"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

segunda-feira, 24 de abril de 2017

3ª Série - Arte Figurativa e Arte Abstrata - 1ª Unidade - 2017

Arte Abstrata ou Abstracionismo: É um termo genérico utilizado para classificar toda forma de arte que se utiliza somente de formas, cores ou texturas, sem retratar nenhuma figura, rompendo com a figuração, com a representação naturalista da realidade. A principal característica da pintura abstrata é a ausência de relação entre suas formas e cores e as formas e cores de um ser. Por isso uma tela abstrata não representa nada da realidade que nos cerca, nem narra figurativamente alguma cena histórica, literária, religiosa ou mitológica.
Os estudiosos de arte consideram o pintor russo, Wassili Kandinsky (1866 – 1944) o iniciador da moderna pintura abstrata. O início de seus trabalhos nessa direção é marcado pela tela Batalha (1910).  Podemos classificar o abstracionismo em duas tendências básicas: a geométrica e a informal.
Depois das primeiras pesquisas abstratas realizadas pelos artistas russos, em pouco tempo o Abstracionismo dominou a pintura moderna e tornou-se um movimento bastante diversificado. Entretanto duas tendências firmaram-se com características mais precisas: o Abstracionismo Informal e o Abstracionismo Geométrico.
Abstracionismo Informal predominam os sentimentos e emoções. Por isso, as formas e cores criadas livremente, sugerindo, por vezes, associações com elementos da natureza. A obra Impressão. Domingo (1910) de Kandinsky, constitui um bom exemplo dessa tendência.
No Abstracionismo geométrico, ao desenvolver pinturas, gravuras e peças de arte gráfica, os artistas exploram com rigor técnico as formas geométricas e as cores, sem a preocupação de transmitir ideias e sentimentos.

Arte Figurativa ou Figurativismo: é aquela que retrata e expressa a figura de um lugar, objeto, pessoa ou situação de forma que possa ser identificado, reconhecido. Abrange desde a figuração realista (parecida com o real) até a estilizada (sem traços individualizados). O figurativismo segue regras e padrões de representação da imagem retratada. Contrapõe-se ao abstracionismo.

A pintura figurativa possui vários gêneros:

Retrato: Representação de uma imagem de uma pessoa por meio de pintura, desenho, gravura ou fotografia. É um dos gêneros mais populares.
Em um retrato o artista dá destaque para a reprodução de metade do corpo, procurando também retratar um pouco da personalidade da pessoa retratada. Além da função artística os retratos serviram também como uma espécie de documento, registrando a imagem de personagens históricos. Os mais importantes retratos do mundo são: Monalisa, de Leonardo da Vinci (1452 – 1519) e o Cavaleiro Sorridente, de Frans Hals (1580-1666). 
Às vezes o retrato nos mostra uma só pessoa, as vezes um grupo inteiro: uma família, membros de um clube, fregueses de um restaurante e as vezes o próprio pintor chamando-se autorretrato.

O autorretrato pode ser abordado como uma história à parte dentro deste gênero. Sua origem é muito anterior ao século XX, desde o momento em que o artista foi visto como "alguém especial" (entre os séculos XV e XVI) e passível de ser representado. Em A Mansão de Quelícera encontramos um dos muitosAutorretrato de Rembrandt, uma vez que este tema merece destaque na trajetória do artista.

Paisagem: Paisagem: Gênero que surgiu durante o Renascimento, e representa um lugar, urbano ou no campo. A paisagem natural é obtida na natureza, virgem da interferência humana. A paisagem modificada pela ação do homem (Um edifício, por exemplo), é chamada de Humanizada.
Até o século XVI a paisagem era vista apenas como o fundo de um quadro. Para os artistas desse período, o homem era o tema central de suas obras e a natureza tinha o papel secundário. Eles pintavam pessoas e, às vezes incluíam uma paisagem na obra.
No Século XVII os artistas passaram a pintar, além de figura humana com paisagens ao fundo, paisagens com figuras humanas, em que o centro de interesse era a natureza. Destaca-se desta época Pietrer Brueglel, o velho e Giovanni Antonio Canal, conhecido como Canaletto.
O período renascentista trouxe ênfase a este gênero de pintura.

Marinha: Chama-se marinha a pintura que tem especificamente por tema a paisagem marítima ou assuntos marinhos.
As marinhas aparecem pela primeira vez no século XVI nos Países Baixos e se desenvolvem no século XVII e XVIII, com a crescente especialização de alguns artistas em pinturas com temas específicos. Mas foi no século XIX que ganhou popularidade entre outros artistas que encontraram no tema marinho uma forma de representar as forças da natureza.
A tela o O Bravo, Rebocado até seu último ancoradouro para ser desmantelado (1838) de William Turner, que mostrava o navio de guerra Téméraire sendo rebocado pelo Rio Tamisa na Inglaterra, para um estaleiro de desmontagem. Uma cena triste, que representava o fim da velha embarcação foi um dos quadros mais representativos deste gênero. 

Natureza-morta: Retrato de uma coisa sem vida como restos de objetos inanimados como um vaso de flores, frutas, porcelanas, entre outros.
Surgiu como um gênero mais simplório, no início do Barroco, derivado das pinturas que representavam cenas religiosas em cozinhas populares;
A preocupação dos artistas era representar os próprios objetos: sua cor, texturas, volumes, superfícies e a relação entre esses objetos;
·         As primeiras naturezas-mortas surgiram a partir da produção artística holandesa, especialmente em Amsterdã, entre os séculos XVI e XVII, e depois se espalharam por toda a Europa.
·         Foi apenas no século XVIII, em meio ao surgimento da disciplina de estudo científico História da Arte, que estes foram considerados "gêneros" de pintura.
·         Era vista como pintura apenas decorativa e, mesmo nos lares mais humildes, ocupava os cômodos de menor importância.
·         Na Espanha o gênero foi chamado Bodegodes e foi usado como forma de mostrar a habilidade técnica naturalista do artista e por remeter, além dos conteúdos morais, ao misticismo tão valorizado pela cultura da época.
·         A origem holandesa das naturezas-mortas explica a importância dada a esse gênero pelos artistas que acompanhavam a comitiva do conde Maurício de Nassau, que desembarcou em Recife em 1637.
o    Entre os artistas holandeses estava Albert Eckhout (1610-1666), que se destacou durante sua estadia no Brasil por retratar aspectos da fauna, flora e da sociedade local.
 No final do século XIX e início do século XX, em meio aos ideais modernistas e das tendências formalistas, a natureza-morta voltou a ser vista como em sua origem: um gênero “sem tema”. Pela neutralidade dos “personagens” deste gênero, ele era apropriado para as pesquisas plásticas dos artistas (de composição, cor, figura, etc

Pintura Histórica: Pintura Histórica: Apresenta cenas ligadas a acontecimentos históricos antigos ou contemporânea. A pintura histórica adquire prestígio nas academias de arte, alçada ao primeiro plano na hierarquia acadêmica a partir do século XVII, com a criação da Real Academia de Pintura e Escultura em Paris, 1648. 
A pintura neoclássica, que tem como centro a França do século XVIII, explora fartamente os temas históricos. Na Espanha, pinturas históricas são realizadas a partir do século XVI por diversos artistas. Cenas de batalhas são executadas pelos pintores da corte de Felipe IV, comprometidos com a representação da invencibilidade do exército espanhol em suas campanhas militares. Nesse contexto, Francisco de Zurbarán (1598 - 1664) realiza A Defesa de Cádiz e Diego Velázquez (1599 - 1660), A Rendição de Breda (1634-1635), ambas glorificando os triunfos do reinado de Felipe. 

Pintura Mitológica:  Caracterizado pela representação de personagens e cenas da mitologia greco-romanas - que tem um longo trajeto na história da arte.
A pintura mitológica deixa rastros em toda a história da arte, associando-se frequentemente à pintura alegórica, ao grotesco e à pintura histórica.
No século XX, temas mitológicos são retrabalhados, sobretudo por artistas ligados ao simbolismo.
A pintura mitológica não conhece grande desenvolvimento na arte brasileira. No período colonial, encontram-se exemplos esporádicos desse gênero de pintura em residências particulares, como no forro do Solar do Ferrão, em Salvador, de autor anônimo. Entretanto, se a noção de mito for ampliada para englobar mitologias religiosas africanas e indígenas, seria possível pensar na mitologia dos orixás tal como representada na chamada arte afro-brasileira ou nos mitos indígenas incorporados ao folclore e à arte nacional.

Pintura de Gênero: Desenvolveu-se a meio do florescimento do Barroco na Europa (século XVII) nos Países Baixos, (hoje corresponde à Holanda). Trata-se de um estilo sóbrio, realista, comprometido com a descrição de cenas rotineiras, temas da vida diária como homens dedicados ao seu ofício, mulheres cuidando dos afazeres domésticos.
Almeida Júnior é considerado o mais original dos pintores acadêmicos do Brasil e o que mais contribuiu para a composição do retrato legítimo do povo brasileiro. O artista destacou-se ao retratar os costumes e as cores do interior em suas obras.

Pintura Religiosa: Aborda temas bíblicos, milagres, fatos da vida dos santos. É um gênero amplamente desenvolvido, que constitui uma parte muito importante da produção artística dos pintores em determinadas épocas. A pintura religiosa desenvolve-se principalmente em três grandes culturas monoteístas: cristianismo, judaísmo e islamismo, e cada uma destas culturas desenvolve os cenário e a narrativa de diferentes modos.

Arte Grotesca: O grotesco esteve presente em muitos momentos da história da arte e surgiu no século XVI, na Itália.
Giuseppe Arcimboldo (1527-1593), artista italiano cuja obra se caracteriza pela representação de corpos e rostos humanos compostos de frutas, gravetos, flores, legumes e outros elementos da natureza. Arcimboldo foi um dos artistas responsáveis pelo desenvolvimento do gênero da natureza-morta.
Chamada grotesco, essa produção de Arcimboldo se caracteriza pela distorção da realidade por meio da representação da monstruosidade; da mistura de elementos humanos com outros animais e vegetais; e da predominância de elementos fantasiosos. As produções desse tipo provocam em geral, sentimentos como o riso, o medo ou a repulsa.

Referências
FEIST, Hildegard. Uma pequena viagem pelo mundo da Arte. Moderna. São Paulo. 1996.
SOUZA, Edgard Rodrigues de. Desenho e Pintura. Moderna. São Paulo. 1997
GARCEZ, Lucília. OLIVEIRA, Jô. Explicando a Arte: uma iniciação para entender e apreciar as artes visuais. Ediouro. Rio de Janeiro. 3ª edição. 2002
Azevedo Junior, José Garcia de. Apostila de Arte – Artes Visuais. São Luís: Imagética Comunicação e Design, 2007.
AOKI, Virginia. EJA Moderna: Educação Jovens e Adultos. Editora Moderna. 1ed. São Paulo. 2013


domingo, 2 de abril de 2017

1ª Série - Texto 2: CONHECENDO A MÚSICA - 1ª Unidade - 2017

Quando se fala em música é preciso levar em conta que sua conceituação é muito subjetiva e, portanto, tem variado bastante no decorrer dos tempos. Até tempos atrás a ideia da música estava associada á combinação ordenada e racional de sons. Contemporaneamente entende-se que é possível fazer música tanto com sons como com ruídos. Dentro dessa conceituação, a ideia de música ficou, então, muito mais ampla.
Aceitando o conceito contemporâneo de música, podemos afirmar que ela sempre existiu eventualmente e autoritariamente na natureza. A Música é basicamente uma arte-ciência que combina harmoniosamente os sons. O fenômeno da música tem várias interpretações; desde uma simples percepção até a evocação de um mundo psicológico, a música pode ser arte, entretenimento ou a expressão de uma cultura.
A música (do grego μουσική τέχνη - musiké téchne, a arte das musas) constitui-se basicamente de uma sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana. Atualmente não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias. Embora nem sempre seja feita com esse objetivo, a música pode ser considerada como uma forma de arte, considerada por muitos como sua principal função. Também pode ter diversas outras utilidades, tais como a militar ou educacional. Além disso, tem presença central em diversas atividades coletivas, como os rituais religiosos, festas e funerais.
Há evidências de que a música é conhecida e praticada desde a pré-história. Provavelmente a observação dos sons da natureza tenha despertado no homem, através do sentido auditivo, a necessidade ou vontade de uma atividade que se baseasse na organização de sons. Embora nenhum critério científico permita estabelecer seu desenvolvimento de forma precisa, a história da música confunde-se, com a própria história do desenvolvimento da inteligência e da cultura humanas.
Definir a música não é tarefa fácil porque apesar de ser intuitivamente conhecida por qualquer pessoa, é difícil encontrar um conceito que abarque todos os significados dessa prática. Mais do que qualquer outra manifestação humana, a música contém e manipula o som e o organiza no tempo. Talvez por essa razão ela esteja sempre fugindo a qualquer definição, pois ao buscá-la, a música já se modificou, já evoluiu. E esse jogo do tempo é simultaneamente físico e emocional. Como "arte do efêmero", a música não pode ser completamente conhecida e por isso é tão difícil enquadrá-la em um conceito simples.
Um dos poucos consensos é que ela consiste em uma combinação de sons e de silêncios que se desenvolvem ao longo do tempo. Neste sentido engloba toda combinação de elementos sonoros destinados a serem percebidos pela audição. Isso inclui variações nas características do som (altura, duração, intensidade e timbre) que podem ocorrer sequencialmente (ritmo e melodia) ou simultaneamente (harmonia). Ritmo, melodia e harmonia são entendidos aqui apenas em seu sentido de organização temporal, pois a música pode conter propositalmente harmonias ruidosas (que contém ruídos ou sons externos ao tradicional) e arritmias (ausência de ritmo formal ou desvios rítmicos).
E é nesse ponto que o consenso deixa de existir. As perguntas que decorrem desta simples constatação, encontram diferentes respostas se encaradas do ponto de vista do criador (compositor), do executante (músico), do historiador, do filósofo, do antropólogo, do linguista ou do amador. E as perguntas são muitas:
  • Toda combinação de sons e silêncios é música?
  • Música é arte? Ou de outra forma, a música é sempre arte?
  • A música existe antes de ser ouvida? O que faz com que a música seja música é algum aspecto objetivo ou ela é uma construção da consciência e da percepção?
A música eleva os sentimentos mais profundos do ser humano. Não é necessário gostarmos de todos os estilos, porém conhecê-los.
Mesmo os adeptos da música aleatória, responsáveis pela mais recente desconstrução e reformulação da prática musical, reconhecem que a música se inspira sempre em uma "matéria sonora", cujos dados perceptíveis podem ser reagrupados para construir uma "materia musical", que obedece a um objetivo de representação próprio do compositor, mediado pela técnica. Em qualquer forma de percepção, os estímulos vindos dos órgãos dos sentidos precisam ser interpretados pela pessoa que os recebe. Assim também ocorre com a percepção musical, que se dá principalmente pelo sentido da audição. O ouvinte não pode alcançar a totalidade dos objetivos do compositor. Por isso reinterpreta o "material musical" de acordo com seus próprios critérios, que envolvem aquilo que ele conhece, suas cultura e seu estado emocional.
Da diversidade de interpretações e também das diferentes funções em que a música pode ser utilizada se conclui que a música não pode ter uma só definição precisa, que abarque todos os seus usos e gêneros. Todavia, é possível apresentar algumas definições e conceitos que fundamentam uma "história da música" em perpétua evolução, tanto no domínio do popular, do tradicional, do folclórico ou do erudito.
O campo das definições possíveis é na verdade muito grande. Há definições de vários músicos, bem como de musicólogos. Entretanto, quer sejam formuladas por músicos, musicólogos ou outras pessoas, elas se dividem em duas grandes classes: uma abordagem intrínseca, imanente e naturalista contra uma outra que a considera antes de tudo uma arte dos sons e se concentra na sua utilização e percepção.

A abordagem naturalista

De acordo com a primeira abordagem, a música existe antes de ser ouvida; ela pode mesmo ter uma existência autônoma na natureza e pela natureza. Os adeptos desse conceito afirmam que, em si mesma, a música não constitui arte, mas criá-la e expressá-la sim. Enquanto ouvir música possa ser um lazer e aprendê-la e entendê-la sejam fruto da disciplina, a música em si é um fenômeno natural e universal. Por ser um fenômeno natural e intuitivo, os seres humanos podem executar e ouvir a música virtualmente em suas mentes sem mesmo aprendê-la ou compreendê-la. Compor, improvisar e executar são formas de arte que utilizam o fenômeno música.
Sob esse ponto de vista, não há a necessidade de comunicação ou mesmo da percepção para que haja música. Ela decorre de interações físicas e prescinde do humano.

A abordagem funcional, artística e espiritual

Para um outro grupo, a música não pode funcionar a não ser que seja percebida. Não há, portanto, música se não houver uma obra musical que estabelece um diálogo entre o compositor e o ouvinte.
Neste grupo há quem defina música como sendo "a arte de manifestar os afetos da alma, através do som" (Bona). Esta expressão informa as seguintes características: 1) música é arte: manifestação estética, mas com especial intenção à uma mensagem emocional; 2) música é manifestação, isto é, meio de comunicação, uma das formas de linguagem a ser considerada, uma forma de transmitir e recepcionar uma certa mensagem, entre indivíduos considerados, ou entre a emoção e os sentidos do próprio indivíduo que entona uma música; 3) utiliza-se do som, é a ideia de que o som, ainda que sem o silêncio pode produzir música, o silêncio individualmente considerado não produz música.
Para os adeptos dessa abordagem, a música só existe como manifestação humana. É atividade artística por excelência e possibilita ao compositor ou executante compartilhar suas emoções e sentimentos. Sob essa óptica, a música não pode ser um fenômeno natural, pois decorre de um desejo humano de modificar o mundo, de torná-lo diferente do estado natural. Em cada ponta dessa cadeia, há o homem. A música é sempre concebida e recebida por um ser humano. Neste caso, a definição da música, como em todas as artes, passa também pela definição de uma certa forma de comunicação entre os homens. Como não pode haver diálogo ou comunicação sem troca de signos, para essa vertente a música é um fenômeno semiótico.

Elementos da Música
A música quando composta e executada deliberadamente é considerada arte por qualquer das definições. E como arte, é criação, representação e comunicação. Para obter essas finalidades, deve obedecer a um método de composição, que pode variar desde o mais simples (a pura sorte na música aleatória), até os mais complexos. Pode ser composta e escrita para permitir a execução idêntica em várias ocasiões, ou ser improvisada e ter uma existência efêmera. A música dos pigmeus do Gabão, o Rock and roll, o Jazz, a música sinfônica, cada composição ou execução obedece a uma estética própria, mas todas cumprem os objetivos artísticos: criar o desconhecido a partir de elementos conhecidos; manipular e transformar a natureza; moldar o futuro a partir do presente.
Qualquer que seja o método e o objetivo estético, o material sonoro a ser usado pela música é tradicionalmente dividido de acordo com três elementos organizacionais: melodia, harmonia e ritmo.
Entre esses três elementos podemos afirmar que o ritmo é a base e o fundamento de toda expressão musical.
Ritmo vem do grego Rhytmos e designa aquilo que flui, que se move, movimento regulado. O ritmo está inserido em tudo na nossa vida. Nas artes, como na vida, o ritmo está presente. Vemos isso na música e no poema. Temos a nos reger vários ritmos biológicos que estão sujeitas a evoluções rítmicas como o dos batimentos cardíacos, da respiração, do sono e vigília etc. Até no andar temos um ritmo próprio. A harmonia é o conjunto dos grupos de notas tocadas simultaneamente (acordes), que dão o corpo à música. Segundo elemento mais importante, é responsável pelo desenvolvimento da arte musical. Foi da harmonia de vozes humanas que surgiu a música instrumental.
A melodia, por sua vez, é a seqüência de notas, que tocadas uma após a outra fazem o solo da música. É a primeira e imediata expressão de capacidades musicais, pois se desenvolve a partir da língua, da acentuação das palavras, e forma uma sucessão de notas característica que, por vezes, resulta num padrão rítmico e harmônico reconhecível.  
Na base da música, dois elementos são fundamentais: O som e o tempo. Tudo na música é função destes dois elementos.

Parâmetros do som
A Música é feita de sons, tradicionalmente descritos segundo quatro parâmetros: altura, timbre, intensidade e duração (ritmo). Eles se combinam para criar outros aspectos como: estrutura, textura e estilo, bem como a localização espacial (ou o movimento de sons no espaço), o gesto e a dança.
Altura: freqüência definida de um som (agudo x grave). É o que diferencia um som de um ruído. Não confundir com volume (intensidade).
Timbre: qualidade dos sons. Diferencia a mesma altura tocada em dois instrumentos diferentes. É o que diferencia o som de cada instrumento (a origem do som).
Intensidade: a força relativa de um som em relação a outros (forte x fraco).
Ritmo: É a pulsação, a base da construção musical, o que torna a música dançante ou reflexiva, pesarosa. O Ritmo define a velocidade da música, se ela é lenta ou acelerada. O ritmo é de tal maneira mais importante que é o único elemento que pode existir independente dos outros dois: a harmonia e a melodia. Sem ritmo não há música. Acredita-se inclusive que os movimentos rítmicos do corpo humano tenham originado a musica.

A Música tem a capacidade de afetar nossas emoções, intelecto e nossa psicologia. As letras podem aliviar nossa solidão ou estimular nossas paixões. Desse modo, a Música é uma poderosa forma de arte cujo apelo estético está altamente relacionado com a cultura a qual é executada. A estética musical é a qualidade e o estudo da beleza e do prazer da Música.

Papel da Música na educação
Ao longo da civilização ocidental, as famílias mais abastadas tinham freqüentemente a preocupação de que seus filhos fossem instruídos na música erudita desde cedo. Uma aprendizagem precoce da interpretação musical abre caminho a estudos mais sérios em idades mais avançadas. É muito mais difícil aprender a tocar profissionalmente um instrumento como o violino, por exemplo, se não for desde criança. Mesmo hoje em dia, muitos pais também querem que seus filhos aprendam música por razões de status social ou para incutir auto-disciplina e auto-confiança. Atualmente já existem estudos científicos que comprovam uma melhoria no rendimento acadêmico das crianças que aprendem música. Outros consideram que conhecer as grandes as grandes obras da musica erudita é uma obrigação cultural, fazendo parte da chamada “cultura geral” geralmente muito valorizada em termos sociais. 
Diversos compositores eruditos apresentaram idéias para a educação musical. O alemão Carl Orff propôs um método para que as crianças pudessem aprender música utilizando formas simples de atividades diárias para jovens como cantar em grupo, praticar rimas e tocar instrumentos de percussão. É baseado amplamente na improvisação e em construções tonais originais para que as crianças ganhem confiança e interesse no processo de pensar criativamente. Atualmente muitos profissionais se dedicam Educação Musical, que apresenta uma característica de “Sensibilização”, envolvendo as crianças num intenso processo de escuta musical, criatividade e integração social.

Música - um fenômeno social

As práticas musicais não podem ser dissociadas do contexto cultural. Cada cultura possui seus próprios tipos de música totalmente diferentes em seus estilos, abordagens e concepções do que é a música e do papel que ela deve exercer na sociedade. Entre as diferenças estão: a maior propensão ao humano ou ao sagrado; a música funcional em oposição à música como arte; a concepção teatral do Concerto contra a participação festiva da música folclórica e muitas outras.
Falar da música de um ou outro grupo social, de uma região do globo ou de uma época, faz referência a um tipo específico de música que pode agrupar elementos totalmente diferentes (música tradicional, erudita, popular ou experimental). Esta diversidade estabelece um compromisso entre o músico (compositor ou intérprete) e o público que deve adaptar sua escuta a uma cultura que ele descobre ao mesmo tempo que percebe a obra musical.
Desde o início do século XX, alguns musicólogos estabeleceram uma "antropologia musical", que tende a provar que, mesmo se alguém tem um certo prazer ao ouvir uma determinada obra, não pode vivê-la da mesma forma que os membros das etnias aos quais elas se destinam. Nos círculos acadêmicos, o termo original para estudos da música genérica foi "musicologia comparativa", que foi renomeada em meados do século XX para "etnomusicologia", que apresentou-se, ainda assim, como uma definição insatisfatória.


Sabemos que várias definições podem ser utilizadas para a Música mas é importante que possamos chegar a um conceito abrangente e complementar que facilite a nossa compreensão. Talvez dessa forma possamos alcançar tanto o lado artístico-afetivo quanto o científico dessa atividade tão maravilhosa. Portanto a Música pode ser considerada como:

• a capacidade de saber expressar sentimentos através de sons artisticamente combinados.

&


• como ciência que pertence aos domínios da acústica, modificando-se esteticamente de cultura para cultura.


FERRARI, Solange dos Santos Utuari. Por toda parte. 1ªed. São Paulo. FTD. 2013

1ª Série - Texto 1: O que é cultura - 1ª Unidade - 2017

Considerando, em primeiro lugar, o conceito amplo ou antropológico, cultura é o modo como indivíduos ou comunidades respondem às suas próprias necessidades e desejos simbólicos. O ser humano, ao contrário dos animais, não vive de acordo com seus instintos, isto é, regido por leis biológicas, invariáveis para toda a espécie, mas a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o circunda e de construir significados para a natureza, que vão além daqueles percebidos imediatamente. A essa construção simbólica, que vai guiar toda ação humana, dá-se o nome de cultura.
A cultura, nesse sentido amplo, engloba a língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, todas as esferas da atividade humana. Mesmo as atividades básicas de qualquer espécie, como a reprodução e a alimentação, são realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular. Os rituais de namoro e casamento, os usos referentes à alimentação (o que se come, como se come), o preparo dos alimentos, o tipo de roupa que vestimos, a língua que falamos, as palavras de nosso vocabulário, tudo isso é regulado pela cultura à qual pertencemos. A função da cultura é tornar a vida segura e contínua para a sociedade humana. Ela é o "cimento" que dá unidade a um certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores.
Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura.
No caso do Brasil, temos contribuições culturais da colonização pelos portugueses, dos povos indígenas que habitavam estas terras, dos africanos que foram trazidos como escravos, dos imigrantes italianos, alemães, japoneses, coreanos. O que mantém a unidade, entretanto, entre essas várias culturas é a ocupação de um mesmo território, o uso da mesma língua, o compartilhamento de uma mesma história nacional.
É possível, entretanto, falar também de cultura caipira, cultura rural, cultura sertaneja, cultura urbana, cultura nordestina, cultura paulista, cultura carioca e assim por diante, apenas considerando a diversidade geográfica do país e os diferentes tipos de vida de cada um desses grupos.
Ao falar de cultura, é possível fazer um corte no sentido amplo do termo e referir-se apenas a alguns aspectos da produção humana, ligados às diferentes práticas artísticas: pintura, dança, música, teatro, literatura, cinema, vídeo, escultura, entre outras. Essa produção cultural, além do caráter simbólico que toda cultura tem, existe independentemente das relações utilitárias e funcionais. Um vaso grego, por exemplo, extrapola o valor utilitário de objeto para guardar água, vinho ou óleo. Esse vaso era feito para aparecer, para figurar entre as coisas do mundo, apoderando-se da atenção do espectador, comovendo-o, revelando significados internos que sobrevivem a cada geração. É o reflexo de uma civilização que prezava a simetria, a beleza ideal, o culto aos deuses, a perfeição do fazer artístico e artesanal.
Uma obra de arte nos traz um novo conhecimento de mundo. Esse conhecimento não é lógico e racional, mas intuitivo, concreto e imediato, na medida em que nos faz compreender um sentimento de mundo. Voltando ao exemplo do vaso grego, podemos perceber que ele nos transmite o sentimento de um mundo simétrico, proporcional, razoavelmente estável e seguro. Já uma obra de arte contemporânea, como o videoclipe, revela a velocidade da vida contemporânea (com mudanças bruscas de cena), a fragmentação e a falta de sentido aparente.
A obra de arte, para ter esse efeito sobre nós, apresenta um modo novo de ver a realidade, porque ela não se refere necessariamente ao que de fato existe. A arte não representa o mundo como ele é, mas como poderia ser. Para isso, ela inova em termos de materiais – por exemplo, uma escultura hoje pode ser construída a partir da luz e não de materiais tradicionais como a madeira, a pedra ou o metal; ou uma obra "desenhada" com cortes sobre a tela, em vez da tinta. Inova em temas, inova em estilos e linguagens, cria novos códigos para ser fiel à sua função de evocar um sentimento de mundo.
Aprendizado cultural - Uma vez que a cultura é uma construção de grupos humanos, anterior a cada um de nós, precisamos aprender os modos de nossa cultura. Esse aprendizado se inicia no momento em que nascemos dentro do ambiente em que vivemos, com todas as pessoas responsáveis por cuidar de nós. Aprendemos por imitação, por tentativa e erro, castigo e premiação. Aprendemos por meio das palavras, mas também por meio dos comportamentos e atitudes dos outros. Tudo isso diz respeito apenas à cultura de origem, ou seja, à cultura à qual a criança pertence. Ela conhece somente um modo de cultura, o seu, que se torna sua "segunda pele" e é encarada como o modo "normal", único mesmo, de fazer as coisas, de se comportar.
Nesse sentido, a cultura é importante para o funcionamento do grupo, e o aprendizado cultural é indispensável para que cada indivíduo se adapte ao seu grupo. Entretanto, é de extrema importância que cada um também aprenda a contribuir para a sua cultura, criando idéias, objetos, ferramentas, colaborando no desenvolvimento de várias linguagens, enfim, mantendo sua cultura viva e adequada às necessidades do grupo.
Do mesmo modo, é preciso aprender a interpretar a arte, seja ela um filme, uma peça teatral, um espetáculo de música, dança, circo, artes visuais, performance, happening uma vez que a arte é um dos modos humanos de atribuir significados ao mundo.
Aprende-se arte convivendo com obras de arte e, ainda, pelo estudo da história da arte e das linguagens artísticas, bem como pelo estudo da estética, isto é, dos diversos conceitos de valor e arte.
A cultura, portanto, é o que torna a vida humana possível no mundo. Ela é, ao mesmo tempo, um produto já elaborado pelas gerações que nos precederam, e um processo contínuo de adaptação dessa herança recebida a novos modos de vida, novos problemas, novas necessidades. E, nesse processo, a arte, por não ter utilidade prática imediata, é um campo privilegiado de experimentações, de crítica, até mesmo de denúncia de práticas sociais ultrapassadas. Por meio das obras de arte, é possível vislumbrar outros valores importantes para a vida humana.

Adaptação do Texto original da Profa. Dra. Maria Helena Pires Martins

www.educarede.org.br- consulta ao site dia 11/02/2011

3ª Série - Slides: ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM VISUAL - 1ª Unidade - 2017