"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

1ª Série - CONTEÚDOS: ESTUDOS DE RECUPERAÇÃO 2016

  REFLETINDO SOBRE A ARTE
  DIVERSAS MANIFESTAÇÕES NAS ARTES VISUAIS
    REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DA MÚSICA: DA PRÉ-HISTÓRIA À ATUALIDADE
  ORQUESTRA
  REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DA DANÇA
  A EVOLUÇÃO DA DANÇA TEATRAL
  A HISTÓRIA DO TEATRO

  PRINCIPAIS TIPOS E GÊNEROS TEATRAIS

3ª Série - CONTEÚDOS: ESTUDOS DE RECUPERAÇÃO 2016

  O QUE É ARTE.
  PINTURA FIGURATIVA E ABSTRATA
  GÊNEROS DA PINTURA FIGURATIVA (retrato, autorretrato, paisagem, marinha, natureza morta, pintura de gênero, pintura mitológica, pintura histórica e pintura religiosa)
  RENASCIMENTO
  BARROCO
  IMPRESSIONISMO

  EXPRESSIONISMO

2ª Série - CONTEÚDOS: ESTUDOS DE RECUPERAÇÃO 2016

  LINGUAGEM VISUAL (TEXTOS 1)
  ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA (ARTE RUPESTRE)
  ARTE GREGA
  ARTE ROMANA
  ARTE BIZANTINA
  ARTE EGIPCIA
  ARTE GÓTICA


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

1ªSérie - TIPOS DE TEATRO E PRINCIPAIS GÊNEROS TEATRAIS - 4ª Unidade - 2016

Teatro de arena: tipo de teatro em que o assoalho do palco fica em nível inferior ao da sala, acomodando-se os espectadores em assentos que se dispõe em semicírculo envolvente.
Anfiteatro: Recinto com arquibancadas ou filas de assentos em semicírculo ou semi-elipse, tendo ao centro um estrado onde se fazem representações de teatro, palestras, aulas, etc.
Palco italiano: tipo de palco separado da platéia pelo fosso da orquestra, e que tem o seu assoalho dividido em ruas, calhas, falsas ruas, etc., é o palco de formas tradicionais.
Palco elizabetano: tipo de palco em que o espaço cênico fica entre setores da sala, destinado aos espectadores. que o envolvem por três lados.
Espaço Total: (de Grotowski) espaço livre, sem divisão fixa entre palco e platéia onde cada montagem determinará aonde ficarão os espectadores e os atores, que podem inclusive ficar misturados.
Teatro de Alumínio: Pavilhão circense, alongado, de forma retangular que serve de espaço teatral. É desmontável, formado por placas com estrutura de madeira e revestimento metálico.

Principais Gêneros Teatrais:
Auto é um sub-gênero da literatura dramática. Tem sua origem na Idade Média, na Espanha, por volta do século XII. O auto visava satirizar pessoas. A moral é um elemento decisivo nesse sub-gênero. Resumindo: auto é uma composição dramática do teatro que envolve personagens alegóricas como: pecados e virtudes e entidades como santos e demônios.
A comédia é o uso de humor nas artes cênicas. Também pode significar um espetáculo que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, "comédia" é o que é engraçado, que faz rir. Hoje a comédia encontra grande espaço e importância enquanto forma de manifestação crítica em qualquer esfera: política, social, econômica. Encontra forte apoio no consumo de massa e é extremamente apreciada por grande parte do público consumidor da indústria do entretenimento.
Farsa é uma modalidade de peça teatral, caracterizada por personagens e situações caricatas. Difere da comédia e da sátira por não preocupar-se com a verossimilhança (verdade dos fatos) nem pretender o questionamento de valores. A Farsa, que se distingue da sátira por não estar preocupada com uma mensagem moral, busca apenas o humor e, para isso, vale-se de todos os recursos; assuntos introduzidos rapidamente, evitando-se qualquer interrupção no fio da ação ou análises psicológicas mais profundas; ações exageradas e situações inverossímeis. Recorre a estereótipos (a alcoviteira, o amante, o pai feroz, a donzela ingênua) ou situações conhecidas (o amante no armário, gêmeos trocados, reconhecimentos inesperados). Principal forma de teatro cômico medieval, a farsa inspira-se no cotidiano e no cenário familiar.

Melodrama:  melodrama teatral surge oficialmente como gênero em 1800, definindo um tipo complexo de espetáculo cênico iniciado após a Revolução Francesa. Com forte influência do teatro das feiras e da pantomima utiliza máquinas, cenas de combate e danças para construção de suas cenas e conta, em sua construção dramática, com a alternância de elementos da tragédia e da comédia. Seu sucesso duradouro o tornou o principal gênero teatral e literário do século XIX e, posteriormente, fez com que o melodrama teatral fosse absorvendo e exportando elementos a todos os estilos, formas e gêneros artísticos que surgiram durante este período, principalmente o folhetim.

Musical é um estilo de teatro que combina música, canções, dança, e diálogos falados. Esta delimitada por um lado pela sua co-relação com a ópera e por outro pelo cabaré, os três apresentam estilos diferentes, mas suas linhas delimitantes muitas vezes são difíceis de conceituar. Existem três componentes para um musical: a música, interpretação teatral e o enredo. O enredo de um musical refere-se a parte falada (não cantada) da peça; entretanto, o "enredo" pode também se referir a parte dramática do espetáculo. Interpretação teatral se relaciona as performances de dança, encenação e canto. A música e a letra juntas formam a base do musical; as letras e o enredo são freqüentemente impressos como um libreto. Mesmo que o teatro musical esteja espalhado pelo mundo todo, suas produções são elaboradas muito freqüentemente na Broadway em New York, no West End em Londres, e na França.
A Revista é um género de teatro, de gosto marcadamente popular, que teve alguma importância na história das artes cénicas, tanto no Brasil como em Portugal, que tinha como caracteres principais a apresentação de números musicais, apelo à sensualidade e a comédia leve com críticas sociais e políticas, e que teve seu auge em meados do século XX. O Teatro de Revista no Brasil, também chamado simplesmente "Revista", e com produção das companhias como as de Walter Pinto e Carlos Machado, foi responsável pela revelação de inúmeros talentos no cenário cultural, desde a cantora luso-brasileira Carmem Miranda, sua irmã Aurora, às chamadas vedetes de imenso sucesso como Wilza Carla, Dercy Gonçalves e outras, na variante conhecida como Teatro rebolado.
Tragédia é uma forma de drama, que se caracteriza pela sua seriedade e dignidade, frequentemente envolvendo um conflito entre uma personagem e algum poder de instância maior, como a lei, os deuses, o destino ou a sociedade. Suas origens são obscuras, mas é certamente derivada da rica poética e tradição religiosa da Grécia Antiga. Suas raízes podem ser rastreadas mais especificamente nos ditirambos, os cantos e danças em honra ao deus grego Dionísio. Dizia-se que estas apresentações etilizadas e extáticas foram criadas pelos sátiros, seres meio bodes que cercavam Dionísio em suas orgias, e as palavras gregas para bode foram combinadas na palavra para canto, passando a sua combinação a ser "canções dos bodes", da qual a palavra tragédia é derivada.

O teatro infantil: O teatro infantil é uma apresentação cênica feita para crianças onde os atores utilizam muita criatividade, imaginação, fantasia e emoção. Os temas mais utilizados são os contos de fadas e fábulas. Os temas normalmente são tratados com muita criatividade, sendo o uso de músicas e danças bastante comum. As crianças em geral adoram o teatro e isso faz com que esta arte cênica seja bastante utilizada na educação.

Teatro de feira nomeia os espetáculo teatrais desenvolvidos dentro das feiras populares que aconteciam ao redor da Abadia de Saint-German-de-Prés e da igreja de Saint Laurent, em Paris, e mais tarde da igreja de Saint-Ovide, durante os séculos XVII e XVIII durante o verão europeu. Os espetáculos da feira, empreendimentos privados e não permanentes, não eram subvencionados pelo rei e dependiam apenas do comércio nas bilheterias. O sucesso era o primeiro objetivo de seus espetáculos que não se propunham apenas a sensibilizar o público, mas a conseguir que este desse algo em troca dessa sensibilização. Não realizavam um teatro de repertório nem de alternância de peças, como faziam os elencos estabelecidos sob o patrocínio da realeza. Interpretavam a mesma peça até suprir a platéia ou ver esvaziar os assentos, assim, poucas peças foram representadas mais de sete vezes.
Teatro do Oprimido (TO) é um método teatral que reúne Exercícios, Jogos e Técnicas Teatrais elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal. Os seus principais objetivos são a democratização dos meios de produção teatrais, o acesso das camadas sociais menos favorecidas e a transformação da realidade através do diálogo (tal como Paulo Freire pensou a educação) e do teatro. Ao mesmo tempo, traz toda uma nova técnica para a preparação do ator que tem grande repercussão mundial. A sua origem remete ao Brasil das décadas de 60 e 70

O Teatro Jornal foi uma resposta estética à censura imposta, no Brasil, no início dos anos 70, pelos militares.Nesta técnica, encena-se o que se perdeu nas entrelinhas das notícias censuradas, criando imagens que revelam silêncios. Criada em 1971, no Teatro de Arena de São Paulo, esta técnica foi muito utilizada na época da ditadura militar brasileira, para revelar informações distorcidas pelos jornais da época, todos sob censura oficial. Ainda hoje é usada para explicitar as manipulações utilizadas pelos meios de comunicação.

No Teatro-Imagem, a encenação baseia-se nas linguagens não-verbais. Essa foi uma saída encontrada por Boal para trabalhar com indígenas, no Chile, de etnias distintas com línguas maternas diversas, que participavam de um programa de alfabetização e precisavam se comunicar entre si. Esta técnica teatral transforma questões, problemas e sentimentos em imagens concretas. A partir da leitura da linguagem corporal, busca-se a compreensão dos fatos representados na imagem, que é real enquanto imagem. A imagem é uma realidade existente sendo, ao mesmo tempo, a representação de uma realidade vivenciada.
O Teatro Invisível que, sendo vida, não é revelado como teatro e é realizado no local onde a situação encenada deveria acontecer, surgiu como resposta à impossibilidade, ditada pelo autoritarismo, de fazer teatro dentro do teatro, na Argentina. Uma cena do cotidiano é encenada e apresentada no local onde poderia ter acontecido, sem que se identifique como evento teatral. Desta forma, os espectadores são reais participantes, reagindo e opinando espontaneamente à discussão provocada pela encenação. A preparação do Teatro Invisível deve ser como a de uma cena normal, reunindo os principais elementos: atores interpretando personagens com caracterizações, idéia central; deve haver um roteiro pré-estabelecido, apresentando princípio, meio e fim e que deve ser ensaiado. A diferença consiste em ser uma modalidade que não revela ao público tratar-se de uma representação.
No Teatro-Fórum a barreira entre palco e platéia é destruída e o Diálogo é bastante ampliado. Produz-se uma encenação baseada em fatos reais, na qual personagens oprimidos e opressores entram em conflito, de forma clara e objetiva, na defesa de seus desejos e interesses. No confronto, o oprimido fracassa e o público é estimulado, pelo Curinga (o facilitador do Teatro do Oprimido), a entrar em cena, substituir o protagonista (o oprimido) e buscar alternativas para o problema encenado.
Teatro de fantoches, teatro de bonecos ou teatro de marionetes é o termo que designa, no teatro, à apresentação feita com fantoches, marionetes ou bonecos de manipulação, em especial aqueles onde o palco, cortinas, cenários e demais caracteres próprios são construídos especialmente para a apresentação. O Teatro de Bonecos é uma forma antiga de expressão artística orginada por volta de 30 mil anos atrás. Desde então, os bonecos foram usados para animar e comunicar ideias ou necessidades de várias sociedades humanas.
O teatro de sombras é uma arte muito antiga, originária da China, de onde se espalhou para o mundo, sendo atualmente praticada regularmente por grupos de mais de 20 países. Existe uma lenda chinesa a respeito da origem do teatro de sombras. No ano 121, o imperador Wu Ti, da dinastia Han, desesperado com a morte de sua bailarina favorita, teria ordenado ao mago da corte que a trouxesse de volta do "Reino das Sombras", caso contrário ele seria decapitado. O mago usou a sua imaginação e, com uma pele de peixe macia e transparente, confeccionou a silhueta de uma bailarina. Depois, ordenou que, no jardim do palácio, fosse armada uma cortina branca contra a luz do sol, de modo que deixasse transparecer a luz. No dia da apresentação ao imperador e sua corte, o mago fez surgir, ao som de uma flauta, a sombra de uma bailarina movimentando-se com leveza e graciosidade. Neste momento, teria surgido o teatro de sombras.
O Teatro Lambe-Lambe, também conhecido como Teatro de Miniaturas, é uma linguagem de formas animadas que ocupa um espaço cênico mínimo formado por um palco em miniatura confinado em uma caixa preta de dimensões reduzidas. Nesse espaço são apresentadas peças teatrais de curtíssima duração através da manipulação de bonecos, para um espectador por vez. O Teatro Lambe Lambe já é considerado uma "modalidade" dentro do gênero "Teatro de Bonecos". O "Teatro Lambe Lambe" possui este nome, pois sua forma de apresentação, se assemelha demais aos antigos fotográfos lambe lambes que ocupavam as praças brasileiras nas décadas de 40, 50 e 60. Porém, já escassos nos dias atuais. Este nome "Teatro Lambe Lambe" é uma homenagem feita por Denise di Santos e Ismine Lima a estes fotográfos que por anos fizeram parte da cultura brasileira e hoje já se encontram em pleno anonimato.
O Teatro Mamulengo é uma das pouquíssimas formas de Teatro Popular que ainda consegue subsistir nesse país, onde a cultura é relegada ao mais inferior dos planos.
Mamulengo é uma forma de arte popular da cultura nordestina. É um teatro de bonecos, conduzido com as mãos na linha dos fantoches, mas com uma estrutura própria, da qual faz parte: histórias, lendas, linguagem própria, personagens fixos, pancadarias, picardia, música, dança etc...
É um brinquedo com seu jeito próprio de ser, inigualável na dinâmica, simplicidade e alegria.
A origem da palavra MAMULENGO se perde na história e não é comprovada sua aparição por documento, mas sim, pelas próprias teorias populares. Uma das mais comuns é a teoria de que MAMULENGO seria uma variação da expressão popular “MÃO-MOLENGA” porque o mamulengueiro (a pessoa que conduz a brincadeira escondida atrás da pequena barraca) tem que ter uma grande habilidade manual para trabalhar ao mesmo tempo com dois personagens e manipular às vezes mais de 60 bonecos durante uma brincadeira que dura no mínimo de duas horas, até seis ou oito horas de representação.
O Mestre (modo como é chamado o mamulengueiro e quase sempre o dono do brinquedo) tem que ser poeta, ator, dançador, improvisador, cantador, dinâmico, saudável etc... Pois para brincar com mais de 60 bonecos, em às vezes quase oito horas de representação, é preciso ser mais que artista, é preciso viver e incorporar cada personagem do brinquedo. É preciso ir à essência da brincadeira e se transformar a cada momento.
Um verdadeiro Mestre de Mamulengo é, além de tudo isso, o artesão, o homem que confecciona seus próprios bonecos entalhando-os do mulungu – madeira leve extraída de grandes árvores dos brejos de alguns estados nordestinos.

Referências:
Wikipédia

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

2ªSérie - Atividade sobre Arte Indígena - 4ª Unidade - 2016

  
01 – A arte esta presente em cada momento de vida dos povos indígenas no mundo todo. As manifestações folclóricas indígenas compreendem inúmeros rituais, sendo que o toré e os toantes, são festejos realizados com mais frequência entre os índios, como motivo de agradecimento, em casamentos, batizados, celebrações solenes aos visitantes da tribo e personalidades importantes, e também quando eles querem reivindicar às autoridades governamentais benefícios para sua tribo. Diferencie o Toré dos Toantes.

02 – No Brasil existem pelo menos 30 grupos indígenas que produzem adornos plumários que apresentam um caráter ritualístico, em dois níveis. Qual a diferença entre eles?

03 – A pintura para os índios tem sentido diverso, não somente na vaidade, ou na busca  pela estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos através desta arte. Que materiais são utilizados pelos índios na pintura corporal?

04 - Os grupos indígenas ornamentam o corpo em contraposição aos outros seres vivos (animais e outros grupos indígenas).
Extrapolando o conceito de enfeite, a plumária é um símbolo usado em ritos e cerimônias. Podem representar mensagens sobre sexo, idade, filiação (clã), posição social, importância cerimonial, cargo político e grau de prestígio dos seus portadores e possuidores. Os grupos indígenas possuem técnicas de transformação desta matéria-prima. Explique as técnicas utilizadas pelos índios para transformar as penas.

05    – O uso das máscaras é largamente difundido entre os índios. No princípio, talvez, a máscara tenha sido usada como disfarce para as caçadas. Atualmente ela tem uma função religiosa. Explique.

06    - Diferencie a arquitetura indígena da arquitetura africana.

07    Cite as características da arte africana e, baseado no texto e nos seus próprios conhecimentos explique que elementos da arte brasileira (principalmente  na Bahia) sofreram influência da África.

08    - Muitos artesãos e especialistas africanos vieram para o Brasil como escravos. Qual a importância que eles tiveram para a nossa arte?


2ª Série - A Influência do negro na cultura brasileira - Texto 2 - 4ª Unidade - 2016

Encontramos atualmente no Brasil traços culturais que existiram ou que ainda existem na África. Porém, não podemos esquecer que nenhuma cultura permanece igual em tempos e espaços diferentes.
Os aspectos culturais que sobreviveram ao trajeto entre a África e o Brasil e que conseguiram aqui se reproduzir foram em parte modificados pelas circunstancias a que estiveram submetidos: primeiro a escravidão e depois a marginalidade do negro na sociedade brasileira após a abolição, em 1888.
Da mesma forma, elementos da cultura africana alteraram e continuam alterando outros traços culturais que já existiam no Brasil, inclusive aqueles trazidos da Europa.
Á medida que o africano se integrou à sociedade brasileira tornou-se afro-brasileiro e, mais do que isso, brasileiro. Usamos o termo afro-brasileiro para indicar produtos de mestiçagem para os quais as principais matrizes são as africanas e as lusitanas, frequentemente com pitadas de elementos indígenas, sem ignorar que tais manifestações são acima de tudo brasileiras. Essas misturas estão mais presentes do que podemos perceber a um primeiro olhar, mesmo que este já mostre uma quantidade importante de contribuições africanas em nossa formação.
Além dos traços físicos, talvez seja na música e na religiosidade que a presença africana esteja mais evidente entre nós. A religião tem lugar central nas culturas africanas, sendo a esfera de onde vem toda a organização para a vida, a garantia do bem-estar, da harmonia e da saúde.
No Brasil as religiões africanas foram transformadas, ritos e crenças de alguns povos se misturaram com os de outros, e com os dos portugueses, mas nesses processos muitas características africanas foram mantidas.
Além de ser central nos cultos religiosos, a música de influência africana, na qual o tambor geralmente é o instrumento mais importante, também é fundamental em muitas outras ocasiões de festas e danças. Ao lado do tambor, outros instrumentos, como o berimbau, o agogô e o reco-reco, se juntaram aos de origem lusitana, como o pandeiro, a viola e a rabeca, e são utilizados em grande variedade de danças e festas. Nas congadas, maracatus, capoeira e reisados os ritmos africanos estão na base da música tocada.
Entre as danças populares mais comuns em todo o Brasil está o bumba-meu-boi, ou boi-bumbá, espécie de teatro dançado e cantado.
A influência africana na culinária brasileira, principalmente na Bahia, onde o uso da pimenta e do azeite de dendê lembra a proximidade que ela já teve com a costa da Mina. Acarajé, vatapá, aluá, xinxim de galinha são alguns são alguns pratos que além do nome, têm receitas parecidas com as feitas na África, satisfazendo o paladar dos que se criaram dentro dos gostos dos seus pais. Além dos pratos preparados, o inhame, o cará, a noz-de-cola (aqui chamada de obi e orobó e usada em cultos religiosos) e a nossa tão típica banana vieram do continente africano, esta ultima depois de atravessá-lo inteiramente a partir da costa oriental, para onde foi levada pelos que vinham da Índia.
Muitas técnicas de produção e de confecção de objetos foram trazidas para o Brasil por africanos, que além da sua força de trabalho também nos deram alguns de seus conhecimentos. Ferreiros, mineiros, oleiros, tecelões, escultores, além de pastores e agricultores.
Os artesãos e especialistas trouxeram não só suas técnicas, mas também seus padrões estéticos, presentes nas formas, nas decorações, nas cores das coisas que faziam. Várias técnicas de tecer cestas, amplamente utilizadas entre as populações rurais brasileiras, se assemelham mas às africanas do que às dos indígenas. Mas, muitas vezes, padrões portugueses e africanos se misturam, resultando em produtos de grande criatividade como as moringas antropomorfas que servem cada vez menos para guardar água e cada vez mais para decorar as casas de camadas urbanas que resgatam e valorizam as tradições populares.
A arte africana exprime usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é funcional, criado para ser utilizado, ligado ao culto dos antepassados, profundamente voltado ao espírito religioso, característica marcante dos povos africanos. É uma arte extremamente representativa. A arte africana chama atenção pela sua forma e estética. Nos simples objetos de uso diário como ornamentos e tecidos, expressam muita sensibilidade.  Esta arte  representa os usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é funcional, desenvolvido para ser utilizado, ligado ao culto dos antepassados, profundamente voltado ao espírito religioso, característica marcante dos povos africanos. É uma arte extremamente representativa, chama atenção pela sua forma e estética e os simples objetos de uso diário, como ornamentos e tecidos, expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos.
A contribuição do negro na cultura brasileira, durante os séculos XVII, XVIII e XIX, esteve ligada a padrões eurocêntricos. É claro que existiram certos artistas, ou certas manifestações artísticas muito características de afro-brasileiros, como por exemplo, os ex-votos do nordeste. Certos objetos desse tipo são anônimos, saem, por assim dizer, de uma consciência coletiva, de um inconsciente coletivo. Portanto, existiram escultores populares, mas na erudição, isso só veio a tona no século XX, quando aparecem alguns artistas com uma intenção mais explícita de criar uma tipo de arte cuja linguagem e dogma não estivessem mais ligados a essa arte eurocêntrica, e sim a uma arte africana, seja na sua inspiração, ou através de uma ligação ancestral. A valorização dessa arte não apenas colabora na construção da identidade do negro e da memória de certos artistas, como também para o resgate da autoestima desse grupo.

As formas de arte africana

A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnífica arte afro-brasileira envolve um espectro diferenciado, desde representações em pinturas, esculturas e objetos ornamentais de uso permanente e cotidiano para comemorar os ancestrais, cultuar as forças naturais, invocar forças vitais, propiciar boas colheitas, até objetos em geral que acompanham os ritos, as danças e as cerimônias religiosas em sua ampla gama de singularidades.

A pintura é empregada na decoração das paredes dos palácios reais, celeiros, das choupas sagradas. Seus motivos, muito variados, vão desde formas essencialmente geométricas até a reprodução de cenas de caça e guerra. Serve também para o acabamento das máscaras e para os adornos corporais.

A escultura a mais importante manifestação da arte africana é, porém, a escultura. A madeira é um dos materiais preferidos. Ao trabalhá-la, o escultor associa outras técnicas (cestaria, pintura, colagem de tecidos). Foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima. Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas, as máscaras têm um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva. O maior acervo da arte antiga africana encontra-se nos museus da Europa Ocidental.
A escultura em madeira se estende á fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, podendo ser cabeças de animais, figurinhas alusivas a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças.
A produção da escultura em marfim ocorreu em larga escala, porém nos últimos anos, devido à proibição da caça aos elefantes pelo risco da extinção da espécie, ou ainda a intervenção das ONGs que se ocupam da preservação do meio ambiente: fauna e flora, houve uma escassez do material e uma diminuição da produção. Antigamente, faziam peças pequenas para serem usadas como proteção, braceletes, pequenas figuras de animais especialmente leopardos. Também haviam esculturas em madeira com marfim incrustado. Em menor quantidade estão os objetos esculpidos em pedra dura.
Utilizam o ferro à partir de uma prancha fundida mediante pressão e calor. São confeccionados muitos atributos em várias formas pelos Abomei, de quem é a imagem da entidade Gu, dono do ferro representado por uma figura antropomorfa. Com a mesma técnica são encontrados vários atributos a diversas entidades e também vários instrumentos musicais.
A fundição do bronze na cidade Iorubá de Ifé e logo após Benin, tornou-se a expressão mais desenvolvida da plástica tradicional africana, influindo e criando múltiplas variantes de fundição do bronze em outros núcleos desta região.
No ano de 1300 o soberano de Ifé, a cidade sacralizada, enviou um de seus descendentes ao reino de Benin para conhecer suas técnicas e aplicá-las em seu regresso, o estilo da arte em bronze do Benin é um testemunho das relações estreitas entre os dois reinos, mas os Ioruba, os superaram, na técnica e na delicadeza de sua arte.
O bronze de Ifé parte de um estilo de modelação como a Terracota. Seus antecedentes tem sido encontrados nas terracotas de Nok. Nestas os detalhes da figura humana estão um pouco sintetizados, destacando algumas marcas regionais, e nisto, assim como nas proporções gerais diferem das de Ifé, nas que se percebe a busca dos modelos anatômicos, como se fossem retratos, dentro de um tamanho menor. As cabeças de bronze apresentam variedades de caracteres faciais, presos em detalhes sutis que permitem apreciar diferentes expressões nos rostos e até incluem algumas deformações anatômicas.
Na arte afro-brasileira predominam as esculturas em duas dimensões, talvez por questões de ordem econômica, embora também na África se encontrassem esculturas bidimensionais na representação dos símbolos (ferramentas) dos orixás (deuses e entidades). A bidimensionalidade das esculturas afro-brasileiras parece mesmo uma forma de buscar sua identidade étnica, de diferenciar sua cultura, já que tantos objetos de uso cotidiano se revestem de caráter simbólico.
A arte africana não é primitiva nem estática. Há peças datadas desde o século V a.C. atestando uma história da arte africana, mesmo que ainda não escrita por palavras. É certo que muitos dados estão irremediavelmente perdidos: objetos foram destruídos, queimados ou fragmentados ao gosto ocidental e moral cristã; ateliês renomados foram extintos e muitas produções interrompidas durante o período colonial na África (1894-c.1960). Mesmo assim, as peças dessa arte africana remanescente “falam” de dentro de si e por si mesmas através de volumes, texturas e materiais; veiculam um discurso estruturado reservado aos anciãos, sábios e sacerdotes. Alguns artistas, como os do Reino de Benim, exerciam função de escriba, descrevendo a história do reino por meio de ícones figurativos em placas de latão que teriam recoberto as pilastras do palácio real.
O desenho de jóias e as texturas entalhadas na superfície de certos objetos da arte africana também constituem uma linguagem gráfica particular. São padrões e modelos sinalizando origem e identidade que aparecem também na arquitetura, na tecelagem ou na arte corporal. A arte africana é multivocal.
Por exemplo, o tratamento do penteado dado a estátuas e estatuetas pelos escultores revela, muitas vezes, o elaborado trançado do cabelo das pessoas, e, mesmo, a prática cultural, em algumas sociedades, da modelagem paulatina do crânio dos que tinham status (caso dos mangbetu, do ex-Congo Belga, atual República Democrática do Congo-RDC). É, para eles, ao mesmo tempo, expressão do belo. Atribuia-se significado até às matérias-primas empregadas na criação estética — elas davam “força” à obra, acrescida, por fim, quando ela ganhava um nome, uma destinação. Tornava-se, então, parte integrante da vida coletiva. Por isso, diz-se que a arte africana é uma "arte funcional".
A arte africana, porém, não é apenas “religiosa” como se diz, mas, sobretudo filosófica. A evocação dos mitos nas artes da África é um tributo às origens — ao passado —, com vistas à perpetuação — no futuro — da cultura, da sociedade, do território. E, assim, essas artes “relatam” o tempo transcorrido; tocam no problema da espacialidade e da oralidade.
Algumas peças da arte africana, como as impressionantes estátuas “de pregos” dos bakongo, ou as dos basonge (ou ba-songye (ambas sociedades da R.D. Congo), são, na verdade, um conglomerado composto por uma figura humana de madeira e uma parafernália de outros materiais vegetais, minerais e animais. É uma clara alusão à consciência do Homem sobre a magnitude da Natureza e de sua relação intrínseca com ela.

As máscaras: Para os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las na cura de doentes, em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados se convertendo em expressões de vontade criadora do africano; foram os objetos que mais impressionaram os povos europeus desde as primeiras exposições em museus do Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico.
Uma máscara é um ser que protege quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um animal, no momento de sua morte.
A máscara transforma o corpo do bailarino que conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser; gênio, animal mítico que é representando assim momentaneamente (laude,1968:144)
A energia captada na máscara é controlada e posteriormente redistribuída em benefício da coletividade.
Como exemplo dessas máscaras destacam as Epa e as Gueledeé

Epa – máscara elmo, em madeira, tem sua base que cobre toda cabeça do portador apoiada em seu ombro. Sobre o capacete há uma plataforma composta de figuras. O trabalho é realizado em uma única peça, o elmo, o platô e um tronco central que representa um tema, circunstancia ou acontecimento. Outras figuras podem ser entalhadas ao redor por meio de resinas, desde a plataforma do elmo. Este contrasta pela simplcidade, pois representa somente os olhos e algum outro detalhe facial. Os olhos de forma amendoada, com duas bordas, tem o globo ocular vazado para indicar as pupilas. Algumas máscaras tem duas ou mais plataformas com figuras superpostas.

Gueledeé – são pequenas, tipo tabuleiro se carrega sobre o busto. Cobre-se o rosto do portador com tecidos ajustados à máscara, e à nuca do portador que enxerga através de orifícios feitos neste tecido. Estas máscaras representam, de maneira sintética, personagens ligados à incorporação mística, para issso recorrem à escultura em madeira com alguns detalhes que sobrepõem à máscara. Os traços faciais compõem rostos largos, de lábios salientes bem demarcados, inclusive no centro. Os olhos amendoados, as pálpebras superiores muito amplas e s pupilas vazadas. Para as orelhas possuem grande variedades de formas e são enxertadas na altura do olho. Os rostos apresentam algumas escarificações. Estas máscaras são policromadas com tinta e água em cores contrastantes e em algumas zonas de expansão ioruba chegam a ser enriquecidas com duas faces uma ao lado da outra ou opostas. (argeliers,1980:69,70)
Existem também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e lanças com ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre com motivos alusivos à figura dos dignatários.
Os utensílios de uso cotidiano, portas e portais para suas casas, cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os mesmo desenhos estilísticos.
Além das esculturas em madeira existem os objetos confeccionados com fragmentos de vidro das mais diversas cores, colocados em gorros, possuindo uma gama de figuras humanas e de animais, feitas com fio de algodão que recobrem todo o tecido, colocados sempre em combinação vertical. As pedras podem ser alternadas por cauris, canudilhos metálicos ou de seda e algodão.

Tecidos: são lisos ou estampados, os bordados são rebordados com linhas e com pedras de vidro. Confeccionam roupas longas e gorros. A criatividade do bordado com pedras de vidro está muito difundida nas populações da República da Nigéria. Os suportes para abanos, crinas e rabos de animais, também decoram com pedras de vidro, canudilhos e cauris.
Os tecidos e o vestuário alcançaram um desenvolvimento plástico considerável em zonas urbanas, assimilando muitos elementos da indumentária islâmica e outros introduzidos pelos europeus colonialistas. O tear horizontal permitiu a confecção variada de tiras que posteriormente se juntam longitudinalmente para formar tecidos maiores.
Deste tipo de confecção o mais característico é o chamado Kente, entre os Ashanti.
Ainda entre estes tecidos está o estampado chamado Denkira, com figuras diferentes que se combinam para compor um desenho ou determinar um motivo fundamental.
Os desenhos são imersos em uma tintura vegetal e impressos em tecido branco estendido em uma almofada.
Os Fon, e outros grupos, recorrem ao tecido estampado com desenhos multicoloridos, à maneira de aplique. Com esta técnica fazem peças destinadas a vestimentas. Nestes casos o desenho reproduz histórias e vivências e até pequenos acontecimentos engraçados na trajetória de seus donos e de grandes personalidades. Para a execução deste trabalho dão preferência aos tecidos escuros sobre os quais o artista ou qualquer outra pessoa com criatividade, vai prendendo os desenhos coloridos costurando-os nas bordas. Os mesmos desenhos são repetidos várias vezes e em várias posições e cores.
Entre os Iorubá, principalmente é costume o estampado em azul índigo, trabalham diversas técnicas, mas não excluem o batik, muito empregado em África.
Outra expressão plástica entre os Iorubas é a gravura das louças, tigelas e demais recipientes.

Arquitetura Africana

Existem muitos preconceitos com relação à arte africana e à África em geral. A denominação genérica de africano engloba maior quantidade de raças e culturas do que a de europeu, já que no continente africano convivem dez mil línguas, distribuídas entre quatro famílias, que são as principais. Daí ser particularmente difícil encontrar os traços artísticos comuns, embora, a exemplo da Europa, se possa falar de um certo aspecto identificador que os diferencia dos povos de outros continentes.
A arquitetura africana teve um caráter utilitário, em vez de comunitário, e salvo raras exceções nunca foi empregada, como no resto das civilizações, como representação de poder. Os materiais usados variavam de acordo com a disponibilidade de cada região, as casas eram semelhantes, independentes da hierarquia. Usavam barro e fibras secas tecidas, a aldeia normalmente era protegida por um muro de barro.
Grande Zimbábue é uma grande fortificação cercada por um enorme muro de pedras, construído em torno de 1300 e foi, durante anos, considerado um santuário africano. Uma arquitetura bem diferente da rudimentar, palácios de plantas variadas foram encontrados em Mali e Gana. A leste do continente africano encontraram-se edifícios e palácios encavados nas rochas.
Um estilo arquitetônico próprio da África é o que se encontra em mesquitas, palácios e templos com paredes de barro sustentadas por armações de estacas.
Os materiais utilizados variavam, então, segundo a região, mas normalmente eram semelhantes: desde O Grande Zimbábue é o que restou de um povoado, todo construído por uma muralha monumental. Centro de uma importante cultura dedicada à pecuária, seus muros medem quase 10 m de altura. O motivo de seu abandono repentino é desconhecido, embora sua lenda como santuário tenha persistido até o início deste século.
 A exceção a esse tipo de arquitetura rudimentar são os povos de Gana e Mali, no sudoeste, que construíram palácios de plantas variadas e o reino de Lalibela, a leste, onde, a partir do século XIII, foram encavados edifícios e templos nas rochas das montanhas.
Além das diferente variações de choças de adobe e palha, existem na África outros estilos arquitetônicos autóctones. Os ashantis constroem grandes palácios e templos com paredes de barro sustentadas por uma armação de estacas. São numerosas as mesquitas erguidas desse modo, como a Mesquita ashanti de Larabanga, em Gana

Aluá é uma bebida feita de farinha de arroz (ou farinha de milho) ou de cascas de frutas (especialmente abacaxi, raiz de gengibre esmagada ou ralada), açúcar ou caldo de cana e sumo de limão. Também chamada de aruá.

Referências
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática 2006
ARAUJO. Cristina Kelly. Áfricas no Brasil. São Paulo: Scipione, 2003
http://www.comciencia.br/entrevistas/negros/emanoel.htm




2ª Série - O Índio Brasileiro e sua arte - Texto 1 - 4ª Unidade - 2016

Arte brasileira é o termo utilizado para designar toda e qualquer forma de expressão artística produzida no Brasil, desde a época pré-colonial até os dias de hoje. Dentro desta ampla definição, estão compreendidas as primeiras produções artísticas da pré-história brasileira e as diversas formas de manifestações culturais indígenas, bem como a arte do período colonial, de inspiração barroca, e os registros pictóricos de viajantes estrangeiros em terras brasileiras.
De forma genérica, a arte plumária indígena e a pintura corporal atingem grande complexidade em termos de cor e desenho, utilizando penas e pigmentos vegetais como matéria-prima. Por fim, destaca-se a confecção de adornos peitorais, labiais e auriculares, encontrados em diversas culturas diferentes espalhadas por todo o território brasileiro.

 UMA ARTE UTILITÁRIA
A primeira questão que se coloca em relação à arte indígena é defini-la entre as muitas atividades realizadas pelos índios.
Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao índio. Para ele, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a noção indígena de beleza.
Outro aspecto importante a ressaltar: a arte indígena é mais representativa das tradições da comunidade em que está inserida do que da personalidade do indivíduo que a faz. É por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam significativamente de uma tribo para outra.

CERÂMICA
A cerâmica é a mais antiga de todas as indústrias. Há milênios o homem se utiliza o barro endurecido pelo fogo.
As mais de 200 tribos indígenas do Brasil produzem seus próprios utensílios de cerâmica usando técnicas tradicionais de seus antepassados.
A cerâmica foi uns dos utensílios que nos ajudaram a identificar as diferentes culturas indígenas. Poderiam ser para vários usos, como para funerais, bonecas, panelas, etc. Os conhecimentos ancestrais das técnicas para a produção de objetos cerâmicos envolvem a escolha da matéria prima, a técnica para queima e a arte do acabamento.
Na cerâmica, a criatividade indígena encontra materiais com maior durabilidade.
As peças geralmente são produzidas manualmente pelas mulheres indígenas que trabalham moldando o barro. Na época das secas, as índias recolhem o barro, nas margens dos rios, armazenando-o em cestos ou folhas de palmeiras, para evitar que o barro resseque, e depois retiram as impurezas, como pedaços de gravetos e pedras, amassando a argila com um pilão, para obterem um grão bem fino e homogêneo.
Para um acabamento de boa qualidade e uma boa liga, as índias misturam alguns componentes orgânicos ou minerais do tipo palha picada ou ossos moídos. Como a argila é um material fácil de ser modelado, o acabamento final é feito alisando as peças com uma concha ou um utensílio de metal. Essas peças de cerâmica produzidas se dividem em objetos utilitários, do tipo de cuias, pratos e panelas, ou em objetos de rituais, como os cachimbos, utilizados em cerimônias religiosas.
A cerâmica utilitária substituiu à pedra trabalhada, a madeira, as vasilhas feitas de frutos (cocos) ou de cascas (porongos, cabaças, catutos).
Mas estes materiais ainda são utilizados pelos nossos índios e pelos civilizados, nos meios culturais.
A cerâmica pré-histórica pode ser dividida em três classes: a primeira, de vasos sem asa, que tinham a cor da argila ou que eram escurecidos por óxido de ferro. A segunda pertence a cerâmica feita no torno, torneada e com asas. Algumas tribos brasileiras atingiram este estágio.
A terceira pertence a cerâmica coberta com um verniz lustroso, que não é encontrada entre os nossos índios.

 O período pré-cabralino: a fase Marajoara e a cultura Santarém

A Ilha de Marajó foi habitada por vários povos desde, provavelmente, 1100 a.C. De acordo com os progressos obtidos, esses povos foram divididos em cinco fases arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na sequência da ocupação da ilha e a que apresenta as criações mais interessantes.
A fase Marajoara
A produção mais característica desses povos foi a cerâmica, cuja modelagem era tipicamente antropomorfa. Ela pode ser dividida entre vasos de uso doméstico e vasos cerimoniais e funerários. Os primeiros são mais simples e geralmente não apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais possuem uma decoração elaborada, resultante da pintura bicromática ou policromática de desenhos feitos com incisões na cerâmica e de desenhos em relevo.
As pinturas eram acromáticas, havia apenas a tonalidade do barro queimado. A coloração era obtida com o uso de engobes (barro em estado líquido) e com pigmentos de origem vegetal. Para o tom vermelho usavam o urucum, para o branco o caulim e para o preto o jenipapo, além do carvão e da fuligem.
Dentre os outros objetos da cerâmica marajoara, tais como bancos, colheres, apitos e adornos para orelhas e lábios, as estatuetas representando seres humanos despertam um interesse especial, porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja, os estudiosos discutem ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função cerimonial. Essas estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas humanas de maneira estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da realidade.
A fase Marajoara conheceu um lento, mas constante, declínio e, em torno de 1350, desapareceu, talvez expulsa ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha de Marajó.

Cultura Santarém

Não existem estudos dividindo em fases culturais os povos que ao longo do tempo habitaram a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, como foi feito em relação aos povos que ocuparam a Ilha de Marajó. Todos os vestígios culturais encontrados ali foram considerados como realização de um complexo cultural denominado "Cultura Santarém".
A cerâmica apresenta uma decoração bastante complexa, pois além da pintura e dos desenhos, as peças apresentam ornamentos em relevo com figuras de seres humanos ou animais.
Além de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração por vezes já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da Cultura Santarém apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou animais que representam.
Por volta do século XVII, os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção acabou por desaparecer.
CERÂMICA (MARAJOARA E TAPAJÔNICA):

A partir do Século I povos ocupam a Amazônia, desenvolvendo agricultura itinerante, com queimadas ou derrubadas de árvores. Destacam-se os povos Marajoaras e Tapajós, exímios horticultores de floresta tropical, que constroem aterros artificiais para erguer suas casas. Confeccionam cerâmicas usando técnicas decorativas coloridas e extremamente complexas, que resultam em peças requintadas de rara beleza.
Peças Marajoaras e Tapajônicas revelam detalhes sobre a vida e os costumes dos antigos povos da Amazônia. As civilizações Marajoaras e Tapajônicas não deixaram para a posteridade cidades e obras de arquitetura, mas legaram á Amazônia uma cerâmica capaz de reconstituir sua história. Louças e outros objetos, como enfeites e peças de decoração, de povos como os que habitavam a Ilha de Marajó e os que viveram em Santarém, são exemplos da riqueza cultural dos ancestrais dos amazônidas. Diversas hipóteses surgiram indicando possíveis origens da cerâmica da Ilha do Marajó. Uma delas, é a de que as fases arqueológicas da Ilha do Marajó foram cinco, correspondendo, cada uma, a diferentes culturas instaladas na região e a diferentes níveis de ocupação. As fases foram Ananatuba, Mangueiras, Formiga, Marajoara e Aruã. A fase Marajoara, ocorrida provavelmente entre os anos 200 e 690 d.C., simboliza a época de um povo que chegou à ilha vivendo seu apogeu. Nesta fase vive-se a tradição policrônica, com exuberância e a variedade da decoração. O povo desta fase viveu em uma área circular, com cerca de 100km de diâmetro, em torno do Rio Arari.
Ananatuba - Marcada por incisões e hachurado. Os principais objetos são tigelas e igaçabas.
Mangueiras - Seu traço principal é a borda incisa, particularmente no que diz respeito à ornamentação.
Formiga - Fase pobre. Não apresenta características de modo a ser encaixada em um determinado estilo.
Marajoara - Caracteriza-se pela exuberância e variedade de decoração, utilizando pintura vermelha e preta sobre matriz branca.
Aruã - A louçaria Aruã é a mais inferior e bem simples, sem decoração. Apenas as urnas para enterramentos secundários tinham decoração.


ARQUITETURA: A arquitetura indígena se caracterizou pela Taba ou Aldeia. A Taba é uma reunião de 4 a 10 ocas e em cada oca viviam várias famílias (ascendentes ou descendentes), geralmente de 300 a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a taba devia ser bem ventilado, denominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo de mandioca e de milho.
No centro da aldeia ficava a ocara, a praça. Ali se reuniam os conselheiros, as mulheres preparavam as bebidas rituais e davam lugar as grandes festas. Dessa praça partiam trilhas chamadas pucu que levavam à roca, ao campo e ao bosque. Destinada a durar no máximo cinco anos a oca era erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Não possuía janelas, tinha uma abertura em cada extremidade e em seu interior nenhuma parede ou divisão aparente. Seus habitantes viviam de forma harmoniosa.

ARTE PLUMÁRIA:
Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da beleza.
As penas geralmente são sobrepostas em camadas, como nas asas dos pássaros. Esse trabalho exige uma cuidadosa execução.
No Brasil, existem pelo menos 30 grupos indígenas que produzem adornos plumários. Alguns deles: Xavante, Waurá, Juruna, Kaiapó, Tukano, Urubus-Kaapor, Asurini, Karajá. A arte plumária indígena possui um caráter ritualístico, em dois níveis:
A confecção das peças (modo de fazer): é feita exclusivamente pelos homens, que obedecem a um ritual de caça, coleta, separação, tingimento, corte, amarração, etc.. da matéria-prima, afim de dar uma forma específica a ela.
Há diversos objetos feitos com plumas de aves: diademas, braceletes, brincos, pulseiras, anéis, colares, máscaras, etc. A arte plumária dos índios brasileiros já foi exibida em exposições pelo mundo todo. É difícil dizer qual nação indígena  tem a arte plumária mais bonita.
Matéria Prima
· Penas - são os maiores elementos da plumagem. Provenientes da cauda e das asas das aves.
· Plumas - cobertura das costas e do abdômen das aves. São menores, largas e arredondadas.
· Penugem - pequenas plumas do pescoço, das costas e do abdômen das aves. Possuem a sua estrutura descontínua.

Finalidade:
·         Os grupos indígenas ornamentam o corpo em contraposição aos outros seres vivos (animais e outros grupos indígenas).
·         Contrapondo-se os diferentes grupos indígenas cria-se um diferencial, tanto no aspecto interno da tribo quando no externo a estes grupos.
·         Extrapolando o conceito de enfeite, a plumária é um símbolo usado em ritos e cerimônias. Pode representar mensagens sobre sexo, idade, filiação (clã), posição social, importância cerimonial, cargo político e grau de prestígio dos seus portadores e possuidores.
·         O uso dos objetos plumários é privativo aos homens principalmente nos cerimoniais onde eles possuem um papel mais destacado que as mulheres.

Máscaras: Para os índios, as máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo  tempo que são um artefato produzido por um homem comum, são a figura viva do ser sobrenatural que representam. Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente em danças cerimoniais, como, por exemplo, na dança do Aruanã, entre os Karajá, quando representam heróis que mantêm a ordem do mundo.
É largamente difundido entre os índios o uso das máscaras. No princípio, talvez, a máscara tenha sido usada como disfarce para as caçadas.
Atualmente ela tem uma função religiosa. Numas tribos, a máscara não permite o reconhecimento de seu portador por um espírito maléfico. Em outras, a função é inversa: a máscara serve para que a divindade reconheça o índio escondido e transmita dons especiais.
Há certas cerimônias em que a máscara, no caso de iniciação (admissão dentro da vida adulta da tribo), representa um espírito obsceno, petulante, violento, que deseja se apossar do iniciado.
Na realidade quem faz a máscara não a considera ou utiliza como obra de arte. A máscara para o índio tem uma função mágica. Pode protegê-lo da perseguição de uma entidade extraterrena. Pode emprestar uma força sobrenatural ao índio. E pode, seguramente, dar ao índio uma posição privilegiada em sua tribo.
Para o preparo das máscaras os índios usam, em geral, a entrecasca de uma árvore (líber), que é retirada da árvore fina como um pano. Preparam a entrecasca, cuidadosamente, molhando e expondo ao sol. Ela fica macia e clara. Depois pintam com cuidado as máscaras. Na pintura empregam resinas vegetais e tabatinga.
Alguns índios usam apenas máscaras nos rostos. Outros usam também um disfarce que vai da cabeça aos pés. É o caso dos índios tucuna, que se cobrem totalmente, configurando seres sobrenaturais.


CESTARIA: A arte de trançar é encontrada em todos os povos primitivos. Vários tipos de cestas e peneiras eram feitos pelos ameríndios, sendo portanto conhecidos os trançados por diversas tribos brasileiras. Certamente os cesteiros atuais herdaram técnicas de nossos indígenas, além de receberem influências lusas e africanas.
A cestaria é o conjunto de objetos feitos quando se trançam fibras vegetais. Com as fibras, os índios produzem cestos para transportar coisas e armazená-las, além de trançar pulseiras, cintos, colares, fazer armadilhas de pesca e muito mais. Cada povo indígena tem um tipo de cestaria; em cada cesto tem um formato diverso, de acordo com sua função. Por exemplo, os cestos para transportar cargas têm uma alça para pendurar na testa, base retangular e borda redonda. Algumas tribos acreditam que fazer cestos é tarefa dos homens - mas que são as mulheres que devem usá-los! Esse é o caso dos Wayana e Apalaí, que vivem no Pará. Em outras sociedades, homens e mulheres trabalham fazendo os cestos. É o caso dos Guarani, que vivem em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. As fibras usadas na cestaria indígena também variam: usa-se a taquara, o arbusto "arumã" e a folha de palmeira, entre outros.

Tecelagem: Os índios dominaram a arte da tecelagem com matérias primas como folhas, palmas, cipós, talas e fibras resultando em redes, cestos, abanos e máscaras.


PINTURA CORPORAL: A pintura corporal para os índios tem sentidos diversos, não somente na vaidade, ou na busca pela estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos através desta arte. Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade indígena, como uma forma de indicar os grupos sociais nela existentes, embora exista tribos que utilizam a pintura corporal segundo suas preferencias. Os materiais utilizados normalmente são tintas como o urucu que produz o vermelho, o jenipapo da qual se adquire uma coloração azul marinho quase preto, o pó de carvão que é utilizado no corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o calcário da qual se extrai a cor branca. A expressividade cultural das comunidades indígenas, a crença e suas raízes ancestrais são vistas através das práticas artesanais e rituais. A mitologia e as lendas estão relacionadas aos encantados e aos seres sobrenaturais que habitam as matas, os rios, igarapés, igapós, e protegem os animais. São histórias narradas no seio da sociedade indígena que servem de doutrina para os membros da comunidade. Dentre estas histórias de encantamento e lendas as mais conhecidas são: Anhangá, O Boitatá, O Boto, O Caipora, O Cairara, A Cidade Encantada, O Curupira, A Galinha Grande, O Guaraná, A Iara ou Uiara, O Lobisomem, A Mandioca, A Princesa do Lago, O Saci Pererê, O Uirapuru, O Velho e o Bacurau, O Velho da Praia, A Vitória-Régia, entre outras. As manifestações folclóricas indígenas compreendem inúmeros rituais, sendo que o toré e os toantes, são festejos realizados com mais frequência entre as índios, como motivo de agradecimento, em casamentos, batizados, celebrações solenes aos visitantes da tribo e personalidades importantes, e também quando eles querem reivindicar às autoridades governamentais benefícios para sua tribo. Esses folguedos duram a noite toda, neles tomando parte os homenageados, as mulheres "cantadeiras" e os "praiás", que são dançadores que se fantasiam com máscaras, totens, colares e se pintam com tintas coloridas. O Kaurup é também uma das festas mais tradicionais de algumas tribos do Alto Xingu.

TORÉ: Geralmente, os índios associam a música instrumental ao canto e à dança. O Toré é uma manifestação sociocultural comum a vários grupos indígenas das regiões Norte e Nordeste do Brasil. É dançado ao ar livre por homens e mulheres que aos pares formam um grande círculo que gira em torno do centro. Cada par ao acompanhar os movimentos gira em torno de si próprio, pisando fortemente o solo, marcando o ritmo da dança, acompanhado por maracás, gaitas, totens e amuletos e pelo coro de vozes dos dançarinos, que declamam versos de difícil compreensão, puxados pelo guia do grupo, no idioma da tribo. É um ritual que expressa contentamento, sobre diferentes aspectos como: festas religiosas, louvação aos encantados, recepção a personalidades ilustres, confraternização, casamentos, batizados e outros. É uma forma de manter viva não apenas a cultura, a magia e a mística da tribo, mas também da conquista do seu espaço e a preservação de seus costumes e de sua identidade diante de muitas lutas durante toda a história do Brasil.

KAURUP: É uma das maiores festas tradicionais indígenas. Trata-se de uma reverência aos mortos, representados por troncos de uma árvore sagrada chamada Kam´ywá. É uma cerimônia dos índios do Alto Xingu, em Mato Grosso. O Kaurup se incia sempre no sábado pela manhã. Os índios, com muita dança e canto, colocam os troncos em frente ao local onde os corpos dos homenageados estão enterrados. Os filhos, filhas, esposas e irmãos choram o ente perdido e enfeitam o tronco que simboliza o espírito que se foi. O tronco é pintado com tinta de jenipanpo e envolvido com faixas de linhas amarelas e vermelhas. Sobre o tronco enfeitado são colocados objetos pessoais do homenageado como, o cocar de penas de gavião, o colar feito de conchas, a faixa de miçangas usada na cintura e outros objetos. Cada morto é representado por um tronco de árvore. A cerimônia do Kaurup realiza-se, tradicionalmente, nos meses de agosto e setembro, os mais secos do ano e que antecedem as grandes chuvas.

TOANTES: São as músicas sagradas dos índios, cantadas durante os cerimoniais para invocar a presença de um ou mais seres encantados. Possui uma alucinante monotonia que hipnotiza e empolga os participantes. São cantadas pelos cantadores ou cantadeiras e dançadas pelos praiás, índios dançadores profissionais, que usam máscaras, roupas e pinturas rituais. Estão presentes em todos os cerimoniais das tribos, sejam cerimoniais abertos, rituais fechados ou particulares. Existem diversos tipos de toantes: toantes das festas, que não possuem letra e os índios apenas emitem sons vocalizados; toantes particulares, que possuem letras e falam a respeito do encantado a que pertence e não pode ser assistido por estranhos; toantes de cura, um tipo de música utilizada pelos pajés benzedeiros, quando são solicitados para a cura de uma pessoa doente, executados durante os rituais para invocar a presença de um ou mais encantados, que tenham o poder de cura.


Referências
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo, 2000
______________. Descobrindo a História da Arte. Ática. 2005