"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)
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segunda-feira, 26 de agosto de 2019
3ª Série: ARTE BARROCA - 2ª Unidade 2019
A arte barroca
desenvolveu-se no século XVII, num período muito importante da história da
civilização ocidental, pois nele ocorreram mudanças econômicas, religiosas e
sociais na Europa. Com o humanismo, o Renascimento e, principalmente, a
Reforma, a Igreja católica teve seu poder enfraquecido. O grande Império
cristão começou a se fragmentar em diversas religiões, pois a força da razão
libertava o homem do autoritarismo. A Igreja católica, para reconquistar seu
prestígio e poder, organizou a contra-reforma, isto é, tomou iniciativas
importantes que visavam reafirmar e difundir sua doutrina. Foi então que se
estabeleceu a Companhia de Jesus, ordem religiosa que objetivava no trabalho
dos padres jesuítas difundir a fé católica entre os povos não-cristãos e edificar
grandes igrejas. É na construção e decoração dessas igrejas que nasce a arte
barroca. Arquitetos, escultores e pintores foram convocados para transformar
igrejas em verdadeiras exibições artísticas, cujo esplendor tinha o propósito
de converter ao catolicismo todas as pessoas.
A arte barroca originou-se na Itália, mas
não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao
continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
Entretanto, ela não se desenvolveu de maneira homogênea. Ela se manifestou de
forma distinta em cada país, porém manteve algumas características básicas.
Diferentemente do Renascimento, em que as
figuras são apresentadas de forma estática como se estivessem posando para um
retrato, no Barroco elas passam a ser apresentadas de forma teatral, isto é,
parecem sempre estar em movimento. Jogos de luz dão intensidade dramática à
cena, destacando os elementos mais importantes do quadro, os quais formam uma
composição em diagonal. A simetria e o equilíbrio entre arte e ciência, metas
que o artista renascentista buscava de forma consciente, são rompidos na arte
barroca, que procura retratar temas religiosos, mitológicos e do cotidiano com
a predominância da emoção e não da razão. Através de um colorido intenso e de
um contraste de claro-escuro, a arte barroca consegue expressar de forma
peculiar os sentimentos humanos.
Suas características
gerais são:
* emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio.
* busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
* entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
* violentos contrastes de luz e sombra;
* pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.
* emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio.
* busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
* entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
* violentos contrastes de luz e sombra;
* pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.
PINTURA BARROCA NA ITÁLIA
Características
da pintura barroca:
§
Composição
assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental,
retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte
renascentista.
§
As
cenas representadas envolvem-se em acentuado contrataste de claro-escuro, o que
intensifica a expressão de sentimentos - era um recurso que visava a
intensificar a sensação de profundidade.
§
É
realista, mas a realidade que lhe serve de ponto de partida não é só a vida de
reis e rainhas, mas também a do povo simples.
§
Escolha de cenas no seu momento de
maior intensidade dramática.
Pintores
barrocos:
Tintoreto (1515 – 1549)
Pintou temas religiosos (Reencontro do Corpo de São Marcos), mitológicos (Vênus
e Vulcano) e retratos (Jacopo Soranzo), sempre com duas características bem
marcantes: os corpos das figuras são mais expressivos do que os seus rostos e a
luz e a cor têm grande intensidade. Essa forma de organizar a composição era
quase uma regra para Tintoretto, pois, para ele, um quadro devia ser visto
inicialmente como um grande conjunto e só depois percebido nos detalhes que o
artista procurou trabalhar.
Caravaggio (1573 – 1610) não se interessou pela beleza clássica
que tanto encantou o Renascimento. Ao contrário, procurava seus modelos entre
os vendedores, os músicos ambulantes, os ciganos, entre as pessoas do povo.
Para ele não havia a identificação, tão comum na época, entre beleza e classe
aristocrática.
Pintou
entre 1599 e 1610, telas monumentais para a capela da igreja de S. Luigi dei
Francesi.
Características
da sua pintura de Caravaggio:
¶ Retratava
personagens bíblicos, principalmente Jesus e Maria, baseando-se em pessoas
comuns que encontrava nas ruas de Roma.
¶ Usava um forte
realismo na pintura de suas obras.
¶ Colocava o foco da
imagem nos rostos dos personagens.
¶
Usava
efeitos de sombras e luzes.
¶
Pintava
o fundo de suas obras de cores escuras, principalmente de cor preta. Este
recurso dava um aspecto obscuro em suas pinturas.
¶
Modo
revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar,
mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do
observador. Ele é conhecido como o fundador do estilo iluminista, que pode ser
observado em A Ceia em Emaús, Conversão de São Paulo e Deposição de Cristo.
Os temas sagrados
são retratados como um acontecimento contemporâneo entre as pessoas humildes;
as figuras bíblicas assemelham-se a trabalhadores comuns, com fisionomias
curtidas pelo tempo.
Outras obras:
Vocação de São Mateus, Sepultura de Cristo.
Andrea
Pozzo Pintou entre 1642 e 1709 o teto da Igreja de
Santo Inácio, em Roma. Essa obra impressiona pelo número de figuras e pela
ilusão criada pela perspectiva de que as paredes e colunas da igreja continuam
no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os
homens para a santidade.
Esse tipo de pintura tornou-se muito comum
na época.
ESCULTURA
BARROCA
Nos gestos e no rosto das figuras
representadas, a escultura barroca exprime emoções: alegria, dor sofrimento.
Por vezes, um grupo de esculturas compõe uma cena dramática.
Características:
>
O
equilíbrio entre os aspectos intelectuais e emocionais desaparece dando lugar à
exaltação dos sentimentos;
>
As
formas procuram expressar o movimento e recobrem-se de efeitos decorativos;
>
Predominam
as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado;
>
Dramaticidade
das expressões, os gestos e os rostos das personagens revelam emoções
violentas;
Artista: Bernini (1598 –
1680) Dentre os artistas foi, sem dúvida o mais importante e completo, pois foi
arquiteto, urbanista, escultor, decorador e pintor. Algumas de suas obras
serviram como elementos decorativos das igrejas. A obra de Bernini que desperta
maior emoção religiosa é o Êxtase de Santa Teresa, escultura feita para uma
capela da igreja de Santa Maria della Vittorio, em Roma.
Outras obras: Apolo e Dafne e Davi
ARQUITETURA
BARROCA
A arquitetura do século XVII realizou-se
principalmente nos palácios e nas igrejas. A Igreja Católica queria proclamar o
triunfo de sua fé e, por isso, realizou obras que impressionam pelo seu
esplendor.
A arquitetura barroca também se
caracterizou pelas diferentes combinações de elementos que criaram efeitos de
forma e luz, rompendo com a frontalidade dos estilos arquitetônicos precedentes
e com os valores renascentistas de simplicidade e racionalidade. Alguns dos
mais importantes arquitetos italianos foram: Giacomo della Porta, Francesco
Borromini, Gian Lorenzo Bernini e Pietro da Cortona.
A Praça de São Pedro (1657 – 1666). Esse é
um dos exemplos mais significativos da arquitetura e do urbanismo do século
XVIII na Itália. Em forma de elipse, a praça é cercada por duas grandes
colunatas cobertas. Elas se estendem em curva tanto para a esquerda como para a
direita, mas ligadas em linha reta aos dois extremos da fachada da igreja. É
uma obra de grande porte, pois a colunata circular tem 17 metros de largura, 23
metros de altura e é composta por 284 colunas.
O
BARROCO NA ESPANHA
Do século XVII até a primeira metade do
século XVIII o Barroco expandiu-se da Itália para a Europa e ganhou, em cada
país, características próprias, como é o caso da Espanha e dos Países Baixos.
Um traço original do Barroco espanhol
encontra-se na arquitetura, principalmente nas portadas dos edifícios civis e
religiosos, decoradas em relevo. A pintura espanhola foi muito influenciada
pelo Barroco italiano, principalmente no uso expressivo de luz e sombra, mas
conservou características próprias: o realismo e o domínio da técnica. Entre os
pintores mas representativos estão El Greco e Velázquez.
El
Greco
(1941 – 1614) nasceu na ilha de Creta. Seu verdadeiro nome era Domenikos
Theotokopoulos, mas seu apelido acabou reunindo as três culturas que
influenciaram sua vida: o nome El Greco apresenta o artigo EL do espanhol, o
substantivo Greco do italiano, e significa O Grego indicando sua procedência
grega.
As obras de El Greco trazem uma
característica que marcam sua pintura: a verticalidade das figuras. Essa
peculiaridade pode ser observada em obras como O Enterro do conde de Orgaz, A
Ressureição de Cristo e São Martinho e o Pobre.
As figuras esguias e alongadas de El Greco
superam a visão humanista dos artistas do Renascimento italiano e recuperam o
caráter espiritualizado dos mosaicos e ícones bizantinos.
As obras de El Greco trazem uma
característica que marca sua pintura: a verticalidade das figuras.
Obras:
O Enterro do Conde de Orgaz, A Ressurreição de Cristo e São Martinho, O Pobre,
Espólio.
Diego
Velázquez
(1599 – 1660): O maior pintor da escola espanhola, mestre na representação de
luz e sombra. Nasceu em Servilha, e logo produziu obras que impressionam pela
elaborada técnica utilizada. Embora tenha se dedicado a pintar retratos da
realeza, também procurou registrar em seus quadros os tipos populares do país,
documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história.
Obras: Infanta Margarida aos Oito Anos,
Velha Fritando Ovos, Conde-Duque de Olivares
O
BARROCO NOS PAÍSES BAIXOS
O Barroco desenvolveu-se em duas grandes
dimensões, sobretudo na pintura. Na Bélgica, esse estilo manteve como
características as linhas movimentadas e a forte expressão emocional. Já na
Holanda ganhou aspectos mais próximos do espírito prático severo do povo
holandês. Por isso a pintura desenvolveu uma tendência mais descritiva, cujos
temas preferidos foram as cenas da vida doméstica e social, trabalhadas com
minucioso realismo.
Peter
Paul Rubens
(1577 – 1640) nasceu em Siegen, na Alemanha, em que seu pai, um advogado holandês,
se refugiou para escapar da perseguição religiosa. Foi na Antuérpia que ele
conheceu um de seus mestres o pintor Otto van Veen, que o influenciou a ir para
a Itália. Em 1600, dois anos após ter se tornado mestre, Rubens vai para Roma,
onde conhece as obras renascentistas que serviam de base para seu grande
estilo.
Em seus quadros, é geralmente no vestuário
que se localizam as cores como o vermelho, o verde e o amarelo que
contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas. Trouxera da Itália
a predileção por telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor figuras, a
luz e a cor numa vasta escala, segundo o intenso movimento.
Além de um colorista vibrante, Rubens se
notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos
corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento.
Obras: O Rapto da Filha de Leucipo, Caçada
de Leões e Helena, Fourment com seu Filho Francis, O Jardim do Amor.
Hals: A obra de Hals
(1581 – 1666) passou por uma evolução no domínio do uso da luz e da sombra. De
início predominam os contrastes violentos, depois surgem os tons suavemente
graduados e, por fim, um equilíbrio seguro da iluminação.
Do
conjunto de sua obra fazem parte inúmeros retratos individuais e alguns de
grupo, que registram as fisionomia e os hábitos dos burgueses da Holanda do
século XVII.
Obras: O Alegre Bebedor, O Retrato de
Isaac Abrahamsz, Oficiais da Guarda
Civil de Santo Adriano em Haarlem.
Rembrandt
van Rijn
(1606 – 1669): Foi o maior artista da escola holandesa.
Características da sua obra:
>
Predominância
de expressões dramáticas e pela utilização de efeitos de luz.
>
Conseguiu
reproduzir em suas telas uma gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras
que envolvem áreas de luminosidade mais intensas;
Embora os retratos e
cenas religiosas e mitológicas constituam a maior parte de sua obra, ele também
contribuiu de forma original a outros gêneros, incluindo a natureza-morta e o
desenho.
Obras: Mulher no Banho, A Ronda Noturna, A
Aula de Anatomia do Dr. Joan Deyman, Os Negociantes de Tecidos.
Vermer: Diferentemente de
Rembrandt, Vermeer (1632 – 1675) trabalha os tons em plena claridade. Seus
temas são sempre os da vida das pessoas comuns da Holanda seiscentista. Seus
quadros documentam com delicadeza os momentos simples da vida cotidiana.
Obras: Mulher lendo uma carta
O
BARROCO NO BRASIL
O
estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII,
permaneceu ainda no início do século XIX. Nessa época, na Europa, esse estilo
já havia sido abandonado.
O Barroco brasileiro varia de uma região
para outra. Nas regiões que enriqueceram com a mineração e o comércio de açúcar
como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, encontramos igrejas com
talhas douradas e esculturas refinadas, feitas por artistas de renome. Já nas
regiões onde não havia açúcar nem ouro como São Paulo, as igrejas apresentam
trabalhos modestos de artistas menos experientes.
O
Barroco de Pernambuco
A partir de 1759 Recife teve grande
crescimento econômico. Entre suas construções barrocas mais bem cuidadas está a
igreja de São Pedro dos Clérigos.
O
Barroco de Salvador
A partir da segunda metade do século XVII,
a arquitetura das cidades mais ricas do Nordeste brasileiro começou a se
modificar, ganhando formas mais elegantes e decoração mais requintada. Surgiram
então as primeiras igrejas barrocas. Mas somente no século XVIII houve total
predomínio desse estilo na arquitetura brasileira.
Nessa época, Salvador tinha uma importância
muito grande, pois não era apenas o centro econômico da região mais rica do
Brasil, mas também a capital do país.
De Salvador saíam todas as riquezas da
colônia para Portugal e para lá se dirigiam os comerciantes portugueses que
traziam consigo os hábitos da metrópole e, com eles, os artistas e os produtos
portugueses.
Por isso, em Salvador e em todo o Nordeste,
encontramos igrejas riquíssimas, como a Igreja e Convento de São Francisco de
Assis, na capital baiana, cujo interior todo revestido de talha dourada lhe
conferiu o título de “a igreja mais rica do Brasil”. Assim, a beleza da talha,
dos azulejos portugueses que decoram o claustro do convento e da fachada
externa esculpida em pedra faz do conjunto arquitetônico formado pela igreja e
convento de São Francisco e pela Ordem terceira de São Francisco a construção
barroca mais conhecida de Salvador.
A igreja de São Francisco cuja construção
teve início em 1708, impressiona pela rica decoração interior. O intenso
dourado que recobre as colunas, os ornamentos dos altares e as paredes são
complementados pelos painéis que decoram o teto da nave central. O espaço
interno dividi-se em três naves: uma central e duas laterais. As naves laterais
são mais baixas que a nave central e nelas se encontram os altares menores, que
são também guarnecidos por um grande número de trabalhos com motivos florais e
arabescos dourados, anjos e atlantes. Na fachada, o frontão de linhas curvas é
o elemento barroco mais caracterizador da parte externa da igreja.
Já a fachada da Igreja da Ordem Terceira de
São Francisco, considerada por alguns pesquisadores como um projeto de Gabriel
Ribeiro, mostra um trabalho caprichoso de escultura decorando a arquitetura. As
figuras de santos, anjos, atlantes e motivos florais esculpidos em pedra,
juntamente com os balcões que revelam certa influência do barroco espanhol,
fazem desta obra a única no gênero no Brasil.
O
Barroco do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro si viria a ter destaque
econômico e cultural com o início da extração do ouro em Minas Gerais, no
século XVIII. Com seu porto, a cidade passou a centro de intercâmbio entre a
região da mineração e Portugal. Em 1763, tornou-se a nova capital do país. A
partir daí, foram erguidas muitas construções.
A escultura barroca do Rio de Janeiro
contou com artistas portugueses e com um brasileiro em especial: Mestre
Valentim (1750 – 1813), tão respeitado quanto Antônio Francisco Lisboa, nosso
artista barroco mais conhecido e admirado. Mestre Valentim foi também
paisagista, mas suas obras mais bem preservadas são as que fez para as igrejas,
como a da Ordem Terceira do Carmo , a de São Francisco de Paula e a de Santa
Cruz dos Milagres.
As igrejas de Minas Gerais não têm ouro no
interior, apesar de que foi lá que se descobriu ouro. Se o exterior da igreja é
simples, seu interior o é ainda mais, decorado com as pedras da região,
principalmente a pedra-sabão.
No Brasil, a talha foi
usada principalmente na decoração das igrejas barrocas do século XVII. Aparece
tanto nos altares como em arcos cruzeiros, tetos e janelas, recobrindo
praticamente todo o interior da igreja.
Nesse trabalho escultórico são comuns os
motivos florais, a figura de anjos, as linhas espirais, as formas que sugerem
movimento e quebram a monotonia das linhas retas que geometrizam o espaço.
O trabalho de talha também é feito em
madeira, que depois recebe várias cores. É a talha policromada. As talhas mais
exuberantes são as douradas, isto é aquelas em que a madeira é revestida de
fina película de ouro.
A ARTE
BARROCA EM OURO PRETO
A evolução da arquitetura
mineira não foi rápida. A princípio tentou-se utilizar como técnica construtiva
a taipa de pilão, um processo tipicamente paulista. Mais não deu certo, por
causa do terreno duro e pedregoso, pouco favorável, ao fornecimento de terras
argilosas. Depois, paulistas e portugueses tentaram outros processos, até
chegarem às construções com muros de pedra.
Porém, essas construções de
pedra foram surgindo lentamente. Enquanto isso, o que se usava mesmo era a
taipa de pilão, que não permitia aos construtores projetar espaços muito
complexos. Assim, as construções constituíram-se de paredes paralelas, que
criavam interiores retangulares, com muros lisos, sem as sinuosidades
(ondulações) tão comuns ao estilo barroco.
Com o passar do tempo,
foram sendo harmonizadas as mais diferentes técnicas de construção e a rica
decoração interior. O ponto culminante dessa integração entre arquitetura,
escultura, talha e pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos
trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730 – 1814).
A igreja de Nossa Senhora
do Pilar de Ouro Preto que foi construída de taipa e para poder receber de modo
mais adequado sua rica decoração, foi necessário remodelar seu espaço interior.
A cidade de Ouro Preto – antiga Vila rica –
é a que tem a mais famosa igreja Barroca – a de São Francisco de Assis. Nela
trabalharam os dois maiores artistas do período colonial: o arquiteto e
escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor Manuel da Costa
Ataíde.
É a única igreja barroca do mundo
planejada, construída e esculpida por um só artista: o Aleijadinho. Na igreja
de São Francisco de Assis tudo foi feito por ele, menos as pinturas do forro,
que são do mestre Ataíde.
Além das igrejas em que foi o arquiteto,
escultor e entalhador, ele deixou um conjunto de obras magníficas na Igreja de
Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo. As esculturas de madeira
colocadas em seis capelas, em frente à igreja, que retratam em tamanho natural
os últimos dias de Jesus.
No adro dessa igreja esculpiu doze profetas
do Velho Testamento, em pedra-sabão.
Bibliografia: PROENÇA, Graça. História da
Arte. Ática. São Paulo.2000.
BAZIN. Germain. História da Arte. Livraria
Martins Fontes Editora Ltda. 1976.
BEUTTENMÜLLER, Alberto. Viagem pela arte
brasileira. Aquariana Ltda. São Paulo. 2002.
ATIVIDADE
01 – Escreva duas características da
escultura barroca.
02 – Que fatores contribuíram para a
introdução do Barroco em Portugal?
03 – Quais os arquitetos mais importantes
da arquitetura barroca?
04 – Que artista barroco conseguiu
reproduzir em suas telas uma gradação de claridade e os meios-tons?
05 – Quais os materiais utilizados na
arquitetura brasileira?
06 – Como ocorreu a evolução da arquitetura
barroca em Ouro Preto?
07 – Liste as características da pintura
barroca.
08 – Que artista procurava seus modelos
entre as pessoas do povo?
09 – Escreva duas características da
pintura de Caravaggio.
10 – O que a pintura barroca queria
despertar no observador?
3ª Série: A ARTE NO RENASCIMENTO - 2ª Unidade 2019
No fim da Idade Média, o comércio desenvolveu-se na Itália, beneficiado por sua situação
geográfica, às margens do Mediterrâneo. Surge a burguesia, nova classe média que, com
dinheiro, para patrocinar as artes. O interesse é pela produção da antiguidade
clássica, pelas tradições grega e romana. É esse o
contexto do período conhecido como Renascimento: Renovação cultural que teve início na
península Itálica no decorrer do século XIV. Sob influência da cultura
greco-romana, esse movimento influenciou as artes, a literatura, a ciência e a
filosofia e difundiu-se por várias regiões da Europa. Tal nome sugere um súbito
reviver dos ideais greco-romanos, o que não é de todo correto: mesmo no período
medieval o interesse pela cultura clássica não desapareceu. Exemplo disso é
Dante Alighieri (1265-1321), poeta italiano que manifestou entusiasmo pelos
clássicos. Também nas escolas das catedrais e dos mosteiros, autores latinos e
filósofos gregos eram muito estudados.
Podemos
considerar como causas da Renascença:
- o renascimento comercial e urbano;
- o fortalecimento da burguesia;
- o passado clássico na península itálica;
- a vinda dos sábios bizantinos.
- o renascimento comercial e urbano;
- o fortalecimento da burguesia;
- o passado clássico na península itálica;
- a vinda dos sábios bizantinos.
Características
da Cultura Renascentista
A cultura renascentista teve 4
características marcantes: racionalismo,
experimentalismo, individualismo e antropocentrismo. Os renascentistas eram
convictos que a razão era o único caminho para se chegar ao conhecimento, e que
tudo podia ser explicado pela razão e ciência. Para eles tudo poderia ser
provado através de experiências científicas, daí o nome de
experimentalismo.
O Individualismo
nasceu da reflexão de alguns homens sobre os problemas humanos e da necessidade
do homem conhecer a si próprio. Buscavam afirmar sua própria personalidade,
mostrar seus talentos etc. Por fim, a cultura renascentista, com seu caráter
humanista, colocava o homem com a suprema criação de Deus e como o centro do
universo (antropocentrismo), numa
clara atitude de valorização do ser humano. A cultura renascentista, contudo,
não teve raízes populares, foi uma cultura de elite desfrutada principalmente
pela burguesia mercantil. As camadas populares foram meras observadoras das
realizações intelectuais e artísticas durante o momento. Mesmo entre os
artista, poucos foram os que, como o holandês Pieter Bruegel o Velho e o
espanhol Murillo, retrataram a vida camponesa e as condições de vida dos
pobres.
Os
participantes dessa renovação – os renascentistas rejeitaram a cultura
medieval, presa aos padrões definidos pela Igreja Católica, e passaram a
defender e explorar a diversidade de ideias e o espírito crítico.
Com a afirmação do individualismo e do
racionalismo, valores supremos da modernidade, o Renascimento situa-se na
transição da sociedade feudal para a sociedade burguesa, na passagem da Idade
Média para a Idade Moderna.
No final da Idade Média (séculos XIV e XV),
graças à ascensão de alguns centros comerciais italianos (Veneza, Nápoles,
Florença, entre outros), houve um grande desenvolvimento nas navegações, pois
os comerciantes precisavam de novos mercados para vender seus produtos. Em
busca desses mercados, Cristóvão Colombo chega à América (1492) e Pedro Alvares
Cabral ao Brasil (1500). Com o fortalecimento do comércio, o Feudalismo entrou
em decadência e muitos comerciantes adquiriram verdadeiras fortunas, intervindo
de forma direta na política. Eles encontraram verdadeiras fortunas, intervindo
de forma direta na política. Eles encontraram nas letras e nas artes uma forma
de prestígio, mas sempre com o intuito de ostentar o poder. Foi assim que os mecenas, nobres comerciantes que
protegiam os artistas e empregavam suas riquezas nas artes e nos estudos,
promoveram um grande desenvolvimento intelectual. O que importava era voltar às
fontes da cultura clássica e fazer “renascer” (daí o nome Renascimento) o esplêndido legado deixado pelos gregos e romanos a
humanidade.
Entre as redescobertas da cultura greco-romana
o homem renascentista organiza o ideal do humanismo, movimento intelectual que
colocava o homem como centro do Universo. O propósito do humanismo era
desenvolver no homem o espírito crítico e a confiança em si mesmo.
Os intelectuais passaram a questionar a
autoridade da Igreja e atribuíram maior importância ao ser humano e à razão.
Nem por isso o Cristianismo deixou de ser a religião dominante na Europa desse
período, mas o homem já não era o mesmo fez com que os tesouros artísticos e
literários da Antiguidade greco-romana fossem valorizados, e os artistas
renascentistas criaram obras de arte magníficas, enfatizando a beleza física do
homem e da mulher.
A técnica da pintura desenvolveu-se
rapidamente, pois os artistas precisavam retratar o burguês, sua família e os
objetos de luxo de sua residência com minúcias de detalhes.
A escultura renascentista foi marcada pela
expressividade e pelo naturalismo. A xilogravura passou a ser muito utilizada
nesta época.
Características:
ü
Inspiração
em modelos greco-latinos (pertencente ou relativo à Grécia e a Roma), de onde
se extrai a unidade, o equilíbrio e a harmonia.
ü
Exaltação
do homem, revelada na valorização da beleza física, na representação dos nus e
na busca da perfeição anatômica, como se pode observar nas obras de
Michelangelo.
ü
Gosto
pela ostentação (luxo).
ü
Volta
à natureza como fonte de inspiração.
ü
Expressão
natural e dinamismo, com figuras plena de movimento.
ü
A
escultura e a pintura adquiriram autonomia
A
PINTURA RENASCENTISTA
De um modo geral, os pintores da renascença
procuravam reproduzir a realidade, sob a influência do ideal de beleza grego. O
espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são traços marcantes dessa
pintura.
Podemos distinguir três grandes escolas com
características próprias: a florentina, de Florença, que se caracterizou pelo
racionalismo demonstrado tanto pelo predomínio da linha sobre a cor, como pelo
"sfumato"; a veneziana (de Veneza), caracterizada pelo sentimento,
pela emoção, o predomínio da cor sobre o desenho ou a linha; e a romana, que
tenta equilibrar linha e cor, razão e sentimento.
A pintura renascentista inovou com a
descoberta da perspectiva, que permite abordar o espaço e a luz de maneira
realista. Além disso, a nova técnica da pintura a óleo possibilitou novas associações
e graduações da cor. Por fim, o surgimento de novos suportes, como a tela e o
cavalete e a imprensa, permitiram uma circulação mais fácil das obras e do
pensamento.
*
Perspectiva: arte de figura, no
desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os
objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria.
* Uso
do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse
jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos.
* Realismo:
o artista do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo
que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio
Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida
cientificamente, e não apenas admirada.
* Inicia-se
o uso da tela e da tinta à óleo.
* Tanto a pintura como a escultura que
antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas,
tornam-se manifestações independentes.
* Surgimento de artistas com um estilo
pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de
liberdade e, consequentemente, pelo individualismo.
O
Renascimento na Itália
Berço da Renascença, a Itália tem em Florença
a capital da arte renascentista.
O Renascimento italiano atravessa três
períodos:
O
Trecento,
considerado por alguns estudiosos, como pré-renascentista, por ser o momento
inicial desse movimento. As características desse momento foram a valorização
do indivíduo e dos detalhes humanos e a ruptura com o imobilismo e a hierarquia
da pintura medieval. Eram traços diretamente relacionados ao pensamento
humanista. Anunciado nos fins do século XIII, com o escultor Nicolau de Pisa e
acentuado no século XIV com Giotto que explorou a técnica do afresco. Ao invés
dos personagens da arte medieval, Giotto esforçou-se para dar vida, movimento e
expressão às figuras e às cenas que pintou.
Giotto
di Bondone
(1266 – 1337) e Simone Martini, duas
personalidades diferentes a procura de novos caminhos.
Giotto
procurou o real, o vivo, o dramático, retratou as figuras sagradas como se
fossem pessoas comuns. Suas paisagens são desenhadas de forma natural e seus
afrescos coloridos estimulam os sentidos, não a contemplação.
Simone Martini procurou a graça, a elegância
e a suavidade.
Cita-se
como tópicos dessas características os quadros “Lamentação sobre Cristo Morto”
de Giotto e “Anunciação” de Simone Martini. No primeiro tudo nos fala de
desespero e revolta, é um grito contra a morte inevitável. Há uma atmosfera de
tensão e suspense, que nos chama à participação. Já na “Anunciação” a
graciosidade dos movimentos, seja do aristocrático Anjo ou da afetada Virgem, a
elegância linear e decorativa, que chega ao exagero do tratamento das asas e da
auréola, são elementos que nos convida ao recolhimento espiritual
Outros artistas: Cimabue, Juctio, Cavalinni,
Pisanello, Andrea de Firenze, os Lorenzetti.
O
Quatrocento,
idade de ouro do Renascimento, no século XV, quando as artes contam com a
proteção dos mecenas, como Lourenço de Médicis, o Magnífico, Júlio II e Leão X,
revelando-se, então, os maiores gênios artísticos.
No Quatrocento, os
artistas procuraram aperfeiçoar suas técnicas aproximando-se da ciência. Os
pintores passaram a fazer uso da geometria e criaram perspectiva, recurso que
lhe permitia reproduzir na tela cenas tridimensionais. A pintura desabrocha num
momento verdadeiramente revolucionário, rompendo os laços que a prendiam à
tradição gótica. A arte de simbólica passa a ser representativa, já que a
presença de Deus não é mais a única imagem digna de ser figurada.
No Renascimento, em imagens religiosas ou
profanas, a beleza da mulher é outra vez enaltecida, os artistas retomam a
lição dos Gregos. Desvinculando-se dos laços que a atavam com a religião, a
arte respira um ar de liberdade e a natureza é o foco das atenções. Procura-se
a harmonia, as proporções das formas. A pintura consegue, como nunca, dar às
figuras uma ilusão de vida, de volume, e às paisagens um sentido de
profundidade inteiramente novo. O artista modela os rostos e os corpos
femininos buscando, outra vez, uma beleza ideal, a perfeição absoluta.
Artistas:
Fra
Angelico
(1400 – 1455) seguiu as tendências de Masaccio, mas por respeitar seriamente os
seus votos, suas obras possuem como tema principal a religião. Uma das suas
obras mais belas é Anunciação, que está no mosteiro de São Marcos, em Florença.
Masaccio (1401 – 1428). Foi o
primeiro pintor do século XV a conceber a pintura como imitação fiel do real,
como a reprodução das coisas tal como elas são.
O seu realismo é tão cuidadoso que ele parece
ter a intenção de convencer o observador a respeito da realidade da cena
retratada.
Morreu aos 27 anos e deixou obras que
retratam as formas humanas com impressionante beleza. Uma das obras mais
importantes é o afresco “A Santíssima Trindade” da igreja de Santa Maria
Novella, em Florença.
Obras: Adão e Eva Expulsos do
Paraíso, São Pedro Distribuí aos Pobres os Bens da Comunidade, São Pedro cura
os Enfermos.
Piero
della Francesca
(1410 – 1492). Para ele a pintura resulta da combinação de figuras e do uso de
áreas de luz e sombra. Seu universo é representado de uma forma geométrica e
estática. As cenas que suas obras
mostram servem como suporte para a apresentação de uma composição geométrica.
Obras: Batismo de Jesus,
Nossa Senhora com o Menino e Santos, Ressurreição de Jesus.
Sandro Filipe Botticelli (1444 – 1510) foi
considerado o artista que melhor expressou, através do desenho, um ritmo suave
a gracioso para as figuras pintadas. Os temas de seus quadros – quer tirado da
Antiguidade grega, quer tirado da tradição cristã foram escolhidos segundo a
possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu real de beleza. Para ele
a beleza estava associada ao ideal cristão da graça divina. Por isso, as
figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e,
ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que perderam o Dom de Deus.
Uma das características comuns em suas
obras é a leveza dos corpos, esguios e desprovidos de força: eles parecem
flutuar, expressando suavidade e graça.
Paollo
Uccello
( 1393 – 1475) procura compreender o mundo segundo os conhecimentos científicos
do seu tempo e, em suas obras, tenta recriar a realidade segundo princípios
matemáticos. Por outro lado, sua imaginação corteja as fantasias medievais, o
mundo lendário de um período que estava se constituindo num passado superado.
Outro aspecto importante de sua pintura é a
representação do momento em que um movimento está sendo contido.
Obras: São Jorge e o Dragão, Batalha de São
Romão.
O Cinquecento, século XVI, período da maturidade do
Renascimento. O Renascimento torna-se um movimento universal europeu, porém
inicia sua decadência.
Ocorrem então
manifestações maneiristas, e a Contra reforma instaura o Barroco:
Artistas:
Leonardo
da Vinci
(1452 – 1519) foi o talento mais versátil do Renascimento. Desenhista, pintor,
escultor, engenheiro e arquiteto, realizou vários trabalhos e pesquisas
aprofundando-se nos mais diversos setores do conhecimento humano, entre eles
anatomia, botânica, mecânica, hidráulica, óptica, arquitetura e astronomia. Nas
artes, seus estudos de perspectiva são considerados insuperáveis. O sfumato,
técnica de uso de tons claros e escuros, foi utilizado em suas obras de forma
magistral.
Pouco tempo dedicou à
pintura e poucas obras deixou, mas nessas poucas obras elevaram-se a uma
criação de maneira extraordinária, que por se bastariam para justificar todo o
período histórico em que se produziram. Entre seus quadros estão o mais famoso
do mundo “A Gioconda” (Mona Lisa) e o mais reproduzido: “A Santa Ceia”. Pintou
também: ”A Virgem dos Rochedos”, “A Adoração dos Magos” (inacabado), “São
Jerônimo”, “Santana, a Virgem e o Menino”, “São João Batista”, “A Anunciação”,
etc.
Michelangelo Buonarroti ( 1475 – 1564) Arquiteto, pintor, poeta e escultor, um dos
maiores representantes do Renascimento. Suas pinturas possuem caráter
escultórico. Sua carreira, aliás, começou como escultor.
Como arquiteto,
trabalhou na cúpula da igreja de São Pedro, em Roma e mais tarde em 1542
realizou o “Juízo Final”, na mesma capela.
Como pintor sua maior obra é a pintura do teto da capela Sistina. Embora
tenha concordado em realizar esta obra não se considerava em primeiro lugar escultor.
As poses das figuras na capela Sistina baseiam-se em famosas esculturas gregas
e romanas, que Michelangelo estudava minuciosamente.
Rafael Sanzio (1483 – 1520) foi considerado o pintor que
melhor desenvolveu na Renascença, os ideais clássicos de beleza: harmonia e
regularidade de formas e de cores. Para elaborar poses e expressões, Rafael
planejava detalhadamente suas obras e fazia centenas de desenhos preliminares a
partir de modelos vivos. Depois, transferi-os para os afrescos, conseguindo,
assim formas equilibradas numa única obra. Tornou-se muito conhecido como
pintor das figuras de Maria e Jesus e seu trabalho realizou-se de modo tão
precisamente elaborado que se
transformou em modelo para o ensino acadêmico de pintura.
Suas obras comunicam
ao observador um sentimento de ordem e segurança, pois os elementos que compõem
seus quadros são dispostos em espaço amplos, claros e de acordo com uma
simetria equilibrada. Expressou sempre de forma clara e simples os temas pelos
quais se interessou.
Obras: “A Libertação de São Pedro”, “A
Transfiguração e a Escola de Atenas” (afresco pintado no Palácio do Vaticano).
Ticiano (1490 – 1576). Foi o maior pintor da escola
veneziana. Produziu obras religiosas, mitológicas e retratos utilizando cores
vivas e movimentos que mais tarde serviram de base para outros artistas. Suas
obras têm um grande apego à vida e à beleza feminina. A paisagem, com
frequência, é mais importante que as figuras.
De início, ele escandaliza por sua predileção
em pintar cenas bíblicas com nus ou em paisagens reconhecidamente venezianas.
Passa então a fixar cenas da mitologia grega, livrando-se, assim, dos críticos
puristas.
A ESCULTURA RENASCENTISTA
Seguindo as linhas do pensamento humanista e
o resgate dos valores greco-romanos, a escultura renascentista deu ênfase à
importância do homem e suas atividades. Os escultores ficaram conhecidos por
seus relevos e pelas ornamentações de púlpitos (a parte elevada da igreja em
que o padre prega aos fiéis).
A escultura renascentista desempenha um papel
decisivo no estudo das proporções antigas e a inclusão da perspectiva
geométrica. As figuras, até então relegadas ao plano de meros elementos
decorativos da arquitetura, vão adquirindo pouco a pouco total independência.
Já desvinculadas da parede, são colocadas em um nicho, para finalmente
mostrarem-se livres, apoiadas numa base que permite sua observação de todos os
ângulos possíveis.
O estudo das posturas corporais traz como
resultado esculturas que se sustentam sobre as próprias pernas, num equilíbrio
perfeito, graças à posição do compasso (ambas abertas) ou do contraposto (uma
perna na frente e a outra, ligeiramente para trás). As vestes reduzem-se à
expressão mínima, e suas pregas são utilizadas apenas para acentuar o
dinamismo, revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de
proporções perfeitas.
Outro gênero dentro da escultura que também
acaba sendo beneficiado pela aplicação dos conhecimentos da perspectiva é o
baixo-relevo (escultura sobre o plano). Desse modo, ao mesmo tempo em que se
torna totalmente independente da arquitetura, a escultura adquire importância e
tamanho. Reflexo disso são as primeiras estátuas equestres que dominam as
praças italianas e os grandiosos monumentos funerários que coroam as igrejas.
Pela primeira vez na história, sem necessidade de recorrer a desculpas que
justificassem sua encomenda e execução, a arte adquire proporções sagradas.
Na escultura italiana do Renascimento, dois
artistas se destacaram por terem produzido obras que testemunham a crença na
dignidade do homem.
Escultores:
Michelangelo – Foi o maior
escultor do renascimento. A escultura "Davi" foi feita por encomenda.
Começou a executá-la num bloco de mármore abandonado junto à catedral.
Esculpida com grande técnica, destaca qualidades "superiores" do
homem, como o heroísmo, força, visão dramática e grandiosa do mundo. Se
comparada ao Dorífilo e Policleto, feito no século 5 a.C., fica evidente a
influência estética clássica.
Outras obras: Pietà, Davi, O Crepúsculo e a
Aurora, A Noite e o Dia.
Andrea
del Verrocchio
(1435 – 1488) trabalhou em ourivesaria. Esse fato acabou influenciando a sua
escultura. Observando algumas de suas obras, encontramos detalhes decorados que
lembram as minúcias do trabalho de um ourives. É assim com os arreios do cavalo
do Monumento Equestre a Colleoni, em Veneza, ou nos detalhes da túnica de seu
Davi, em Florença. Mas, Verrocchio foi escultor seguro na criação de volumes e
considerado, na escultura, um precursor do jogo de luz e sombra, tão próprio da
pintura de seu discípulo Leonardo da Vinci.
Outra figura importante da escultura italiana
foi Donatello. Realista, suas figuras são carregadas de verdade humana, com
fortes influências da escultura romana.
ARQUITETURA RENASCENTISTA
No período românico construíam-se templos
fechados. A arquitetura gótica buscou a verticalidade. Já o arquiteto do
Renascimento buscou espaços em que as partes do edifício parecessem
proporcionais entre si. Procurou, ainda, uma ordem que superasse a busca do
infinito das catedrais góticas.
A arquitetura
renascentista também sofreu grandes transformações. A forma típica provém de
duas fontes principais: A reutilização após um intervalo de quase um milênio,
das formas características da arte clássica, ou seja, a arte grega e a arte romana; e ao mesmo tempo, a aplicação da perspectiva, aquele
conjunto de regras de desenho e matemáticas que permitem reproduzir sobre uma
folha de papel, com exatidão, o aspecto real dos objetos.
O primeiro elemento
respeitava a arquitetura, onde ele construiu segundo as ordens gregas e romanas
(principalmente a Coríntia e a Compósita) palácios, igrejas, vilas, fortalezas
e praças.
Os arquitetos do Renascimento preocupavam-se
em criar ambientes que mostrassem o equilíbrio das linhas. A principal
característica foi a busca de uma ordem e de uma disciplina que superasse o
ideal de infinitude do espaço das catedrais góticas. Na arquitetura a ocupação
do edifício baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o
observador possa compreender a lei que organiza, de qualquer ponto em que se
coloque.
Na arquitetura
italiana do Renascimento destacam-se Michelangelo e Andréa Del Verrocchio
(1435-1488) trabalhou em ourivesaria, o que influenciou sua escultura: algumas
de suas obras possuem detalhes que lembram o trabalho de um ourives – artesão
que trabalha com peças de ouro. Entre elas destacam-se Davi, escultura do
personagem bíblica que venceu o gigante Golias, poderoso soldado de um exercito
inimigo do povo de Israel e Davi de Michelangelo, escultura que é o símbolo da
arte do Renascimento.
As duas formas
arquitetônicas - gótica e renascentista - conviveram durante mais de duzentos
anos, após o que seriam de certa eclipsadas pelo barroco. Se no princípio rivalizavam
entre si, logo mais passaram a completar-se. Os adornos, os elementos
decorativos, a forma das colunas góticas desapareceram, em favor da decoração
renascentista. contudo, muitas das grandes obras renascentistas não poderiam
ter surgido sem o conhecimento da técnica do gótico.
O arco ogival ou em
ponta é típico do estilo gótico e permitia sustentar abóbadas elevadas. O arco
renascentista, ao contrário do arco gótico, tinha a forma curvilínea, de pura
inspiração romana clássica.
A coluna gótica, constituída
de feixes de pilares, devia servir de sustentáculo à estrutura da abóbada. A
coluna renascentista, simples, com capitéis coríntios, foi empregada na
construção de pórticos e arcadas.
Nas abóbadas góticas,
arcos ogivais encontram-se no alto e se apoiam em colunas: é a abóbada de
nervuras. A abóbada renascentista tem a forma de um semicírculo formando um
teto liso ou ainda em quadros.
A janela gótica, alta
e estreita, tem vitrais coloridos e frontões bastante pontiagudos. A janela
renascentista, quadrada e mais ampla que a gótica, tem o vidro transparente e
incolor, dando maior claridade.
No Renascimento, o que
preponderou nas construções religiosas e leigas da Itália foi o estilo
renascentista, mas a técnica da construção gótica foi de grande valia para os
feitos dos grandes arquitetos italianos.
Arquitetos mais importantes:
>
Donato
Bramante
>
Michelangelo
Buoarroti
>
Filippo
Brunelleschi autor da cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore
Bibliografia: PROENÇA,
Graça. História da Arte. Ática. São Paulo.2000.
PROENÇA, Graça.
Descobrindo a História da Arte. Ática. São Paulo.2005.
Revista: História
Viva. Edição Temática Nº 5
Atividade
1.
Como
podemos conceituar o período clamado de Renascimento?
2.
Quando
surgiu a arte renascentista?
3.
O
Renascimento caracterizou-se pelo humanismo. Nesse contexto, quais os
principais valores que os artistas da época procuravam expressar?
4.
O
renascimento marcou o início da Idade Moderna. Indique e comente duas
características desse período.
5.
Quais
são as principais características da pintura renascentista?
6.
Cite:
a) o nome de 1 artista do Renascimento.
b) uma característica desse artista.
c) uma obra desse artista.
7. Qual foi a tinta inventada no
Renascimento?
8. Na arquitetura românica prevaleceu a ideia
de solidez, com as chamadas “fortalezas de Deus”. Na gótica, a verticalidade, a
busca dos espaços infinitos. Responda:
a) Quais foram às ideias predominantes na arquitetura
renascentista?
b) Quais as transformações sofridas pela
arquitetura renascentista?
10. Liste três características da escultura
renascentista.
11. Na pintura renascentista, um traço
marcante é o realismo. Que recursos técnicos, aperfeiçoados e utilizados pelos
artistas da época, contribuem para esse resultado?
12. Qual artista concebeu a pintura como
imitação fiel do real?
13. Que pintor renascentista desenvolveu os
ideais de beleza?
14. O termo “renascimento”, no enfoque do
texto, refere-se à retomada dos valores clássicos, greco-romanos, que teriam
desaparecido durante a Idade Média. Esse nome é totalmente correto? Explique.
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