas raízes e de sua civilização, mas pelo que restou podemos ter ainda uma noção bastante nítida da ligação entre dança e religião através das cerimônias de iniciação dos meninos na vida adulta, dos enterros e casamentos, onde duas presenças são constantes: a dança e o pagé.

Danças Populares: A nossa dança popular (também conhecida como dança folclórica) é, ao mesmo tempo, imensamente rica e pouco executada. Os livros especializados na matéria indicam-nos centenas de danças, muitas das quais sobrevivem apenas em pequenas cidades e morrem um pouco a cada ano que passa com a falta de renovação de seus intérpretes e o pouco interesse das autoridades competentes. Assim, um rico acervo cultural de nosso país vai se diluindo no tempo e deixará de existir caso não haja uma ação firme por parte das autoridades culturais.
De acordo com os especialistas, o folclore brasileiro se divide em dois grupos principais: o urbano, ou aquele que é parte integrante da vida da população das cidades e que domina principalmente o Norte e Nordeste do Brasil; e o rural, que ocupa a maior parte do Sul e Centro-Oeste, mas que se desenvolve principalmente nas aldeias e vilarejos, fora dos grandes centros urbanos.
As pequenas cidades sofrem bem menos o impacto da civilização e continuam a procurar o seu lazer dentro das manifestações folclóricas, tal como faziam os seus antigos habitantes. Na verdade, essas danças permanecem mais puras quando são interpretadas nos locais mais distantes dos centros civilizados.
Essa divisão geral sofre uma subdivisão, de acordo com os meios de subsistência de cada uma dessas áreas. Assim, as danças locais sofrem, em seu contexto, o impacto do ambiente em que se desenvolvem. Essa conexão aparece não só na coreografia em si, mas principalmente nos temas e nos nomes dos personagens.  Essas áreas são: 1) Marítima (pesca); 2) Agricultura; 3) Mineração; 4) Pastoreio; e 5) Região Amazônica.
As festas das áreas marítimas estão geralmente ligadas aos santos protetores dos marinheiros, que lhes proporcionam boa pesca ou os protegem dos perigos do mar. Os cantos e danças dessas festas normalmente contam a história de algum milagre ligado ao santo que é celebrado. Aqui se percebe a influência clara de danças portuguesas e espanholas, não apenas nas figuras formadas pelos dançarinos, mas também nos ritmos, nos instrumentos e nos objetos usados durante as encenações. Essas danças só são executadas em dias determinados e, na maioria das vezes, nas praças e jardins, diante das igrejas. Pena que algumas dessas danças estão desaparecendo rapidamente. Diversas delas sobrevivem em pequenas comunidades e seus intérpretes pertencem à geração mais velha; talvez a tradição desapareça com eles. Parece haver um vazio na renovação dos intérpretes – a juventude mostra-se atualmente mais desinteressada em continuar as tradições.
Felizmente isso não acontece em todos os lugares. Exatamente o contrário parece estar acontecendo no Nordeste, onde a renovação dos intérpretes parece acontecer sem problemas. Na verdade, com o auxílio de especialistas, algumas dessas danças estão ganhando uma nova força e voltando com renovado impacto ao mundo da nossa cultura popular (nosso folclore). Em certos estados, como Paraná, Maranhão, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, diversas sociedades foram formadas com o objetivo de preservar e divulgar a cultura popular (folclore). Mas não há dúvida de que algumas danças apresentadas em vilarejos distantes correm o risco de desaparecer.Na lista de nossas danças populares, existem diversos “bailados” de natureza secular e de origem africana. É possível que, em alguma época, tenham sido danças religiosas antes de serem transportadas para o Brasil. Dentro dessa categoria estão a Congada, o Maracatu (do baque solto e do baque virado), a Dança dos Pássaros, o Reisado, o Moçambique, os Caboclinhos, o Quilombo, dentre muitas outras. O escritor e folclorista Mario de Andrade deu-lhes o nome de “Danças Dramáticas”, pois sempre contam uma história com significado dramático. Além destas, ainda podemos citar inúmeras danças especificamente nordestinas como: ciranda, frevo, maculelê, tambor de crioula, quadrilha, forró, samba de roda, cacuriá, côco, puxada de rede e afoxés.
Se diversas dessas danças, como já dissemos, tiveram sua chance de sobrevivência aumentada com a fundação de sociedades específicas, muitas delas, como o Maracatu, transformaram-se em atrações turísticas. Isso significa que sua natureza foi alterada para fazer face às necessidades de coreografia geralmente imposta pelo turismo. Seria necessário que essas sociedades atentassem para o problema e impedissem que sua natureza folclórica fosse se transformando a ponto de chegar ao que chegou o Carnaval, ou seja, manifestação folclórica cujas origens se perderam completamente no tempo e no espaço, para se transformar apenas em atração turística, ou seja, um grande jogo de interesses e grande empreendimento industrial.

Dança de Salão: Imaginem que a evolução da dança seguiu o seguinte trajeto: o templo, a aldeia, a igreja, a praça, o salão e o palco. O salão inclui todas as danças que passaram a fazer parte da vida da nobreza europeia da Idade Média em diante. Podemos situar o aparecimento dessas danças na época em que a religião católica diminuía sua força em proibir tudo aquilo que cheirasse a pecado ou a ligação com o paganismo. Os especialistas em danças medievais são praticamente unânimes em dizer que as danças de salão descendem diretamente das danças populares. Ao serem transferidas do chão de terra das aldeias para o chão de pedra dos castelos, essas danças foram modificadas. Abandonou-se o que havia nelas de “menos nobre” transformando-as de acordo com o gosto das classes que se julgavam superiores.
Tendo se transformado em diversão das classes mais ricas, a dança foi se sofisticando e adquirindo movimentos cada vez mais complexos. A descrição das danças daquele tempo mostra-nos que elas obedecem a uma verdadeira coreografia, a qual, sem dúvida, foi se formando e enriquecendo através dos séculos. Vale-se ressaltar que nos séculos XVI e XVII, quando as cortes europeias seguiam rígidas etiquetas, esses verdadeiros códigos de comportamento diziam até como se deveria dançar, quem poderia dançar com quem, etc. Foi nessa época que uma manifestação que nascera livre e espontânea se transformou numa “camisa de força”.
As primeiras danças sociais, como eram chamadas as danças em casais, surgiram no séc. XIV. Eram a base dance (1350-1550) e o pavane (1450-1650), dançadas exclusivamente por nobres e aristocratas. Nos sécs. XIV a XVII a Inglaterra foi berço da contradanse, também só dançada pela Corte. A popularização das danças sociais deu-se em 1820 através do Minuet e da Quadrille. Já no início do séc. XIX ocorreram rápidas transformações no estilo de dançar. O minueto e a quadrille desapareceram e a Valsa começou a ser introduzida nos sofisticados salões de baile. Logo, a polka e, no início do nosso século, o two-step, one-step, fox-trot e tango, também invadem os salões. A dança social passa então a ser chamada de Dança de Salão (Ballroom Dancing).
No Brasil a dança de salão foi introduzida em 1914, quando a suíça Louise Poças Leitão, fugindo da I Guerra Mundial, aportou em São Paulo. Ensinando valsa, mazurca e outros ritmos tradicionais para a sociedade paulista, Madame Poças Leitão não imaginava que iria criar uma tradição tão forte, seguida por discípulos que continuariam a divulgar a dança de salão. No Rio de Janeiro a dança de salão cresceu nas mãos de Maria Antonieta, que, com várias correntes de professores, fazem o nosso bolero, samba no pé e samba de gafieira famosos no mundo todo.

Danças Teatrais: As danças teatrais, tal como a conhecemos, iniciou sua trajetória quando Luís XIV fundou, em 1661, a Academia Nacional de Dança. Essa Academia tem funcionado ininterruptamente até nossos dias, uma vez que se transformou naquilo que hoje são a Escola e o Ballet da Ópera de Paris. Assim, através de uma linha ininterrupta de bailarinos e professores, temos naquele país o desenvolvimento dessa arte desde o século XVII.        
Mas, antes disso, muitas coisas aconteceram: a semente daquilo que se converteria em Ballet foi levado à França por Catarina de Médicis, que queria manter os filhos entretidos enquanto ela se preocupava em governar. A rainha então importou da Itália artistas e cortesãos especializados na preparação de luxuosos espetáculos, e lhes encomendou inúmeras diversões que deveriam manter a corte distraída durante boa parte do tempo. O espetáculo era uma combinação de dança, canto e textos falados, e seu objetivo era claramente social e político: um passatempo elegante para o Rei e sua corte. Também proporcionava ocasiões para o esbanjamento de fortunas e, principalmente, possibilitava a indecente adulação que a corte fazia ao rei.
O primeiro Ballet a merecer este título foi o Ballet Comique de la Reine, de Balthasar de Beaujoieux, italiano, apresentado em 15 de outubro de 1581. Fora encomendado por Catarina de Médicis por ocasião do casamento de sua irmã. O Ballet Comique de la Reine é considerado a primeira obra de Ballet porque Beaujoieux, que era músico e violinista, compôs uma verdadeira coreografia, mostrando extraordinário engenho nas figuras geométricas que constituíam os diversos quadros e na direção do espetáculo, dando-lhe um cunho verdadeiramente profissional. Claro está que os nobres da corte não tinham nenhum treinamento e que os passos executados estavam dentro das possibilidades dos intérpretes. Mas é o conjunto de fatores que dá a essa obra o direito de ser apontado como a base da dança teatral, como a conhecemos hoje.
Cem anos depois, durante o reinado de Luís XIV, a dança ganhou ainda um maior incremento. O próprio rei adorava dançar e, segundo os cronistas da época, tinha talento para a coisa. No período entre 1651 e 1669, criou um extraordinário número de personagens desempenhando os mais variados papéis.  E Luís XIV gostava de se cercar da nata de sua corte e de artistas. Entre seus primeiros bailarinos estava Bassonpierre, que era Marechal de Campo do seu exército e passou a estimular preguiçosos cortesãos que chegaram a ser verdadeiros semi-profissionais pois dedicavam todo o seu tempo à Dança. Molière escrevia as histórias (libretos) e compositores famosos como Lully e Beauchamps, compunham as músicas para essas extravagâncias reais.
É interessante notar que, segundo um historiador importante, o Ballet, tal como o conhecemos hoje, nasceu quando a acrobacia dos ciganos e saltimbancos de feira se misturou com a graça artística dos cortesãos.
Luís XIV fundou, em 1661, a Academia de Musica e Dança. Oito anos depois, tendo engordado, o rei deixou de dançar e a corte imediatamente seguiu o seu exemplo. Mas as raízes da nova arte estavam devidamente plantadas, e o rei não abandonou o seu apoio à Academia que fundara e que se encarregava de preparar músicos e bailarinos para o prazer real. Da mesma forma com que o povo já freqüentava teatros para assistir as peças de Molière, logo foram sendo apresentados espetáculos que incluíam a danças como parte integrante de sua estrutura.

BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
FARO, Antônio José. Pequena História da Dança. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
MENDES, Míriam Garcia. A Dança. São Paulo: Ática, 1987.
PORTINARI, Maribel. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
WIKIPÉDIA – Enciclopédia livre

GOOGLE imagens – www.google.com.br

(baseado no texto de Antonio José Faro)


sábado, 17 de setembro de 2016

2ª Série - ARTE BIZANTINA - 3ª Unidade - 2016

Bizancio era uma antiga colônia grega localizada entre a Europa e a Ásia, no estreito de Bósforo. Nesse local, no ano de 330, o imperador Constantino fundou a cidade de Constantinopla, que graças à localização geográfica privilegiada, viria a ser palco de uma verdadeira síntese das culturas Greco-romana e ocidental. O termo bizantino, portanto, deriva de Bizâncio e designa a criação cultural não só de Constantinopla, mas de todo o Império romano do Oriente.
O Império romano do Oriente, cuja capital era Roma, sofreu sucessivas invasões até cair completamente em poder dos bárbaros, no ano 476. Essa data marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média.
O Império Bizantino – como acabou sendo denominado o Império Romano do Oriente – alcançou seu apogeu político e cultural durante o governo do imperador Justiniano, que reinou de 527 a 565. Apesar das contínuas crises políticas, manteve-se a unidade do Império até 1453, quando os turcos tomaram sua capital Constantinopla, dando início a um novo período histórico a Idade Moderna.

Uma arte que expressa riqueza e poder
O momento de esplendor da capital do Império Bizantino coincidiu historicamente com a oficialização do cristianismo. A partir daí, a arte cristã primitiva, que era popular e simples, foi substituída por uma arte cristã de caráter majestoso, que exprime poder e riqueza.
A arte bizantina tinha como objetivo expressar a autoridade absoluta e sagrada do imperador, considerado o representante de Deus, com poderes temporais e espirituais. Para que a arte atingisse esse objetivo, uma série de convenções foi estabelecida – tal como ocorrera na arte egípcia.
Uma dessas convenções foi a lei da frontalidade, uma vez que a postura rígida da personagem representada leva o observador a uma atitude de respeito e veneração. Ao mesmo tempo, ao produzir frontalmente as figuras, o artista mostra respeito pelo observador, que vê nos soberanos e nas figuras sagradas seus senhores e protetores.
Além da frontalidade, outras regras minuciosas foram impostas aos artistas pelos sacerdotes, como a determinação do lugar de cada personagem sagrada na composição e a indicação de como deveriam ser os gestos, as mãos, os pés, as dobras das roupas e os símbolos. Enfim, tudo o que poderia ser representado era rigorosa e previamente determinado.
Passou-se também a retratar as personalidades oficiais e as personagens sagradas como se compartilhassem as mesmas características assim, a representação de personagens oficiais sugeria tratar-se de personagens sagradas.
As personagens sagradas, por sua vez, eram representadas com características das personalidades do Império. Jesus Cristo, por exemplo, aparecia como rei e Maria como rainha. Da mesma forma, situações típicas da corte eram traspostas para as representações dos santos.

Mosaico

O mosaico consiste na colocação, lado a lado, de pequenos pedaços de pedras de cores diferentes sobre uma superfície de gesso ou argamassa. Essas pedrinhas coloridas são dispostas de acordo com um desenho previamente determinado. A seguir, a superfície recebe uma solução de cal e areia e óleo que preenche os espaços vazios, aderindo melhor os pedacinhos de pedra. Como resultado obtém-se uma obra semelhante a pintura.
O mosaico é a expressão máxima da arte bizantina. As figuras rígidas e a pompa da arte de Bizâncio fizeram do mosaico a forma de expressão artística preferida pelo Império Romano do Oriente.
As paredes e as  abóbadas das igrejas, recobertas de mosaicos de cores intensas e de materiais que refletem a luz em reflexos dourados, conferem uma suntuosidade ao interior dos templos que nenhuma época conseguiu reproduzir e  serve também de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas, e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino não se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem também os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é utilizado em abundância, pela sua associação a um dos maiores bens materiais: ouro.


Arquitetura

O grande destaque da arquitetura foi a construção de Igrejas, facilmente compreendido dado o caráter teocrático do Império Bizantino. A necessidade de construir Igrejas espaçosas e monumentais, determinou a utilização de cúpulas sustentadas por colunas, onde haviam os capitéis, trabalhados e decorados com revestimento de ouro, destacando-se a influência grega.
A Igreja de Santa Sofia é o mais grandioso exemplo dessa arquitetura, onde trabalharam mais de dez mil homens durante quase seis anos. Por fora o templo era muito simples, porém internamente apresentava grande suntuosidade, utilizando-se de mosaicos com formas geométricas, de cenas do Evangelho.
Na cidade italiana de Ravena, conquistada pelos bizantinos, desenvolveu-se um estilo sincrético, fundindo elementos latinos e orientais, onde se destacam as Igrejas de Santo Apolinário e São Vital, destacando-se nesta última onde existe uma cúpula central sustentadas por colunas, planta ortogonal, e os mosaicos como o do imperador Justiniano e o da imperatriz Teodora, com seus respectivos séquitos levando oferendas ao templo. São obras que expressam de modo significativo o compromisso da arte bizantina com o império e a religião.

Os ícones bizantinos

Além de trabalhar nos mosaicos, os artistas bizantinos criaram os ícones, uma nova forma de expressão artística na pintura. A palavra ícone, de origem grega, significa “imagem”. Como trabalho artístico, os ícones são quadros que representam figuras sagradas, como Jesus Cristo, a Virgem, os apóstolos, santos e mártires. Em geral, são bastante luxuosos.
Para pintar os ícones, os artistas utilizavam a técnica da têmpera ou da encáustica, lançando mão de recursos que realçavam os efeitos de luxo e riqueza. Em geral, revestiam a superfície da madeira ou da placa de metal com uma camada dourada sobre a qual pintavam a imagem. Para fazer as dobras das vestimentas, as rendas e os bordados, retiravam com um estilete a película de tinta da pintura. Essas áreas, assim, adquiriam a cor de ouro.
Às vezes, os artistas colavam jóias e pedras preciosas na pintura, chegando até a confeccionar coroas de ouro para as figuras de Jesus Cristo ou de Maria. Essas jóias, aliadas ao dourado nos detalhes das roupas, davam aos ícones um aspecto de grande suntuosidade.
Depois da morte do imperador Justiniano, em 565, aumentaram as dificuldades políticas para que o Oriente e o Ocidente se mantivessem unidos. O Império Bizantino sofreu períodos de declínio cultural e político, mas conseguiu sobreviver até o fim da Idade Média, quando, em 1453, Constantinopla foi invadida pelos turcos.

Têmpera é o nome dado a um dos modos como os artistas bizantinos preparavam a tinta usada em seus ícones. Consiste em misturar os pigmentos a uma goma orgânica – em geral gema de ovo – para facilitar a fixação das cores à superfície do objeto pintado. O resultado é uma superfície brilhante e luminosa.

Encáustica: esta técnica foi usada na antiguidade. O processo consiste em diluir os pigmentos em cera aquecida e derretida no momento da aplicação. Ao contrário da têmpera, cujo efeito é brilhante, a pintura em encáustica é semifosca.

ESCULTURA: Este gosto pela decoração, aliado à aversão do cristianismo pela representação escultórica de imagens (por lembrar o paganismo romano), faz diminuir o gosto pela forma e consequentemente o destaque da escultura durante este período. Os poucos exemplos que se encontram são baixos-relevos inseridos na decoração dos monumentos.
A escultura bizantina não se separou do modelo naturalista da Grécia, e ainda que a Igreja não estivesse muito de acordo com a representação estatuária, não obstante, essa foi a disciplina artística em que melhor se desenvolveu o culto à imagem do imperador. Também tiveram grande importância os relevos, nos quais os soberanos imortalizaram a história de suas vitórias. Das poucas peças conservadas se deduz que, apesar de seu aspecto clássico, a representação ideal superou a real, dando-se preferência à postura frontal, mais solene.
Não menos importante foi a escultura em marfim. Destaca-se na escultura o trabalho com o marfim, principalmente os dípticos, obra em baixo relevo, formada por dois pequenos painéis que se fecham, ou trípticos, obras semelhantes às anteriores, porém com uma parte central e duas partes laterais que se fecham.
Esse modelo mais tarde se adaptou ao culto religioso em forma de pequeno altar portátil. Quanto à ourivesaria, proliferaram os trabalhos em ouro e prata, com incrustações de pedras preciosas. Porém, poucos exemplares chegaram até nossos dias.

Referências
PROENÇA, Graça. História da Arte.Ática. São Paulo 2009.

3ª Série - Slides sobre ARTE BARROCA - 3ª Unidade - 2016

















3ª Série - ARTE BARROCA - 3ª Unidade - 2016

A arte barroca desenvolveu-se no século XVII, num período muito importante da história da civilização ocidental, pois nele ocorreram mudanças econômicas, religiosas e sociais na Europa. Com o humanismo, o Renascimento e, principalmente, a Reforma, a Igreja católica teve seu poder enfraquecido. O grande Império cristão começou a se fragmentar em diversas religiões, pois a força da razão libertava o homem do autoritarismo. A Igreja católica, para reconquistar seu prestígio e poder, organizou a contra-reforma, isto é, tomou iniciativas importantes que visavam reafirmar e difundir sua doutrina. Foi então que se estabeleceu a Companhia de Jesus, ordem religiosa que objetivava no trabalho dos padres jesuítas difundir a fé católica entre os povos não-cristãos e edificar grandes igrejas. É na construção e decoração dessas igrejas que nasce a arte barroca. Arquitetos, escultores e pintores foram convocados para transformar igrejas em verdadeiras exibições artísticas, cujo esplendor tinha o propósito de converter ao catolicismo todas as pessoas.
A arte barroca originou-se na Itália, mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Entretanto, ela não se desenvolveu de maneira homogênea. Ela se manifestou de forma distinta em cada país, porém manteve algumas características básicas.
Diferentemente do Renascimento, em que as figuras são apresentadas de forma estática como se estivessem posando para um retrato, no Barroco elas passam a ser apresentadas de forma teatral, isto é, parecem sempre estar em movimento. Jogos de luz dão intensidade dramática à cena, destacando os elementos mais importantes do quadro, os quais formam uma composição em diagonal. A simetria e o equilíbrio entre arte e ciência, metas que o artista renascentista buscava de forma consciente, são rompidos na arte barroca, que procura retratar temas religiosos, mitológicos e do cotidiano com a predominância da emoção e não da razão. Através de um colorido intenso e de um contraste de claro-escuro, a arte barroca consegue expressar de forma peculiar os sentimentos humanos.
Suas características gerais são:
 * emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção  e não apenas pelo raciocínio.
 * busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
 * entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
 * violentos contrastes de luz e sombra;
 * pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.

PINTURA BARROCA NA ITÁLIA


Características da pintura barroca:
§  Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
§  As cenas representadas envolvem-se em acentuado contrataste de claro-escuro, o que intensifica a expressão de sentimentos - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade.
§  É realista, mas a realidade que lhe serve de ponto de partida não é só a vida de reis e rainhas, mas também a do povo simples.
§  Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.

Pintores barrocos:

Tintoreto (1515 – 1549) Pintou temas religiosos (Reencontro do Corpo de São Marcos), mitológicos (Vênus e Vulcano) e retratos (Jacopo Soranzo), sempre com duas características bem marcantes: os corpos das figuras são mais expressivos do que os seus rostos e a luz e a cor têm grande intensidade. Essa forma de organizar a composição era quase uma regra para Tintoretto, pois, para ele, um quadro devia ser visto inicialmente como um grande conjunto e só depois percebido nos detalhes que o artista procurou trabalhar.
Caravaggio (1573 – 1610) não se interessou pela beleza clássica que tanto encantou o Renascimento. Ao contrário, procurava seus modelos entre os vendedores, os músicos ambulantes, os ciganos, entre as pessoas do povo. Para ele não havia a identificação, tão comum na época, entre beleza e classe aristocrática.
Pintou entre 1599 e 1610, telas monumentais para a capela da igreja de S. Luigi dei Francesi.

Características da sua pintura de Caravaggio:
  Retratava personagens bíblicos, principalmente Jesus e Maria, baseando-se em pessoas comuns que encontrava nas ruas de Roma.
  Usava um forte realismo na pintura de suas obras.
  Colocava o foco da imagem nos rostos dos personagens.
  Usava efeitos de sombras e luzes.
  Pintava o fundo de suas obras de cores escuras, principalmente de cor preta. Este recurso dava um aspecto obscuro em suas pinturas.
  Modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador. Ele é conhecido como o fundador do estilo iluminista, que pode ser observado em A Ceia em Emaús, Conversão de São Paulo e Deposição de Cristo.
Os temas sagrados são retratados como um acontecimento contemporâneo entre as pessoas humildes; as figuras bíblicas assemelham-se a trabalhadores comuns, com fisionomias curtidas pelo tempo.

Outras obras: Vocação de São Mateus, Sepultura de Cristo.


Andrea Pozzo  Pintou entre 1642 e 1709 o teto da Igreja de Santo Inácio, em Roma. Essa obra impressiona pelo número de figuras e pela ilusão criada pela perspectiva de que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os homens para a santidade.
Esse tipo de pintura tornou-se muito comum na época.


ESCULTURA BARROCA
Nos gestos e no rosto das figuras representadas, a escultura barroca exprime emoções: alegria, dor sofrimento. Por vezes, um grupo de esculturas compõe uma cena dramática.

Características:
>         O equilíbrio entre os aspectos intelectuais e emocionais desaparece dando lugar à exaltação dos sentimentos;
>         As formas procuram expressar o movimento e recobrem-se de efeitos decorativos;
>         Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado;
>         Dramaticidade das expressões, os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas;

Artista: Bernini (1598 – 1680) Dentre os artistas foi, sem dúvida o mais importante e completo, pois foi arquiteto, urbanista, escultor, decorador e pintor. Algumas de suas obras serviram como elementos decorativos das igrejas. A obra de Bernini que desperta maior emoção religiosa é o Êxtase de Santa Teresa, escultura feita para uma capela da igreja de Santa Maria della Vittorio, em Roma.
Outras obras: Apolo e Dafne e Davi 

ARQUITETURA BARROCA
A arquitetura do século XVII realizou-se principalmente nos palácios e nas igrejas. A Igreja Católica queria proclamar o triunfo de sua fé e, por isso, realizou obras que impressionam pelo seu esplendor.
A arquitetura barroca também se caracterizou pelas diferentes combinações de elementos que criaram efeitos de forma e luz, rompendo com a frontalidade dos estilos arquitetônicos precedentes e com os valores renascentistas de simplicidade e racionalidade. Alguns dos mais importantes arquitetos italianos foram: Giacomo della Porta, Francesco Borromini, Gian Lorenzo Bernini e Pietro da Cortona.
A Praça de São Pedro (1657 – 1666). Esse é um dos exemplos mais significativos da arquitetura e do urbanismo do século XVIII na Itália. Em forma de elipse, a praça é cercada por duas grandes colunatas cobertas. Elas se estendem em curva tanto para a esquerda como para a direita, mas ligadas em linha reta aos dois extremos da fachada da igreja. É uma obra de grande porte, pois a colunata circular tem 17 metros de largura, 23 metros de altura e é composta por 284 colunas.

O BARROCO NA ESPANHA

Do século XVII até a primeira metade do século XVIII o Barroco expandiu-se da Itália para a Europa e ganhou, em cada país, características próprias, como é o caso da Espanha e dos Países Baixos.
Um traço original do Barroco espanhol encontra-se na arquitetura, principalmente nas portadas dos edifícios civis e religiosos, decoradas em relevo. A pintura espanhola foi muito influenciada pelo Barroco italiano, principalmente no uso expressivo de luz e sombra, mas conservou características próprias: o realismo e o domínio da técnica. Entre os pintores mas representativos estão El Greco e Velázquez.

El Greco (1941 – 1614) nasceu na ilha de Creta. Seu verdadeiro nome era Domenikos Theotokopoulos, mas seu apelido acabou reunindo as três culturas que influenciaram sua vida: o nome El Greco apresenta o artigo EL do espanhol, o substantivo Greco do italiano, e significa O Grego indicando sua procedência grega.
As obras de El Greco trazem uma característica que marcam sua pintura: a verticalidade das figuras. Essa peculiaridade pode ser observada em obras como O Enterro do conde de Orgaz, A Ressureição de Cristo e São Martinho e o Pobre.
As figuras esguias e alongadas de El Greco superam a visão humanista dos artistas do Renascimento italiano e recuperam o caráter espiritualizado dos mosaicos e ícones bizantinos.
As obras de El Greco trazem uma característica que marca sua pintura: a verticalidade das figuras.
Obras: O Enterro do Conde de Orgaz, A Ressurreição de Cristo e São Martinho, O Pobre, Espólio.

Diego Velázquez (1599 – 1660): O maior pintor da escola espanhola, mestre na representação de luz e sombra. Nasceu em Servilha, e logo produziu obras que impressionam pela elaborada técnica utilizada. Embora tenha se dedicado a pintar retratos da realeza, também procurou registrar em seus quadros os tipos populares do país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história.
Obras: Infanta Margarida aos Oito Anos, Velha Fritando Ovos, Conde-Duque de Olivares

O BARROCO NOS PAÍSES BAIXOS

O Barroco desenvolveu-se em duas grandes dimensões, sobretudo na pintura. Na Bélgica, esse estilo manteve como características as linhas movimentadas e a forte expressão emocional. Já na Holanda ganhou aspectos mais próximos do espírito prático severo do povo holandês. Por isso a pintura desenvolveu uma tendência mais descritiva, cujos temas preferidos foram as cenas da vida doméstica e social, trabalhadas com minucioso realismo.

Peter Paul Rubens (1577 – 1640) nasceu em Siegen, na Alemanha, em que seu pai, um advogado holandês, se refugiou para escapar da perseguição religiosa. Foi na Antuérpia que ele conheceu um de seus mestres o pintor Otto van Veen, que o influenciou a ir para a Itália. Em 1600, dois anos após ter se tornado mestre, Rubens vai para Roma, onde conhece as obras renascentistas que serviam de base para seu grande estilo.
Em seus quadros, é geralmente no vestuário que se localizam as cores como o vermelho, o verde e o amarelo que contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas. Trouxera da Itália a predileção por telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor figuras, a luz e a cor numa vasta escala, segundo o intenso movimento.
Além de um colorista vibrante, Rubens se notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento.
Obras: O Rapto da Filha de Leucipo, Caçada de Leões e Helena, Fourment com seu Filho Francis, O Jardim do Amor.

Hals: A obra de Hals (1581 – 1666) passou por uma evolução no domínio do uso da luz e da sombra. De início predominam os contrastes violentos, depois surgem os tons suavemente graduados e, por fim, um equilíbrio seguro da iluminação.
Do conjunto de sua obra fazem parte inúmeros retratos individuais e alguns de grupo, que registram as fisionomia e os hábitos dos burgueses da Holanda do século XVII.
Obras: O Alegre Bebedor, O Retrato de Isaac  Abrahamsz, Oficiais da Guarda Civil de Santo Adriano em Haarlem.

Rembrandt van Rijn (1606 – 1669): Foi o maior artista da escola holandesa.
Características da sua obra:
>         Predominância de expressões dramáticas e pela utilização de efeitos de luz.
>         Conseguiu reproduzir em suas telas uma gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensas;
Embora os retratos e cenas religiosas e mitológicas constituam a maior parte de sua obra, ele também contribuiu de forma original a outros gêneros, incluindo a natureza-morta e o desenho.
Obras: Mulher no Banho, A Ronda Noturna, A Aula de Anatomia do Dr. Joan Deyman, Os Negociantes de Tecidos.

Vermer: Diferentemente de Rembrandt, Vermeer (1632 – 1675) trabalha os tons em plena claridade. Seus temas são sempre os da vida das pessoas comuns da Holanda seiscentista. Seus quadros documentam com delicadeza os momentos simples da vida cotidiana.
Obras: Mulher lendo uma carta

O BARROCO NO BRASIL

O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII, permaneceu ainda no início do século XIX. Nessa época, na Europa, esse estilo já havia sido abandonado.
O Barroco brasileiro varia de uma região para outra. Nas regiões que enriqueceram com a mineração e o comércio de açúcar como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, encontramos igrejas com talhas douradas e esculturas refinadas, feitas por artistas de renome. Já nas regiões onde não havia açúcar nem ouro como São Paulo, as igrejas apresentam trabalhos modestos de artistas menos experientes.

O Barroco de Pernambuco
A partir de 1759 Recife teve grande crescimento econômico. Entre suas construções barrocas mais bem cuidadas está a igreja de São Pedro dos Clérigos.

O Barroco de Salvador
A partir da segunda metade do século XVII, a arquitetura das cidades mais ricas do Nordeste brasileiro começou a se modificar, ganhando formas mais elegantes e decoração mais requintada. Surgiram então as primeiras igrejas barrocas. Mas somente no século XVIII houve total predomínio desse estilo na arquitetura brasileira.
Nessa época, Salvador tinha uma importância muito grande, pois não era apenas o centro econômico da região mais rica do Brasil, mas também a capital do país.
De Salvador saíam todas as riquezas da colônia para Portugal e para lá se dirigiam os comerciantes portugueses que traziam consigo os hábitos da metrópole e, com eles, os artistas e os produtos portugueses.
Por isso, em Salvador e em todo o Nordeste, encontramos igrejas riquíssimas, como a Igreja e Convento de São Francisco de Assis, na capital baiana, cujo interior todo revestido de talha dourada lhe conferiu o título de “a igreja mais rica do Brasil”. Assim, a beleza da talha, dos azulejos portugueses que decoram o claustro do convento e da fachada externa esculpida em pedra faz do conjunto arquitetônico formado pela igreja e convento de São Francisco e pela Ordem terceira de São Francisco a construção barroca mais conhecida de Salvador.
A igreja de São Francisco cuja construção teve início em 1708, impressiona pela rica decoração interior. O intenso dourado que recobre as colunas, os ornamentos dos altares e as paredes são complementados pelos painéis que decoram o teto da nave central. O espaço interno dividi-se em três naves: uma central e duas laterais. As naves laterais são mais baixas que a nave central e nelas se encontram os altares menores, que são também guarnecidos por um grande número de trabalhos com motivos florais e arabescos dourados, anjos e atlantes. Na fachada, o frontão de linhas curvas é o elemento barroco mais caracterizador da parte externa da igreja.
Já a fachada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, considerada por alguns pesquisadores como um projeto de Gabriel Ribeiro, mostra um trabalho caprichoso de escultura decorando a arquitetura. As figuras de santos, anjos, atlantes e motivos florais esculpidos em pedra, juntamente com os balcões que revelam certa influência do barroco espanhol, fazem desta obra a única no gênero no Brasil.

O Barroco do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro si viria a ter destaque econômico e cultural com o início da extração do ouro em Minas Gerais, no século XVIII. Com seu porto, a cidade passou a centro de intercâmbio entre a região da mineração e Portugal. Em 1763, tornou-se a nova capital do país. A partir daí, foram erguidas muitas construções.
A escultura barroca do Rio de Janeiro contou com artistas portugueses e com um brasileiro em especial: Mestre Valentim (1750 – 1813), tão respeitado quanto Antônio Francisco Lisboa, nosso artista barroco mais conhecido e admirado. Mestre Valentim foi também paisagista, mas suas obras mais bem preservadas são as que fez para as igrejas, como a da Ordem Terceira do Carmo , a de São Francisco de Paula e a de Santa Cruz dos Milagres.

As igrejas de Minas Gerais não têm ouro no interior, apesar de que foi lá que se descobriu ouro. Se o exterior da igreja é simples, seu interior o é ainda mais, decorado com as pedras da região, principalmente a pedra-sabão.
No Brasil, a talha foi usada principalmente na decoração das igrejas barrocas do século XVII. Aparece tanto nos altares como em arcos cruzeiros, tetos e janelas, recobrindo praticamente todo o interior da igreja.
Nesse trabalho escultórico são comuns os motivos florais, a figura de anjos, as linhas espirais, as formas que sugerem movimento e quebram a monotonia das linhas retas que geometrizam o espaço.
O trabalho de talha também é feito em madeira, que depois recebe várias cores. É a talha policromada. As talhas mais exuberantes são as douradas, isto é aquelas em que a madeira é revestida de fina película de ouro.


A ARTE BARROCA EM OURO PRETO

A evolução da arquitetura mineira não foi rápida. A princípio tentou-se utilizar como técnica construtiva a taipa de pilão, um processo tipicamente paulista. Mais não deu certo, por causa do terreno duro e pedregoso, pouco favorável, ao fornecimento de terras argilosas. Depois, paulistas e portugueses tentaram outros processos, até chegarem às construções com muros de pedra.
Porém, essas construções de pedra foram surgindo lentamente. Enquanto isso, o que se usava mesmo era a taipa de pilão, que não permitia aos construtores projetar espaços muito complexos. Assim, as construções constituíram-se de paredes paralelas, que criavam interiores retangulares, com muros lisos, sem as sinuosidades (ondulações) tão comuns ao estilo barroco.
Com o passar do tempo, foram sendo harmonizadas as mais diferentes técnicas de construção e a rica decoração interior. O ponto culminante dessa integração entre arquitetura, escultura, talha e pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730 – 1814).
A igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto que foi construída de taipa e para poder receber de modo mais adequado sua rica decoração, foi necessário remodelar seu espaço interior.
A cidade de Ouro Preto – antiga Vila rica – é a que tem a mais famosa igreja Barroca – a de São Francisco de Assis. Nela trabalharam os dois maiores artistas do período colonial: o arquiteto e escultor Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor Manuel da Costa Ataíde.
É a única igreja barroca do mundo planejada, construída e esculpida por um só artista: o Aleijadinho. Na igreja de São Francisco de Assis tudo foi feito por ele, menos as pinturas do forro, que são do mestre Ataíde.
Além das igrejas em que foi o arquiteto, escultor e entalhador, ele deixou um conjunto de obras magníficas na Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, em congonhas do Campo. As esculturas de madeira colocadas em seis capelas, em frente à igreja, que retratam em tamanho natural os últimos dias de Jesus.
No adro dessa igreja esculpiu doze profetas do Velho Testamento, em pedra-sabão.  

Glossário
Talha: recebem o nome de talha os ornamentos esculpidos por entalhe numa superfície de madeira, marfim ou pedra e muito usados como revestimento da arquitetura.

Taipa de pilão: essas construções foram muito comuns no Brasil colônia e ainda restam pelo país muitas edificações construídas por esse sistema.
A parede de taipa de pilão é construída de blocos de barro comprimido dentro de uma forma de madeira.
A técnica da taipa de pilão na arquitetura, o uso da pedra sabão na escultura da Aleijadinho e os azuis e vermelhos, tão a gosto do povo, na pintura da Ataíde, são exemplos suficientes para demonstrar que o Barroco marcou o início de uma arte brasileira que procura afirmar seus próprios valores.

Retábulo (do espanhol retablo) é uma construção de madeira, de mármore, ou de outro material, com lavores, que fica por trás e/ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em baixo-relevo.
Colunata: série de colunas.

Bibliografia: PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo.2000.
BAZIN. Germain. História da Arte. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1976.
BEUTTENMÜLLER, Alberto. Viagem pela arte brasileira. Aquariana Ltda. São Paulo. 2002.