Mudanças no poder,
transformações na arte
Mas
não é apenas a rebeldia dos jovens e a necessidade das novas gerações de criar
suas próprias formas de expressão que levam à modificação dos padrões
estéticos. A arte retrata o seu tempo, por isso as modificações na sociedade
levam a grandes transformações nos padrões artísticos. Guerra, revoluções,
alternâncias significativas no poder político resultam em nova linha na
produção artística.
Na
época das grandes monarquias européias era comum, por exemplo, que um estilo de
arquitetura e arte fosse associado ao imperador que escolhia e patrocinava os
artistas, com encomendas de monumentos, edifícios públicos e pinturas
históricas. Alguns desses estilos ficaram conhecidos pelo nome do soberano,
como o elisabetano na Inglaterra, o manoelino em Portugal e o Luís XIV na
França. A sucessão de soberanos refletia-se, portanto na renovação dos estilos.
No
Brasil, no século XIX, D. João VI foi responsável por grandes modificações na
arte e na cultura. Contratou artistas franceses que constituíram a chamada
missão francesa, cuja chegada ao Rio de Janeiro ocorreu em 1816. Aqui
organizaram a Academia Imperial de Belas-Artes, onde, como professores,
promoveram a substituição do Barroco colonial pelo Neoclassicismo, vigente da
Europa. Essa reforma cultural pretendia colocar o Brasil em compasso com a
Europa e substituir o estilo artístico desenvolvido pela Igreja Católica
durante o século XVIII. Como outros monarcas europeus, D. João queria que a
arquitetura, a pintura e a música tivessem o seu selo.
Mas
não foi o nosso monarca o único governante a influenciar os rumos das artes no
Brasil. Getulio Vargas, durante o tempo em que foi presidente da República, e
em especial no Estado Novo, procurou promover as artes e a cultura, tentando
dar-lhes sempre um cunho nacionalista. Foi o grande incentivador de Heitor
Villa-Lobos e até mesmo de Candido Portinari. Juscelino Kubitschek, por sua
vez, na década de 1960, promoveu a arte moderna e fez construir Brasília,
grande marco da nossa arquitetura modernista que consagrou o mundo todo os nomes de Oscar Niemeyer e
Lúcio Costa, seus projetistas.
Um novo olhar sobre
Salvador
Salvador: história e arquitetura
Salvador é, sem
dúvida, uma das cidades mais belas do Brasil. Por isso, e por outra série de
características singulares, tornou-se também um dos principais destinos
turísticos tanto nacionais quanto internacionais. Famosa pela sua história,
pelo legado deixado por povos de outros continentes, pela miscigenação
cultural, pelo sincretismo religioso e pelo povo hospitaleiro.
A cidade é um
importante destino turístico do país. Quanto ao turismo internacional, fica
atrás apenas do Rio de Janeiro em procura. O interesse pela cidade se dá pela
beleza do seu conjunto arquitetônico e da cultura local (música, culinária e
religião).
Salvador, fundada em
29 de março de 1549, foi a primeira capital do Brasil, posição que manteve
durante 214 anos (1549-1763).
A Cidade de Salvador
fica debruçada sobre o mar transparente e calmo da Baia de Todos os Santos.
Suas águas, mornas e receptivas ficam quase que totalmente protegidas por
várias e belas ilhas, como a de Itaparica, Ilha de Maré e Ilha dos Frades.
Cidade antiga e
primeira capital do Brasil, Salvador consegue contrastar harmonicamente os
casarios coloniais do Pelourinho, (Patrimônio da Humanidade) com largas
avenidas e edifícios de arquitetura arrojada como a Casa do Comércio.
Sua localização
estratégica na costa brasileira propiciava as ligações Portugal - Brasil -
África - Ásia e a equidistância entre as regiões Norte e Sul do Brasil, aliada
às condições requeridas para o abrigo seguro e a correta manobra das
embarcações.
Tudo isso determinou a
sua escolha como local ideal para a construção da capital do BRASIL.
O conjunto arquitetônico colonial de Salvador é de importância irrefutável, possuindo inclusive o Título de "Patrimônio Histórico e Artístico da Humanidade" conferido pela O.N.U.
O conjunto arquitetônico colonial de Salvador é de importância irrefutável, possuindo inclusive o Título de "Patrimônio Histórico e Artístico da Humanidade" conferido pela O.N.U.
Sua exuberante
geografia é dividida em dois andares, cidades alta e baixa. Seu rico patrimônio
histórico e cultural foi herdado pela miscigenação das raças (indígena,
africana e européia) e está presente na religiosidade, nas manifestações
culturais e nos costumes de um povo alegre e hospitaleiro. Esses atributos
singulares despertam a curiosidade no imaginário das pessoas, tornando Salvador
num excelente produto turístico nacional e internacional.
A
Cidade Baixa surgiu com sucessivas ampliações da área de praia original que, a
partir de meados do século XVI, chegava ao pé da “montanha” para servir como o
Porto da antiga Salvador. Nela foram construídas fortificações, amarras de
naus, cais para saveiros e depósitos de mercadorias que iam e vinham de todas
as partes do mundo. A primeira área é chamada de Conceição da Praia – cuja base
foi erguida em 1549 a mando do capitão Tomé de Souza, o primeiro
Governador-Geral do Brasil. Aí estão também o Forte de São Marcelo, edificado em meados do século XVII e
reformado no inicio do século XIX para defesa do porto, o quebra-mar.
Construção da cidade
Salvador
começou a ser construída no Pelourinho e as razões que levaram a escolha deste
local são bastante claras. É a parte mais alta da cidade, em frente ao porto,
perto do comércio e naturalmente fortificada pela grande depressão existente
que forma uma muralha, de quase noventa metros de altura, por quinze
quilômetros de extensão, o que facilitaria a defesa de qualquer ameaça vinda do
mar.
Em
poucos anos, Tomé de Souza construiu uma série de casarões e sobrados, na parte
superior dessa muralha, todas inspiradas, evidentemente, na arquitetura barroca
portuguesa e erguidos com mão de obra escrava negra e indígena. Para dar maior
proteção à cidade, o Governador Geral limitou o acesso a apenas quatro portões,
estes totalmente destruídos durante as tentativas sem sucesso, de dominação da
cidade no séc. XVII.
Salvador
desenvolve-se em dois níveis distintos: a Cidade Baixa, na estreita planície
litorânea, é núcleo das atividades portuárias e comerciais, sobretudo do setor
atacadista.
Na cidade Baixa
encontra-se o Forte de Nossa Senhora de
Monte Serrat construído na época do Brasil colônia no limite norte da
cidade de Salvador, sua primeira construção data do final do século XVI, sendo
posteriormente reformado entre 1591 e 1602. Sua planta é um polígono irregular
com grandes torres circulares em seus ângulos recobertos por cúpulas utilizadas
como guarita e atualmente é sede do Museu da Armaria, criado em 1993.
Encontramos também a Igreja Nossa
Senhora da Boa Viagem, concluída em meados do séc. XVIII era primitivamente
de nave única e corredores laterais, com tribunas superpostas e coro. Entre
1908 e 1912 é modificada com a demolição, no térreo, das paredes que separam a
nave dos corredores, substituídas por pilares. Sua fachada possui composição
simples e é realçada por uma torre de terminação piramidal, revestida de
azulejos brancos e azuis. No seu interior, destacam-se o altar-mor e altares
colaterais - barrocos - e os azulejos da capela-mor, doados como ex-votos e
datados de 1743/46.
Ainda na cidade Baixa
encontramos o Mercado Modelo, com
lojas de artesanato, restaurantes e bares, construído em 1861 e tombado pelo
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, abrigou no passado a Terceira
Alfândega da capital, é uma obra em
estilo neoclássico, com um corpo quadrado e telhado de duas águas, trazendo
anexado, ao fundo, um pavimento de planta semicircular, culminando em uma
cobertura em formato cônico, compondo uma rotunda, sem comparativo em toda a
arquitetura nacional.
Na Ladeira do Contorno
encontramos o Solar do Unhão, conjunto
arquitetônico colonial em cujas instalações funcionou um engenho de açúcar,
fábrica de rapé e trapiche e que foi quartel dos fuzileiros navais americanos
durante a II Guerra Mundial. Hoje uma das principais atrações turísticas da
capital baiana. Constitui-se em expressivo conjunto arquitetônico, integrado
pelo Solar, pela Capela de Nossa Senhora da Conceição, um cais privativo,
aqueduto, chafariz, senzala e um alambique com tanques. O conjunto atualmente
sedia o Museu de Arte Moderna (MAM), totalmente restaurado. O solar também
abriga o Parque das Esculturas que reúne 23 esculturas de 20 principais nomes
da escultura moderna e contemporânea como: Bel Borba, Carybé, Chico Liberato,
Emanuel Araujo, Fernando Coelho, Juarez Paraíso, Mário Carvo Júnior, Mestre
Didi, Sante Ecaldaferrii, Siron Franco, Tati Moreno e Vauluizo Bezerra.
A Cidade Alta com os
bairros residenciais que contornam o centro histórico, caracterizado pelo
comércio varejista. Essa área da cidade foi a que mais se modernizou e onde se
localizam os prédios da administração pública, embora se conservem casarões,
sobrados, igrejas e palácios característicos da cidade antiga. Os dois níveis
estão ligados pelo Elevador Lacerda,
um marco da cidade, em funcionamento desde 1873, resalta a originalidade
topográfica de uma cidade separada em dois níveis. Foi construído pelo
engenheiro Augusto Frederico de Lacerda,
utilizando peças de aço importadas da Inglaterra. Este grandioso monumento
arquitetônico surpreende pelo seu porte, possui 72 metros da base até a torre
dos elevadores e duas torres: uma que sai da rocha e perfura a Ladeira da
Montanha, equilibrando as cabines, e outra, mais visível, que se articula à
primeira torre, descendo até ao nível da Cidade Baixa.
A
primeira capital do Brasil guarda em seu território muito da arquitetura da
época colonial, abrigando relíquias seculares. Seus museus e palácios de
excelência arquitetônica contam como era a vida da suntuosa e imponente
Salvador nos tempos de Colônia e Império.
O
traço da cidade declara a preocupação dos colonizadores do século XVI em criar
uma cidade com boa estrutura de defesa, de maneira que sua porção litorânea
fosse guardada pelos fortes sempre vigilantes a possíveis invasões.
O
conjunto arquitetônico do Pelourinho está no mais alto sítio da cidade. Seus
mais de mil sobrados, solares, palacetes, igrejas e conventos são voltados para
o sul, o que remonta o modelo Ibérico de construções, com grandes salões
voltados para o poente e quintais em forma de jardins ao fundo. Nestas
construções as pedras de lios compõem as alvenarias e o acabamento, feito em
azulejos portugueses. Durante a época da escravidão, era o lugar onde os
escravos eram castigados. A praça é cercada por várias casas antigas, no mais
puro estilo colonial, dentre elas o casarão da Fundação Jorge Amado ocupa o casarão que fica de frente para o Largo
do Pelourinho, possui
fachada no estilo colonial, janelas amplas a deixar a luminosidade e a
ventilação tornarem o mais arejado possível o ambiente, paredes
externas azuis para contrastar com a variada tonalidade dos demais casarões
localizados nessa histórica região de Salvador. O acervo é
composto por livros, artigos e discursos de Jorge Amado, além de vídeos,
fotografias, periódicos e trabalhos acadêmicos que referenciam o escritor. É
uma instituição cultural com várias atividades e um núcleo de pesquisas, com documentação
sobre o próprio Jorge amado, Zélia Gattai e a literatura baiana.
A
Igreja do Rosário dos Homens Pretos é
outro exemplo de arquitetura, localizada no Pelourinho, iniciada nos primeiros
anos do século XVIII pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens
Pretos do Pelourinho, escravos que só podiam trabalhar na obra em seus momentos
de folga, precisou de quase um século para ser concluída. Finalizada em 1796, é
um dos marcos do Centro Histórico, com torres de influência indiana, fachada
com estilo rococó, reúne trabalhos delicados e belíssimas torres e possui um
painel no teto de José Joaquim da Rocha. Destacam-se em seu interior, os
painéis de azulejos, os altares neoclássicos e três imagens o século XVII: a de
Nossa Senhora do Rosário, São Antônio de Cartegorona e São Benedito. Nos
fundos, localiza-se um antigo cemitério de escravos.
A
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos a Catedral Basílica, dois
grandes exemplos da arquitetura da época da Colônia.
No
Pelourinho também encontramos o Museu da Gastronomia Baiana (MGBA) é o
primeiro da América Latina totalmente dedicado à gastronomia, é um espetáculo
só por sua arquitetura. Ao entrar, cumpre-se um circuito que começa nas
Muralhas de Santa Catarina, o mais antigo e importante marco arqueológico de
Salvador, que estão destacadas com projeto luminotécnico e painel apresentando
as referências iconográficas e textuais. Seguido pela exposição permanente,
veem-se grandes painéis assinados por fotógrafos renomados que abordam temas
culturais diversos, como as comidas sagradas do candomblé. As fotografias
ampliadas compõem os cenários humanos, reunindo maneiras de comer, as festas de
largo, as baianas de acarajé e outros temas que mostram a diversidade de comer
na rua, na casa, na festa e em cerimônias religiosas.
O
museu traz as histórias das comidas típicas baianas, como acarajés, vatapás e
moquecas, além de referências étnicas, sociais e culturais que fazem parte da
gastronomia da Bahia.
O
acervo do museu é composto por filmes, fotos, maquetes e utensílios de vários
tipos de materiais que ajudam a sintetizar a formação da culinária brasileira.
No
centro histórico de Salvador também se destaca o Solar do Ferrão – Se chamou Solar do Maciel, o segundo mais antigo
Solar do século XVII. José Sotero Maciel de Sá Barreto comprou o terreno,
construiu para morar e depois transfere o solar para os jesuítas, que fazem de
lá o seu seminário. Com a saída dos jesuítas, o solar é rematado por Joaquim
Inácio Ferrão de Aragão e ganha o nome de Solar do Ferrão.
O
Solar é um
casarão nobre, localizado numa zona de grande declive, tendo por isso três
pavimentos na frente e seis no fundo, além de um porão. Na fachada principal
abrem-se duas portadas, datadas de 1690 e 1701, decoradas com volutas e relevos.
O piso mais alto tem janelas com sacadas e gradis de ferro. No pavimento nobre
há cômodos com tetos forrados com painéis de madeira. Passou
por várias reformas e nos dias atuais, funcionam o Museu Abelardo Rodrigues e uma biblioteca
inteiramente informatizada.
O
Solar do Ferrão abriga três importantes coleções: de arte sacra, do Museu Abelardo Rodrigues que guarda a mais valiosa coleção de arte sacra particular do Brasil. São imagens em
madeira, barro cozido, marfim, pedra e metal, além de oratórios, imagens de
Roca, e santeiros populares, pinturas, altares, crucifixos
e fragmentos de talha expostos numa área de 536 metros quadrados. A
coleção contém mais de 800 peças reunidas pelo pernambucano que dá nome ao
museu. As obras datam do período entre os séculos XVIII e XIX. A de arte africana
Panáfrica, da coleção Claudio Masella; e de arte popular, da coleção Lina Bo
Bardi. O encontro entre estas expressões artísticas possibilita um diálogo
único entre as matrizes que colaboraram para a formação do povo brasileiro: a
indígena, a portuguesa e a africana.
O
Ferrão também é sede da Galeria Solar Ferrão, espaço dedicado à arte
contemporânea. A realização de exposições temporárias dinamiza o local propondo
uma ponte entre o passado e o presente e possibilitando aproximações que
atualizam e ressignificam a produção artística.
As
três coleções de arte, em diálogo com as produções artísticas contemporâneas da
Galeria, proporcionam um vigor e dinamismo que consolidam o Centro Cultural
Solar Ferrão como um dos principais centros de arte e cultura do Pelourinho.
O
Museu Afro-Brasileiro da Universidade
Federal da Bahia um dos poucos no país a tratar exclusivamente das culturas
africanas e sua presença na formação da cultura brasileira. Através de
importantes elementos materiais, representativos dessas culturas, o museu
apresenta conteúdos que facilitam a compreensão dos aspectos históricos,
artísticos e etnográficos que identificam as sociedades africanas e permitem
uma reflexão sobre a importância dessa matriz para o desenvolvimento da
sociedade brasileira. É um espaço de coleta,
preservação e divulgação de acervo referente às culturas africanas e
afro-brasileiras, com o objetivo de estreitar relações com a África e
compreender a importância deste continente na formação da cultura brasileira
incentivando, por outro lado, contatos com a comunidade local.
Outro
museu de grande importância é o Museu de
Arqueologia e Etnologia da UFBA que se encontra implantado num sítio
arqueológico colonial, representa os mais completos vestígios arquitetônicos do
Colégio dos Jesuítas construído a partir de meados do Século XVI. O museu guarda
valioso patrimônio em busca de preservar e reconstituir a memória e identidade
do povo brasileiro através de suas exposições de acervos arqueológicos e
etnográficos representativos do passado pré-colonial, colonial e
contemporaneidade de povos indígenas que contribuíram para a formação da
diversidade de povos e identidades brasileiras.
Chegando
ao corredor da Vitória vamos encontrar o Museu
Carlos Costa Pinto - Inaugurado
em 5 de novembro de 1969, tem origem na coleção particular do comerciante e
exportador de açúcar Carlos Costa Pinto (1885 - 1946), reunida ao longo de 30
anos. Instalado no casarão em estilo colonial americano, inicialmente à
residência da família, a casa nunca foi habitada e uma série de adaptações para
comportar a sua nova função foi feita ao longo de sua existência.
Doado pela viúva
Margarida de Carvalho Costa Pinto, o acervo do museu possui um acervo de 3.175
obras de artes decorativas dos séculos XVII ao XX divididos em 12 coleções:
Cristal, Desenho, Diversos, Escultura, Gravura, Imaginária, Mobiliário, Ordens
Honoríficas, Ourivesaria, Pintura, Porcelana e Prataria. Um dos destaques do
Museu é a coleção de pratarias (religiosa, civil e regional), uma das maiores
do Brasil, exposta de acordo com a função dos objetos. As joias constituem
outro ponto alto da coleção do Museu.
Outro museu que se
destaca no corredor da Vitória é o Museu
de Arte da Bahia fundado em 1918. O novo e imponente prédio, conhecido como
“Palácio da Vitória”, foi enriquecido com vários elementos arquitetônicos,
oriundos de demolição de outros solares, a exemplo da magnífica portada
seiscentista com moldura em arenito, formando desenho de tranças e frontão com
volutas, datado de 1674. A sua porta monumental, em vinhático e jacarandá, é
toda ela entalhada com vários painéis retangulares com expressivos mascarões em
baixo relevo. O acervo do Museu de Arte da Bahia é formado de várias coleções
particulares constituídas à partir da 2ª metade do séc. XIX e progressivamente
adquiridas pelo Estado. possui ainda no seu acervo, uma série de cerca de 200
desenhos de Carybé, datados de 1950, gravuras de renomados artistas
brasileiros, e estrangeiros, além de fotografais antigas e importantes
documentos históricos.
Na Graça encontra-se o
Palacete das Artes/Museu Rodin Bahia constitui-se
de um prédio antigo e um anexo moderno. O projeto de arquitetura do Rodin
Bahia, de autoria dos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, promove um
diálogo entre o secular e o contemporâneo, buscando uma relação de equilíbrio
entre eles na configuração dos três grandes ambientes: o palacete, o edifício
anexo e o parque das esculturas. A parte antiga, o casarão propriamente dito, é
uma construção de 1912, realizada para moradia de um rico empresário local,
Bernardo Martins Catharino, com seus múltiplos espaços distribuídos pelos três
pavimentos. O projeto é do arquiteto
Baptista Rossi, de origem italiana. Foi construído no
estilo eclético, com elementos decorativos em art nouveau. Para sua
construção foram importados materiais, operários e artistas europeus. Em 2006
foi feito, pelo governo da Bahia, o restauro do imóvel antigo e construído um
anexo, com projeto do renomado arquiteto Marcelo Ferraz, ao seu fundo, para
sediar exposições diversas. O prédio histórico foi destinado a
abrigar esculturas do artista francês, Auguste Rodin, com peças em gesso, e nos
jardins externos, em bronze, autenticadas, feitas em Paris.
O
Anexo ligado ao Palacete por uma passarela de concreto faz a ponte do passado
com o presente. No espaço serão exibidas mostras de artistas contemporâneos.
No
Largo da Graça encontra-se a Igreja da
Graça foi fundada por volta do ano de 1535, e reconstruída em 1808, é uma
das mais antigas, foi construída por ordem de Catarina Paraguaçu, mulher de
Diogo Álvares, o Caramuru. Localizada próxima ao local onde residia o casal, é
também o santuário mariano mais antigo do Brasil. A Igreja é rica em elementos
históricos: estão nela os restos mortais de Catarina Paraguaçu. Os tetos da
capela-mor e a nave são de autoria de Manoel Lopes Rodrigues, executados em
1881 e a imagem no altar-mor é a mesma encontrada por Caramuru e Paraguaçu,
cuja visão milagrosa é descrita em tela da sacristia e no teto da nave.
Do
século XVII vieram os registros beneditinos com igrejas de grande porte e
riqueza. Adornos em madeira, folheados a ouro e pinturas ao teto finalizam
estas construções com um toque do Barroco. Os espaços que melhor caracterizam
esse período são a Catedral Basílica, a Igreja
e Convento do São Francisco uma das mais ricas e espetaculares igrejas do
Brasil, possui o interior todo recoberta em ouro, uma das mais singulares e
ricas expressões do Barroco brasileiro. O edifício foi construído em pedra
calcária nas partes aparentes, e arenito nas partes rebocadas. Todas as
superfícies do interior - paredes, colunas, teto, capelas - são revestidas de
intrincados entalhes e douraduras, com florões, frisos, arcos, volutas e
inúmeras figuras de anjos e pássaros espalhados em vários pontos.
Um século depois, como
reflexo da mudança da capital para o Rio de janeiro, a arquitetura torna-se
menos vultosa, contudo ganha em elegância e graciosidade, o que relembra o
rococó Barroco. Neste período foram construídas a Igreja de N. S. da Penha da
França, N. S. da Conceição do Boqueirão, N. S. da Saúde e Glória e a famosa Igreja do Senhor do Bonfim construída
em estilo neoclássico com fachada em rococó, essa típica igreja colonial
portuguesa possui duas torres sineiras laterais. A Igreja chama a atenção por
suas dimensões e pela posição de destaque na elevação onde foi instalada.
No
século XIX cresce a urbanização da cidade, ganhou os sobrados elevados de até
quatro pavimentos. A influência neoclássica é dominante com colunas, baixos
relevos de guirlandas e medalhões nas fachadas. São datadas desta época as
construções do Mercado Modelo (antiga Alfândega) e da sede da Associação
Comercial.
No
século passado, rompendo com o modelo de arquitetura antiga - marcante em toda
a história da cidade, surge um novo traçado arquitetônico com largas avenidas e
vales que incorporam prédios pós-modernos de formas não regulares, nos quais o
vidro e o concreto são predominantes e contrastam com cores fortes. São
exemplos da recente Salvador o prédio da Casa do Comércio, o Centro de
Convenções, o Teatro Castro Alves (TCA)
é o maior e mais importante centro artístico de Salvador, o Teatro Vila Velha possui o
projeto arquitetônico de Sílvio Robato, que transformou um galpão em teatro,
adequando-o ao espaço cedido pelo governo do Estado no Passeio Público, era a
concretização do sonho daqueles jovens: o primeiro teatro independente da Bahia e os grandes shoppings centers.
Referências
COSTA,
Cristina. Questões de Arte: O belo, a
percepção estética e o fazer artístico. 1ª ed. São Paulo. Moderna. 2004.