A denominação bizantina deriva de Bizancio,
antiga e grandiosa cidade grega situada no estreito de Bósforo (passagem que
liga a Ásia à Europa), e que se tornou sede do Império romano do Oriente com o
nome de Constantinopla fundada pelo imperador Constantino, que graças à
localização geográfica privilegiada, viria a ser palco de uma verdadeira
síntese das culturas Greco-romana e ocidental.
O mais importante dos imperadores bizantinos
foi Justiniano (527-565 d.C.). Seu governo foi marcado por lutas sociais mais
também pela arte e pela cultura, que floresceram na época. Apesar das contínuas
crises políticas, manteve-se a unidade do Império até 1453, quando os turcos
tomaram sua capital Constantinopla, dando início a um novo período histórico a
Idade Moderna.
Os imperadores eram representados com uma
auréola na cabeça o que determinava o seu poder teocrático, ou seja, eram
representantes de Deus na Terra.
Uma
arte que expressa riqueza e poder
O
momento de esplendor da capital do Império Bizantino coincidiu historicamente
com a oficialização do cristianismo. A partir daí, a arte cristã primitiva, que
era popular e simples, foi substituída por uma arte cristã de caráter
majestoso, que exprime poder e riqueza.
A arte
bizantina tinha como objetivo expressar a autoridade absoluta e sagrada do
imperador, considerado o representante de Deus, com poderes temporais e espirituais.
Para que a arte atingisse esse objetivo, uma série de convenções foi
estabelecida – tal como ocorrera na arte egípcia.
Uma
dessas convenções foi a lei da frontalidade, uma vez que a postura rígida da
personagem representada leva o observador a uma atitude de respeito e
veneração. Ao mesmo tempo, ao produzir frontalmente as figuras, o artista
mostra respeito pelo observador, que vê nos soberanos e nas figuras sagradas
seus senhores e protetores.
Além da
frontalidade, outras regras minuciosas foram impostas aos artistas pelos
sacerdotes, como a determinação do lugar de cada personagem sagrada na
composição e a indicação de como deveriam ser os gestos, as mãos, os pés, as
dobras das roupas e os símbolos. Enfim, tudo o que poderia ser representado era
rigorosa e previamente determinado.
Passou-se
também a retratar as personalidades oficiais e as personagens sagradas como se
compartilhassem as mesmas características assim, a representação de personagens
oficiais sugeria tratar-se de personagens sagradas.
As
personagens sagradas, por sua vez, eram representadas com características das
personalidades do Império. Jesus Cristo, por exemplo, aparecia como rei e Maria
como rainha. Da mesma forma, situações típicas da corte eram traspostas para as
representações dos santos.
Mosaico
O mosaico era uma arte bastante expressiva
entre os bizantinos; formou-se do encontro da cultura oriental com a ocidental.
O mosaico é a arte de produzir desenhos utilizando-se de pequenos fragmentos de
pedra ou vidro colorido, tendo como orientação um desenho antes elaborado.
O mosaico consiste na colocação, lado a
lado, de pequenos pedaços de pedras de cores diferentes sobre uma superfície de
gesso ou argamassa. Essas pedrinhas coloridas são dispostas de acordo com um
desenho previamente determinado. A seguir, a superfície recebe uma solução de
cal e areia e óleo que preenche os espaços vazios, aderindo melhor os
pedacinhos de pedra. Como resultado obtém-se uma obra semelhante a pintura. A
técnica de fazer mosaico remonta aos gregos e romanos, e foi copiada pelos
bizantinos. Gostavam de usar o fundo dourado e sobre ele as figuras em posição
frontal, ricas em detalhes, vestes preciosas, místicas e irreais, mas, às
vezes, extremamente realistas nas particularidades.
As paredes e as abóbadas das igrejas, recobertas
de mosaicos de cores intensas e de materiais que refletem a luz em reflexos
dourados, conferem uma suntuosidade ao interior dos templos que nenhuma época
conseguiu reproduzir e serve também de fonte de instrução e guia espiritual aos
fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas, e dos vários
imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino não se assemelha aos mosaicos
romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que
regem também os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de
frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o
volume são ignorados e o fundo dourado evidenciava a condição de privilégio e
eternidade.
O tema predominante é sempre religioso,
envolvendo Cristo, a virgem e os santos, mudando apenas a iconografia
circundante.
Arquitetura
O
edifício típico da arquitetura bizantina era a igreja, mas os bizantinos construíram
também teatros, termas, hipódromos e palácios.
O grande
destaque da arquitetura foi a construção de Igrejas, facilmente compreendido
dado o caráter teocrático do Império Bizantino. A necessidade de construir
Igrejas espaçosas e monumentais determinou a utilização de cúpulas sustentadas
por colunas, onde haviam os capitéis, trabalhados e decorados com revestimento
de ouro, destacando-se a influência grega.
A Igreja
de Santa Sofia, conhecida Sagrada Sabedoria, hoje museu, é o mais grandioso
exemplo dessa arquitetura, onde trabalharam mais de dez mil homens durante
quase seis anos.
A igreja
tem a forma de um vasto retângulo de 77 metros de comprimento por cerca de 72
metros de largura, e o centro da nave central é coberto por imensa cúpula de 55
metros, apoiada em quatro arcos plenos.
As
paredes são revestidas por placas de mármore multicoloridas, as colunas são de
mármore verde e os capiteis, as arcadas e as cornijas são esculpidas em
mármore, parecendo renda. As abóbadas são recobertas de mosaicos de fundo de
ouro e repousam sobre colunas também de ouro, enquanto o trono onde se sentou o
patriarca é de prata e ouro. Há uma enorme quantidade de lâmpadas e candelabros
que permitem iluminar a igreja tão bem de noite, quanto de dia. Por fora o
templo era muito simples, porém internamente apresentava grande suntuosidade,
utilizando-se de mosaicos com formas geométricas, de cenas do Evangelho.
Na
cidade italiana de Ravena, conquistada pelos bizantinos, desenvolveu-se um
estilo sincrético, fundindo elementos latinos e orientais, onde se destacam as
Igrejas de Santo Apolinário e São Vital, destacando-se nesta última onde existe
uma cúpula central sustentadas por colunas, planta ortogonal, e os mosaicos
como o do imperador Justiniano e o da imperatriz Teodora, com seus respectivos
séquitos levando oferendas ao templo. São obras que expressam de modo
significativo o compromisso da arte bizantina com o império e a religião.
Os ícones bizantinos
Além de
trabalhar nos mosaicos, os artistas bizantinos criaram os ícones, uma nova
forma de expressão artística na pintura. A palavra ícone, de origem grega,
significa “imagem”. Como trabalho artístico, os ícones são quadros que
representam figuras sagradas, como Jesus Cristo, a Virgem, os apóstolos, santos
e mártires. Em geral, são bastante luxuosos.
Para
pintar os ícones, os artistas utilizavam a técnica da têmpera ou da encáustica,
lançando mão de recursos que realçavam os efeitos de luxo e riqueza. Em geral,
revestiam a superfície da madeira ou da placa de metal com uma camada dourada
sobre a qual pintavam a imagem. Para fazer as dobras das vestimentas, as rendas
e os bordados, retiravam com um estilete a película de tinta da pintura. Essas
áreas, assim, adquiriam a cor de ouro.
Às
vezes, os artistas colavam joias e pedras preciosas na pintura, chegando até a
confeccionar coroas de ouro para as figuras de Jesus Cristo ou de Maria. Essas joias,
aliadas ao dourado nos detalhes das roupas, davam aos ícones um aspecto de
grande suntuosidade.
Depois
da morte do imperador Justiniano, em 565, aumentaram as dificuldades políticas
para que o Oriente e o Ocidente se mantivessem unidos. O Império Bizantino
sofreu períodos de declínio cultural e político, mas conseguiu sobreviver até o
fim da Idade Média, quando, em 1453, Constantinopla foi invadida pelos turcos.
Têmpera é o nome dado a um dos modos como os
artistas bizantinos preparavam a tinta usada em seus ícones. Consiste em
misturar os pigmentos a uma goma orgânica – em geral gema de ovo – para
facilitar a fixação das cores à superfície do objeto pintado. O resultado é uma
superfície brilhante e luminosa.
Encáustica: esta técnica foi
usada na antiguidade. O processo consiste em diluir os pigmentos em cera
aquecida e derretida no momento da aplicação. Ao contrário da têmpera, cujo
efeito é brilhante, a pintura em encáustica é semifosca.
ESCULTURA: Este gosto pela decoração, aliado à aversão do
cristianismo pela representação escultórica de
imagens (por lembrar o paganismo romano), faz diminuir o gosto pela forma e
consequentemente o destaque da escultura durante este período. Os poucos
exemplos que se encontram são baixos-relevos inseridos na decoração dos monumentos.
A escultura bizantina não se separou do
modelo naturalista da Grécia, e ainda que a Igreja não estivesse muito de
acordo com a representação estatuária, não obstante, essa foi a disciplina
artística em que melhor se desenvolveu o culto à imagem do imperador. Também
tiveram grande importância os relevos, nos quais os soberanos imortalizaram a
história de suas vitórias. Das poucas peças conservadas se deduz que, apesar de
seu aspecto clássico, a representação ideal superou a real, dando-se preferência
à postura frontal, mais solene.
Não menos importante foi a escultura em marfim. Destaca-se na escultura o trabalho com o marfim, principalmente os dípticos, obra em baixo relevo, formada por dois pequenos painéis que se fecham, ou trípticos, obras semelhantes às anteriores, porém com uma parte central e duas partes laterais que se fecham.
Não menos importante foi a escultura em marfim. Destaca-se na escultura o trabalho com o marfim, principalmente os dípticos, obra em baixo relevo, formada por dois pequenos painéis que se fecham, ou trípticos, obras semelhantes às anteriores, porém com uma parte central e duas partes laterais que se fecham.
Esse modelo mais tarde se adaptou ao culto
religioso em forma de pequeno altar portátil. Quanto à ourivesaria,
proliferaram os trabalhos em ouro e prata, com incrustações de pedras
preciosas. Porém, poucos exemplares chegaram até nossos dias.
Referências
PROENÇA, Graça. História da Arte.Ática. São Paulo
2009.
CANTELE, Angela. CANTELE, Bruna. Arte e
Habilidade. IBEP. São Paulo 2012
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