Considerando, em primeiro lugar, o conceito
amplo ou antropológico, cultura é o modo como indivíduos ou comunidades
respondem às suas próprias necessidades e desejos simbólicos. O ser humano, ao
contrário dos animais, não vive de acordo com seus instintos, isto é, regido
por leis biológicas, invariáveis para toda a espécie, mas a partir da sua
capacidade de pensar a realidade que o circunda e de construir significados
para a natureza, que vão além daqueles percebidos imediatamente. A essa
construção simbólica, que vai guiar toda ação humana, dá-se o nome de cultura.
A cultura, nesse sentido amplo, engloba a
língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos,
as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, todas as
esferas da atividade humana. Mesmo as atividades básicas de qualquer espécie,
como a reprodução e a alimentação, são realizadas de acordo com regras, usos e
costumes de cada cultura particular. Os rituais de namoro e casamento, os usos
referentes à alimentação (o que se come, como se come), o preparo dos
alimentos, o tipo de roupa que vestimos, a língua que falamos, as palavras de
nosso vocabulário, tudo isso é regulado pela cultura à qual pertencemos. A
função da cultura é tornar a vida segura e contínua para a sociedade humana.
Ela é o "cimento" que dá unidade a um certo grupo de pessoas que
divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores.
Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura.
No caso do Brasil, temos contribuições culturais da colonização pelos portugueses, dos povos indígenas que habitavam estas terras, dos africanos que foram trazidos como escravos, dos imigrantes italianos, alemães, japoneses, coreanos. O que mantém a unidade, entretanto, entre essas várias culturas é a ocupação de um mesmo território, o uso da mesma língua, o compartilhamento de uma mesma história nacional.
É possível, entretanto, falar também de cultura caipira, cultura rural, cultura sertaneja, cultura urbana, cultura nordestina, cultura paulista, cultura carioca e assim por diante, apenas considerando a diversidade geográfica do país e os diferentes tipos de vida de cada um desses grupos.
Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura.
No caso do Brasil, temos contribuições culturais da colonização pelos portugueses, dos povos indígenas que habitavam estas terras, dos africanos que foram trazidos como escravos, dos imigrantes italianos, alemães, japoneses, coreanos. O que mantém a unidade, entretanto, entre essas várias culturas é a ocupação de um mesmo território, o uso da mesma língua, o compartilhamento de uma mesma história nacional.
É possível, entretanto, falar também de cultura caipira, cultura rural, cultura sertaneja, cultura urbana, cultura nordestina, cultura paulista, cultura carioca e assim por diante, apenas considerando a diversidade geográfica do país e os diferentes tipos de vida de cada um desses grupos.
Ao falar de cultura, é possível fazer um
corte no sentido amplo do termo e referir-se apenas a alguns aspectos da
produção humana, ligados às diferentes práticas artísticas: pintura, dança,
música, teatro, literatura, cinema, vídeo, escultura, entre outras. Essa
produção cultural, além do caráter simbólico que toda cultura tem, existe
independentemente das relações utilitárias e funcionais. Um vaso grego, por
exemplo, extrapola o valor utilitário de objeto para guardar água, vinho ou
óleo. Esse vaso era feito para aparecer, para figurar entre as coisas do mundo,
apoderando-se da atenção do espectador, comovendo-o, revelando significados
internos que sobrevivem a cada geração. É o reflexo de uma civilização que
prezava a simetria, a beleza ideal, o culto aos deuses, a perfeição do fazer
artístico e artesanal.
Uma obra de arte nos traz um novo
conhecimento de mundo. Esse conhecimento não é lógico e racional, mas
intuitivo, concreto e imediato, na medida em que nos faz compreender um
sentimento de mundo. Voltando ao exemplo do vaso grego, podemos perceber que
ele nos transmite o sentimento de um mundo simétrico, proporcional,
razoavelmente estável e seguro. Já uma obra de arte contemporânea, como o
videoclipe, revela a velocidade da vida contemporânea (com mudanças bruscas de
cena), a fragmentação e a falta de sentido aparente.
A obra de arte, para ter esse efeito sobre
nós, apresenta um modo novo de ver a realidade, porque ela não se refere
necessariamente ao que de fato existe. A arte não representa o mundo
como ele é, mas como poderia ser. Para isso, ela inova em termos de
materiais – por exemplo, uma escultura hoje pode ser construída a partir
da luz e não de materiais tradicionais como a madeira, a pedra ou o metal; ou
uma obra "desenhada" com cortes sobre a tela, em vez da tinta. Inova
em temas, inova em estilos e linguagens, cria novos códigos para ser fiel à sua
função de evocar um sentimento de mundo.
Aprendizado cultural - Uma vez que a
cultura é uma construção de grupos humanos, anterior a cada um de nós,
precisamos aprender os modos de nossa cultura. Esse aprendizado se inicia no
momento em que nascemos dentro do ambiente em que vivemos, com todas as pessoas
responsáveis por cuidar de nós. Aprendemos por imitação, por tentativa e erro,
castigo e premiação. Aprendemos por meio das palavras, mas também por meio dos
comportamentos e atitudes dos outros. Tudo isso diz respeito apenas à
cultura de origem, ou seja, à cultura à qual a criança pertence. Ela conhece
somente um modo de cultura, o seu, que se torna sua "segunda pele" e
é encarada como o modo "normal", único mesmo, de fazer as coisas, de
se comportar.
Nesse sentido, a cultura é importante para
o funcionamento do grupo, e o aprendizado cultural é indispensável para que
cada indivíduo se adapte ao seu grupo. Entretanto, é de extrema importância que
cada um também aprenda a contribuir para a sua cultura, criando idéias,
objetos, ferramentas, colaborando no desenvolvimento de várias linguagens,
enfim, mantendo sua cultura viva e adequada às necessidades do grupo.
Do mesmo modo, é preciso aprender a
interpretar a arte, seja ela um filme, uma peça teatral, um espetáculo de
música, dança, circo, artes visuais, performance, happening uma vez que a arte
é um dos modos humanos de atribuir significados ao mundo.
Aprende-se arte convivendo com obras de
arte e, ainda, pelo estudo da história da arte e das linguagens artísticas, bem
como pelo estudo da estética, isto é, dos diversos conceitos de valor e
arte.
A cultura, portanto, é o que torna a vida
humana possível no mundo. Ela é, ao mesmo tempo, um produto já elaborado pelas
gerações que nos precederam, e um processo contínuo de adaptação dessa herança
recebida a novos modos de vida, novos problemas, novas necessidades. E, nesse
processo, a arte, por não ter utilidade prática imediata, é um campo
privilegiado de experimentações, de crítica, até mesmo de denúncia de práticas
sociais ultrapassadas. Por meio das obras de arte, é possível vislumbrar outros
valores importantes para a vida humana.
Adaptação do
Texto original da Profa.
Dra. Maria Helena Pires Martins