"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

domingo, 5 de junho de 2016

2ª Série - Arte Egípcia - Slides - 2016















 












2ª Série - ARTE EGÍPCIA - Texto 2 - 2ª Unidade - 2016

Uma das principais civilizações da Antiguidade foi a que se desenvolveu no Egito. Era uma civilização já bastante complexa em sua organização social e riquíssima em suas realizações culturais, se desenvolveu às margens do rio Nilo entre os rios Tigre e Eufrates. O rio Nilo é a fonte de água e energia para o país e fundamental para a agricultura.
Os egípcios cultivavam o trigo, o cânhamo e a cevada e criaram a técnica da rotatividade do solo durante o plantio. Fabricavam o vidro, o tecido e o papiro que consumiam.
O fator geográfico foi determinante para a continuidade da cultura egípcia (que durou cerca de 3.000 anos).
No período Pré Dinástico , a região era dividida em Alto e Baixo Egito, não existia unidade política. Esta fase data de 5.000 a.C. à 3.000 a. C., quando ocorre a unificação do Egito, o primeiro faraó é Menés. Inicia-se o Período Pré Dinástico com uma única religião e língua. O poder passava de pai para filho. A sociedade era hierárquica.
A religião foi o ponto principal da cultura egípcia, pois determinou a forma de vida, arquitetura, arte, sociedade, medicina, ciência, química. Estas áreas se desenvolveram em função da crença religiosa. Eram politeístas, ou seja, cultuavam mais de um Deus.
Na medicina, desenvolveram a mumificação. Acreditavam na vida eterna e na continuidade da alma e do corpo.
Assim como acontece em outras artes, o estudo da arte egípcia – pintura, escultura, arquitetura, deve-se partir da consideração social e das crenças religiosas de um povo dominado pela ideia de outro mundo, da existência de uma vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.
A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo, justificando sua organização social e política, determinando o papel de cada classe social e, consequentemente, orientando toda a produção artística desse povo.
Além de crer em deuses que poderiam interferir na história humana, os egípcios acreditavam também numa vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.
Os egípcios usavam:
       A argila do rio Nilo fornecia matéria-prima para tijolos e vasilhames;
       O linho permitia a fiação e a tecelagem;
       O papiro gerava material para cordas, redes e para escrita;
       A madeira virava embarcações, carros, móveis e portas;
       As pedras duras eram usadas para vasos, estátuas, construção de templos e túmulos;
       As pedras semi-preciosas como a turquesa e metais como o ouro, cujos processos de mineração eram bastante árduos, resultavam em belas peças de ourivesaria.

As regras da arte egípcia eram determinadas pelos faraós e sacerdotes, os artistas não estavam livres para criar. Quanto mais comprometida a imagem com a questão religiosa, mais rígida era a composição. Na representação dos escravos, agricultores e animais existe mais naturalismo, aparecem na vida cotidiana. A arte egípcia era:
*         Simbólica: porque aconteceu em função da religião;
*         Formalista e Racionalista: utilizou-se do desenho e da razão para se expressar;
*         Estereotipada: repetiu modelos;
*         Hierática: obedeceu aos tabus religiosos.
Existem três tipos de representação na arte egípcia: Antropomórfico, Zoomórfico e Antropozoomórfico.
*          Antropomorfismo: crença ou doutrina que atribui a Deus ou deuses características humanas;
*          Zoomórfismo: culto religioso que imprime forma animal à divindade;
*          Antropozoomorfismo: é a característica atríbuida àqueles cujo corpo é parte humano e parte animal.
Outra característica da arte egípcia está fundamentada na concepção de um produto de uma sociedade teocrática, na qual o Faraó é considerado não só como soberano, mas também como um deus auxiliado por uma toda poderosa casta sacerdotal. Desta forma a arte egípcia concretizou-se nos túmulos, nas estatuetas e nos vasos deixados juntos aos mortos.
Na arte egípcia os artistas eram criadores de uma arte anônima, pois a obra deveria revelar um perfeito domínio das técnicas de execução e não o estilo do artista. É uma arte profundamente simbólica. Todas as representações estão repletas de significados que ajudam a caracterizar figuras, a estabelecer níveis hierárquicos e a descrever situações. Do mesmo modo a simbologia serve à estruturação, à simplificação e clarificação da mensagem transmitida criando um forte sentido de ordem e racionalidade extremamente importantes.

Antigo Império

Pintura

Para os antigos egípcios, o que importava era a “essência eterna”, aquilo que constituía a visão de uma realidade constante e imutável. Portanto, a arte submetia-se a uma rígida padronização de formas, as quais muitas vezes se transformavam em símbolos. Toda figura era mostrada do ângulo em que pudesse ser mais facilmente identificada, conforme uma escala que se baseava na hierarquia, sendo o tamanho dependente da posição social. Daí resultava um aspecto muitíssimo padronizado, esquemático e quase diagramático. A absoluta preocupação com a precisão e a representação “completa” aplicava-se a todos os temas; assim, a cabeça humana é sempre reproduzida de perfil, mas os olhos são sempre mostrados de frente (Lei da Frontalidade). Por essa razão, não há perspectiva nas pinturas egípcias – tudo é bidimensional. A arte deveria reconhecer claramente que se tratava de uma representação.
A pintura está a serviço da religião ou das castas dominantes, servindo de veículo para a difusão de preceitos e das crenças religiosas e por isso era bastante padronizada não dando margem a criatividade ou a imaginação pessoal.

Características:
§  Lei da Frontalidade
§  Braços colados ao corpo;
§  Duplicação de perfis;
§  A figura do Faraó é representada de tamanho maior, que os restantes humanos;
§  A pintura é a mais nobre das expressões;
§  Estilização para o naturalismo;
§  A pintura tem seu grande campo de concentração nas decorações dos monumentos funerários, no interior das tumbas, grandes telas murais, aparecem recobertas por relevos e pinturas onde descrevem as ocupações e o ambiente vital do defunto e se representam cenas de caráter religioso.

Arquitetura
A arquitetura no Egito se realizou mais nas construções mortuárias. As tumbas dos primeiros Faraós eram réplicas das casas em que moravam, enquanto as pessoas sem importância social eram sepultadas em construções muito simples, chamadas mastabas. Entretanto foram as mastabas que deram origem às grandes pirâmides construídas mais tarde.
As características gerais da arquitetura egípcia são:
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.
As pirâmides tinham base quadrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences.
Os templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon.
Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos. Divididos em três categorias:

Pirâmide – Era túmulo real, destinado ao faraó. Em seu interior construíam-se verdadeiros labirintos, para proteger o sarcófago de possíveis ladrões.
Os egípcios acreditavam que quando se era enterrado numa pirâmide, subiria até ao céu para se juntar aos deuses. Todas as pirâmides foram construídas no lado oeste do Nilo, onde o sol se põe. Para eles a pirâmide significava raios do deus Rá que era o deus sol.

Mastaba – é uma câmara funerária, coberta por uma singela construção de tijolos, de base retangular, com paredes inclinadas. As mastabas foram aumentando de altura, acrescentando-lhes vários andares, em degraus (pisos escalonados); e, assim, evoluíram lentamente para a forma piramidal.

Hipogeus  - Eram  túmulos subterrâneos, cavados no penhasco à beira do Nilo. Nas paredes desses túmulos faziam-se desenhos e inscrições, para orientar o morto na outra vida, destinado à gente do povo.

Templos:
Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel:
Palmiforme - flores de palmeira
Papiriforme - flores de papiro; e
Lotiforme - flor de lótus.

Para seu conhecimento
Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana (sabedoria). Eram colocadas na alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco: era colocado à frente dos templos para materializar a luz solar.

Escultura
A escultura caracterizava-se pela rigidez, as formas cúbicas e a frontalidade. Primeiro, talhava-se um bloco de pedra de forma retangular; depois, desenhava-se na frente e nas laterais da pedra a figura ou objeto a ser representado. Destaca-se, dessa época, a estátua rígida do faraó Quéfren (c. 2530 a.C.).
A escultura em relevo servia a dois propósitos fundamentais: glorificar o faraó (feita nos muros dos templos) e preparar o espírito em seu caminho até a eternidade (feita nas tumbas).
Os materiais utilizados na escultura deste período foram diorite, granito, xisto, basalto, calcário e alabastro.
No Antigo Império as figuras representadas na escultura tiveram um desenvolvimento na expressão, onde muitas vezes os olhos eram incrustados com vidros, pedras ou cobres para realçar essas expressões.
A estátua revelas dados particulares do representado, sua fisionomia, seus traços raciais e sua condição social (ex. o escriba representado no gesto da sua função). Era também uma representação mais realística.
A escultura tem uma importância de 1º ordem a serviço das crenças religiosas das práticas funerárias.

Cerâmica e Joias
Na cerâmica, as peças ricamente decoradas do período pré-dinástico foram substituídas por belas peças não decoradas, de superfície polida e com uma grande variedade de formas e modelos, destinadas a servir de objetos de uso cotidiano. Já as joias eram feitas em ouro e pedras semipreciosas, incorporando formas e desenhos, de animais e de vegetais.

Médio Império
Médio Império iniciou-se por volta de 2000 a.C. com a coroação de Amenhemet I que dá início á XII dinastia.

Arquitetura

Na arquitetura adotam-se os padrões estilísticos anteriores ao nível da construção, procurando-se retomar a construção de pirâmides. Contudo, estas pirâmides não atingem a grandeza das pirâmides do Império Antigo. Construídas com materiais de baixa qualidade e com técnicas deficientes, o que resta hoje destas construções é praticamente um monte de escombros. As mais altas pirâmides construídas nesta época foram a de Senuseret III (78 metros) e a de Amenemhat III (75 metros).

Escultura
A estatuária, além de ter um fim religioso, foi um instrumento de propaganda política, de prestígio da autoridade, real divindade.
O Egito contou com uma grande variedade de pedras cuja brancura e dureza percorria as gamas do calcário, granito, diorita e mármore e permitiam diferentes efeitos óticos nos contrastes tons de pétreos do preto, dos vermelhos, brancos ou ocres. Também foi utilizada nas esculturas madeira policromada.
A expressão humana na escultura vai ganhar uma nova dimensão e realismo nesta época, passando-se a representar nas estátuas reais o envelhecimento. Mesmo a representação bidimensional perde a sua dependência dos cânones adaptando uma maior naturalidade e mesmo noções de profundidade tridimensional. Nesta época criam-se esfinges reais nas quais o rosto do monarca surge emoldurado por uma juba, como é o caso de uma esfinge de Amenemhat III.  Destacam-se os retratos de faraós como Amenemés III e Sesóstris III.

Pintura

Os locais onde a pintura do Império Médio melhor se manifestou foram os túmulos dos governadores, em cujas paredes se recriam cenas de caça, pesca, banquetes ou danças. Seguindo a tradição anterior, o dono do túmulo surge representado em tamanho superior às outras personagens. A pintura é realizada sobre estuque fresco ou sobre relevo.
A pintura também decorava os sarcófagos retangulares de madeira, típicos deste período. Os desenhos eram muito lineares e mostravam grande minúcia nos detalhes.

Temática da pintura

Campanhas bélicas dos faraós, entrega de presente por embaixadas estrangeiras, cenas de caça ou de pesca, trabalhos agrícolas e artesanais, as ocupações da vida cotidiana, músicos e bailarinas, representações de animais no deserto, de pássaros e de peixes, tudo de inestimável valor documental. Junto a estas decorações funerárias está a de palácios e casas.

Artes decorativas

As artes decorativas do Império Médio conhecem uma das épocas mais importantes, sobretudo no que diz respeito aos trabalho de joalharia. Os amuletos, os pentes, os espelhos e as caixas caracterizam-se pela sua beleza. São bastante conhecidos os pequenos hipopótamos em faiança decorados com motivos vegetais.
No Médio Império, também foram produzidos magníficos trabalhos de arte decorativa, particularmente joias feitas em metais preciosos com incrustação de pedras coloridas. Neste período aparece a técnica do granulado e o barro vidrado alcançou grande importância para a elaboração de amuletos e pequenas figuras.
Na pintura e nos baixos-relevos existiam muitas regras a serem seguidas.

Escultura

No Médio Império a escultura é mais convencional, os artistas voltaram a esculpir retratos estereotipados, que representam a aparência ideal dos seres, principalmente dos reis e não o aspecto real. A estátua é um símbolo de poder e um meio de prestígio do representado ou a quem oferece.

Novo Império
O Novo Império (1570-1070 A.C.) começou com a XVIII dinastia e o Egito viveu o apogeu de seu poderio e de sua cultura. Foi uma época de grande poder, riqueza e influência. Quase todos os faraós deste período preocuparam-se em ampliar o conjunto de templos de Karnak, centro de culto a Amon, que se converteu, assim, num dos mais impressionantes complexos religiosos da história. Próximo a este conjunto, destaca-se também o templo de Luxor.
Esteticamente, o aspecto mais importante desses templos é um novo tipo de coluna, trabalhada com motivos tirados da natureza, como o papiro e a flor de Lótus.

Escultura
A escultura, naquele momento, alcançou uma nova dimensão e surgiu um estilo cortesão, no qual se combinavam perfeitamente a elegância e a cuidadosa atenção aos detalhes mais delicados. Tal estilo alcançaria a maturidade nos tempos de Amenófis III.

Pintura

No Novo Império a pintura se apresenta com formas mais leves e de cores mais variadas. A postura rígida das figuras é abandonada e elas parecem ganhar movimento, chegam inclusive a desobedecer a lei da frontalidade, os pintores se afastam das convenções antigas e fazem ensaios de novas disposições espaciais. Deve-se recordar da pintura egípcia, os rolos de papiros, cujas peças fundamentais são os Livros dos Mortos, ricamente decorados, onde continham as instruções para guiar-se após a morte e que eram colocados junto ao defunto no interior da urna.
As figuras tornam-se mais estilizadas, os artistas procuram refletir o movimento, existe grande variedade na temática, ao mesmo tempo tentam retratar a natureza com preciosismo. As representações de pássaros e de peixes nos pântanos, jardins e estanques alcançaram depressa um grau de graça e de naturalismo próximo ao que veremos na pintura cretense.
A pintura predominou então na decoração das tumbas privadas.
Durante o Novo Império, a arte decorativa, a pintura e a escultura alcançaram as mais elevadas etapas de perfeição e beleza. Os objetos de uso cotidiano, utilizados pela corte real e a nobreza, foram maravilhosamente desenhados e elaborados com grande destreza técnica. Não há melhor exemplo para ilustrar esta afirmação do que o enxoval funerário da tumba (descoberta em 1922) de Tutankhamen.

Técnica utilizada: cola fabricada com cores minerais – é aplicada sobre uma camada de gesso branco que cobre a parede, usa tintas sem matizações, durante o Império Antigo e Médio Império e só no Novo Império é que começam a introduzir na pintura o uso dos meios-tons, numa época em que se torna visível certa tendência ao preciosismo.

Glossário
Faiança: Louça de massa argilosa, macia, porosa, recoberta com verniz impermeável e opaco.
Antropomorfismo: crença ou doutrina que atribui a Deus ou deuses características humanas;
Zoomorfismo: Culto religioso que imprime forma animal à divindade;
Antropozoomorfismo: é a característica atríbuida àqueles cujo corpo é parte humano e parte animal.
Lápis-lazúli: conhecido também como lápis, é uma pedra com uma das tradições mais longas sendo considerada uma gema, com uma história que se estende antes de 7000 a.C. O azul escuro e opaco, fez com que esta gema fosse altamente apreciada pelos faraós egípcios, como pode ser visto por seu uso proeminente em muitos dos tesouros recuperados dos túmulos faraônicos. Lápis é uma rocha e não um mineral porque é composto de vários outros minerais(se fosse um mineral ele teria um constituinte somente).

Pilone: é um elemento característico da arquitetura do Antigo Egito que consiste numa porta monumental flanqueada por duas torres trapezodais.
No interior das torres de um pilone poderiam exixtir quartos. Na parte da frente dos pilones existiam reentraçias que permitiam inserir mastros de madeira onde colocam bandeiras, a anunciar a existência de um espaço divino. Nas paredes  das torras representam-se cenas, sendo a mais habitual a do faraó a castigar os inimigos do Egito.

Obelisco: é um monumento comemorativo, típico do Antigo Egito, constituído de um pilar de pedra em forma quadrangular alongada e sutil, que se afunila ligeiramente em direção a sua parte mais alta, normalmente decorado com inscrições hieroglíficas gravadas nos quatro lados, terminado com um ponto piramidal.
Zigurate: torre de vários andares, foi a construção característica das cidades-estados sumerianas. Nas construções, empregavam argila, ladrilhos e tijolos.

Referências:
http://www.portalartes.com.br/portal/historia_arte_mundo_antigo.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_do_Antigo_Egipto
JANSON, H. W., História da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1992,

PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática.São Paulo. 2000

2ª Série - A arte nas Cavernas - Slides - 2016





















2ª Série - A ARTE DAS CAVERNAS - Texto 1 - 2ª Unidade - 2016

As manifestações artísticas mais antigas estão relacionadas com os primeiros restos do Homo sapiens e remontam à época do Paleolítico.

O que é a arte rupestre

Em linhas gerais, a denominação Arte Rupestre (do latim rupes, rochedo) define qualquer conjunto de elementos gráficos pintados ou gravados sobre suportes rochosos fixos – em geral abrigos, grutas, lajedos, paredões e afloramentos – deixados por populações pretéritas (do passado), constituídas de grupos de caçadores – coletores, horticultores, agricultores ou pastores.

Período Paleolítico Inferior

Aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a. C.;
Dois fatos foram muito importantes nesse período: o homem aprendeu a fazer fogo, com o qual se aquecia e afugentava os animais, e a utilizar pedras lascadas, com as quais confeccionavam instrumentos para caçar, guerrear e realizar entalhes nas paredes e usavam tintas tiradas de plantas e o vermelho do sangue de animais.
A primeira característica é o pragmatismo, ou seja, a arte produzida possuía uma utilidade material, cotidiana ou mágico-religiosa. Os primeiros objetos feitos pelo homem foram de rochas quebradas. Presos ou não há um galho de árvore, os pedaços de pedra lascada, madeira e ossos: facas e machados, ferramentas, armas eram escolhidos para caçar, bater, matar.

Características gerais:
  • O homem vai descobrindo meios de dominar a natureza.
  • Vive em pequenos grupos nômades e se abriga em cavernas.
  • Desenvolve a linguagem para se comunicar.
  • Fabrica utensílios de pedra, osso, madeira. Aparecem machados, martelos, lâminas cortantes e arpões feitos de pedra lascada.
  • Fabricava anzóis e agulhas de osso, arco e flecha de madeira.
  • Caça, pesca e colhe frutas e raízes como meio de vida.

Período Paleolítico Superior

As manifestações artísticas mais antigas de que temos conhecimento hoje datam de aproximadamente 40 mil anos atrás, período da pré-história chamado de período Paleolítico Superior. São chamadas de arte rupestre, palavra que faz referência às rochas, paredes das cavernas onde se encontra grande parte desses registros. Eram feitas com o uso de materiais naturais presentes no ambiente, como o carvão, pedras, pós-minerais e sangue de animais.
A principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada, nome pelo qual também é conhecido Paleolítico Superior, é o naturalismo.  O artista pintava o animal do modo como o via, reproduzindo a natureza tal quais seus olhos a captavam. Observando essas pinturas, nota-se a presença de animais de grande porte: alguns talvez temidos, mas que eram caçados pelo ser humano, como bisões; outros que provavelmente não representavam ameaça alguma, como renas e cavalos.
As amostras mais remotas de pintura correspondem ao Paleolítico superior. Graças ao uso de pigmentos minerais, aparece a policromia; as cores mais utilizadas são o preto, o vermelho, o ocre e o amarelo. O ponto culminante dessa pintura é atingido em torno de 15.000 anos A.C. em Altamira (Espanha) e em Lascaux (França). São representados especialmente grandes animais, como bisões.
Acredita-se que, na pré-história, ao tentar entender a vida, a morte, o mundo, e os fenômenos da natureza, o ser humano tenha criado mitos e rituais para simbolizar sua experiência e sua conexão com tudo o que estava a sua volta, visível ou invisível. As manifestações artísticas teriam se originado desses rituais. Deuses e divindades eram associados aos animais. À flora e aos fenômenos naturais, como a chuva, o sol, o trovão. A existência humana não era entendida como uma divisão entre realidade concreta e o mundo mágico, onírico e sobrenatural. Para nossos ancestrais, é possível que tudo estivesse conectado. A caverna, nas profundezas da terra, talvez fosse um local adequado para essas rituais, iluminados pela luz das fogueiras e tochas. Provavelmente procurando a comunicação entre si e com suas divindades, criaram formas às quais deram significados, símbolos que, acredita-se, eram entendidos pelos diferentes grupos humanos. São inacreditáveis as perguntas sobre os motivos que levaram o homem a fazer essas pinturas. Não sabemos exatamente o que simbolizavam; o que existem são hipóteses. Atualmente, a explicação mais aceita é que essa arte era realizada por caçadores, e fazia parte de um processo de magia por meio do qual procurava-se interferir na captura de animais. Ou seja, o pintor-caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal verdadeiro desde que o representasse ferido mortalmente num desenho. Assim, para ele, os desenhos não eram representações de seres, mas os próprios seres. Mas consideramos essas formas as mais antigas manifestações artísticas da humanidade.
Características da pintura:
ð  Raridade da figura humana
ð  Ausência de claro escuro
ð  Animais em movimento
ð  Desenhos marcados com incisões fortes
ð  Contornos bem definidos em preto
ð  Ausência de perspectiva

Escultura Paleolítica

Da escultura paleolítica são famosas as estatuetas femininas de pequenas dimensões designadas genericamente por vênus. Identificadas como possíveis ídolos para o culto da fertilidade e sexualidade estas figuras apresentam características semelhantes entre si; são representadas nuas, de pé e revelam os elementos mais representativos do corpo feminino em linhas exacerbadas. O exagero destes elementos traduz-se num peito, ventre e ancas voluminosos em oposição a braços e pernas delicados e cabeça pequena. A face, tratada com linhas simples reduzidas ao essencial, onde não é possível reconhecer traços individuais, transforma-se, com o tempo, num elemento cada vez mais estilizado e simbólico, assim como todo o corpo da figura.

Período Neolítico

As mudanças climáticas favoreceram o agrupamento dos homens primitivos ao longo dos rios e, dessa experiência, fizeram a maior descoberta de todos os tempos: viver e construir juntos é melhor e mais seguro do que isolados. Dessa maneira, o homem se organizou em tribos e aprendeu a plantar, a colher e também a criar animais, não precisando mais mudar-se de um lugar para outro quando o alimento se tornasse escasso. Esse momento foi denominado Neolítico.
No Neolítico, último período da Pré-História, iniciou-se o desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais. Os grupos humanos, que tinham vida nômade, isto é, sem habitação fixa, não precisaram mais mudar-se constantemente em busca de alimento e puderam se fixar.
Essa mudança para a vida mais estável foi decisiva para as sociedades atuais e também teve reflexos na expressão artística: o artista do Neolítico passou a retratar a figura humana em suas atividades cotidianas. Como precisavam representar muitas pessoas em movimento, essas figuras não poderiam ser feitas em tamanho natural; por esse motivo, elas foram reduzidas em sua dimensão, simplificadas e trabalhadas com pouca cor, dando origem a formas estilizadas ou geometrizadas. Assim, podemos dizer que o estilo de arte do Neolítico era geometrizante ou simplificador.
O ser humano do Neolítico desenvolveu técnicas como a tecelagem, a cerâmica e a construção de moradias. Além disso, como já produzia fogo, começou a trabalhar na fundição de metais. Assim, suas atividades começaram a se modificar e as pinturas rupestres registraram essas transformações.

Características gerais:
·         Instrumentos de pedra polida, enxada e tear;
·         Pinturas de cadáveres e cenas de caça.
·         Início do cultivo dos campos;
·         Artesanato: cerâmica e tecidos;
·         Construção de pedra; e
·         Primeiros arquitetos do mundo.


Esculturas
A escultura foi responsável pela elaboração tanto de objetos religiosos quanto de utensílios domésticos, onde encontramos a temática predominante em toda a arte do período, animais e figuras humanas, principalmente figuras femininas, conhecidas como Vênus, caracterizadas pelos grandes seios e ancas largas, são associadas ao culto da fertilidade.
Entre as mais famosas estão a Vênus de Lespugne, encontrada na França, e a Vênus de Willendorf encontrada na Áustria foram criadas principalmente em pedras calcárias, utilizando-se ferramentas de pedra pontiaguda.
Os artistas faziam também esculturas em pedra e metal, que mostram seu empenho na criação de objetos e na representação da figura humana. Há esculturas em bronze nas quais já é possível observar não só a postura elegante da figura humana como também detalhes do rosto e das vestes.
Uma das primeiras representações humanas em escultura é a figura de mulher chamada a Vênus de Willendorf. Altura:11 cm.
Os escultores pré-históricos produziram suas peças em metal por meio de dois métodos: o de forma de barro e o da cera perdida. No método da forma de barro o escultor fazia a forma e despejava nela o metal derretido em fornos. Então, esperava o metal esfriar, quebrava a forma e obtinha a escultura. Na técnica da cera perdida, o escultor fazia um modelo em cera e o revestia com barro, deixando nele um orifício. Depois, aquecia o barro. Com o calor do barro, a cera derretia e escorria pelo orifício. Assim, ele obtinha um modelo oco e o preenchia com metal fundido. Quando o metal esfriava, ele quebrava o molde de barro e obtinha uma escultura igual à que havia modelado na cera.  A partir do uso dos metais, surgiram também esculturas masculinas, simbolizando guerreiros.

 Arquitetura

Os primeiros homo sapiens eram nômades e refugiavam-se nos lugares que a natureza lhes oferecia, podendo ser em aberturas nas rochas, cavernas, grutas ao pé de montanhas ou até no alto delas.
Não se pode falar de uma arquitetura pré-histórica no sentido artístico, apesar de seu caráter funcional. Mais tarde eles começariam a construir abrigos com as peles dos animais que caçavam ou com as fibras vegetais das árvores das imediações, que aprenderam a tecer, ou então combinando ambos os materiais.
Durante o período neolítico essa situação sofreu mudanças, desenvolveram-se as primeiras formas de arquitetura e consequentemente o grupo humano passou a se fixar por mais tempo em uma mesma região, mas ainda utilizava-se de abrigos naturais ou fabricados com fibras vegetais ao mesmo tempo em que passaram a construir monumentos de pedras colossais, que serviam de câmaras mortuárias ou templos. Raras as construções serviam de habitação.
Esses monumentos de pedra foram denominados “megalíticos” e podem ser classificados de: nuragues (feitos de pedras justapostas sem argamassa) e os dolmens (duas grandes pedras fincadas no chão).
Câmara: Geralmente de forma trapezoidal ou circular. Era constituída grandes pedras em posição vertical em número variável entre seis e nove, cobertos por uma laje horizontal, designada de chapéu, mesa ou tampa. Existem câmaras que chegam a ter a altura de seis metros.

Corredor (não é obrigatória a sua existência)
O corredor ou galeria de acesso à câmara pode ter variadíssimos tamanhos e é formado por diversos esteios verticais, normalmente coberto por lajes designadas por tampas. Alguns corredores apresentam um pequeno átrio (pátio) no lado oposto à câmara. Conhecem-se em Portugal antas com corredor de dezesseis metros de comprimento.

Menires, que são grandes pedras cravadas no chão de forma vertical; e os Cromiech,  que são menires e dolmens organizados em círculo, sendo o mais famoso o de Stonehenge, na Inglaterra.
Também encontramos importantes monumentos megalíticos na Ilha de malta e Carnac na França, todos eles com funções ritualísticas.


Em todas as regiões do Brasil existem sítios existem sítios arqueológicos em que foram encontrados registros visuais e vestígios materiais de grupos humanos que aqui viveram milhares de anos antes da colonização. Esse período é chamado pré-cabralino, ou seja, antes da chegada de Pedro Alvares Cabral, em 1500. Os mais antigos ficam no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e chagam a 12 mil anos de idade. As imagens representam principalmente seres humanos e animais, e, em alguns lugares, grafismos não reconhecíveis.
Características específicas das imagens indicam que diferentes grupos humanos desenvolveram estéticas particulares, que são chamadas de tradições, e, dentro delas, há divisões em subtradições.
Ainda há muito o que se estudar sobre os diversos registros rupestres no Brasil, mas duas tradições já foram mais bem definidas, encontradas principalmente na Região Nordeste do país: uma delas é a tradição Nordeste, e a outra, a tradição Agreste.
Tradição Nordeste: possui desenho rico em detalhes, e há o predomínio de figuras reconhecíveis, principalmente humanas e animais. Muitas vezes elas representam ações ligadas à vida cotidiana ou aos rituais. Há quatro temas nessa tradição: dança, práticas sexuais, caça e rituais em torno de uma árvore. Estudos indicam que a tradição Nordeste surgiu por volta de 12 mil anos atrás, e desapareceu há cerca de 6 mil anos. Acredita-se que surgiu no sudeste do Piauí e espalhou-se para outras regiões.
Tradição Agreste: possivelmente é originária da região de Pernambuco e Paraíba, e apresenta características bem diferentes daquelas da tradição Nordeste. A técnica dessa tradição é menos elaborada, as figuras são mais simples, com poucos detalhes. Há poucas representações de ações e cenas, as figuras são geralmente estáticas e isoladas. Acredita-se que essa tradição tenha surgido há cerca de 9 mil anos e durado até 3,5 mil anos atrás.


Referências
Texto produzido em forma de livreto pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia
Proença, Graça. Descobrindo a História da Arte. 1ª Ed. Ática. São Paulo. 2005.

BOZZANO, Hugo; FRENDA, Perla; GUSMÃO, Tatiane Cristina. Arte em Integração. Vol. Único São Paulo:IBEP, 2013.