"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

1ª Série - Texto 4 - O TEATRO NA BAHIA - 4ª Unidade 2013


Na Bahia, a produção teatral propriamente dita só ocorreu no século XX. Até o final do século XIX, na pacata vida de província, raramente viam-se acontecimentos extraordinários. Só a partir da segunda década é que começaram a surgir companhias de arte dramática que estudavam, especialmente, as obras de William Shakespeare. Embora os espetáculos teatrais já fizessem parte da cidade do Salvador desde a sua fundação, somente em 1957 a capital baiana ganha o seu primeiro teatro, o Teatro Santo Antônio, que até hoje faz parte das instalações da Escola de Teatro da UFBA, com o nome de Teatro Martim Gonçalves. Até então, os poucos espetáculos existentes eram apresentados em auditórios adaptados em colégios, clubes e praças da capital baiana. A Escola de Teatro da UFBA, que regulamentava a profissão de atores e fazia parte do ambicioso projeto cultural do Reitor Edgard Santos, surge no ano de 1956, tendo como principal objetivo a integração da produção universitária com a população, levando à mesma, novas formas de pensar, agir e vivenciar novos padrões estéticos. Para o Reitor, idealizador do projeto, esta seria uma forma da comunidade afirmar a sua identidade cultural. A grande ousadia de implantar uma faculdade destinada à formação, em nível superior, de atores, diretores, professores, cenógrafos  e críticos de teatro ganharia novo impulso com a chegada do artista e professor Martim Gonçalves, primeiro diretor da escola de Teatro e um dos fundadores do teatro Tablado no Rio de Janeiro. Ao lado dele, ajudando a realizar o sonho de Edgard Santos, pode-se citar nomes que entraram para a história da arte dramática no Brasil, como Othon Bastos, Nilda Spencer, José Possi Neto e tantos outros que fizeram de Salvador, logo nos primeiros anos da Escola, um centro de produção teatral. Nos anos 60 e 70, o teatro baiano continuou a sua trajetória, porém, com a ditadura militar e a subsequente ausência de políticas públicas de incentivo às artes cênicas baianas, houve um longo período em que o teatro produzido na capital baiana não era muito valorizado nem prestigiado pela comunidade, ficando restrito a um público mais elitizado, afastando-se totalmente do povo. As produções não conseguiam patrocínio e, apesar dos excelentes artistas que sempre existiram na cidade, o teatro perdeu muito da sua importância no cenário da cultura soteropolitana e em todo o país. Na década de 80, o surgimento da Cia Baiana de Patifaria fez o teatro baiano ganhar projeção nacional, com a montagem da comédia besteirol “A Bofetada”, que ficou em cartaz inicialmente por 12 anos e, inclusive, tem sido remontada inúmeras vezes nos últimos anos. “A Bofetada” ganhou inúmeros prêmios em festivais nacionais e fez bastante sucesso em todo o país. “Os Cafajestes”, “Oficina Condensada” e “Noviças Rebeldes” foram peças que seguiram o sucesso dessa produção, encantando a todos com o seu gênero de comédia. Atualmente, o teatro baiano tem ampliado sua produção, diversificando os gêneros e criando um estilo bastante peculiar e reconhecido em todo o país. O forte traço regional é uma característica marcante nas montagens baianas, conferindo a textos antigos uma nova roupagem e, aos novos, criatividade e autenticidade. Inúmeras peças têm feito sucesso nos últimos anos em Salvador e seguido para outros estados, como: 7 Conto, O Indignado, Vixe Maria Deus e o Diabo na Bahia, Cabaré da Raça (Bando de Teatro Olodum, etc. O teatro passou a contar com maiores incentivos das políticas públicas e patrocínios, facilitando o acesso do grande público às suas produções. Atualmente temos grandes atores no teatro baiano e muitos têm feito sucesso no eixo Rio-São Paulo, a exemplo de Lázaro Ramos e Vladimir Brishta (novelas e cinema), Val Perre, Fabrício Oliveira e Wagner Moura, que esteve a pouco tempo em cartaz com a peça Hamlet e atualmente é o protagonista de Tropa de Elite 1 e 2, além de inúmeras novelas e outros filmes. 
Referências:
www.obrchopero.hpg.ig.com.br , www.canalkids.com.br e www.dionisius.hpg.ig.com.br

1ª Série - Texto 3: Os Principais Autores Teatrais Brasileiros - 4ª Unidade 2013




1. Ariano Suassuna
Estreado no Recife em 1956, o Auto da Compadecida viajou para o Rio de Janeiro, consagrando Ariano Suassuna, de imediato, como um dos mais importantes dramaturgos brasileiros. A obra continha um achado que fundia duas tradições importantes para a nacionalidade: o teatro religioso medieval, que nutriu Gil Vicente, fundador do palco português, bem como o jesuíta José de Anchieta, que inaugurou a cena brasileira; e o populário nordestino, de riqueza incomparável nas personagens e situações.
A religiosidade autêntica de O Auto da Compadecida alimenta-se do melhor sentido que possa ter a palavra misericórdia, guardando uma irreverência voltada contra o preconceito, ao criar um Cristo negro.
Outras peças: O Arco Desolado, O Auto de João da Cruz, O Santo e a Porca e A Pena e a Lei.  

2. Augusto Boal
Augusto Boal tem expressiva obra de dramaturgo além de ser conhecido internacionalmente, com traduções em mais de vinte línguas, de suas teorias acerca do Teatro do Oprimido.
Depois de cursar dramaturgia, nos Estados Unidos, Boal passou a dirigir no Teatro de Arena de São Paulo, onde houve a estréia, em 1960, de sua peça Revolução na América do Sul, protagonizada pelo homem do povo José da Silva, vítima de todas as explorações da classe dominante. Desferido o golpe militar de 1964, Boal, de parceria com Gianfrancesco Guarnieri, que inaugurou com Eles Não Usam Black-tie a linha nacionalista do Arena, lançou Arena Conta Zumbi e mais tarde Arena Conta Tiradentes, utilizando dois heróis históricos, sacrificados na luta pela liberdade, como metáfora contra a opressão do momento. Outro texto representativo de Boal é Murro em Ponta de Faca, dramatização de seu longo exílio, que se seguiu à prisão e à tortura.
A melhor definição para o Teatro do Oprimido seria a de que “se trata do teatro das classes oprimidas e de todos os oprimidos, mesmo no interior dessas classes". As técnicas para desenvolvê-lo compreendem o teatro invisível, o teatro-imagem e o teatro-foro, e visam a transformar o espectador em protagonista da ação dramática e, "através dessa transformação, ajudar o espectador a preparar ações reais que o conduzam à própria liberação".

3. Dias Gomes
Na seqüência de peças que, na década de cinqüenta, vinham trazendo acréscimos temáticos à dramaturgia brasileira, Dias Gomes lançou, em 1960, no Teatro Brasileiro de Comédia de São Paulo, O Pagador de Promessas, que tem como pano de fundo o problema do sincretismo religioso. Zé-do-Burro faz uma promessa a Iansã e pretende pagá-la no interior de uma igreja de Santa Bárbara, em Salvador - a popular Iansã é sinônimo da santa católica. Mas o padre, movido por intolerância, não admite o que julga ser sacrilégio, provocando uma tragédia.
Para a crítica e o público, a estréia pareceu a revelação de um autor maduro. A verdade é que Dias Gomes, aos 15 anos, com A Comédia dos Moralistas, já havia ganho um prêmio do Serviço Nacional de Teatro, e, em 1943, assinou contrato de exclusividade com Procópio Ferreira, considerado então o maior ator brasileiro. Dos cinco textos que escreveu naquele ano, o dramaturgo teve três interpretados por Procópio.
A partir de O Pagador, que recebeu em 1962 a Palma de Ouro do Festival de Cannes, na versão cinematográfica, Dias Gomes construiu uma das mais sólidas e continuadas carreiras dramatúrgicas. Alguns de seus títulos expressivos são: A Invasão, A Revolução dos Beatos, O Bem Amado (transformado recentemente em filme), O Berço do Herói, O Santo Inquérito, Vargas - Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória (em parceria com Ferreira Gullar) e Amor em Campo Minado. Campeões do Mundo, que estreou em 1980, teve uma importância histórica fundamental: foi a primeira peça a fazer um balanço da política brasileira, desde o golpe militar de 1964 até a abertura de 1979, com inteira liberdade, sem precisar recorrer a metáforas e alusões para iludir a Censura.
Em Meu Reino por um Cavalo, estreada em 1989, Dias Gomes se desnuda corajosamente, problematizando a crise da maturidade. São numerosas, também, as telenovelas que ele escreveu, com grande aceitação popular.

4. Nélson Rodrigues
Nelson Rodrigues modernizou o palco brasileiro com a autoria da peça Vestido de Noiva, estreada em 1943. A montagem do diretor polonês Ziembinski e a cenografia do pintor Santa Rosa foram fundamentais, também, para o processo de modernização. Considerado o pai da tragédia urbana, deixou uma obra vigorosa e crítica da sociedade carioca, mergulhando em uma profunda análise psicológica. Escreveu “Anjo Negro”, “Engraçadinha”, “ A Mulher sem Pecado”, “ Viúva, porém honesta”, “ Álbum de Família” e “Dorotéia”, entre outras.
Estimulado pelo êxito popular dos contos-crônicas de “A Vida Como Ela É...”, publicados diariamente na imprensa, Nelson Rodrigues criou as tragédias cariocas, bloco mais numeroso e compacto da dramaturgia rodriguiana, formado por A Falecida (1953), Perdoa-me por me Traíres (1957), Os Sete Gatinhos (1958), Boca de Ouro (1959), O Beijo no Asfalto (1961), Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas Ordinária (1962), Toda Nudez Será Castigada (1965) e A Serpente (1978).
Nas tragédias cariocas fundem-se, em geral, a realidade, freqüentemente vinculada à Zona Norte do Rio, e o mundo interior das personagens, com suas fantasias nutridas de mitos. O prosaísmo das vidas entrelaçadas, maltratadas por um cotidiano infeliz, se resgata pela presença sempre vigorosa da transcendência, dando ao destino humano um sentido superior.

5. Jorge Andrade – faz uma reconstrução crítica de várias fases de nossa história, sobretudo o ciclo de café, além de focalizar o problema da decadência dos valores patriarcais numa sociedade em transformação. Escreveu  “Os ossos do barão”, “Senhora na boca do lixo” e “ Milagre na ceia”, entre outras.

6. Gianfrancesco Guarnieri – além de autor é também ator, tendo em suas peças uma constante preocupação social. Escreveu “Eles não usam Brack-tie”, “Ponto de partida”, “Arena contra Zumbi”,  “Arena contra Tiradentes” (em parceria com Augusto Boal).

7. Oduvaldo Viana Filho – reflete em suas peças profunda preocupação da situação social e política do país. Escreveu “ Chapetuba Futebol Clube”, “A longa noite de cristal” e “Corpo a corpo”, entre outras.

8. Oswald de Andrade – possui uma visão bastante crítica da nossa sociedade revelada em suas obras. Escreveu “O homem e o cavalo”, “A morta” e “O rei da vela”.

9. Plínio Marcos – a extrema originalidade de sua obra fez com que a mesma, pela violência de sua temática e linguagem, permitisse o surgimento de uma série de autores que, como ele, abordaram de modo bem crítico os problemas da classe média brasileira. Escreveu “Dois perdidos numa noite suja” e “Navalha na carne”, entre outras.

Referências:

3ª Série - MODERNISMO - 4ª Unidade - 2013



No Brasil, o Modernismo tem início com a realização da Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana de Arte pretendia colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de consciência da realidade brasileira.

A idéia de realizar uma semana de arte partiu do pintor Di Cavalcanti. Inicialmente, o objetivo era modesto: uma pequena exposição de arte moderna na livraria e editora O Livro, em São Paulo. Nessa livraria, os modernistas costumavam reunir-se para palestras, declamações e mostras de trabalho.
Por intermédio do escritor Graça Aranha, Di Cavalcanti conhece Paulo Prado, um homem culto, muito rico, de formação européia e bom gosto artístico. Este se anima com a idéia e resolve ajudar. A adesão de pessoas de destaque da alta sociedade paulistana que resolvem prestigiar o evento aumenta ainda mais o interesse da imprensa em divulgá-lo.
Escolhe-se, então, um novo local para a realização da semana: o majestoso Teatro Municipal de São Paulo, que tinha sido inaugurado em 1912 e era o reduto artístico da aristocracia da cidade.
A Semana de Arte Moderna consistiu, na realidade, em três noitadas (13, 15 e 17 de fevereiro). Mas o espírito moderno já se enraizava em várias obras, artigos e manifestos desde 1917.
No dia 13, Graça Aranha abre a Semana com a palestra “Emoção estética na obra de arte”, propondo a renovação das artes e das letras. Vários textos modernistas são declamados em seguida. Depois, apresenta-se uma composição musical de Villa-Lobos e uma conferência de Ronaldo de Carvalho sobre a pintura e a escultura moderna no Brasil. O programa se encerra com a execução de algumas peças musicais.
O segundo espetáculo, em 15 de fevereiro, anunciava como grande atração a pianista  Guiomar Novaes, que, apesar do protesto, compareceu e se apresentou. Entretanto, a “atração” foi a conferência de Menotti del Picchia sobre a arte e estética, ilustrada com a leitura de textos de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Plínio Salgado, entre outros. A cada leitura o público se manifestava com miados e latidos. Ronald de Carvalho lê "Os sapos”, de Manuel Bandeira, numa crítica aberta ao modelo parnasiano; o público faz coro, ironizando o refrão “foi! não foi! foi!...”. No intervalo, Mário de Andrade lê, nas escadarias do teatro, trechos de A escrava que não é Isaura”.
A 17 de fevereiro, realizou-se o “terceiro e último grande festival” da Semana de Arte Moderna, com apresentação de músicas de Villa-Lobos.  


ARTISTAS:

TARSILA DO AMARAL

Tarsila do Amaral pintou o Abapuru em 1928 para fazer uma surpresa de aniversário ao marido, o escritor Oswald de Andrade. Só que ela não imaginava a polêmica que essa obra provocaria entre os artistas da época nem que ela ajudaria a trazer grandes mudanças na arte brasileira.
Tarsila Amaral foi um dos nomes mais importantes do movimento modernista brasileiro. Ela nasceu em 1886, na Fazenda São Bernardo, em Capivari, cidade do interior do Estado de São Paulo. Descendente da aristocracia rural paulista, cresceu livremente nas fazendas de sua família.
Aos 16 anos, ela foi estudar em Barcelona, na Espanha. Fez sonetos, composições para piano e cópias desenhadas de “santinhos”, muito elogiadas por seus colegas de escola.
Ao retornas da Europa, em 1906, casou-se, de acordo com a tradição da época, com pretendente escolhido por seu pai. Desse casamento nasceu Dulce. A diferença cultural do casal era grande e Tarsila, dona de uma personalidade forte e decidida, separou-se. Alguns anos depois, conseguiu a anulação de seu casamento.
Passando algum tempo, Tarsila resolveu seguir sua vocação artística. Começou seus estudos pela escultura e modelagem. Em seguida, estudou desenho e pintura com o artista acadêmica Pedro Alexandrino, criando naturezas mortas e algumas paisagens.
Passou um rápido período com os impressionistas, aprendendo com eles a usar as cores puras.
Tarsila passou a integrar o mundo artístico ao ser aceita no Salão da Sociedade dos Artistas Franceses, em 1922, conforme os jornais da época.
Tarsila desembarcou no Brasil em junho, quatro meses após a Semana de Arte Moderna, um acontecimento cultural de que participaram vários artistas e intelectuais.
Apesar de não ter participado desse evento, Tarsila já conhecia as idéias que foram ali apresentadas e concordava com elas.
Ainda em 1922, aconteceu em São Paulo o I Salão da Sociedade Paulista de Belas Artes. Dentre os vários artistas e expositores, Tarsila destacou-se pela originalidade com sua obra “A espanhola”.
No final de 1922, ela partiu novamente para Paris e nesse novo período de estudo na Europa, a vida cultural da artista foi intensa voltando ao Brasil em 1924.

FASE PAU-BRASIL
Nessa fase, as pinturas de Tarsila exaltavam a natureza tropical.
Obras: “Morro da favela”, “A gare”
FASE ANTROPOFÁGICA
Nessa fase ela utiliza tudo o que aprendeu na Europa e transforma em arte tipicamente brasileira.
Obras: “Urutu”, “O lago”, “A Lua”, “Sol poente”.
FASE SOCIAL
Obras: “Operários” e “2° classe” (representou questões sociais retratando pessoas tristes e oprimidas, a miséria, a dor e a desigualdade das raças.
Executou dois painéis, um a convite do governo do Estado de São Paulo e outro, encomendado pela antiga editora Martins, para homenagear o amigo Mário de Andrade.
Tarsila morreu em 1973, aos 86 anos. Foi símbolo da arte moderna brasileira, deixando para nosso país um exemplo de valorização da amizade, do patriotismo e da cultura ao misturar em suas obras as cores caipiras, as lendas, os amigos e a sociedade.


CANDIDO PORTINARI

Muitos artistas dedicaram a vida ao registro da cultura de seu povo e de seu país.
No Brasil, Candido Portinari foi um deles. Sua extensa obra nos faz viajar no tempo, através da história.
A obra desse artista sofreu forte influência de seus primeiros anos de vida. Sua querida Brodosqui, cidade do interior paulista onde nasceu, em 1903, seria lembrada em suas pinturas.
Desde pequeno, Candinho, como era chamado carinhosamente, gostava de desenhar e de pintar. Aos 15 anos foi estudar na Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Como possuía pouco dinheiro, foi morar numa pensão seu quarto era na verdade, um banheiro!
E, assim, Portinari ia vivendo grandes dificuldades financeiras, até mesmo para pagar um almoço. Mas sua vontade de vencer era tão forte, que ele superava tudo.
Aos 20 anos, entre 1923 e 1924, pintou “Baile na roça”, que foi reconhecida como sua primeira obra de arte e foi a primeira que ele vendeu.
No início de 1930, na França, Portinari conheceu Maria Victória, jovem uruguaia que morava em Paris. Casaram-se e viveram na Europa por mais um ano.
Portinari também apreciava outros artistas como Matisse, que usava cores puras; o alemão Emil Nolde e o italiano Amedeo Modigliani.
As técnicas de Van Gogh e de Cézanne foram profundamente esmiuçadas por ele.
A saudade do Brasil, porém, crescia dia-a-dia, e Portinari decidiu rever sua gente e sua terra natal, trazendo Maria sua grande paixão.
De volta ao Brasil trabalhou como nunca. Pintou diversas telas sobre sua infância e Brodósqui. A obra “Café” foi pintada nessa época onde predominou a cor marrom.
Sua pintura foi fortemente influenciada por Pablo Picasso após conhecer o famosa “Guernica”. Portinari chocou o público ao pintar os santos com expressão sofrida, angustiada pelos problemas humanos.
Sua obra “Lavrador de Café”, é uma das mais famosas que pintou. Portinari retratou força, movimento e desafio.
A partir de 1936, Portinari desenvolveu a pintura de murais. Naquela época, o governo brasileiro costumava encomendá-los para serem colocados em prédios públicos.
Nesse ano, pintou a afresco os murais do prédio do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, e os temas foram os ciclos econômicos do Brasil. Pintou o pau-brasil, a cana-de-açúcar, o gado, o ouro, o fumo, o algodão, a erva-mate, o café, o cacau, o ferro, a carnaúba e a borracha.
Os temas sociais estavam presentes na fase muralista de seu trabalho. Portinari afirmava que “a pintura mural é a mais adequada para a arte social, porque o muro geralmente permanece à coletividade e ao mesmo tempo conta uma história a um maior número de pessoas”.
Em 1939, pintou murais para o pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York.
Já famoso por sua pintura muralista, em 1943 começou a pintar os painéis da Série Bíblica. Neles, o pintor expressa sua amargura diante da injustiça.
A convite do arquiteto Oscar Niemeyer, em 1944 iniciou as obras de decoração da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte.
A partir de 1940, fez uma série de obras tratando de temas históricos.
Nessa fase retoma o trabalho em murais, expressando por meio deles seu olhar sobre os fatos da história do Brasil.
Seu painel “Primeira missa no Brasil”, apresenta características mais geométricas, utilizando retas paralelas e diagonais, para provocar efeitos especiais.
Em 1956 terminou dois painéis para a sede da (ONU), em Nova York: “Guerra e Paz”
Nessas obras utilizou poucas cores, linhas retas e formas geométricas, com figuras sobrepostas, sem preocupar-se com perspectiva e profundidade.
A obra de Portinari não pode ser rotulada: apresenta contradições e soluções que superam o artista comum. Não pode ser simplesmente enquadrada em um contexto artístico. Ela deve ser entendida com toda a sua força dramática expressa em cada pincelada.   

BIBLIOGRAFIA
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo, 2000