No dia 25 de janeiro, às 19h, o Palacete das Artes inaugurou a exposição
de Mario Cravo Jr. comemorativa aos 90 anos do artista, o maior expoente do movimento
de arte moderna da Bahia nos anos 40 e 50, um dos mais importantes artistas da
nossa terra. A mostra, promovida pela Secult/Bahia, através da Diretoria de
Museus do Instituto do Patrimônio–IPAC é composta por 62 esculturas e tem a
curadoria de Murilo Ribeiro, artista plástico e diretor do Palacete, o apoio de
Ivan Cravo, presidente da Fundação Mário Cravo e de Isabela Oliveira, assessora
do artista. A exposição fica aberta ao público até o final do mês de abril, de
terça a domingo, incluindo feriados, com entrada gratuita.
Escultor reconhecido
internacionalmente, Mario Cravo, do mesmo modo que seus contemporâneos
Carybé e Jorge Amado, imprimiu em sua obra, neste período, a essência do
povo, suas tradições e crenças, seus costumes e mitos. Artista nato, jovem
talentoso, homem falante, criativo e agitador, no melhor dos sentidos, Mario
Cravo foi do barro para o gesso e daí para a pedra sabão, aço, sucata,
alumínio, resina, plástico, enfim, todo material que pudesse trabalhar. Sem
manter uma unidade temática, os temas baianos dão lugar às formas orgânicas e
vegetais que beiram a abstração a partir do final dos anos 60. Com esculturas
de grande porte, como a Fonte da Rampa do Mercado, ao lado do Elevador Lacerda,
seu trabalho marca Salvador, na Bahia, a sua cidade natal, e com ela se
confunde. As diversas exposições ao ar livre que realizou, muitas de caráter
lúdico, demonstram sua preocupação em integrar a obra ao meio e ao público - e
isto move o espírito vanguardista e pesquisador de um dos maiores, senão o
maior, escultor brasileiro do século XX.
Sobre Mario Cravo, o curador da
mostra, Murilo Ribeiro ressaltou a “figura do guerreiro, irreverente, mágico,
malabarista, generoso em compartilhar sua obra com a cidade, alquimista de
técnicas variadas, catalisador do modernismo na Bahia.” E lembra que Mario “é
mais forte e intenso que o fogo que destruiu o Mercado Modelo e que na madeira
queimada esculpiu gigantescos Cristos crucificados, verdadeira ressureição em
cruzes calcinadas e o fogo sendo superado por seu gênio criador”.
Em Salvador, o Governo da Bahia,
através da Companhia de Desenvolvimento Urbano
do Estado da Bahia -CONDER, da Secretaria do Meio Ambiente e da Secretaria de
Cultura-Secult/ BA /IPAC, apoia a Fundação Mario Cravo, que tem sua sede no Parque
de Pituaçu. Do seu acervo fazem parte esculturas do artista, documentos e
imagens, além de desenhos, esboços e pinturas.
VIDA E ARTE
DE MARIO CRAVO
Mario Cravo fez suas primeiras
experiências em desenho, gravura e escultura como autodidata no final da década
de 30, época em que viajou pelo interior do nordeste, tomando contato com
pinturas rupestres e manifestações culturais afro-brasileiras. Mais tarde, foi
trabalhar na oficina de Pedro Ferreira, considerado o último dos santeiros
baianos e já em 43 realizou sua primeira exposição, na Bahia.
Em 46 vai morar no Rio de Janeiro,
trabalhando com o escultor Humberto Cozzo. No ano
seguinte, Cravo estuda na Universidade de Syracuse, nos EUA, com o
escultor iugoslavo Ivan Mestrovic, que foi discípulo de Rodin, e em homenagem a
quem batizou o seu filho primogênito, Ivan Cravo, hoje presidente da Fundação
Mario Cravo. A seguir, passa a morar em Nova York, onde permanece até 1949,
fazendo grandes trabalhos em gesso e entrando em contato com o maestro Villa Lobos
e Lipchitz, entre outras figuras importantes da época. Ao retornar a Salvador
monta um atelier-oficina no largo da Barra, centro do movimento de arte moderna
na cidade, local onde se reuniam Carlos Bastos, Carybé, Jenner
Augusto, Genaro de Carvalho, Rubem Valentim e muitos outros
artistas responsáveis pela renovação do cenário artístico local.
Em 1951, Mário Cravo ganha o prêmio
jovem aquisição na I Bienal de São Paulo e passa a ser reconhecido no resto do
país. Em 1955, é novamente premiado na III Bienal e recebe ainda o 1o. Prêmio
no Salão de Arte Moderna de São Paulo. Neste mesmo ano, o escultor defende tese
e torna-se catedrático da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da
Bahia. Em 1960, é escolhido para representar o Brasil na XXX Bienal de Veneza.
Em 1964, a convite do Senado de
Berlim e da Fundação Ford, permanece um ano na Alemanha como escultor
residente; viajando depois para os Estados Unidos, onde realiza exposições em
Washington, além de conferências a respeito do ensino da arte em universidades
americanas. Quando retorna novamente ao Brasil, assume a direção do MAM e do
Museu de Arte Popular da Bahia.
Mario
Cravo tem obras em diversos espaços públicos de Salvador e no acervo de
instituições como o MoMA de New York, o Hermitage, de São Petersburgo/Rússia, o
Museu de Belas Artes em Berlim. o Museu de Arte de São Paulo, o Museu de Arte
da Pampulha/MG, o Museu de Arte Moderna/Ba , o Instituto de Belas Artes de
Porto Alegre/RS, Museu Carlos Costa Pinto/BA. Em 1999, executa a “Cruz Caída”,
no Belvedere da Sé, para a Prefeitura de Salvador, uma escultura monumental em
aço inox, com 12 metros de altura, comemorativa aos 450 anos da fundação da
Cidade de Salvador.
Serviço
O que : Mário Cravo
Esculturas
Quando: de 25 de
janeiro de 2013 até final de abril
Onde: Palacete das
Artes, Rua da Graça, 284
Realização:
Palacete das Artes, DIMUS/IPAC/Secult/BA
GRATUITO
FOTOS: MÁRCIO
LIMA
Jornalista
responsável : Susana Serravalle
Ass. De Comunicação
e Relacionamento
Palacete das Artes
55-71-3117-6997/
6983
FONTES:
MURILO RIBEIRO (71)
3117-6982/ 3117-6997/