Encontramos atualmente no Brasil traços
culturais que existiram ou que ainda existem na África. Porém, não podemos
esquecer que nenhuma cultura permanece igual em tempos e espaços diferentes.
Os aspectos culturais que sobreviveram ao
trajeto entre a África e o Brasil e que conseguiram aqui se reproduzir foram em
parte modificados pelas circunstancias a que estiveram submetidos: primeiro a
escravidão e depois a marginalidade do negro na sociedade brasileira após a abolição,
em 1888.
Da mesma forma, elementos da cultura
africana alteraram e continuam alterando outros traços culturais que já
existiam no Brasil, inclusive aqueles trazidos da Europa.
Á medida que o africano se integrou à
sociedade brasileira tornou-se afro-brasileiro e, mais do que isso, brasileiro.
Usamos o termo afro-brasileiro para indicar produtos de mestiçagem para os
quais as principais matrizes são as africanas e as lusitanas, frequentemente
com pitadas de elementos indígenas, sem ignorar que tais manifestações são
acima de tudo brasileiras. Essas misturas estão mais presentes do que podemos
perceber a um primeiro olhar, mesmo que este já mostre uma quantidade
importante de contribuições africanas em nossa formação.
Além dos traços físicos, talvez seja na
música e na religiosidade que a presença africana esteja mais evidente entre
nós. A religião tem lugar central nas culturas africanas, sendo a esfera de
onde vem toda a organização para a vida, a garantia do bem-estar, da harmonia e
da saúde.
No Brasil as religiões africanas foram
transformadas, ritos e crenças de alguns povos se misturaram com os de outros,
e com os dos portugueses, mas nesses processos muitas características africanas
foram mantidas.
Além de ser central nos cultos religiosos,
a música de influência africana, na qual o tambor geralmente é o instrumento
mais importante, também é fundamental em muitas outras ocasiões de festas e
danças. Ao lado do tambor, outros instrumentos, como o berimbau, o agogô e o
reco-reco, se juntaram aos de origem lusitana, como o pandeiro, a viola e a
rabeca, e são utilizados em grande variedade de danças e festas. Nas congadas,
maracatus, capoeira e reisados os ritmos africanos estão na base da música
tocada.
Entre as danças populares mais comuns em
todo o Brasil está o bumba-meu-boi, ou boi-bumbá, espécie de teatro dançado e
cantado.
A influência africana na culinária
brasileira, principalmente na Bahia, onde o uso da pimenta e do azeite de dendê
lembra a proximidade que ela já teve com a costa da Mina. Acarajé, vatapá,
aluá, xinxim de galinha são alguns são alguns pratos que além do nome, têm
receitas parecidas com as feitas na África, satisfazendo o paladar dos que se
criaram dentro dos gostos dos seus pais. Além dos pratos preparados, o inhame,
o cará, a noz-de-cola (aqui chamada de obi e orobó e usada em cultos
religiosos) e a nossa tão típica banana vieram do continente africano, esta
ultima depois de atravessá-lo inteiramente a partir da costa oriental, para
onde foi levada pelos que vinham da Índia.
Muitas técnicas de produção e de confecção
de objetos foram trazidas para o Brasil por africanos, que além da sua força de
trabalho também nos deram alguns de seus conhecimentos. Ferreiros, mineiros,
oleiros, tecelões, escultores, além de pastores e agricultores.
Os artesãos e
especialistas trouxeram não só suas técnicas, mas também seus padrões
estéticos, presentes nas formas, nas decorações, nas cores das coisas que
faziam. Várias técnicas de tecer cestas, amplamente utilizadas entre as
populações rurais brasileiras, se assemelham mas às africanas do que às dos
indígenas. Mas, muitas vezes, padrões portugueses e africanos se misturam,
resultando em produtos de grande criatividade como as moringas antropomorfas
que servem cada vez menos para guardar água e cada vez mais para decorar as
casas de camadas urbanas que resgatam e valorizam as tradições populares.
A arte africana
exprime usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é funcional,
criado para ser utilizado, ligado ao culto dos antepassados, profundamente
voltado ao espírito religioso, característica marcante dos povos africanos. É
uma arte extremamente representativa. A arte africana chama atenção pela sua
forma e estética. Nos simples objetos de uso diário como ornamentos e
tecidos, expressam muita sensibilidade.
Esta arte representa os usos
e costumes das tribos
africanas. O objeto de arte é funcional, desenvolvido para ser utilizado, ligado ao
culto dos antepassados, profundamente voltado ao espírito religioso, característica marcante dos povos africanos. É uma arte
extremamente representativa, chama atenção pela sua forma e estética e
os simples objetos de uso diário, como ornamentos e tecidos, expressam
muita sensibilidade. Nas pinturas, assim
como nas esculturas,
a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos.
A contribuição do negro na cultura
brasileira, durante os séculos XVII, XVIII e XIX, esteve ligada a padrões
eurocêntricos. É claro que existiram certos artistas, ou certas manifestações
artísticas muito características de afro-brasileiros, como por exemplo, os
ex-votos do nordeste. Certos objetos desse tipo são anônimos, saem, por assim
dizer, de uma consciência coletiva, de um inconsciente coletivo. Portanto,
existiram escultores populares, mas na erudição, isso só veio a tona no século
XX, quando aparecem alguns artistas com uma intenção mais explícita de criar
uma tipo de arte cuja linguagem e dogma não estivessem mais ligados a essa arte
eurocêntrica, e sim a uma arte africana, seja na sua inspiração, ou através de
uma ligação ancestral. A valorização dessa arte não apenas colabora na
construção da identidade do negro e da memória de certos artistas, como também
para o resgate da autoestima desse grupo.
As formas de arte africana
A arte africana chegou ao Brasil através
dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos
colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos
fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes
artísticos de uma magnífica arte afro-brasileira envolve um
espectro diferenciado, desde representações em pinturas, esculturas e objetos
ornamentais de uso permanente e cotidiano para comemorar os ancestrais, cultuar
as forças naturais, invocar forças vitais, propiciar boas colheitas, até
objetos em geral que acompanham os ritos, as danças e as cerimônias religiosas
em sua ampla gama de singularidades.
A pintura é empregada na decoração das paredes dos palácios reais, celeiros, das choupas sagradas. Seus motivos, muito variados,
vão desde formas essencialmente geométricas até a reprodução de cenas de caça e
guerra. Serve também para o acabamento das máscaras e para os adornos corporais.
A escultura a mais importante manifestação da arte africana é, porém, a escultura. A
madeira é um dos materiais preferidos. Ao trabalhá-la, o escultor associa
outras técnicas (cestaria, pintura, colagem de tecidos). Foi uma forma de arte
muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima.
Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade
de adquirir forças mágicas,
as máscaras
têm um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As
máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a madeira. Para
estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em
segredo na selva.
O maior
acervo da arte antiga africana encontra-se nos museus da Europa Ocidental.
A escultura em madeira se estende á fabricação de múltiplas figuras que
servem de atributo às divindades, podendo ser cabeças de animais, figurinhas
alusivas a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca
frente às forças.
A produção da escultura em marfim ocorreu em larga escala, porém nos
últimos anos, devido à proibição da caça aos elefantes pelo risco da extinção
da espécie, ou ainda a intervenção das ONGs que se ocupam da preservação do
meio ambiente: fauna e flora, houve uma escassez do material e uma diminuição
da produção. Antigamente, faziam peças pequenas para serem usadas como
proteção, braceletes, pequenas figuras de animais especialmente leopardos.
Também haviam esculturas em madeira com marfim incrustado. Em menor quantidade
estão os objetos esculpidos em pedra dura.
Utilizam o ferro à partir de uma prancha fundida mediante pressão e
calor. São confeccionados muitos atributos em várias formas pelos Abomei, de
quem é a imagem da entidade Gu, dono do ferro representado por uma figura
antropomorfa. Com a mesma técnica são encontrados vários atributos a diversas
entidades e também vários instrumentos musicais.
A fundição do bronze na cidade Iorubá de Ifé e logo após Benin, tornou-se
a expressão mais desenvolvida da plástica tradicional africana, influindo e
criando múltiplas variantes de fundição do bronze em outros núcleos desta
região.
No ano de 1300 o soberano de Ifé, a cidade sacralizada, enviou um de
seus descendentes ao reino de Benin para conhecer suas técnicas e aplicá-las em
seu regresso, o estilo da arte em bronze do Benin é um testemunho das relações
estreitas entre os dois reinos, mas os Ioruba, os superaram, na técnica e na
delicadeza de sua arte.
O bronze de Ifé parte de um estilo de modelação como a Terracota. Seus
antecedentes tem sido encontrados nas terracotas de Nok. Nestas os detalhes da
figura humana estão um pouco sintetizados, destacando algumas marcas regionais,
e nisto, assim como nas proporções gerais diferem das de Ifé, nas que se
percebe a busca dos modelos anatômicos, como se fossem retratos, dentro de um
tamanho menor. As cabeças de bronze apresentam variedades de caracteres
faciais, presos em detalhes sutis que permitem apreciar diferentes expressões
nos rostos e até incluem algumas deformações anatômicas.
Na arte
afro-brasileira predominam as esculturas em duas dimensões, talvez por questões
de ordem econômica, embora também na África se encontrassem esculturas
bidimensionais na representação dos símbolos (ferramentas) dos orixás (deuses e
entidades). A bidimensionalidade das esculturas afro-brasileiras parece mesmo
uma forma de buscar sua identidade étnica, de diferenciar sua cultura, já que
tantos objetos de uso cotidiano se revestem de caráter simbólico.
A arte africana não
é primitiva nem estática. Há peças datadas desde o século V a.C. atestando uma
história da arte africana, mesmo que ainda não escrita por palavras. É certo
que muitos dados estão irremediavelmente perdidos: objetos foram destruídos, queimados
ou fragmentados ao gosto ocidental e moral cristã; ateliês renomados foram
extintos e muitas produções interrompidas durante o período colonial na África
(1894-c.1960). Mesmo assim, as peças dessa arte africana remanescente “falam”
de dentro de si e por si mesmas através de volumes, texturas e materiais;
veiculam um discurso estruturado reservado aos anciãos, sábios e sacerdotes.
Alguns artistas, como os do Reino de Benim, exerciam função de escriba,
descrevendo a história do reino por meio de ícones figurativos em placas de
latão que teriam recoberto as pilastras do palácio real.
O desenho de jóias e as texturas entalhadas na superfície de certos objetos da arte africana também constituem uma linguagem gráfica particular. São padrões e modelos sinalizando origem e identidade que aparecem também na arquitetura, na tecelagem ou na arte corporal. A arte africana é multivocal.
O desenho de jóias e as texturas entalhadas na superfície de certos objetos da arte africana também constituem uma linguagem gráfica particular. São padrões e modelos sinalizando origem e identidade que aparecem também na arquitetura, na tecelagem ou na arte corporal. A arte africana é multivocal.
Por exemplo, o
tratamento do penteado dado a estátuas e estatuetas pelos escultores revela,
muitas vezes, o elaborado trançado do cabelo das pessoas, e, mesmo, a prática
cultural, em algumas sociedades, da modelagem paulatina do crânio dos que
tinham status (caso dos mangbetu, do ex-Congo Belga, atual República
Democrática do Congo-RDC). É, para eles, ao mesmo tempo, expressão do belo.
Atribuia-se significado até às matérias-primas empregadas na criação estética —
elas davam “força” à obra, acrescida, por fim, quando ela ganhava um nome, uma
destinação. Tornava-se, então, parte integrante da vida coletiva. Por isso,
diz-se que a arte africana é uma "arte funcional".
A arte africana,
porém, não é apenas “religiosa” como se diz, mas, sobretudo filosófica. A
evocação dos mitos nas artes da África é um tributo às origens — ao passado —,
com vistas à perpetuação — no futuro — da cultura, da sociedade, do território.
E, assim, essas artes “relatam” o tempo transcorrido; tocam no problema da
espacialidade e da oralidade.
Algumas peças da
arte africana, como as impressionantes estátuas “de pregos” dos bakongo, ou as
dos basonge (ou ba-songye (ambas sociedades da R.D. Congo), são, na verdade, um
conglomerado composto por uma figura humana de madeira e uma parafernália de
outros materiais vegetais, minerais e animais. É uma clara alusão à consciência
do Homem sobre a magnitude da Natureza e de sua relação intrínseca com ela.
As máscaras: Para
os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam
absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las na cura de doentes,
em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese
de elementos simbólicos mais variados se convertendo em expressões de vontade
criadora do africano; foram os objetos que mais impressionaram os povos
europeus desde as primeiras exposições em museus do Velho Mundo, através de
milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da África, embora sem
reconhecimento de seu significado simbólico.
Uma máscara é um ser que protege quem a
carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou
de um animal, no momento de sua morte.
A máscara transforma o corpo do bailarino que
conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse um suporte vivo
e animado, encarna a outro ser; gênio, animal mítico que é representando assim
momentaneamente (laude,1968:144)
A energia captada na máscara é controlada e posteriormente redistribuída
em benefício da coletividade.
Como exemplo dessas máscaras destacam as Epa e as Gueledeé
Epa – máscara elmo, em madeira, tem sua base que cobre
toda cabeça do portador apoiada em seu ombro. Sobre o capacete há uma
plataforma composta de figuras. O trabalho é realizado em uma única peça, o
elmo, o platô e um tronco central que representa um tema, circunstancia ou
acontecimento. Outras figuras podem ser entalhadas ao redor por meio de
resinas, desde a plataforma do elmo. Este contrasta pela simplcidade, pois
representa somente os olhos e algum outro detalhe facial. Os olhos de forma
amendoada, com duas bordas, tem o globo ocular vazado para indicar as pupilas.
Algumas máscaras tem duas ou mais plataformas com figuras superpostas.
Gueledeé – são pequenas, tipo tabuleiro se carrega sobre o
busto. Cobre-se o rosto do portador com tecidos ajustados à máscara, e à nuca
do portador que enxerga através de orifícios feitos neste tecido. Estas
máscaras representam, de maneira sintética, personagens ligados à incorporação
mística, para issso recorrem à escultura em madeira com alguns detalhes que
sobrepõem à máscara. Os traços faciais compõem rostos largos, de lábios
salientes bem demarcados, inclusive no centro. Os olhos amendoados, as
pálpebras superiores muito amplas e s pupilas vazadas. Para as orelhas possuem
grande variedades de formas e são enxertadas na altura do olho. Os rostos
apresentam algumas escarificações. Estas máscaras são policromadas com tinta e
água em cores contrastantes e em algumas zonas de expansão ioruba chegam a ser
enriquecidas com duas faces uma ao lado da outra ou opostas. (argeliers,1980:69,70)
Existem também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e
lanças com ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre com
motivos alusivos à figura dos dignatários.
Os utensílios de uso cotidiano, portas e portais para suas casas,
cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os mesmo desenhos estilísticos.
Além das esculturas em madeira existem os objetos confeccionados com
fragmentos de vidro das mais diversas cores, colocados em gorros, possuindo uma
gama de figuras humanas e de animais, feitas com fio de algodão que recobrem
todo o tecido, colocados sempre em combinação vertical. As pedras podem ser
alternadas por cauris, canudilhos metálicos ou de seda e algodão.
Tecidos: são lisos ou estampados, os bordados são rebordados com linhas e com
pedras de vidro. Confeccionam roupas longas e gorros. A criatividade do bordado
com pedras de vidro está muito difundida nas populações da República da
Nigéria. Os suportes para abanos, crinas e rabos de animais, também decoram com
pedras de vidro, canudilhos e cauris.
Os tecidos e o vestuário alcançaram um desenvolvimento plástico
considerável em zonas urbanas, assimilando muitos elementos da indumentária
islâmica e outros introduzidos pelos europeus colonialistas. O tear horizontal
permitiu a confecção variada de tiras que posteriormente se juntam
longitudinalmente para formar tecidos maiores.
Deste tipo de confecção o mais característico é o chamado Kente,
entre os Ashanti.
Ainda entre estes tecidos está o estampado chamado Denkira, com
figuras diferentes que se combinam para compor um desenho ou determinar um
motivo fundamental.
Os desenhos são imersos em uma tintura vegetal e impressos em tecido
branco estendido em uma almofada.
Os Fon, e outros grupos, recorrem ao tecido estampado com
desenhos multicoloridos, à maneira de aplique. Com esta técnica fazem peças
destinadas a vestimentas. Nestes casos o desenho reproduz histórias e vivências
e até pequenos acontecimentos engraçados na trajetória de seus donos e de
grandes personalidades. Para a execução deste trabalho dão preferência aos
tecidos escuros sobre os quais o artista ou qualquer outra pessoa com
criatividade, vai prendendo os desenhos coloridos costurando-os nas bordas. Os
mesmos desenhos são repetidos várias vezes e em várias posições e cores.
Entre os Iorubá, principalmente é costume o estampado em azul
índigo, trabalham diversas técnicas, mas não excluem o batik, muito empregado
em África.
Outra expressão plástica entre os Iorubas é a gravura das louças,
tigelas e demais recipientes.
Arquitetura Africana
Existem muitos preconceitos com relação à arte africana e à África em
geral. A denominação genérica de africano engloba maior quantidade de raças e
culturas do que a de europeu, já que no continente africano convivem dez mil
línguas, distribuídas entre quatro famílias, que são as principais. Daí ser
particularmente difícil encontrar os traços artísticos comuns, embora, a
exemplo da Europa, se possa falar de um certo aspecto identificador que os
diferencia dos povos de outros continentes.
A arquitetura africana teve um caráter utilitário,
em vez de comunitário, e salvo raras exceções nunca foi empregada, como no
resto das civilizações, como representação de poder. Os materiais usados
variavam de acordo com a disponibilidade de cada região, as casas eram
semelhantes, independentes da hierarquia. Usavam barro e fibras secas tecidas,
a aldeia normalmente era protegida por um muro de barro.
Grande Zimbábue é
uma grande fortificação cercada por um enorme muro de pedras, construído em
torno de 1300 e foi, durante anos, considerado um santuário africano. Uma
arquitetura bem diferente da rudimentar, palácios de plantas variadas foram
encontrados em Mali e Gana. A leste do continente africano encontraram-se
edifícios e palácios encavados nas rochas.
Um estilo
arquitetônico próprio da África é o que se encontra em mesquitas, palácios e
templos com paredes de barro sustentadas por armações de estacas.
Os materiais utilizados variavam, então, segundo a
região, mas normalmente eram semelhantes: desde O Grande Zimbábue é o que
restou de um povoado, todo construído por uma muralha monumental. Centro de uma
importante cultura dedicada à pecuária, seus muros medem quase 10 m de altura.
O motivo de seu abandono repentino é desconhecido, embora sua lenda como
santuário tenha persistido até o início deste século.
A exceção a
esse tipo de arquitetura rudimentar são os povos de Gana e Mali, no sudoeste,
que construíram palácios de plantas variadas e o reino de Lalibela, a leste,
onde, a partir do século XIII, foram encavados edifícios e templos nas rochas
das montanhas.
Além das diferente variações de choças de adobe e
palha, existem na África outros estilos arquitetônicos autóctones. Os ashantis
constroem grandes palácios e templos com paredes de barro sustentadas por uma
armação de estacas. São numerosas as mesquitas erguidas desse modo, como a
Mesquita ashanti de Larabanga, em Gana
Aluá
é uma bebida
feita
de farinha
de arroz
(ou farinha
de milho)
ou de cascas de frutas (especialmente abacaxi, raiz
de gengibre
esmagada ou ralada), açúcar ou caldo de cana e sumo de limão. Também chamada de
aruá.
Referências
SOUZA,
Marina de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática 2006
ARAUJO.
Cristina Kelly. Áfricas no Brasil. São Paulo: Scipione, 2003
http://www.comciencia.br/entrevistas/negros/emanoel.htm