"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)
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domingo, 8 de abril de 2018
3ª Série: COMPREENDENDO A ARTE - 1ª Unidade 2018
O conceito de arte é extremamente subjetivo e varia
de acordo com a cultura a ser analisada, período histórico ou até mesmo
indivíduo em questão.
O
que é arte afinal?
à Criação humana com valores estéticos (beleza,
equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história,
seus sentimentos e a sua cultura.
à É um conjunto de procedimentos que utilizados para
realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos.
à Capacidade do homem criar e expressar-se, transmitindo
idéias, sensações e sentimentos, através da manipulação de materiais diversos.
à Desperta
emoções diferentes de indivíduo para indivíduo.
à Permite
várias interpretações, várias leituras.
à Desperta
os mais variados sentimentos: alegria ou tristeza, serenidade ou inquietação,
confiança ou medo.
à Muitas
vezes nos leva a pensar sobre o homem e o mundo, sobre nós mesmos e os outros.
à Produto da
criatividade humana, que utilizando conhecimento, técnicas e um estilo ou jeito
todo especial, transmite uma experiência de vida ou uma visão de mundo,
despertado emoções em quem usufrui.
Dentre os possíveis e variados conceitos que a
arte pode ter podemos sintetizá-los do seguinte modo – a arte é uma experiência
humana de conhecimento estético que transmite e expressa ideias e emoções na
forma de um objeto artístico (desenho, pintura, escultura, arquitetura etc) e
que possui em si o seu próprio valor. Portanto, para apreciarmos a arte é
necessário aprender sobre ela. Aprender a observar, a analisar, a refletir, a criticar
e a emitir opiniões fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e modos
diferentes de fazer arte.
O
mundo da arte é concreto e vivo podendo ser observado, compreendido e
apreciado. Através da experiência artística o ser humano desenvolve sua imaginação
e criação aprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenças
e sabendo modificar sua realidade. A arte dá e encontra forma e significado
como instrumento de vida na busca do entendimento de quem somos, onde estamos e
o que fazemos no mundo.
Além disso, a produção artística pode ser de grande
ajuda para o estudo de um período ou de uma cultura particular, por revelar
valores do meio em que é produzida.
A arte apresenta nove expressões artísticas: a
Música, a Dança, as Artes Plásticas, as Artes Cênicas, a Literatura, a
Arquitetura, o Cinema, as Narrativas Televisivas e as Histórias em Quadrinhos.
A arte
é conhecimento. A arte é uma das primeiras manifestações da humanidade como forma do
ser humano marcar sua presença criando objetos e formas (pintura nas cavernas,
templos religiosos, roupas, quadros, filmes etc) que representam sua vivência
no mundo, comunicando e expressando suas idéias, sentimentos e sensações para
os outros.
Desta maneira, quando o ser humano faz arte,
ele cria um objeto artístico que não precisa nos mostrar exatamente como as
coisas são no mundo natural ou vivido e sim, como as coisas podem ser, de
acordo com a sua visão. A função da arte e o seu valor, portanto, não estão no
retrato fiel da realidade, mas sim, na representação simbólica do mundo humano.
Para existir a arte são precisos três
elementos: o artista, o observador e a
obra de arte.
O primeiro elemento é o artista, aquele que cria a obra, partindo do seu conhecimento
concreto, abstrato e individual transmitindo e expressando suas idéias,
sentimentos, emoções em um objeto artístico (pintura, escultura, desenho etc)
que simbolize esses conceitos. Para criar a obra o artista necessita conhecer e
experimentar os materiais com que trabalha, quais as técnicas que melhor se
encaixam à sua proposta de arte e como expor seu conhecimento de maneira formal
no objeto artístico.
O outro elemento é o observador, que faz parte do público que tem o contato com a obra,
partindo num caminho inverso ao do artista – observa a obra para chegar ao
conhecimento de mundo que ela contém. Para isso o observador precisa de
sensibilidade, disponibilidade para entendê-la e algum conhecimento de história
e história da arte, assim poderá entender o contexto em que a obra foi
produzida e fazer relação com o seu próprio contexto.
Por fim, a obra de arte ou o objeto artístico, faz parte de todo o processo,
indo da criação do artista até o entendimento e apreciação do observador. A
obra de arte guarda um fim em si mesma sem precisar de um complemento ou
“tradução”, desde que isso não faça parte da proposta do artista.
Através da Arte, o homem se expressa e se comunica;
busca a beleza e o prazer estético pois a pessoa humana tem necessidade de
beleza e perfeição, anseia pelo infinito e pelo absoluto.
A emoção estética consiste num momento de
felicidade e de simpatia, decorrente do acordo do pensamento e da sensibilidade
com a obra de arte; assentimento (aprovação), admiração e alegria; integração
harmônica do mundo subjetivo com a objetividade da obra apreciada.
Em resumo, a percepção estética compreende a fusão
pura, harmoniosa e perfeita de dois elementos: o subjetivo e o objetivo, já que
a obra artística é a realidade objetiva do mundo estético.
O homem cresce interiormente e se integra na sociedade,
ao criar a obra de arte e ao conviver com ela. A apreciação artística apura a
sensibilidade e forma o gosto estético.
A arte, além de ser a mais convincente linguagem da
alma humana, documenta a época em que foi concebida. Externa não apenas sentimentos
individuais, mas também sentimentos coletivos, a vida social e a cultura de uma
época, com seus costumes, crenças e filosofias.
O artista, ser privilegiado por seus dons
especiais, torna-se, indiretamente, um porta-voz dos anseios e ideais da comunidade
em que vive, por estar sujeita às influências e condicionamentos
sócio-culturais de um ambiente e de uma época.
A Arte é testemunha perene (que não tem fim) da
história. Corporifica as características de cada época na suas formas
expressivas e as imortaliza.
Cada período histórico que se esvaiu no tempo,
ficou materializado em seu patrimônio artístico que revela abstratamente os
ideais de personalidades e gerações extintas.
Conceitos,
importância e funções da Arte
Dentre os possíveis e variados conceitos que a
arte pode ter podemos sintetizá-los do seguinte modo – a arte é uma experiência
humana de conhecimento estético que transmite e expressa idéias e emoções na
forma de um objeto artístico (desenho, pintura, escultura, arquitetura etc) e
que possui em si o seu próprio valor. Portanto, para apreciarmos a
arte é necessário aprender sobre ela. Aprender a observar, a analisar, a
refletir, a criticar e a emitir opiniões fundamentadas sobre gostos, estilos,
materiais e modos diferentes de fazer arte.
Uma tela pintada na Europa no séc. XIX pode
não ter o mesmo valor artístico para uma comunidade indígena ou para uma
sociedade africana que conservem seus valores e tradições originais. Por que
isso pode acontecer se a arte é universal?
Para esses grupos étnicos os significados da
arte como a entendemos podem não ser os mesmos por não pertencerem ao contexto
em que eles vivem.
Cada sociedade possui seus próprios valores morais, religiosos,
artísticos entre outros. Isso forma o que chamamos de cultura de um povo. Mas
uma cultura não fica isolada e sofre influências de outras, portanto, nenhuma
cultura é estática e sim dinâmica e mutável. A arte, ao longo dos tempos, tem
se manifestado de modos e finalidades diversas. Na Antiguidade, em diferentes
lugares a arte era vislumbrada em manifestações e formas variadas – na Grécia,
no Egito, na Índia, na Mesopotâmia...
Os grupos sociais vêem a arte de um modo diferente, cada qual segundo a
sua função. Nas sociedades indígenas e africanas originais, por exemplo,
a arte não era separada do convívio do dia-a-dia, mas presente nas vestimentas,
nas pinturas, nos artefatos, na relação com o natural e o sobrenatural, onde
cada membro da comunidade podia exercer uma função artística.
Somente no séc. XX a arte foi reconhecida e valorizada por si, como
objeto que possibilita uma experiência de conhecimento estético.
Ao longo da
história da arte podemos distinguir três funções principais para a arte – a pragmática
ou utilitária, a naturalista e a formalista.
Função pragmática ou utilitária: a arte serve como meio para se alcançar um
fim não-artístico, não sendo valorizada por si mesma, mas pela sua finalidade.
Segundo este ponto de vista a arte pode estar a serviço para finalidades
pedagógicas, religiosas, políticas ou sociais. Não interessa aqui se a obra tem
ou não qualidade estética, mas se a obra cumpre seu papel moral de
atingir a finalidade a que ela se prestou. Uma cultura pode ser chamada
pragmática quando o comportamento, a produção intelectual ou artística de um
povo é determinada por sua utilidade. Nessa perspectiva, a
avaliação de uma obra de arte obedece a critérios definidos: o critério moral
do valor da finalidade a que serve (se a finalidade for boa, a obra é boa); e o
critério de eficácia da obra em relação à finalidade (se o fim for atingido, a
obra é boa).
Função naturalista: o que interessa é a representação da realidade ou
da imaginação o mais natural possível para que o conteúdo possa ser
identificado e compreendido pelo observador. A obra de arte naturalista
mostra uma realidade que está fora dela retratando objetos, pessoas ou
lugares. Para a função naturalista o que importa é a correta representação
(perfeição da técnica) para que possamos reconhecer a imagem retratada; a
qualidade de representar o assunto por inteiro; e o vigor, isto é, o poder de
transmitir de maneira convincente o assunto para o observador.
Função formalista: atribui maior qualidade na forma de apresentação da obra preocupando-se com seus
significados e motivos estéticos. A função formalista trabalha com os princípios
que determinam a organização da imagem – os elementos e a composição da imagem.
Com o formalismo nas obras, o estudo e entendimento da arte passaram
a ter um caráter menos ligado às duas funções anteriores importando-se mais em transmitir
e expressar idéias e emoções através de objetos artísticos. Foi só a partir do
séc. XX que a função formalista predominou nas produções artísticas através da arte
moderna, com novas propostas de criação. O conceito de arte que temos hoje
em dia é derivado desta função.
Funções da arte: pragmática ou utilitária (de
acordo com o tempo e local), naturalista (refletir a realidade), formalista
(apresentar a obra de arte).
Referências
FEIST, Hildegard. Uma pequena viagem pelo mundo da
Arte. Moderna. São Paulo. 1996.
SOUZA, Edgard Rodrigues de. Desenho e Pintura.
Moderna. São Paulo. 1997
GARCEZ, Lucília. OLIVEIRA,
Jô. Explicando a Arte: uma iniciação para entender e apreciar as artes visuais.
Ediouro. Rio de Janeiro. 3ª edição. 2002
Azevedo Junior, José Garcia de. Apostila de Arte – Artes Visuais. São Luís: Imagética Comunicação e
Design, 2007.
3ª Série - Texto: ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM VISUAL - 1ª Unidade - 2018
A
linguagem funciona como a ordenadora dos símbolos da comunicação num contexto
de espaço e tempo, através de acordos (convenções) estabelecidos por grupos
humanos para transmitir determinados significados, organizando suas percepções,
classificando e relacionando acontecimentos para que os símbolos guardem um
mesmo sentido para todos que o empregam.
Se
você estiver lendo este livro é por que consegue entender um código (a Língua
Portuguesa) que é comum à sua localidade. Este tipo de linguagem (Português, Inglês,
Espanhol etc.) é chamada de linguagem conceitual.
Mas
além da linguagem conceitual (oral e escrita) existe também a linguagem visual.
A linguagem visual é uma linguagem talvez mais limitada do que a falada, porém
mais direta. Isto nos mostra que a transmissão de informações no modo visual
tem um maior no impacto e efeito no observador, já que utilizamos maneiras mais
objetivas através das mensagens visuais em seus diversos exemplos.
Ver
significa essencialmente conhecer, perceber pela visão, alcançar com a vista os
seres, as coisas e as formas do mundo ao redor. Ver é também um exercício de
construção perceptiva onde os elementos selecionados e o percurso visual podem
ser educados.
Observar
é olhar, pesquisar, detalhar, estar atento de diferentes maneiras às
particularidades visuais relacionando-as entre si. O saber ver e observar podem
ser trabalhados de maneira que a pessoa possa analisar, refletir, interferir e
produzir visualmente através do entendimento da linguagem visual.
A
linguagem visual pode ser reduzida aos seus elementos básicos, aqueles que formam
a imagem e o modo como os percebemos.
Ponto:
primeira unidade da imagem, tendo como característica a simplicidade e
irredutibilidade (não pode ser reduzido), não possuindo formato nem dimensão. O
ponto indica uma posição no espaço e constrói a imagem e funciona como
referência no espaço visual por ter um grande poder de atração para a visão
humana. Os pontos podem agir agrupados obtendo um expressivo efeito visual com
formas ordenadas ou aleatórias em que o olho reúne os pontos em uma única
imagem. Uma série de pontos forma uma linha, uma massa de pontos torna-se
textura, forma ou plano.
Linha:
quando agrupamos os pontos muito próximos, em uma sequência ordenada uns após
os outros e de mesmo tamanho, causam à visão uma ilusão de direcionamento e
acabamos visualizando-os como uma linha. Uma linha pode ser uma marca positiva
ou uma lacuna negativa. Aparecem nos limites dos objetos e onde dois planos se
encontram.
As
linhas podem ser classificadas como:
GEOMÉTRICAS:
são abstratas e tem apenas uma dimensão, o comprimento;
GRÁFICAS:
linhas desenhadas ou traçadas numa superfície qualquer;
FÍSICAS:
pode ser observada, principalmente, nos contornos dos objetos, naturais ou
construídos, criada de maneira abstrata na forma de uma percepção visual
ilusória e imaginária como fios de lã, fios de energia, rachaduras em pisos,
horizonte etc .
A
linha gráfica pode indicar a trajetória de um ou vários pontos de maneira
contínua variando quanto:
À ESPESSURA,
(fina ou grossa);
À FORMA
(reta, sinuosa, quebrada ou mista);
AO TRAÇADO
(cheia, tracejada, pontilhada, traço e ponto, etc.) e;
À POSIÇÃO
(horizontal, vertical ou inclinada).
Forma: é
derivada da organização imaginária que damos a um conjunto de linhas dando um
sentido de orientação espacial e de reconhecimento da imagem representada. A
mesma forma pode se apresentar diferente para nossa observação de acordo com a
referência visual da superfície em ela está.
Existem
três formas básicas: o círculo, o quadrado e o triângulo equilátero, cada qual
com suas características e especificidades, exercendo no observador diferentes
efeitos visuais e impressões quanto aos seus significados. As formas também
podem se dividir em dois grandes grupos:
GEOMÉTRICAS:
figuras ordenadas perfeitamente (formas básicas, polígonos etc), não tão
facilmente reconhecidos na natureza no seu estado mais puro;
ORGÂNICAS: formas
ordenadas ou aleatórias em estruturas não geométricas, observadas
principalmente na natureza, daí o seu nome (asa de inseto, folha de árvore,
curso e ramificações de um rio etc).
Textura: é
a qualidade impressa em uma superfície, enriquecendo as impressões e sentidos
que teremos de determinada forma. A textura pode ser classificada de duas
maneiras: quanto à sua natureza e quanto à forma que ela se apresenta.
-
Quanto à natureza:
TEXTURA TÁTIL -
é aquela que podemos tocar e sentir fisicamente a sua característica peculiar
pelo tato, como, por exemplo, o reboco granuloso de uma parede, a aspereza de
uma lixa, a lisura de uma cerâmica polida. Também é conhecida por textura
concreta por ser palpável e estar efetivamente empregada ou ser característica
da superfície de um material.
TEXTURA ÓTICA - é
aquela existente apenas na ilusão criada pelo olho humano, como, por exemplo, a
capa de um livro que reproduza a imagem de uma parede rebocada ou as imagens
impressas num tecido que criam um padrão de textura reconhecido pela visão, mas
não sentido pelo tato. Também é conhecida como textura virtual, pois existem
somente com efeito captado pela visão como uma representação.
-
Quanto à forma que se apresenta:
GEOMÉTRICA – a
organização de formas geométricas num padrão dentro de uma área ou superfície
acaba dando a esta a característica de uma textura.
ORGÂNICA – a
superfície possui uma aparência de algo natural, iludindo o olho como se
pudesse ser percebida pelo toque.
Dimensão / Plano:
trabalha em conjunto com a linha e com a forma para iludir o nosso olhar
criando um efeito tridimensional na imagem, que está numa superfície
bidimensional, uma folha de papel, por exemplo. As três dimensões são: altura,
comprimento e profundidade.
Junto
com o elemento da dimensão relacionaremos o conceito de plano numa superfície,
que é uma área da imagem que possui duas dimensões (comprimento e largura) e
que, através de sua sobreposição, podemos obter uma ilusão da terceira dimensão
(altura).
A
representação da dimensão de profundidade no espaço bidimensional (altura e
largura) vai depender da capacidade que o olho tem de se iludir quanto ao modo
de perceber a imagem. A linha funciona como o contorno das formas obtidas que,
por sua vez, são projetadas na superfície plana bidimensional de modo que
pareçam estar em diferentes planos. O principal artifício usado para criar este
efeito de profundidade é a perspectiva, podendo ser intensificados pelos
efeitos de claro-escuro nos diferentes tons da imagem. A representação do
espaço tridimensional numa superfície bidimensional, através da perspectiva,
vai exigir uma série de regras e métodos estabelecidos matematicamente para
iludir o olhar.
A
ilusão de perspectiva pode ser causada de duas maneiras no desenho artístico:
- Perspectiva Linear –
que tem como referência a linha do horizonte e um ou mais pontos de fuga
localizados nesta linha para causar o efeito de profundidade;
- Perspectiva Tonal ou Atmosférica –
usa diferentes tonalidades de cores, graduando conforme a distância que se quer
representar – quanto mais próxima do observador a figura está (1º plano) os
tons são mais fortes e quanto mais distante do observador os tons são mais
fracos.
Escala:
quando trabalhamos com os elementos visuais em uma área específica
bidimensional, devemos prestar atenção na relação entre os tamanhos das
imagens. Esta relação entre os tamanhos é a escala, também conhecida como
proporção.
Direção:
quando observamos qualquer imagem procuramos sempre organizá-la e entendê-la
visualmente quanto à sua forma, dimensão, tamanho e outros elementos. Também
procuramos um sentido para a nossa observação, isto é, a direção que percebemos
na imagem. Podemos fazer relação das direções principais com as três formas
básicas: quadrado – horizontal e vertical; triângulo – a inclinada; o círculo –
a curva. Cada direção básica expressa um sentido próprio: horizontal – estase,
calma; vertical – prontidão, equilíbrio; inclinada – instabilidade, atividade;
curva – continuidade, totalidade.
Movimento: ao
percorremos a imagem com os olhos durante a observação seguindo uma ou várias
direções (horizontal, vertical, inclinado e curva) estamos trabalhando também
com o elemento básico do movimento. O movimento funciona como uma ação que se
realiza através da ilusão criada pelo olho humano. Podemos observar uma imagem
estática num papel e parecer que ela está se movimentando para os nossos olhos.
Isso acontece devido à maneira como os elementos básicos são arranjados e
combinados entre si para criar a ilusão do movimento. O Movimento trabalha em
conjunto com a Escala e a Direção, pois quando os elementos têm o mesmo
tamanho, a imagem pode ficar monótona. O contraste no tamanho pode criar uma
tensão, bem como uma sensação de profundidade e movimento.
Tom: é a quantidade
relativa de luz existente em um ambiente ou numa imagem, definindo sua
obscuridade ou claridade, ausência ou presença de luz. Temos uma relação de
contraste entre o claro-escuro. Sem esta relação não veríamos o mundo da
maneira que ele nos aparenta. A luz natural emitida pelo sol, a luz branca, é
refletida, absorvida, circunda e penetra nos objetos que, por sua vez, têm
características de absorver ou refletir a luminosidade que recebe. Assim,
podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas (elemento da
dimensão), o espaço que elas ocupam, identificando sua forma, massa, cor,
textura, se está estática ou em movimento etc. As múltiplas gradações entre o
claro e escuro consistem numa escala tonal.
É a variação possível de uma cor. Esta escala tonal pode ser aplicada para
obtermos vários efeitos sendo um dos principais a perspectiva (ilusão de
tridimensionalidade) causada pelo jogo de luz e sombra, chamada de perspectiva
tonal. Dentro da linguagem visual o elemento básico do tom se torna essencial
para uma representação imagética reconhecida pela percepção humana.
Cor: A
cor exerce ação tríplice: a de impressionar, a de expressar e a de construir. A
cor é vista: impressiona a retina. A cor é sentida: provoca emoção. A cor é
construtiva, pois tendo um significado próprio, possui valor de símbolo,
podendo assim, construir uma linguagem que comunique uma ideia, que pode ser de
leveza, alegria, sobriedade, etc.
COR: É a
sensação provocada pela ação da luz sobre os órgãos da visão. Pode ser percebida
de duas formas: cor-luz e cor-pigmento:
A cor
enquanto fenômeno físico possui leis naturais que a regem, e, enquanto fenômeno
fisiológico, possui características identificáveis quanto ao modo como é
percebida pelo olho humano. De acordo com a percepção, as cores possuem três
dimensões: matiz (croma), saturação ou intensidade (pureza relativa da cor) e
brilho (valor tonal).
O matiz ou
croma é a cor em si, com suas especificidades individuais. A saturação é a
pureza relativa da cor ou a intensidade da sua presença indo da presença máxima
do seu matiz até um cinza neutro. É o local da cor no interior do espectro da
luz visível pelo olho humano.
A
luminosidade ou valor da cor é o brilho relativo corresponde ao valor tonal das
gradações entre sua luminosidade ou obscuridade. Vale destacar que a presença
ou ausência de cor não afeta o tom, que é constante.
A saturação
ou intensidade da cor é a vivacidade ou o esmaecimento da mesma. Quando
diminuímos a saturação de um matiz ele se torna gradativamente um cinza.
As cores são divididas em cor luz e
cor pigmento, cada qual com uma classificação para os diferentes matizes.
Cor-luz: Aquela
que pode ser observada através dos raios luminosos: Ex.: arco-íris.
Para os que
trabalham com cor-luz (como na televisão ou no cinema), as primárias são:
vermelho, verde e azul-violetado. A mistura dessas três luzes coloridas produz
o branco, denominando-se o fenômeno síntese aditiva.
Cor-pigmento:
Aquela percebida através das substâncias materiais corantes na presença da luz.
Ex.: folha verde.
Pode
ser opaca, como a utilizada na pintura em geral, ou transparente, utilizada
principalmente nas artes gráficas.
Para o
químico, o artista e todos que trabalham com substâncias corantes opacas
(cores-pigmento) as cores primárias são o vermelho, o amarelo e o azul. A
mistura das cores-pigmento vermelho, amarelo e azul produz o cinza neutro por
síntese subtrativa.
Classificação das cores
Cores primárias: Também
chamadas de cores puras. Não se formam pela mistura de outras cores. São elas:
azul, vermelho e amarelo.
Cores secundárias:
São cores resultantes da mistura de duas cores primárias. São elas: laranja,
verde e violeta.
Cores terciárias:
Resultam da mistura de uma cor primária com uma cor secundária. São elas:
amarelo-alaranjado, vermelho-alaranjado, vermelho-arroxeado, azul-arroxeado,
azul-esverdeado e amarelo-esverdeado
Cores análogas:
São cores vizinhas no círculo das cores. São análogas porque há nelas uma mesma cor básica. Pôr exemplo o amarelo-ouro e o
laranja-avermelhado tem em
comum a cor
laranja.
As cores análogas, ou da
mesma "família" de tons, são usadas para dar a sensação de uniformidade. Uma composição em cores análogas em geral é elegante,
porém deve-se tomar o cuidado de não a deixar monótona.
Cores complementares:
São cores diametralmente opostas no círculo cromático.
Cores frias:
como o próprio nome indica, estão associadas à sensação de frio, e são
essencialmente todas as cores que derivam do Violeta, Azul e Verde.
São consideradas cores calmantes. Aquelas em que predominam o azul e o verde.
Associam-se
à água, ao frio, ao gelo, ao mar, ao céu, às árvores, entre outras.
Cores quentes: As
cores quentes, estão pois associadas a sensações completamente opostas àquelas
que as cores frias transmitem.
Assim,
as cores quentes associam-se às sensações de calor, adrenalina. São
consideradas cores excitantes. As cores quentes são todas aquelas que, no
circulo das cores primárias derivam das seguintes cores: Amarelo, Laranja
e Vermelho.
Estas
cores associam-se ao sol, ao fogo, a vulcões em erupção, entre outras.
Cores neutras: Caracteriza-se pela não
predominância de tonalidades quentes e ou frias. São
consideradas neutras: cinzas, cinzas com ligeira coloração quente ou fria,
bege, marrons e ainda o preto e o branco.
Preto e branco: As
outras cores permitem uma diluição no sentido do claro ou do escuro, e
aproxima-se das cores vizinhas no espectro. Só o preto e o branco
insistem em sua pureza; ao se acrescentar a mínima quantidade de outra cor a
uma delas, esta perde imediatamente a sua identidade. O branco
transforma-se em rosa, cinzento, amarelo, etc., o preto torna-se azul,
violetas, castanho ou verde. Não existe branco escuro ou preto claro.
O
branco e preto são dois extremos tonais. Nada
pode ser mais claro do que o branco, ou mais escuro do que o preto.
Referências:
BRUNA, r. Cantele. Arte, etc e tal... Vol. 3. IBEP. São
Paulo.
APOSTILA DE ARTES VISUAIS – Prof. Garcia Junior –
www.imagetica.net/blog
3ªSérie - Texto:A ESTÉTICA CLÁSSICA E A POPULARIZAÇÃO DO BONITO
A beleza vem da emoção que temos diante de uma obra
de arte quando percebemos o que o artista tenta transmitir. A beleza vem também
da sensação de conseguirmos ver o mundo da maneira que pensamos ter sido a
intenção do artista. O belo se constitui, assim, tanto por uma emoção
despertada como por sua correspondência com uma ideia transmitida.
E de onde veio essa ideia de “boniteza”, relacionada
com o alegre, o agradável, o saudável? Isso teve origem na Grécia, na
Antiguidade clássica, mais ou menos no século a.C., quando Atenas era uma
cidade importantíssima. A arte que lá se fazia pretendia expressar um ideal de
beleza e vida por meio de composições nas quais predominassem a harmonia, a
simetria, o equilíbrio e a proporcionalidade. Foi essa arte que inspirou vários
movimentos artísticos desde o Renascimento até a Idade Moderna. Por ser
considerada um modelo, essa arte com seus critérios e princípios foi chamada de
clássica e, pela importância que teve, acabou disseminando pelo mundo seu ideal
de beleza, que passou a ser visto como universal. Assim, muitas pessoas passaram
a julgar belas apenas as manifestações artísticas agradáveis, harmoniosas e que
mostram o mundo não como ele é, mas como deveria ser.
Daí a se confundir beleza com critérios de
aparência, com proporcionalidade de medidas e com equilíbrio de formas foi um passo.
E, assim, passamos a misturar prazer estético que é a uma emoção profunda e
sutil com o prazer de olhar ou ouvir formas e composições agradáveis. Essas
idéias tiveram muito sucesso, popularizaram-se e, até hoje, muita gente pensa
que o belo deve necessariamente ser harmonioso, agradável, saudável e alegre.
Alguns fatores vieram ainda consagrar a
identificação da beleza com os padrões clássicos de harmonia, simetria e
proporcionalidade. Um deles foi a indústria cultural, que acabou por
popularizar esses conceitos. A fotografia, o cinema, o vídeo e a televisão
perpetuaram esses ideais mesmo quando já ultrapassados em relação à arte e ao
gosto da crítica.
Outro fator que contribuiu para que se associasse
beleza a sensação de leveza e harmonia foi o desenvolvimento da indústria de
lazer e do entretenimento. À medida que os espetáculos artísticos se
estabeleceram em dias e horas de descanso e diversão, parecem ter adquirido
como características a alegria, a distração e o disfarce das dificuldades e das
imperfeições. Estava assim afastada a possibilidade de uma beleza que pudesse
ser profunda, crítica e inquietante.
Escolas artísticas posteriores ao Classicismo,
entretanto, defenderam o principio de uma beleza que pressupõe o agressivo, a
desarmonia e até o disforme. Os artistas mostraram que, muitas vezes, a
desordem e o desequilíbrio são mais capazes de transmitir emoções e estimular o
pensamento crítico do que as composições que procuram submeter a realidade a um
ideal. Será possível falar de guerra, de revolução e da sensação que despertam
através de imagens nas quais predominam o equilíbrio e a harmonia? Mesmo que
seja possível, a beleza não resulta desses princípios, mas da transformação de
uma forma peculiar de ver e interpretar o mundo, da ideia que, transposta para
a obra, se reconstitui na mente do espectador – parte integrante da arte.
O que é belo é uma qualidade das obras de arte, que
desperta uma emoção à qual estão associados os sentimentos e as ideias do
artista e a identidade que ele é capaz de estabelecer com o público. Que essa
emoção resulte de uma composição aparentemente bonita ou feia, isso é
secundário, está relacionado com o movimento artístico ao qual o artista
pertence e com a ideia que ele quer transmitir. A emoção do belo depende de vários
fatores, como nossa cultura e nossa geração, e não está restrita àquelas
manifestações que, comumente, consideramos bonitas. A beleza sentida como
emoção despertada por uma ideia e uma interpretação do mundo que somos capazes
de captar, pode ser transmitida por imagens fortes e até desagradáveis em sua
aparência.
Quando conseguimos identificar como estética a
emoção que uma obra nos desperta, esse momento constitui o que Frederico Morais
chamou de insight. Embora nossa
percepção venha de impressões obtidas no momento em que uma obra nos é
apresentada, o deleite que ela proporciona pode vir com o tempo, de um saborear
demorado, de uma espécie de degustação. À vezes esse momento chega depois de
certas experiências e aprendizados e até de fatos que nos tornam mais sensíveis
a certas emoções.
O que caracteriza a arte é principalmente, a emoção
estética que ela desperta, emoção que depende da nossa sensibilidade moldada
pelo meio social e pela cultura na qual vivemos.
A capacidade humana de reconhecer a emoção que vem
da forma, do som, da cor, da harmonia de um gesto, ou da capacidade de
expressão de um rosto foi se desenvolvendo aos poucos. Nas sociedades mais
antigas, essas emoções estavam misturadas a outras que diziam respeito, por
exemplo, à emoção e ao poder. A emoção que um egípcio sentia diante das
pirâmides vinha, provavelmente, tanto de sua forma como de sua devoção aos
deuses e do respeito que lhe inspirava o faraó. Com o passar do tempo, o homem
começou a perceber que essas emoções têm origem e natureza diferentes de outros
sentimentos, passando então a distinguir o prazer que vem da beleza de outros
que as coisas do mundo podem despertar, como por exemplo, o prazer de fazer o
bem. Ao contrário dos egípcios antigos, nós podemos ver beleza em um templo,
independente de nossa crença, apenas pela sua contemplação estética.
Os gregos foram os primeiros a deixar registrado o
reconhecimento da emoção que vem da beleza e a consciência de sua
particularidade. Foram eles também que criaram a estética, ciência que estuda o
belo e que reflete sobre as características e condições de beleza. Assim
desenvolveu-se o conceito de arte, nome que se dá genericamente àquilo que o
homem produz com a intenção de provocar admiração e emoção estética através do
uso de recursos formais das diversas linguagens humanas.
A capacidade humana de distinguir e apreciar a
beleza em si, independentemente de outras qualidades que as coisas, as pessoas
e o mundo possam ter, data de quatro mil anos, de acordo com os vestígios que
temos das civilizações passadas. Em razão disso, arqueólogos suspeitam que as
pinturas das cavernas pré-históricas criadas muito antes disso, tenham sido
feitas para rituais ou por motivos religiosos, ou seja, para homenagear os
deuses e suplicar por favores e graças, e não para serem admiradas como arte.
A consciência do significado de beleza e da
estética, conquistas do pensamento grego, ficou como herança para os povos que
tiveram contato com essas civilizações antigas ou com aquilo que elas legaram e
que, em razão desse compartilhamento, compõem uma vasta cultura comum que
chamamos de civilização ocidental. Esses povos, tendo desenvolvido a capacidade
de perceber a qualidade estética do mundo, começaram a selecionar imagens,
objetos e sons que pareciam despertar-lhes maior encantamento. Pinturas,
músicas, encenações teatrais, danças, nas quais era perceptível a intenção de
criar beleza e emocionar esteticamente, foram consideradas arte. Diante dessa
consciência da função estética, as demais funções dessas manifestações, como
entender o público, homenagear os deuses e instruir a população, passaram a ser
secundárias. É por isso que, quando falamos de arte, estamos nos referindo, na
maioria das vezes, a essa tradição ocidental que seleciona ao longo da história
obras – objetos, músicas, literatura, formas arquitetônicas – julgadas
exemplares de acordo com o gosto de cada época.
A dinâmica da arte depende das transformações
históricas, da popularização dos estilos e do próprio desenvolvimento dos
artistas. Portanto, além de variar de uma pessoa para outra, o prazer estético
transforma-se ao longo da nossa existência e aquilo que nos encantava numa
época pode depois se tornar menos belo e, para as gerações seguintes, muitas
vezes, ultrapassado.
É importante considerar ainda que a sociedade, até
dois séculos atrás, era menor, mais simples, e as pessoas conviviam umas com as
outras de forma mais constante e por mais tempo. Atualmente, as sociedades são
mais diversificadas, as pessoas convivem com muitos grupos diferentes em idade,
sexo, interesse e riqueza, cada um deles com seus próprios modelos. Assim, há
hoje dificuldade muito maior em se estabelecer um único critério de validade
para o que é belo, mesmo para aqueles que vivem numa mesma época.
É justamente porque os critérios estéticos são
variáveis no tempo e no espaço que cada época procura eleger aquilo que melhor
representa a arte de seu tempo. É esse modelo que guia os artistas e muitas
vezes o público. Porém, mesmo com todo o apoio da crítica, das escolas, dos
governos, esse modelo aos poucos perde sua identidade com a realidade; ou
porque ela mudou ou porque o modelo perdeu seu poder expressivo.
Sabemos então que, embora a emoção estética varie de
uma pessoa para outra, de um grupo para outro e de uma época para outra, cada
período histórico elege um movimento e uma produção artística como
representativa não só de seus princípios estéticos como da cultura vigente.
Esse movimento se transforma em modelo e atinge certa unanimidade, mesmo porque
acabamos introjetando esses valores em casa, na escola e em outras situações
nas quais entramos em contato com eles. Dissemos também que a vigência desse
modelo se rompe em razão das transformações sociais, de certo “cansaço” do
público, dos próprios artistas, e até mesmo como resultado do desenvolvimento
técnico-científico.
Glossário: Disforme: monstruoso;
Texto
baseado no livro “Questões de Arte”, de Cristina Costa.
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