"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

sábado, 11 de outubro de 2014

2ª Série- 3ª Unidade - 2014 - ARTE BIZANTINA

A denominação bizantina deriva de Bizancio, antiga e grandiosa cidade grega situada no estreito de Bósforo (passagem que liga a Ásia à Europa), e que se tornou sede do Império romano do Oriente com o nome de Constantinopla fundada pelo imperador Constantino, que graças à localização geográfica privilegiada, viria a ser palco de uma verdadeira síntese das culturas Greco-romana e ocidental.
O mais importante dos imperadores bizantinos foi Justiniano (527-565 d.C.). Seu governo foi marcado por lutas sociais mais também pela arte e pela cultura, que floresceram na época. Apesar das contínuas crises políticas, manteve-se a unidade do Império até 1453, quando os turcos tomaram sua capital Constantinopla, dando início a um novo período histórico a Idade Moderna.
Os imperadores eram representados com uma auréola na cabeça o que determinava o seu poder teocrático, ou seja, eram representantes de Deus na Terra.

Uma arte que expressa riqueza e poder
O momento de esplendor da capital do Império Bizantino coincidiu historicamente com a oficialização do cristianismo. A partir daí, a arte cristã primitiva, que era popular e simples, foi substituída por uma arte cristã de caráter majestoso, que exprime poder e riqueza.
A arte bizantina tinha como objetivo expressar a autoridade absoluta e sagrada do imperador, considerado o representante de Deus, com poderes temporais e espirituais. Para que a arte atingisse esse objetivo, uma série de convenções foi estabelecida – tal como ocorrera na arte egípcia.
Uma dessas convenções foi a lei da frontalidade, uma vez que a postura rígida da personagem representada leva o observador a uma atitude de respeito e veneração. Ao mesmo tempo, ao produzir frontalmente as figuras, o artista mostra respeito pelo observador, que vê nos soberanos e nas figuras sagradas seus senhores e protetores.
Além da frontalidade, outras regras minuciosas foram impostas aos artistas pelos sacerdotes, como a determinação do lugar de cada personagem sagrada na composição e a indicação de como deveriam ser os gestos, as mãos, os pés, as dobras das roupas e os símbolos. Enfim, tudo o que poderia ser representado era rigorosa e previamente determinado.
Passou-se também a retratar as personalidades oficiais e as personagens sagradas como se compartilhassem as mesmas características assim, a representação de personagens oficiais sugeria tratar-se de personagens sagradas.
As personagens sagradas, por sua vez, eram representadas com características das personalidades do Império. Jesus Cristo, por exemplo, aparecia como rei e Maria como rainha. Da mesma forma, situações típicas da corte eram traspostas para as representações dos santos.

Mosaico

O mosaico era uma arte bastante expressiva entre os bizantinos; formou-se do encontro da cultura oriental com a ocidental. O mosaico é a arte de produzir desenhos utilizando-se de pequenos fragmentos de pedra ou vidro colorido, tendo como orientação um desenho antes elaborado.
O mosaico consiste na colocação, lado a lado, de pequenos pedaços de pedras de cores diferentes sobre uma superfície de gesso ou argamassa. Essas pedrinhas coloridas são dispostas de acordo com um desenho previamente determinado. A seguir, a superfície recebe uma solução de cal e areia e óleo que preenche os espaços vazios, aderindo melhor os pedacinhos de pedra. Como resultado obtém-se uma obra semelhante a pintura. A técnica de fazer mosaico remonta aos gregos e romanos, e foi copiada pelos bizantinos. Gostavam de usar o fundo dourado e sobre ele as figuras em posição frontal, ricas em detalhes, vestes preciosas, místicas e irreais, mas, às vezes, extremamente realistas nas particularidades.
As paredes e as abóbadas das igrejas, recobertas de mosaicos de cores intensas e de materiais que refletem a luz em reflexos dourados, conferem uma suntuosidade ao interior dos templos que nenhuma época conseguiu reproduzir e serve também de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas, e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino não se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem também os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o fundo dourado evidenciava a condição de privilégio e eternidade.
O tema predominante é sempre religioso, envolvendo Cristo, a virgem e os santos, mudando apenas a iconografia circundante.


Arquitetura

O edifício típico da arquitetura bizantina era a igreja, mas os bizantinos construíram também teatros, termas, hipódromos e palácios.
O grande destaque da arquitetura foi a construção de Igrejas, facilmente compreendido dado o caráter teocrático do Império Bizantino. A necessidade de construir Igrejas espaçosas e monumentais determinou a utilização de cúpulas sustentadas por colunas, onde haviam os capitéis, trabalhados e decorados com revestimento de ouro, destacando-se a influência grega.
A Igreja de Santa Sofia, conhecida Sagrada Sabedoria, hoje museu, é o mais grandioso exemplo dessa arquitetura, onde trabalharam mais de dez mil homens durante quase seis anos.
A igreja tem a forma de um vasto retângulo de 77 metros de comprimento por cerca de 72 metros de largura, e o centro da nave central é coberto por imensa cúpula de 55 metros, apoiada em quatro arcos plenos. 
As paredes são revestidas por placas de mármore multicoloridas, as colunas são de mármore verde e os capiteis, as arcadas e as cornijas são esculpidas em mármore, parecendo renda. As abóbadas são recobertas de mosaicos de fundo de ouro e repousam sobre colunas também de ouro, enquanto o trono onde se sentou o patriarca é de prata e ouro. Há uma enorme quantidade de lâmpadas e candelabros que permitem iluminar a igreja tão bem de noite, quanto de dia. Por fora o templo era muito simples, porém internamente apresentava grande suntuosidade, utilizando-se de mosaicos com formas geométricas, de cenas do Evangelho.
Na cidade italiana de Ravena, conquistada pelos bizantinos, desenvolveu-se um estilo sincrético, fundindo elementos latinos e orientais, onde se destacam as Igrejas de Santo Apolinário e São Vital, destacando-se nesta última onde existe uma cúpula central sustentadas por colunas, planta ortogonal, e os mosaicos como o do imperador Justiniano e o da imperatriz Teodora, com seus respectivos séquitos levando oferendas ao templo. São obras que expressam de modo significativo o compromisso da arte bizantina com o império e a religião.

Os ícones bizantinos

Além de trabalhar nos mosaicos, os artistas bizantinos criaram os ícones, uma nova forma de expressão artística na pintura. A palavra ícone, de origem grega, significa “imagem”. Como trabalho artístico, os ícones são quadros que representam figuras sagradas, como Jesus Cristo, a Virgem, os apóstolos, santos e mártires. Em geral, são bastante luxuosos.
Para pintar os ícones, os artistas utilizavam a técnica da têmpera ou da encáustica, lançando mão de recursos que realçavam os efeitos de luxo e riqueza. Em geral, revestiam a superfície da madeira ou da placa de metal com uma camada dourada sobre a qual pintavam a imagem. Para fazer as dobras das vestimentas, as rendas e os bordados, retiravam com um estilete a película de tinta da pintura. Essas áreas, assim, adquiriam a cor de ouro.
Às vezes, os artistas colavam joias e pedras preciosas na pintura, chegando até a confeccionar coroas de ouro para as figuras de Jesus Cristo ou de Maria. Essas joias, aliadas ao dourado nos detalhes das roupas, davam aos ícones um aspecto de grande suntuosidade.
Depois da morte do imperador Justiniano, em 565, aumentaram as dificuldades políticas para que o Oriente e o Ocidente se mantivessem unidos. O Império Bizantino sofreu períodos de declínio cultural e político, mas conseguiu sobreviver até o fim da Idade Média, quando, em 1453, Constantinopla foi invadida pelos turcos.

Têmpera é o nome dado a um dos modos como os artistas bizantinos preparavam a tinta usada em seus ícones. Consiste em misturar os pigmentos a uma goma orgânica – em geral gema de ovo – para facilitar a fixação das cores à superfície do objeto pintado. O resultado é uma superfície brilhante e luminosa.

Encáustica: esta técnica foi usada na antiguidade. O processo consiste em diluir os pigmentos em cera aquecida e derretida no momento da aplicação. Ao contrário da têmpera, cujo efeito é brilhante, a pintura em encáustica é semifosca.

ESCULTURA: Este gosto pela decoração, aliado à aversão do cristianismo pela representação escultórica de imagens (por lembrar o paganismo romano), faz diminuir o gosto pela forma e consequentemente o destaque da escultura durante este período. Os poucos exemplos que se encontram são baixos-relevos inseridos na decoração dos monumentos.
A escultura bizantina não se separou do modelo naturalista da Grécia, e ainda que a Igreja não estivesse muito de acordo com a representação estatuária, não obstante, essa foi a disciplina artística em que melhor se desenvolveu o culto à imagem do imperador. Também tiveram grande importância os relevos, nos quais os soberanos imortalizaram a história de suas vitórias. Das poucas peças conservadas se deduz que, apesar de seu aspecto clássico, a representação ideal superou a real, dando-se preferência à postura frontal, mais solene.
Não menos importante foi a escultura em marfim. Destaca-se na escultura o trabalho com o marfim, principalmente os dípticos, obra em baixo relevo, formada por dois pequenos painéis que se fecham, ou trípticos, obras semelhantes às anteriores, porém com uma parte central e duas partes laterais que se fecham.
Esse modelo mais tarde se adaptou ao culto religioso em forma de pequeno altar portátil. Quanto à ourivesaria, proliferaram os trabalhos em ouro e prata, com incrustações de pedras preciosas. Porém, poucos exemplares chegaram até nossos dias.


Referências
PROENÇA, Graça. História da Arte.Ática. São Paulo 2009.

CANTELE, Angela. CANTELE, Bruna. Arte e Habilidade. IBEP. São Paulo 2012

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