"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

sábado, 27 de setembro de 2014

3ª Série - Calendário das Avaliações Parciais - 2014


3ª Série - slides sobre Arte Barroca - 3ª Unidade 2014

















3ª Série - ARTE BARROCA - 3ª Unidade - 2014

A arte barroca desenvolveu-se no século XVII, num período muito importante da história da civilização ocidental, pois nele ocorreram mudanças econômicas, religiosas e sociais na Europa. Com o humanismo, o Renascimento e, principalmente, a Reforma, a Igreja católica teve seu poder enfraquecido. O grande Império cristão começou a se fragmentar em diversas religiões, pois a força da razão libertava o homem do autoritarismo. A Igreja católica, para reconquistar seu prestígio e poder, organizou a contra-reforma, isto é, tomou iniciativas importantes que visavam reafirmar e difundir sua doutrina. Foi então que se estabeleceu a Companhia de Jesus, ordem religiosa que objetivava no trabalho dos padres jesuítas difundir a fé católica entre os povos não-cristãos e edificar grandes igrejas. É na construção e decoração dessas igrejas que nasce a arte barroca. Arquitetos, escultores e pintores foram convocados para transformar igrejas em verdadeiras exibições artísticas, cujo esplendor tinha o propósito de converter ao catolicismo todas as pessoas.
A arte barroca originou-se na Itália, mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Entretanto, ela não se desenvolveu de maneira homogênea. Ela se manifestou de forma distinta em cada país, porém manteve algumas características básicas.
Diferentemente do Renascimento, em que as figuras são apresentadas de forma estática como se estivessem posando para um retrato, no Barroco elas passam a ser apresentadas de forma teatral, isto é, parecem sempre estar em movimento. Jogos de luz dão intensidade dramática à cena, destacando os elementos mais importantes do quadro, os quais formam uma composição em diagonal. A simetria e o equilíbrio entre arte e ciência, metas que o artista renascentista buscava de forma consciente, são rompidos na arte barroca, que procura retratar temas religiosos, mitológicos e do cotidiano com a predominância da emoção e não da razão. Através de um colorido intenso e de um contraste de claro-escuro, a arte barroca consegue expressar de forma peculiar os sentimentos humanos.
Suas características gerais são:
 * emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção  e não apenas pelo raciocínio.
 * busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
 * entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
 * violentos contrastes de luz e sombra;
 * pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.

PINTURA BARROCA NA ITÁLIA


Características da pintura barroca:
§  Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
§  As cenas representadas envolvem-se em acentuado contrataste de claro-escuro, o que intensifica a expressão de sentimentos - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade.
§  É realista, mas a realidade que lhe serve de ponto de partida não é só a vida de reis e rainhas, mas também a do povo simples.
§  Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.

Pintores barrocos:

Tintoreto (1515 – 1549) Pintou temas religiosos (Reencontro do Corpo de São Marcos), mitológicos (Vênus e Vulcano) e retratos (Jacopo Soranzo), sempre com duas características bem marcantes: os corpos das figuras são mais expressivos do que os seus rostos e a luz e a cor têm grande intensidade. Essa forma de organizar a composição era quase uma regra para Tintoretto, pois, para ele, um quadro devia ser visto inicialmente como um grande conjunto e só depois percebido nos detalhes que o artista procurou trabalhar.
Caravaggio (1573 – 1610) não se interessou pela beleza clássica que tanto encantou o Renascimento. Ao contrário, procurava seus modelos entre os vendedores, os músicos ambulantes, os ciganos, entre as pessoas do povo. Para ele não havia a identificação, tão comum na época, entre beleza e classe aristocrática.
Pintou entre 1599 e 1610, telas monumentais para a capela da igreja de S. Luigi dei Francesi.

Características da sua pintura de Caravaggio:
  Retratava personagens bíblicos, principalmente Jesus e Maria, baseando-se em pessoas comuns que encontrava nas ruas de Roma.
  Usava um forte realismo na pintura de suas obras.
  Colocava o foco da imagem nos rostos dos personagens.
  Usava efeitos de sombras e luzes.
  Pintava o fundo de suas obras de cores escuras, principalmente de cor preta. Este recurso dava um aspecto obscuro em suas pinturas.
  Modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador. Ele é conhecido como o fundador do estilo iluminista, que pode ser observado em A Ceia em Emaús, Conversão de São Paulo e Deposição de Cristo.
Os temas sagrados são retratados como um acontecimento contemporâneo entre as pessoas humildes; as figuras bíblicas assemelham-se a trabalhadores comuns, com fisionomias curtidas pelo tempo.

Outras obras: Vocação de São Mateus, Sepultura de Cristo.


Andrea Pozzo  Pintou entre 1642 e 1709 o teto da Igreja de Santo Inácio, em Roma. Essa obra impressiona pelo número de figuras e pela ilusão criada pela perspectiva de que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os homens para a santidade.
Esse tipo de pintura tornou-se muito comum na época.


ESCULTURA BARROCA
Nos gestos e no rosto das figuras representadas, a escultura barroca exprime emoções: alegria, dor sofrimento. Por vezes, um grupo de esculturas compõe uma cena dramática.

Características:
>         O equilíbrio entre os aspectos intelectuais e emocionais desaparece dando lugar à exaltação dos sentimentos;
>         As formas procuram expressar o movimento e recobrem-se de efeitos decorativos;
>         Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado;
>         Dramaticidade das expressões, os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas;

Artista: Bernini (1598 – 1680) Dentre os artistas foi, sem dúvida o mais importante e completo, pois foi arquiteto, urbanista, escultor, decorador e pintor. Algumas de suas obras serviram como elementos decorativos das igrejas. A obra de Bernini que desperta maior emoção religiosa é o Êxtase de Santa Teresa, escultura feita para uma capela da igreja de Santa Maria della Vittorio, em Roma.
Outras obras: Apolo e Dafne e Davi 

ARQUITETURA BARROCA
A arquitetura do século XVII realizou-se principalmente nos palácios e nas igrejas. A Igreja Católica queria proclamar o triunfo de sua fé e, por isso, realizou obras que impressionam pelo seu esplendor.
A arquitetura barroca também se caracterizou pelas diferentes combinações de elementos que criaram efeitos de forma e luz, rompendo com a frontalidade dos estilos arquitetônicos precedentes e com os valores renascentistas de simplicidade e racionalidade. Alguns dos mais importantes arquitetos italianos foram: Giacomo della Porta, Francesco Borromini, Gian Lorenzo Bernini e Pietro da Cortona.
A Praça de São Pedro (1657 – 1666). Esse é um dos exemplos mais significativos da arquitetura e do urbanismo do século XVIII na Itália. Em forma de elipse, a praça é cercada por duas grandes colunatas cobertas. Elas se estendem em curva tanto para a esquerda como para a direita, mas ligadas em linha reta aos dois extremos da fachada da igreja. É uma obra de grande porte, pois a colunata circular tem 17 metros de largura, 23 metros de altura e é composta por 284 colunas.

O BARROCO NA ESPANHA

Do século XVII até a primeira metade do século XVIII o Barroco expandiu-se da Itália para a Europa e ganhou, em cada país, características próprias, como é o caso da Espanha e dos Países Baixos.
Um traço original do Barroco espanhol encontra-se na arquitetura, principalmente nas portadas dos edifícios civis e religiosos, decoradas em relevo. A pintura espanhola foi muito influenciada pelo Barroco italiano, principalmente no uso expressivo de luz e sombra, mas conservou características próprias: o realismo e o domínio da técnica. Entre os pintores mas representativos estão El Greco e Velázquez.

El Greco (1941 – 1614) nasceu na ilha de Creta. Seu verdadeiro nome era Domenikos Theotokopoulos, mas seu apelido acabou reunindo as três culturas que influenciaram sua vida: o nome El Greco apresenta o artigo EL do espanhol, o substantivo Greco do italiano, e significa O Grego indicando sua procedência grega.
As obras de El Greco trazem uma característica que marcam sua pintura: a verticalidade das figuras. Essa peculiaridade pode ser observada em obras como O Enterro do conde de Orgaz, A Ressureição de Cristo e São Martinho e o Pobre.
As figuras esguias e alongadas de El Greco superam a visão humanista dos artistas do Renascimento italiano e recuperam o caráter espiritualizado dos mosaicos e ícones bizantinos.
As obras de El Greco trazem uma característica que marca sua pintura: a verticalidade das figuras.
Obras: O Enterro do Conde de Orgaz, A Ressurreição de Cristo e São Martinho, O Pobre, Espólio.

Diego Velázquez (1599 – 1660): O maior pintor da escola espanhola, mestre na representação de luz e sombra. Nasceu em Servilha, e logo produziu obras que impressionam pela elaborada técnica utilizada. Embora tenha se dedicado a pintar retratos da realeza, também procurou registrar em seus quadros os tipos populares do país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história.
Obras: Infanta Margarida aos Oito Anos, Velha Fritando Ovos, Conde-Duque de Olivares

O BARROCO NOS PAÍSES BAIXOS

O Barroco desenvolveu-se em duas grandes dimensões, sobretudo na pintura. Na Bélgica, esse estilo manteve como características as linhas movimentadas e a forte expressão emocional. Já na Holanda ganhou aspectos mais próximos do espírito prático severo do povo holandês. Por isso a pintura desenvolveu uma tendência mais descritiva, cujos temas preferidos foram as cenas da vida doméstica e social, trabalhadas com minucioso realismo.

Peter Paul Rubens (1577 – 1640) nasceu em Siegen, na Alemanha, em que seu pai, um advogado holandês, se refugiou para escapar da perseguição religiosa. Foi na Antuérpia que ele conheceu um de seus mestres o pintor Otto van Veen, que o influenciou a ir para a Itália. Em 1600, dois anos após ter se tornado mestre, Rubens vai para Roma, onde conhece as obras renascentistas que serviam de base para seu grande estilo.
Em seus quadros, é geralmente no vestuário que se localizam as cores como o vermelho, o verde e o amarelo que contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas. Trouxera da Itália a predileção por telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor figuras, a luz e a cor numa vasta escala, segundo o intenso movimento.
Além de um colorista vibrante, Rubens se notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento.
Obras: O Rapto da Filha de Leucipo, Caçada de Leões e Helena, Fourment com seu Filho Francis, O Jardim do Amor.

Hals: A obra de Hals (1581 – 1666) passou por uma evolução no domínio do uso da luz e da sombra. De início predominam os contrastes violentos, depois surgem os tons suavemente graduados e, por fim, um equilíbrio seguro da iluminação.
Do conjunto de sua obra fazem parte inúmeros retratos individuais e alguns de grupo, que registram as fisionomia e os hábitos dos burgueses da Holanda do século XVII.
Obras: O Alegre Bebedor, O Retrato de Isaac  Abrahamsz, Oficiais da Guarda Civil de Santo Adriano em Haarlem.

Rembrandt van Rijn (1606 – 1669): Foi o maior artista da escola holandesa.
Características da sua obra:
>         Predominância de expressões dramáticas e pela utilização de efeitos de luz.
>         Conseguiu reproduzir em suas telas uma gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensas;
Embora os retratos e cenas religiosas e mitológicas constituam a maior parte de sua obra, ele também contribuiu de forma original a outros gêneros, incluindo a natureza-morta e o desenho.
Obras: Mulher no Banho, A Ronda Noturna, A Aula de Anatomia do Dr. Joan Deyman, Os Negociantes de Tecidos.

Vermer: Diferentemente de Rembrandt, Vermeer (1632 – 1675) trabalha os tons em plena claridade. Seus temas são sempre os da vida das pessoas comuns da Holanda seiscentista. Seus quadros documentam com delicadeza os momentos simples da vida cotidiana.
Obras: Mulher lendo uma carta

O BARROCO NO BRASIL

O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII, permaneceu ainda no início do século XIX. Nessa época, na Europa, esse estilo já havia sido abandonado.
O Barroco brasileiro varia de uma região para outra. Nas regiões que enriqueceram com a mineração e o comércio de açúcar como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, encontramos igrejas com talhas douradas e esculturas refinadas, feitas por artistas de renome. Já nas regiões onde não havia açúcar nem ouro como São Paulo, as igrejas apresentam trabalhos modestos de artistas menos experientes.

O Barroco de Pernambuco
A partir de 1759 Recife teve grande crescimento econômico. Entre suas construções barrocas mais bem cuidadas está a igreja de São Pedro dos Clérigos.

O Barroco de Salvador
A partir da segunda metade do século XVII, a arquitetura das cidades mais ricas do Nordeste brasileiro começou a se modificar, ganhando formas mais elegantes e decoração mais requintada. Surgiram então as primeiras igrejas barrocas. Mas somente no século XVIII houve total predomínio desse estilo na arquitetura brasileira.
Nessa época, Salvador tinha uma importância muito grande, pois não era apenas o centro econômico da região mais rica do Brasil, mas também a capital do país.
De Salvador saíam todas as riquezas da colônia para Portugal e para lá se dirigiam os comerciantes portugueses que traziam consigo os hábitos da metrópole e, com eles, os artistas e os produtos portugueses.
Por isso, em Salvador e em todo o Nordeste, encontramos igrejas riquíssimas, como a Igreja e Convento de São Francisco de Assis, na capital baiana, cujo interior todo revestido de talha dourada lhe conferiu o título de “a igreja mais rica do Brasil”. Assim, a beleza da talha, dos azulejos portugueses que decoram o claustro do convento e da fachada externa esculpida em pedra faz do conjunto arquitetônico formado pela igreja e convento de São Francisco e pela Ordem terceira de São Francisco a construção barroca mais conhecida de Salvador.
A igreja de São Francisco cuja construção teve início em 1708, impressiona pela rica decoração interior. O intenso dourado que recobre as colunas, os ornamentos dos altares e as paredes são complementados pelos painéis que decoram o teto da nave central. O espaço interno dividi-se em três naves: uma central e duas laterais. As naves laterais são mais baixas que a nave central e nelas se encontram os altares menores, que são também guarnecidos por um grande número de trabalhos com motivos florais e arabescos dourados, anjos e atlantes. Na fachada, o frontão de linhas curvas é o elemento barroco mais caracterizador da parte externa da igreja.
Já a fachada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, considerada por alguns pesquisadores como um projeto de Gabriel Ribeiro, mostra um trabalho caprichoso de escultura decorando a arquitetura. As figuras de santos, anjos, atlantes e motivos florais esculpidos em pedra, juntamente com os balcões que revelam certa influência do barroco espanhol, fazem desta obra a única no gênero no Brasil.

O Barroco do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro si viria a ter destaque econômico e cultural com o início da extração do ouro em Minas Gerais, no século XVIII. Com seu porto, a cidade passou a centro de intercâmbio entre a região da mineração e Portugal. Em 1763, tornou-se a nova capital do país. A partir daí, foram erguidas muitas construções.
A escultura barroca do Rio de Janeiro contou com artistas portugueses e com um brasileiro em especial: Mestre Valentim (1750 – 1813), tão respeitado quanto Antônio Francisco Lisboa, nosso artista barroco mais conhecido e admirado. Mestre Valentim foi também paisagista, mas suas obras mais bem preservadas são as que fez para as igrejas, como a da Ordem Terceira do Carmo , a de São Francisco de Paula e a de Santa Cruz dos Milagres.

As igrejas de Minas Gerais não têm ouro no interior, apesar de que foi lá que se descobriu ouro. Se o exterior da igreja é simples, seu interior o é ainda mais, decorado com as pedras da região, principalmente a pedra-sabão.
No Brasil, a talha foi usada principalmente na decoração das igrejas barrocas do século XVII. Aparece tanto nos altares como em arcos cruzeiros, tetos e janelas, recobrindo praticamente todo o interior da igreja.
Nesse trabalho escultórico são comuns os motivos florais, a figura de anjos, as linhas espirais, as formas que sugerem movimento e quebram a monotonia das linhas retas que geometrizam o espaço.
O trabalho de talha também é feito em madeira, que depois recebe várias cores. É a talha policromada. As talhas mais exuberantes são as douradas, isto é aquelas em que a madeira é revestida de fina película de ouro.


A ARTE BARROCA EM OURO PRETO

A evolução da arquitetura mineira não foi rápida. A princípio tentou-se utilizar como técnica construtiva a taipa de pilão, um processo tipicamente paulista. Mais não deu certo, por causa do terreno duro e pedregoso, pouco favorável, ao fornecimento de terras argilosas. Depois, paulistas e portugueses tentaram outros processos, até chegarem às construções com muros de pedra.
Porém, essas construções de pedra foram surgindo lentamente. Enquanto isso, o que se usava mesmo era a taipa de pilão, que não permitia aos construtores projetar espaços muito complexos. Assim, as construções constituíram-se de paredes paralelas, que criavam interiores retangulares, com muros lisos, sem as sinuosidades (ondulações) tão comuns ao estilo barroco.
Com o passar do tempo, foram sendo harmonizadas as mais diferentes técnicas de construção e a rica decoração interior. O ponto culminante dessa integração entre arquitetura, escultura, talha e pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730 – 1814).
A igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto que foi construída de taipa e para poder receber de modo mais adequado sua rica decoração, foi necessário remodelar seu espaço interior.
A cidade de Ouro Preto – antiga Vila rica – é a que tem a mais famosa igreja Barroca – a de São Francisco de Assis. Nela trabalharam os dois maiores artistas do período colonial: o arquiteto e escultor Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor Manuel da Costa Ataíde.
É a única igreja barroca do mundo planejada, construída e esculpida por um só artista: o Aleijadinho. Na igreja de São Francisco de Assis tudo foi feito por ele, menos as pinturas do forro, que são do mestre Ataíde.
Além das igrejas em que foi o arquiteto, escultor e entalhador, ele deixou um conjunto de obras magníficas na Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, em congonhas do Campo. As esculturas de madeira colocadas em seis capelas, em frente à igreja, que retratam em tamanho natural os últimos dias de Jesus.
No adro dessa igreja esculpiu doze profetas do Velho Testamento, em pedra-sabão.  

Glossário
Talha: recebem o nome de talha os ornamentos esculpidos por entalhe numa superfície de madeira, marfim ou pedra e muito usados como revestimento da arquitetura.

Taipa de pilão: essas construções foram muito comuns no Brasil colônia e ainda restam pelo país muitas edificações construídas por esse sistema.
A parede de taipa de pilão é construída de blocos de barro comprimido dentro de uma forma de madeira.
A técnica da taipa de pilão na arquitetura, o uso da pedra sabão na escultura da Aleijadinho e os azuis e vermelhos, tão a gosto do povo, na pintura da Ataíde, são exemplos suficientes para demonstrar que o Barroco marcou o início de uma arte brasileira que procura afirmar seus próprios valores.

Retábulo (do espanhol retablo) é uma construção de madeira, de mármore, ou de outro material, com lavores, que fica por trás e/ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em baixo-relevo.
Colunata: série de colunas.

Bibliografia: PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo.2000.
BAZIN. Germain. História da Arte. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1976.

BEUTTENMÜLLER, Alberto. Viagem pela arte brasileira. Aquariana Ltda. São Paulo. 2002.

3ª Série - Slides sobre Arte no Renascimento - 3ª Unidade - 2014


















segunda-feira, 8 de setembro de 2014

3ª Série - 3ª Unidade - A ARTE NO RENASCIMENTO - 2014

No fim da Idade Média, o comércio desenvolveu-se na Itália, beneficiado por sua situação geográfica, às margens do Mediterrâneo. Surge a burguesia, nova classe média que, com dinheiro, para patrocinar as artes. O interesse é pela produção da antiguidade clássica, pelas tradições grega e romana. É esse o contexto do período conhecido como Renascimento: Renovação cultural que teve início na península Itálica no decorrer do século XIV. Sob influência da cultura greco-romana, esse movimento influenciou as artes, a literatura, a ciência e a filosofia e difundiu-se por várias regiões da Europa. Tal nome sugere um súbito reviver dos ideais greco-romanos, o que não é de todo correto: mesmo no período medieval o interesse pela cultura clássica não desapareceu. Exemplo disso é Dante Alighieri (1265-1321), poeta italiano que manifestou entusiasmo pelos clássicos. Também nas escolas das catedrais e dos mosteiros, autores latinos e filósofos gregos eram muito estudados.


Podemos considerar como causas da Renascença:
- o renascimento comercial e urbano;
- o fortalecimento da burguesia;
- o passado clássico na península itálica;
- a vinda dos sábios bizantinos.

Características da Cultura Renascentista 
A cultura renascentista teve 4 características marcantes: racionalismo, experimentalismo, individualismo e antropocentrismo. Os renascentistas eram convictos que a razão era o único caminho para se chegar ao conhecimento, e que tudo podia ser explicado pela razão e ciência. Para eles tudo poderia ser provado através de experiências científicas, daí o nome de experimentalismo.          
O Individualismo nasceu da reflexão de alguns homens sobre os problemas humanos e da necessidade do homem conhecer a si próprio. Buscavam afirmar sua própria personalidade, mostrar seus talentos etc. Por fim, a cultura renascentista, com seu caráter humanista, colocava o homem com a suprema criação de Deus e como o centro do universo (antropocentrismo), numa clara atitude de valorização do ser humano. A cultura renascentista, contudo, não teve raízes populares, foi uma cultura de elite desfrutada principalmente pela burguesia mercantil. As camadas populares foram meras observadoras das realizações intelectuais e artísticas durante o momento. Mesmo entre os artista, poucos foram os que, como o holandês Pieter Bruegel o Velho e o espanhol Murillo, retrataram a vida camponesa e as condições de vida dos pobres.
Os participantes dessa renovação – os renascentistas rejeitaram a cultura medieval, presa aos padrões definidos pela Igreja Católica, e passaram a defender e explorar a diversidade de ideias e o espírito crítico.
Com a afirmação do individualismo e do racionalismo, valores supremos da modernidade, o Renascimento situa-se na transição da sociedade feudal para a sociedade burguesa, na passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
No final da Idade Média (séculos XIV e XV), graças à ascensão de alguns centros comerciais italianos (Veneza, Nápoles, Florença, entre outros), houve um grande desenvolvimento nas navegações, pois os comerciantes precisavam de novos mercados para vender seus produtos. Em busca desses mercados, Cristóvão Colombo chega à América (1492) e Pedro Alvares Cabral ao Brasil (1500). Com o fortalecimento do comércio, o Feudalismo entrou em decadência e muitos comerciantes adquiriram verdadeiras fortunas, intervindo de forma direta na política. Eles encontraram verdadeiras fortunas, intervindo de forma direta na política. Eles encontraram nas letras e nas artes uma forma de prestígio, mas sempre com o intuito de ostentar o poder. Foi assim que os mecenas, nobres comerciantes que protegiam os artistas e empregavam suas riquezas nas artes e nos estudos, promoveram um grande desenvolvimento intelectual. O que importava era voltar às fontes da cultura clássica e fazer “renascer” (daí o nome Renascimento) o esplêndido legado deixado pelos gregos e romanos a humanidade.
Entre as redescobertas da cultura greco-romana o homem renascentista organiza o ideal do humanismo, movimento intelectual que colocava o homem como centro do Universo. O propósito do humanismo era desenvolver no homem o espírito crítico e a confiança em si mesmo.
Os intelectuais passaram a questionar a autoridade da Igreja e atribuíram maior importância ao ser humano e à razão. Nem por isso o Cristianismo deixou de ser a religião dominante na Europa desse período, mas o homem já não era o mesmo fez com que os tesouros artísticos e literários da Antiguidade greco-romana fossem valorizados, e os artistas renascentistas criaram obras de arte magníficas, enfatizando a beleza física do homem e da mulher.
A técnica da pintura desenvolveu-se rapidamente, pois os artistas precisavam retratar o burguês, sua família e os objetos de luxo de sua residência com minúcias de detalhes.
A escultura renascentista foi marcada pela expressividade e pelo naturalismo. A xilogravura passou a ser muito utilizada nesta época.
Características:
ü  Inspiração em modelos greco-latinos (pertencente ou relativo à Grécia e a Roma), de onde se extrai a unidade, o equilíbrio e a harmonia.
ü  Exaltação do homem, revelada na valorização da beleza física, na representação dos nus e na busca da perfeição anatômica, como se pode observar nas obras de Michelangelo.
ü  Gosto pela ostentação (luxo).
ü  Volta à natureza como fonte de inspiração.
ü  Expressão natural e dinamismo, com figuras plena de movimento.
ü  A escultura e a pintura adquiriram autonomia

A PINTURA RENASCENTISTA

De um modo geral, os pintores da renascença procuravam reproduzir a realidade, sob a influência do ideal de beleza grego. O espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são traços marcantes dessa pintura.
Podemos distinguir três grandes escolas com características próprias: a florentina, de Florença, que se caracterizou pelo racionalismo demonstrado tanto pelo predomínio da linha sobre a cor, como pelo "sfumato"; a veneziana (de Veneza), caracterizada pelo sentimento, pela emoção, o predomínio da cor sobre o desenho ou a linha; e a romana, que tenta equilibrar linha e cor, razão e sentimento.
A pintura renascentista inovou com a descoberta da perspectiva, que permite abordar o espaço e a luz de maneira realista. Além disso, a nova técnica da pintura a óleo possibilitou novas associações e graduações da cor. Por fim, o surgimento de novos suportes, como a tela e o cavalete e a imprensa, permitiram uma circulação mais fácil das obras e do pensamento.
*         Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria.
 * Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos.
 * Realismo: o artista do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
 * Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
 * Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas, tornam-se manifestações independentes.
*  Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e, consequentemente, pelo individualismo.

O Renascimento na Itália
Berço da Renascença, a Itália tem em Florença a capital da arte renascentista.
O Renascimento italiano atravessa três períodos:
O Trecento, considerado por alguns estudiosos, como pré-renascentista, por ser o momento inicial desse movimento. As características desse momento foram a valorização do indivíduo e dos detalhes humanos e a ruptura com o imobilismo e a hierarquia da pintura medieval. Eram traços diretamente relacionados ao pensamento humanista. Anunciado nos fins do século XIII, com o escultor Nicolau de Pisa e acentuado no século XIV com Giotto que explorou a técnica do afresco. Ao invés dos personagens da arte medieval, Giotto esforçou-se para dar vida, movimento e expressão às figuras e às cenas que pintou.
Giotto di Bondone (1266 – 1337) e Simone Martini, duas personalidades diferentes a procura de novos caminhos.
Giotto procurou o real, o vivo, o dramático, retratou as figuras sagradas como se fossem pessoas comuns. Suas paisagens são desenhadas de forma natural e seus afrescos coloridos estimulam os sentidos, não a contemplação.
Simone Martini procurou a graça, a elegância e a suavidade.
Cita-se como tópicos dessas características os quadros “Lamentação sobre Cristo Morto” de Giotto e “Anunciação” de Simone Martini. No primeiro tudo nos fala de desespero e revolta, é um grito contra a morte inevitável. Há uma atmosfera de tensão e suspense, que nos chama à participação. Já na “Anunciação” a graciosidade dos movimentos, seja do aristocrático Anjo ou da afetada Virgem, a elegância linear e decorativa, que chega ao exagero do tratamento das asas e da auréola, são elementos que nos convida ao recolhimento espiritual
Outros artistas: Cimabue, Juctio, Cavalinni, Pisanello, Andrea de Firenze, os Lorenzetti.

O Quatrocento, idade de ouro do Renascimento, no século XV, quando as artes contam com a proteção dos mecenas, como Lourenço de Médicis, o Magnífico, Júlio II e Leão X, revelando-se, então, os maiores gênios artísticos.
No Quatrocento, os artistas procuraram aperfeiçoar suas técnicas aproximando-se da ciência. Os pintores passaram a fazer uso da geometria e criaram perspectiva, recurso que lhe permitia reproduzir na tela cenas tridimensionais. A pintura desabrocha num momento verdadeiramente revolucionário, rompendo os laços que a prendiam à tradição gótica. A arte de simbólica passa a ser representativa, já que a presença de Deus não é mais a única imagem digna de ser figurada.
No Renascimento, em imagens religiosas ou profanas, a beleza da mulher é outra vez enaltecida, os artistas retomam a lição dos Gregos. Desvinculando-se dos laços que a atavam com a religião, a arte respira um ar de liberdade e a natureza é o foco das atenções. Procura-se a harmonia, as proporções das formas. A pintura consegue, como nunca, dar às figuras uma ilusão de vida, de volume, e às paisagens um sentido de profundidade inteiramente novo. O artista modela os rostos e os corpos femininos buscando, outra vez, uma beleza ideal, a perfeição absoluta.
Artistas:
Fra Angelico (1400 – 1455) seguiu as tendências de Masaccio, mas por respeitar seriamente os seus votos, suas obras possuem como tema principal a religião. Uma das suas obras mais belas é Anunciação, que está no mosteiro de São Marcos, em Florença.

Masaccio (1401 – 1428). Foi o primeiro pintor do século XV a conceber a pintura como imitação fiel do real, como a reprodução das coisas tal como elas são.
O seu realismo é tão cuidadoso que ele parece ter a intenção de convencer o observador a respeito da realidade da cena retratada.
Morreu aos 27 anos e deixou obras que retratam as formas humanas com impressionante beleza. Uma das obras mais importantes é o afresco “A Santíssima Trindade” da igreja de Santa Maria Novella, em Florença.
Obras: Adão e Eva Expulsos do Paraíso, São Pedro Distribuí aos Pobres os Bens da Comunidade, São Pedro cura os Enfermos.

Piero della Francesca (1410 – 1492). Para ele a pintura resulta da combinação de figuras e do uso de áreas de luz e sombra. Seu universo é representado de uma forma geométrica e estática.  As cenas que suas obras mostram servem como suporte para a apresentação de uma composição geométrica.
Obras: Batismo de Jesus, Nossa Senhora com o Menino e Santos, Ressurreição de Jesus.

Sandro Filipe Botticelli (1444 – 1510) foi considerado o artista que melhor expressou, através do desenho, um ritmo suave a gracioso para as figuras pintadas. Os temas de seus quadros – quer tirado da Antiguidade grega, quer tirado da tradição cristã foram escolhidos segundo a possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu real de beleza. Para ele a beleza estava associada ao ideal cristão da graça divina. Por isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que perderam o Dom de Deus.
Uma das características comuns em suas obras é a leveza dos corpos, esguios e desprovidos de força: eles parecem flutuar, expressando suavidade e graça.

Paollo Uccello ( 1393 – 1475) procura compreender o mundo segundo os conhecimentos científicos do seu tempo e, em suas obras, tenta recriar a realidade segundo princípios matemáticos. Por outro lado, sua imaginação corteja as fantasias medievais, o mundo lendário de um período que estava se constituindo num passado superado.
Outro aspecto importante de sua pintura é a representação do momento em que um movimento está sendo contido.
Obras: São Jorge e o Dragão, Batalha de São Romão.

O Cinquecento, século XVI, período da maturidade do Renascimento. O Renascimento torna-se um movimento universal europeu, porém inicia sua decadência.
Ocorrem então manifestações maneiristas, e a Contra reforma instaura o Barroco:
Artistas:
Leonardo da Vinci (1452 – 1519) foi o talento mais versátil do Renascimento. Desenhista, pintor, escultor, engenheiro e arquiteto, realizou vários trabalhos e pesquisas aprofundando-se nos mais diversos setores do conhecimento humano, entre eles anatomia, botânica, mecânica, hidráulica, óptica, arquitetura e astronomia. Nas artes, seus estudos de perspectiva são considerados insuperáveis. O sfumato, técnica de uso de tons claros e escuros, foi utilizado em suas obras de forma magistral.
Pouco tempo dedicou à pintura e poucas obras deixou, mas nessas poucas obras elevaram-se a uma criação de maneira extraordinária, que por se bastariam para justificar todo o período histórico em que se produziram. Entre seus quadros estão o mais famoso do mundo “A Gioconda” (Mona Lisa) e o mais reproduzido: “A Santa Ceia”. Pintou também: ”A Virgem dos Rochedos”, “A Adoração dos Magos” (inacabado), “São Jerônimo”, “Santana, a Virgem e o Menino”, “São João Batista”, “A Anunciação”, etc.

Michelangelo Buonarroti ( 1475 – 1564)  Arquiteto, pintor, poeta e escultor, um dos maiores representantes do Renascimento. Suas pinturas possuem caráter escultórico. Sua carreira, aliás, começou como escultor.
Como arquiteto, trabalhou na cúpula da igreja de São Pedro, em Roma e mais tarde em 1542 realizou o “Juízo Final”, na mesma capela.  Como pintor sua maior obra é a pintura do teto da capela Sistina. Embora tenha concordado em realizar esta obra não se considerava em primeiro lugar escultor. As poses das figuras na capela Sistina baseiam-se em famosas esculturas gregas e romanas, que Michelangelo estudava minuciosamente.

Rafael Sanzio (1483 – 1520) foi considerado o pintor que melhor desenvolveu na Renascença, os ideais clássicos de beleza: harmonia e regularidade de formas e de cores. Para elaborar poses e expressões, Rafael planejava detalhadamente suas obras e fazia centenas de desenhos preliminares a partir de modelos vivos. Depois, transferi-os para os afrescos, conseguindo, assim formas equilibradas numa única obra. Tornou-se muito conhecido como pintor das figuras de Maria e Jesus e seu trabalho realizou-se de modo tão precisamente  elaborado que se transformou em modelo para o ensino acadêmico de pintura.
Suas obras comunicam ao observador um sentimento de ordem e segurança, pois os elementos que compõem seus quadros são dispostos em espaço amplos, claros e de acordo com uma simetria equilibrada. Expressou sempre de forma clara e simples os temas pelos quais se interessou.
Obras: “A Libertação de São Pedro”, “A Transfiguração e a Escola de Atenas” (afresco pintado no Palácio do Vaticano).

Ticiano (1490 – 1576). Foi o maior pintor da escola veneziana. Produziu obras religiosas, mitológicas e retratos utilizando cores vivas e movimentos que mais tarde serviram de base para outros artistas. Suas obras têm um grande apego à vida e à beleza feminina. A paisagem, com frequência, é mais importante que as figuras.
De início, ele escandaliza por sua predileção em pintar cenas bíblicas com nus ou em paisagens reconhecidamente venezianas. Passa então a fixar cenas da mitologia grega, livrando-se, assim, dos críticos puristas.


A ESCULTURA RENASCENTISTA


Seguindo as linhas do pensamento humanista e o resgate dos valores greco-romanos, a escultura renascentista deu ênfase à importância do homem e suas atividades. Os escultores ficaram conhecidos por seus relevos e pelas ornamentações de púlpitos (a parte elevada da igreja em que o padre prega aos fiéis). 
A escultura renascentista desempenha um papel decisivo no estudo das proporções antigas e a inclusão da perspectiva geométrica. As figuras, até então relegadas ao plano de meros elementos decorativos da arquitetura, vão adquirindo pouco a pouco total independência. Já desvinculadas da parede, são colocadas em um nicho, para finalmente mostrarem-se livres, apoiadas numa base que permite sua observação de todos os ângulos possíveis.
O estudo das posturas corporais traz como resultado esculturas que se sustentam sobre as próprias pernas, num equilíbrio perfeito, graças à posição do compasso (ambas abertas) ou do contraposto (uma perna na frente e a outra, ligeiramente para trás). As vestes reduzem-se à expressão mínima, e suas pregas são utilizadas apenas para acentuar o dinamismo, revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de proporções perfeitas.
Outro gênero dentro da escultura que também acaba sendo beneficiado pela aplicação dos conhecimentos da perspectiva é o baixo-relevo (escultura sobre o plano). Desse modo, ao mesmo tempo em que se torna totalmente independente da arquitetura, a escultura adquire importância e tamanho. Reflexo disso são as primeiras estátuas equestres que dominam as praças italianas e os grandiosos monumentos funerários que coroam as igrejas. Pela primeira vez na história, sem necessidade de recorrer a desculpas que justificassem sua encomenda e execução, a arte adquire proporções sagradas.
Na escultura italiana do Renascimento, dois artistas se destacaram por terem produzido obras que testemunham a crença na dignidade do homem.

Escultores:
Michelangelo – Foi o maior escultor do renascimento. A escultura "Davi" foi feita por encomenda. Começou a executá-la num bloco de mármore abandonado junto à catedral. Esculpida com grande técnica, destaca qualidades "superiores" do homem, como o heroísmo, força, visão dramática e grandiosa do mundo. Se comparada ao Dorífilo e Policleto, feito no século 5 a.C., fica evidente a influência estética clássica.
Outras obras: Pietà, Davi, O Crepúsculo e a Aurora, A Noite e o Dia.
Andrea del Verrocchio (1435 – 1488) trabalhou em ourivesaria. Esse fato acabou influenciando a sua escultura. Observando algumas de suas obras, encontramos detalhes decorados que lembram as minúcias do trabalho de um ourives. É assim com os arreios do cavalo do Monumento Equestre a Colleoni, em Veneza, ou nos detalhes da túnica de seu Davi, em Florença. Mas, Verrocchio foi escultor seguro na criação de volumes e considerado, na escultura, um precursor do jogo de luz e sombra, tão próprio da pintura de seu discípulo Leonardo da Vinci.
Outra figura importante da escultura italiana foi Donatello. Realista, suas figuras são carregadas de verdade humana, com fortes influências da escultura romana.

 ARQUITETURA RENASCENTISTA

No período românico construíam-se templos fechados. A arquitetura gótica buscou a verticalidade. Já o arquiteto do Renascimento buscou espaços em que as partes do edifício parecessem proporcionais entre si. Procurou, ainda, uma ordem que superasse a busca do infinito das catedrais góticas.
A arquitetura renascentista também sofreu grandes transformações. A forma típica provém de duas fontes principais: A reutilização após um intervalo de quase um milênio, das formas características da arte clássica, ou seja, a arte grega e a arte romana; e ao mesmo tempo, a aplicação da perspectiva, aquele conjunto de regras de desenho e matemáticas que permitem reproduzir sobre uma folha de papel, com exatidão, o aspecto real dos objetos.
O primeiro elemento respeitava a arquitetura, onde ele construiu segundo as ordens gregas e romanas (principalmente a Coríntia e a Compósita) palácios, igrejas, vilas, fortalezas e praças.
 Os arquitetos do Renascimento preocupavam-se em criar ambientes que mostrassem o equilíbrio das linhas. A principal característica foi a busca de uma ordem e de uma disciplina que superasse o ideal de infinitude do espaço das catedrais góticas. Na arquitetura a ocupação do edifício baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa compreender a lei que organiza, de qualquer ponto em que se coloque.
Na arquitetura italiana do Renascimento destacam-se Michelangelo e Andréa Del Verrocchio (1435-1488) trabalhou em ourivesaria, o que influenciou sua escultura: algumas de suas obras possuem detalhes que lembram o trabalho de um ourives – artesão que trabalha com peças de ouro. Entre elas destacam-se Davi, escultura do personagem bíblica que venceu o gigante Golias, poderoso soldado de um exercito inimigo do povo de Israel e Davi de Michelangelo, escultura que é o símbolo da arte do Renascimento.
As duas formas arquitetônicas - gótica e renascentista - conviveram durante mais de duzentos anos, após o que seriam de certa eclipsadas pelo barroco. Se no princípio rivalizavam entre si, logo mais passaram a completar-se. Os adornos, os elementos decorativos, a forma das colunas góticas desapareceram, em favor da decoração renascentista. contudo, muitas das grandes obras renascentistas não poderiam ter surgido sem o conhecimento da técnica do gótico.
O arco ogival ou em ponta é típico do estilo gótico e permitia sustentar abóbadas elevadas. O arco renascentista, ao contrário do arco gótico, tinha a forma curvilínea, de pura inspiração romana clássica.

A coluna gótica, constituída de feixes de pilares, devia servir de sustentáculo à estrutura da abóbada. A coluna renascentista, simples, com capitéis coríntios, foi empregada na construção de pórticos e arcadas.
Nas abóbadas góticas, arcos ogivais encontram-se no alto e se apoiam em colunas: é a abóbada de nervuras. A abóbada renascentista tem a forma de um semicírculo formando um teto liso ou ainda em quadros.
A janela gótica, alta e estreita, tem vitrais coloridos e frontões bastante pontiagudos. A janela renascentista, quadrada e mais ampla que a gótica, tem o vidro transparente e incolor, dando maior claridade.
No Renascimento, o que preponderou nas construções religiosas e leigas da Itália foi o estilo renascentista, mas a técnica da construção gótica foi de grande valia para os feitos dos grandes arquitetos italianos.

Arquitetos mais importantes:
>         Donato Bramante
>         Michelangelo Buoarroti
>         Filippo Brunelleschi autor da cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore

Bibliografia: PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo.2000.
PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. Ática. São Paulo.2005.
Revista: História Viva. Edição Temática Nº 5 

Atividade
1 - Leia o texto:
“Renascimento é o nome dado a um movimento cultural italiano e às suas repercussões em outros países. Caracteriza-se pela busca da harmonia e do equilíbrio nas artes e na arquitetura, acrescentando aos temas cristãos medievais outros temas inspirados na mitologia e na vida cotidiana”
a)    Qual foi a fonte (de onde veio) de inspiração para os intelectuais e artistas do renascimento?
b) Cite uma característica que diferencie a era medieval do renascimento cultural.
2. a) Qual foi a classe social que financiou as obras renascentistas?
3. Quais foram as causas do Renascimento?
4. Na Itália o Renascimento italiano atravessou três períodos. Elabore um quadro destacando os períodos, características de cada um e artistas que se destacaram.
5. Quem foi o maior escultor do Renascimento?
6. Que mudanças ocorreram na arquitetura renascentista?