"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

sexta-feira, 8 de julho de 2016

3ª Série - Um novo olhar sobre Salvador - 2ª Unidade - 2016

Salvador: história e arquitetura

 

Salvador é, sem dúvida, uma das cidades mais belas do Brasil. Por isso, e por outra série de características singulares, tornou-se também um dos principais destinos turísticos tanto nacionais quanto internacionais. Famosa pela sua história, pelo legado deixado por povos de outros continentes, pela miscigenação cultural, pelo sincretismo religioso e pelo povo hospitaleiro.
A cidade é um importante destino turístico do país. Quanto ao turismo internacional, fica atrás apenas do Rio de Janeiro em procura. O interesse pela cidade se dá pela beleza do seu conjunto arquitetônico e da cultura local (música, culinária e religião).
Salvador, fundada em 29 de março de 1549, foi a primeira capital do Brasil, posição que manteve durante 214 anos (1549-1763).
A Cidade de Salvador fica debruçada sobre o mar transparente e calmo da Baia de Todos os Santos. Suas águas, mornas e receptivas ficam quase que totalmente protegidas por várias e belas ilhas, como a de Itaparica, Ilha de Maré e Ilha dos Frades.
Cidade antiga e primeira capital do Brasil, Salvador consegue contrastar harmonicamente os casarios coloniais do Pelourinho, (Patrimônio da Humanidade) com largas avenidas e edifícios de arquitetura arrojada como a Casa do Comércio.
Sua localização estratégica na costa brasileira propiciava as ligações Portugal - Brasil - África - Ásia e a equidistância entre as regiões Norte e Sul do Brasil, aliada às condições requeridas para o abrigo seguro e a correta manobra das embarcações.
Tudo isso determinou a sua escolha como local ideal para a construção da capital do BRASIL.
O conjunto arquitetônico colonial de Salvador é de importância irrefutável, possuindo inclusive o Título de "Patrimônio Histórico e Artístico da Humanidade" conferido pela O.N.U.
Sua exuberante geografia é dividida em dois andares, cidades alta e baixa. Seu rico patrimônio histórico e cultural foi herdado pela miscigenação das raças (indígena, africana e européia) e está presente na religiosidade, nas manifestações culturais e nos costumes de um povo alegre e hospitaleiro. Esses atributos singulares despertam a curiosidade no imaginário das pessoas, tornando Salvador num excelente produto turístico nacional e internacional.
A Cidade Baixa surgiu com sucessivas ampliações da área de praia original que, a partir de meados do século XVI, chegava ao pé da “montanha” para servir como o Porto da antiga Salvador. Nela foram construídas fortificações, amarras de naus, cais para saveiros e depósitos de mercadorias que iam e vinham de todas as partes do mundo. A primeira área é chamada de Conceição da Praia – cuja base foi erguida em 1549 a mando do capitão Tomé de Souza, o primeiro Governador-Geral do Brasil. Aí estão também o Forte de São Marcelo, edificado em meados do século XVII e reformado no inicio do século XIX para defesa do porto, o quebra-mar.

Construção da cidade

Salvador começou a ser construída no Pelourinho e as razões que levaram a escolha deste local são bastante claras. É a parte mais alta da cidade, em frente ao porto, perto do comércio e naturalmente fortificada pela grande depressão existente que forma uma muralha, de quase noventa metros de altura, por quinze quilômetros de extensão, o que facilitaria a defesa de qualquer ameaça vinda do mar.
Em poucos anos, Tomé de Souza construiu uma série de casarões e sobrados, na parte superior dessa muralha, todas inspiradas, evidentemente, na arquitetura barroca portuguesa e erguidos com mão de obra escrava negra e indígena. Para dar maior proteção à cidade, o Governador Geral limitou o acesso a apenas quatro portões, estes totalmente destruídos durante as tentativas sem sucesso, de dominação da cidade no séc. XVII.
Salvador desenvolve-se em dois níveis distintos: a Cidade Baixa, na estreita planície litorânea, é núcleo das atividades portuárias e comerciais, sobretudo do setor atacadista. 
a cidade Baixa encontramos o Mercado Modelo, com lojas de artesanato, restaurantes e bares,  construído em 1861 e tombado  pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, abrigou no passado a Terceira Alfândega da capital, é uma  obra em estilo neoclássico, com um corpo quadrado e telhado de duas águas, trazendo anexado, ao fundo, um pavimento de planta semicircular, culminando em uma cobertura em formato cônico, compondo uma rotunda, sem comparativo em toda a arquitetura nacional. Encontramos também a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, concluída em meados do séc. XVIII era primitivamente de nave única e corredores laterais, com tribunas superpostas e coro. Entre 1908 e 1912 é modificada com a demolição, no térreo, das paredes que separam a nave dos corredores, substituídas por pilares. Sua fachada possui composição simples e é realçada por uma torre de terminação piramidal, revestida de azulejos brancos e azuis. No seu interior, destacam-se o altar-mor e altares colaterais - barrocos - e os azulejos da capela-mor, doados como ex-votos e datados de 1743/46.
Na Ladeira do Contorno encontramos o Solar do Unhão, conjunto arquitetônico colonial em cujas instalações funcionou um engenho de açúcar, fábrica de rapé e trapiche e que foi quartel dos fuzileiros navais americanos durante a II Guerra Mundial. Hoje uma das principais atrações turísticas da capital baiana. Constitui-se em expressivo conjunto arquitetônico, integrado pelo Solar, pela Capela de Nossa Senhora da Conceição, um cais privativo, aqueduto, chafariz, senzala e um alambique com tanques. O conjunto atualmente sedia o Museu de Arte Moderna (MAM), totalmente restaurado. O solar também abriga o Parque das Esculturas que reúne 23 esculturas de 20 principais nomes da escultura moderna e contemporânea como: Bel Borba, Carybé, Chico Liberato, Emanuel Araujo, Fernando Coelho, Juarez Paraíso, Mário Cravo Júnior, Mestre Didi, Sante Ecaldaferrii, Siron Franco, Tati Moreno e Vauluizo Bezerra.
A Cidade Alta com os bairros residenciais que contornam o centro histórico, caracterizado pelo comércio varejista. Essa área da cidade foi a que mais se modernizou e onde se localizam os prédios da administração pública, embora se conservem casarões, sobrados, igrejas e palácios característicos da cidade antiga. Os dois níveis estão ligados pelo Elevador Lacerda, um marco da cidade, em funcionamento desde 1873, resalta a originalidade topográfica de uma cidade separada em dois níveis. Foi construído pelo engenheiro Augusto Frederico de Lacerda, utilizando peças de aço importadas da Inglaterra. Este grandioso monumento arquitetônico surpreende pelo seu porte, possui 72 metros da base até a torre dos elevadores e duas torres: uma que sai da rocha e perfura a Ladeira da Montanha, equilibrando as cabines, e outra, mais visível, que se articula à primeira torre, descendo até ao nível da Cidade Baixa.
A primeira capital do Brasil guarda em seu território muito da arquitetura da época colonial, abrigando relíquias seculares. Seus museus e palácios de excelência arquitetônica contam como era a vida da suntuosa e imponente Salvador nos tempos de Colônia e Império.
O traço da cidade declara a preocupação dos colonizadores do século XVI em criar uma cidade com boa estrutura de defesa, de maneira que sua porção litorânea fosse guardada pelos fortes sempre vigilantes a possíveis invasões.
O conjunto arquitetônico do Pelourinho está no mais alto sítio da cidade. Seus mais de mil sobrados, solares, palacetes, igrejas e conventos são voltados para o sul, o que remonta o modelo Ibérico de construções, com grandes salões voltados para o poente e quintais em forma de jardins ao fundo. Nestas construções as pedras de lios compõem as alvenarias e o acabamento, feito em azulejos portugueses. Durante a época da escravidão, era o lugar onde os escravos eram castigados.
Encontramos também a O Museu Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica (Pelourinho) dispõe de dois ambientes ocupados por materiais referentes à arte da cerâmica e do azulejo. No andar térreo, a exposição “Azulejaria na Bahia” reúne materiais referentes á arte da cerâmica e do azulejo, além de proporcionar uma visão cronológica da existência do azulejo disposta do século XV ao XX, incluindo sua chegada ao Brasil, no século XVII.
Na Bahia, o colecionador Udo Knoff reuniu azulejos de todos os períodos do Brasil (séculos XVII, XVIII, XIX e XX), além de reproduzir e produzir esta arte durante o século XX. A coleção do Museu Udo Knoff é composta por azulejos portugueses, ingleses, franceses, holandeses, mexicanos e belgas, telhas vitrificadas, pratos, jarros, reproduções de azulejos antigos e obras do artista. Com o olhar atento, o ceramista conseguiu reunir uma grande variedade de padrões de azulejos, estudou a origem, a composição e o tipo de argila com o objetivo de deixar registrada a maior fortuna que Portugal deixou para o mundo, assim como outros países que também desenvolveram esta arte e que aqui chegaram no século XIX, com a abertura dos portos.
A Igreja do Rosário dos Homens Pretos é outro exemplo de arquitetura, localizada no Pelourinho, iniciada nos primeiros anos do século XVIII pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Pelourinho, escravos que só podiam trabalhar na obra em seus momentos de folga, precisou de quase um século para ser concluída. Finalizada em 1796, é um dos marcos do Centro Histórico, com torres de influência indiana, fachada com estilo rococó, reúne trabalhos delicados e belíssimas torres e possui um painel no teto de José Joaquim da Rocha. Destacam-se em seu interior, os painéis de azulejos, os altares neoclássicos e três imagens o século XVII: a de Nossa Senhora do Rosário, São Antônio de Cartegorona e São Benedito. Nos fundos, localiza-se um antigo cemitério de escravos.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos a Catedral Basílica, dois grandes exemplos da arquitetura da época da Colônia.
No Pelourinho também encontramos o Museu da Gastronomia Baiana (MGBA) é o primeiro da América Latina totalmente dedicado à gastronomia, é um espetáculo só por sua arquitetura. Ao entrar, cumpre-se um circuito que começa nas Muralhas de Santa Catarina, o mais antigo e importante marco arqueológico de Salvador, que estão destacadas com projeto luminotécnico e painel apresentando as referências iconográficas e textuais. Seguido pela exposição permanente, veem-se grandes painéis assinados por fotógrafos renomados que abordam temas culturais diversos, como as comidas sagradas do candomblé. As fotografias ampliadas compõem os cenários humanos, reunindo maneiras de comer, as festas de largo, as baianas de acarajé e outros temas que mostram a diversidade de comer na rua, na casa, na festa e em cerimônias religiosas.
O museu traz as histórias das comidas típicas baianas, como acarajés, vatapás e moquecas, além de referências étnicas, sociais e culturais que fazem parte da gastronomia da Bahia.
O acervo do museu é composto por filmes, fotos, maquetes e utensílios de vários tipos de materiais que ajudam a sintetizar a formação da culinária brasileira.
No centro histórico de Salvador também se destaca o Solar do Ferrão – Se chamou Solar do Maciel, o segundo mais antigo Solar do século XVII. José Sotero Maciel de Sá Barreto comprou o terreno, construiu para morar e depois transfere o solar para os jesuítas, que fazem de lá o seu seminário. Com a saída dos jesuítas, o solar é rematado por Joaquim Inácio Ferrão de Aragão e ganha o nome de Solar do Ferrão.
O Governo do Estado adquire o edifício em 1978. Após um amplo trabalho de restauração, ele passa a sediar a Galeria Solar do Ferrão no andar térreo e o Museu Abelardo Rodrigues no andar nobre em 1981,  que guarda a mais valiosa coleção de arte sacra particular do Brasil. São imagens em madeira, barro cozido, marfim, pedra e metal, além de oratórios, imagens de Roca, e santeiros populares, pinturas, altares, crucifixos e fragmentos de talha expostos numa área de 536 metros quadrados. A coleção contém mais de 800 peças reunidas pelo pernambucano que dá nome ao museu. As obras datam do período entre os séculos XVIII e XIX. No ano de 2008, são transferidas para o Solar as coleções de Arte Popular e de Arte Africana. Doada ao estado em junho de 2011, a Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi passa a integrar o acervo do espaço no início de 2012. O encontro entre estas expressões artísticas possibilita um diálogo único entre as matrizes que colaboraram para a formação do povo brasileiro: a indígena, a portuguesa e a africana.
O Ferrão também é sede da Galeria Solar Ferrão, espaço dedicado à arte contemporânea. A realização de exposições temporárias dinamiza o local propondo uma ponte entre o passado e o presente e possibilitando aproximações que atualizam e resignificam a produção artística.
As três coleções de arte, em diálogo com as produções artísticas contemporâneas da Galeria, proporcionam um vigor e dinamismo que consolidam o Centro Cultural Solar Ferrão como um dos principais centros de arte e cultura do Pelourinho.

Chegando ao corredor da Vitória vamos encontrar o Museu Carlos Costa Pinto inaugurado em 5 de novembro de 1969, o Museu tem origem na coleção particular do comerciante e exportador de açúcar Carlos Costa Pinto (1885 - 1946), reunida ao longo de 30 anos. Instalado no casarão em estilo colonial americano projeto dos arquitetos Euvaldo Reis e Diógenes Rebouças. Destinada, inicialmente, à residência da família, a casa nunca foi habitada e uma série de adaptações para comportar a sua nova função foi feita ao longo de sua existência.
Doado pela viúva Margarida de Carvalho Costa Pinto, o museu possui um acervo de 3.175 obras de artes decorativas dos séculos XVII ao XX divididos em 12 coleções: Cristal, Desenho, Diversos, Escultura, Gravura, Imaginária, Mobiliário, Ordens Honoríficas, Ourivesaria, Pintura, Porcelana e Prataria. Um dos destaques do Museu é a coleção de pratarias (religiosa, civil e regional), uma das maiores do Brasil, exposta de acordo com a função dos objetos. Da ourivesaria sacra podem ser vistos objetos litúrgicos variados: cálices; cruzes e lanternas processionais; vasos para água e vinho; castiçais, conchas de batismo etc. Da ourivesaria civil (ou profana), melhor representada, fazem parte objetos de uso cotidiano e aqueles utilizados em ocasiões especiais, como nascimentos, casamentos, saraus e batizados. A maioria das peças pertence à segunda metade do século XVIII - considerado o auge da ourivesaria -, algumas pertencem ao século XVII e poucas ao século XIX.
As joias constituem outro ponto alto da coleção do Museu. Por meio delas é possível conhecer não apenas os adereços que adornam as imagens sacras, mas também as joias usadas pelas mulheres das elites e aquelas que compõem o traje das crioulas baianas. A coleção do Museu possui 27 pencas de balangandãs de prata, datadas dos séculos XVIII e XIX.

Outro museu que se destaca no corredor da Vitória é o Museu de Arte da Bahia fundado em 1918. O novo e imponente prédio, conhecido como “Palácio da Vitória”, foi enriquecido com vários elementos arquitetônicos, oriundos de demolição de outros solares, a exemplo da magnífica portada seiscentista com moldura em arenito, formando desenho de tranças e frontão com volutas, datado de 1674. A sua porta monumental, em vinhático e jacarandá, é toda ela entalhada com vários painéis retangulares com expressivos mascarões em baixo relevo. O acervo do Museu de Arte da Bahia é formado de várias coleções particulares constituídas à partir da 2ª metade do séc. XIX e progressivamente adquiridas pelo Estado,  possui ainda no seu acervo, uma série de cerca de 200 desenhos de Carybé, datados de 1950, gravuras de renomados artistas brasileiros, e estrangeiros, além de fotografais antigas e importantes documentos históricos.
Na Graça encontra-se o Palacete das Artes/Museu Rodin Bahia constitui-se de um prédio antigo e um anexo moderno. O projeto de arquitetura do Rodin Bahia, de autoria dos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, promove um diálogo entre o secular e o contemporâneo, buscando uma relação de equilíbrio entre eles na configuração dos três grandes ambientes: o palacete, o edifício anexo e o parque das esculturas. A parte antiga, o casarão propriamente dito, é uma construção de 1912, realizada para moradia de um rico empresário local, Bernardo Martins Catharino, com seus múltiplos espaços distribuídos pelos três pavimentos.  O projeto é do arquiteto Baptista Rossi, de origem italiana. Foi construído no estilo eclético, com elementos decorativos em art nouveau. Para sua construção foram importados materiais, operários e artistas europeus. Em 2006 foi feito, pelo governo da Bahia, o restauro do imóvel antigo e construído um anexo, com projeto do renomado arquiteto Marcelo Ferraz, ao seu fundo, para sediar exposições diversas. O prédio histórico foi destinado a abrigar esculturas do artista francês, Auguste Rodin, com peças em gesso, e nos jardins externos, em bronze, autenticadas, feitas em Paris.
Na Praça Rodrigues Lima encontra-se a Igreja de Nossa Senhora da Vitória é a segunda Igreja mais antiga do país, foi construída no século 16, em época incerta. Existem historiadores que acreditam que ela já existia antes da fundação de Salvador, em 1549, podendo inclusive ter sido a primeira da Cidade.
O templo atual foi edificado provavelmente logo após a reconquista da Cidade, em 1625, invadida pelos holandeses.
Em 1808, ela foi reformada pela Companhia do Santíssimo Sacramento, com recursos doados por vários benfeitores e pelo Príncipe Regente Dom João, que chegara de Lisboa. Sua fachada, voltada para a Baía de Todos os Santos, foi mudada para o sentido oposto e atual, de frente para o Largo da Vitória.
Nova reforma ocorreu em 1910, com alteração da fachada.
A Igreja abriga notáveis obras de arte de Joaquim Pereira de Matos Roseira (1789-1885) e possui ricas imagens barrocas em seu altar e bela decoração.
Do século XVII vieram os registros beneditinos com igrejas de grande porte e riqueza. Adornos em madeira, folheados a ouro e pinturas ao teto finalizam estas construções com um toque do Barroco. Os espaços que melhor caracterizam esse período são A Catedral Basílica e a Igreja e Convento do São Francisco.
A Catedral Basílica está instalada no mais grandioso templo construído pelos jesuítas no Brasil. A pedra fundamental foi colocada em 1656 e a igreja foi oficialmente inaugurada em 1672. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, o templo ficou desocupado e em 1765, o rei de Portugal, ofereceu o templo jesuíta ao Arcebispo da Bahia para celebrarem os ofícios divinos até que a Sé Primacial do Brasil, situada na Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador, que apresentava problemas estruturais, fosse restaurada.
Seu acervo de arte sacra é um dos mais valioso do Brasil. Os dois primeiros altares foram construídos em estilo renascentista maneirista, de 1650. O altar-mor é de 1670. No total, são 13 altares.
O projeto arquitetônico é do irmão Francisco Dias, que chegou em Salvador em 1577. A fachada é toda em pedras de lioz, importadas de Portugal e abrigam peças do mobiliário do século XVI.
Nos nichos sobre as portas estão as imagens de três santos jesuítas: Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e S. Francisco de Borja.
Um dos pátios do antigo colégio foi destruído pelo fogo em 1801. Em 1808, foi instalado o Real Hospital na ala que restara. Novo incêndio, em 1905, consome o edifício que é reerguido em estilo eclético para abrigar a Faculdade de Medicina da Bahia, a primeira do país fundada em 1808 e aí instalada desde 1833.
A Igreja e Convento do São Francisco uma das mais ricas e espetaculares igrejas do Brasil, possui o interior todo recoberta em ouro, uma das mais singulares e ricas expressões do Barroco brasileiro. O edifício foi construído em pedra calcária nas partes aparentes, e arenito nas partes rebocadas. Todas as superfícies do interior - paredes, colunas, teto, capelas - são revestidas de intrincados entalhes e douraduras, com florões, frisos, arcos, volutas e inúmeras figuras de anjos e pássaros espalhados em vários pontos.
A Barra é um dos bairros mais tradicionais de Salvador, capital da Bahia, localizado na parte sul da cidade; pertence a Região Administrativa VI, de mesmo nome . Possui uma localização geográfica única no mundo, onde é possível ver tanto o nascer quanto o pôr do sol  no mar, pois ocupa o vértice da península em que está a cidade,  preserva em sua paisagem um acervo histórico e arquitetônico valioso para o Brasil, sendo o Farol da barra seu ícone mais famoso, ao lado dos Fortes de Santa Maria e São Diogo.
Protegido pelo morro de Santo Antônio, do lado direito da praia do porto da Barra, junto à Santa Casa de Misericórdia, o Forte de São Diogo visava impedir, com o apoio do Forte de Santa Maria, o desembarque de qualquer inimigo naquele acesso ao Sul de Salvador, na Cidade Baixa.
A sua construção remonta ao Governo Geral de D. Diogo de Meneses Siqueira (1609-1613). No contexto das Invasões holandesas do Brasil foi reconstruído a partir de 1626, durante o Governo Geral de Diogo Luís de Oliveira (1626-1635), resistindo, ainda em obras, ao ataque de abril-maio de 1638 do Conde Maurício de Nassau (1604-1679).
Foi inaugurado em setembro de 1722, quando passou a contar com uma bateria de sete peças de artilharia.
Passou por novas reformas, nas canhoneiras e parapeitos, em 1875, 1883 e 1886. Em 1885, mantinha quatro peças de artilharia nas muralhas abandonadas.
Atualmente, o Forte de São Diogo encontra-se restaurado e aberto ao público, convertido em Centro Cultural, com programação regular de eventos. A sua guarnição apresenta-se trajada com o uniforme histórico do 1º Regimento de Infantaria da Bahia, dentro do projeto de revitalização das Fortalezas Históricas de Salvador, da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com o Exército Brasileiro.
O Forte de Santo Antônio da Barra teve sua construção iniciada em 1534, foi concluída a edificação da durante o governo de D. Francisco de Souza (1591-1602), numa colina situada na Ponta do Padrão, construída em pedra e cal. No mesmo local, em 1534, tinham sido levantadas fortificações rudimentares, melhoradas durante o governo de Manuel Teles Barreto (1583-1587).
A Fortaleza tinha a forma de um hexágono irregular e estava construída em alvenaria, com 4 ângulos reentrantes e 6 salientes, tendo como finalidade a defesa da barra. O seu armamento era constituído por 8 peças de bronze. Foi ocupada em 1624 pelos Holandeses. Contudo, foi reconstruído e melhorado durante o governo de D. João de Lencastre (1694-1702).
Posteriormente, em 1875, a Fortaleza foi reparada. Em 1839, recebeu o chamado Farol da Barra, em substituição de outro mais antigo, de bronze, que aí existia. Instalado sobre uma torre de alvenaria a 37 metros acima do nível do mar, o Farol do Forte de Santo Antônio da Barra foi o primeiro farol de todo o continente americano. Atualmente abriga o Museu Hidrográfico de Salvador.
Na transição entre os séculos XVII e XVIII, o Forte de Santo Antônio da Barra recebeu a forma irregular de estrela, com quatro faces reentrantes e seis salientes. Era a nova linha de arquitetura militar portuguesa. Outras modificações no ano de 1937, quando foi concluído o serviço de eletrificação do Farol, sendo retirada a instalação incandescente a querosene. Hoje o alcance luminoso é de 70 Km para a luz branca, e 63 Km para a luz encarnada. Mais recentemente, uma reforma do Forte permitiu a criação do Museu Náutico da Bahia e também de um café.
O forte abriga o Museu Náutico da Bahia que é único do gênero em todo o estado, abriga rico acervo da história marítima do Brasil, especialmente do período colonial. Nele está parte significativa dos achados arqueológicos da expedição submarina ao sítio do Galeão Santíssimo Sacramento, naufragado na costa da cidade de Salvador, em 1668. Reunindo valioso acervo como faianças, munições, canhões, instrumentos náuticos, selos, moringas e inúmeros objetos do uso cotidiano no século XVII compõem um diversificado painel dos hábitos e costumes da época. Possui também uma coleção de instrumentos de navegação e sinalização náutica, maquetes, miniaturas de embarcações de variada origem e uma mostra permanente relativa à geografia, história, antropologia e cultura da Baía de Todos os Santos, além da vida marítima, militar e administrativa da cidade de Salvador, primeira capital do país e sua mais importante cidade durante mais de três séculos.
A Igreja de Santo Antônio da Barra está situada no alto de uma colina, de onde se domina a barra e extensa área da Baía de Todos os Santos. A igreja é de nave única com um pseudo corredor do lado esquerdo superposto por tribunas. A fachada apresenta alto frontão triangular e duas torres terminadas em pirâmide, revestidas de azulejos. Nas paredes laterais da nave, pendem seis quadros a óleo alusivos à vida de Santo Antônio. A pintura do teto (1884), de autor desconhecido, refere-se à glorificação do santo. Na sala dos milagres encontram-se ex-votos populares. Dentre a imaginária, destaca-se Santo Antônio em tamanho natural com faixa de oficial do exército. Esta igreja, embora modificada, representa um interessante testemunho da evolução das igrejas baianas em direção à planta de corredores laterais superpostos por tribunas. Sua planta e fachada se assemelham muito à primitiva igreja de São Bento do Rio, de nave única, embora o corredor lateral ainda não esteja perfeitamente definido como em São Bento. A igreja conserva alguns elementos arcaicos, como o acesso ao 1º andar, pelo exterior, e a capela-mor recoberta por abóbada de berço. Sua fachada terminada por frontão clássico flanqueado por torres recobertas por pirâmides azulejadas. 
No século passado, rompendo com o modelo de arquitetura antiga - marcante em toda a história da cidade, surge um novo traçado arquitetônico com largas avenidas e vales que incorporam prédios pós-modernos de formas não regulares, nos quais o vidro e o concreto são predominantes e contrastam com cores fortes. São exemplos da recente Salvador o prédio da Casa do Comércio, o Centro de Convenções, o Teatro Castro Alves (TCA) é o maior e mais importante centro artístico de Salvador, o Teatro Vila Velha possui o projeto arquitetônico de Sílvio Robato, que transformou um galpão em teatro, adequando-o ao espaço cedido pelo governo do Estado no Passeio Público, era a concretização do sonho daqueles jovens: o primeiro teatro independente da Bahia e os grandes shoppings centers.
O Rio Vermelho tem sua história iniciada no século XVI, com o naufrágio de Caramuru ao seu território. Aqui viviam os Tupinambás e Caramurus foi o elo de comunicação entre os nativos e os europeus. Quando o primeiro chegou a Salvador, as terras a uma légua para o norte e duas léguas para o sertão do  Rio Camarajibe foram doadas a Antônio de Ataíde. E assim nasceu o Rio Vermelho. Inicialmente a região tinha poucos habitantes, com uma paisagem de currais, armação de pesca e jesuítas.
Com a invasão holandesa de 1624, muito moradores vieram para o Rio Vermelho, pela distância do local invadido. Aproveitando o clima tenso e a desorganização dos brancos, alguns escravos fugiram para as matas frondosas, formando em 1629 um quilombo no Rio Vermelho. Este quilombo foi esmagado três anos depois pelos capitães-do-mato Francisco dias de Ávila e João Barbosa Almeida.
No Largo de Santana vamos encontrar a Igreja de Nossa Senhora Santana a primitiva Igreja dedicada a Senhora de Sant’Ana é  o mais antigo monumento arquitetônico do Rio Vermelho, tendo sido construída na primeira metade do século XIX. O templo é um dos principais patrimônios históricos do Rio Vermelho. Sua capacidade era para 72 pessoas. A atual Paróquia de Sant'Ana do Rio Vermelho foi  construída 1913, no espaço onde existia um forte chamado Reduto do Rio Vermelho ou ermida Forte de São Gonçalo do Rio Vermelho e tem capacidade para 500 pessoas sentadas. .
Com o crescimento do bairro, foi necessário construir um novo templo, o que aconteceu nos anos '60. O local escolhido abrigou no passado o Forte de São Gonçalo do Rio Vermelho.
É um dos raros casos, em Salvador, que um novo templo foi construído, para a mesma devoção, sem a destruição do antigo. As imagens e o culto religioso foram transferidos para o novo templo. Hoje, a igrejinha abriga o Centro Social Monsenhor Amílcar Marques.
A padroeira Senhora de Sant’Ana era a esposa de São Joaquim e avó de Jesus. Desde o final do século 19, existe a festa da padroeira no Rio Vermelho. Hoje, comemora-se no mês de julho, e inclui procissão.
No número 33 da Rua Alagoinhas, bairro do Rio Vermelho morou Jorge Amado e Zélia Gattai por muitos e após a morte de Jorge Amado a casa ficou fechada e só foi reaberta como museu depois de por onze anos sendo chamada A Casa do Rio Vermelho.  Projetado pelo celebrado arquiteto e cenógrafo Gringo Cardia (com auxílio na curadoria do vice-reitor da Ufba Paulo Miguez), o museu de fato faz jus a um dos maiores nomes da cultura baiana, com o acervo dividido entre lembranças e objetos pessoais do casal de escritores e o seu vasto acervo de arte, amealhado ao longo de décadas viajando ao redor do mundo.
Sem percurso pré-definido, o museu leva o visitante a se embrenhar pelos cômodos da casa dos Amado sem barreiras, com acesso ao quarto do casal, a cozinha, o belíssimo jardim, a sala onde Jorge escrevia etc.
Gringo Cardia fez um bom trabalho ao incluir filmes, projeções e narrações em quase todos os cômodos, ajudando a iluminar a vida e o trabalho do casal em suas diversas facetas: o Jorge Amado menino, o comunista, o homem de casa, escritores, anfitriões de personalidades.
Construção do século XIX, o casarão do Teatro Sesi já foi residência de um jurista e até uma fábrica de café. Depois que se tornou propriedade do Sesi, passou a abrigar diversos serviços oferecidos pelo órgão para os trabalhadores da indústria.
“Eram serviços de odontologia, por exemplo. Mas não deu certo essa função aqui no casarão”, revela Rosa Villas-Boas, a mais antiga funcionária do teatro. Ela, na época integrante da equipe de cultura do Sesi, propôs a criação de um espaço cultural no local e teve a aprovação do órgão. “O Rio Vermelho é um bairro com essa veia artística e cultural, e não tinha nenhuma casa de espetáculos. Vi que essa casa podia suprir essa ausência”, lembra..  gente veio já consagrada e muita gente começou aqui como o Wagner Moura e o Vladimir Brichta, que vimos no início da carreira”, recorda.



Referências
COSTA, Cristina. Questões de Arte: O belo, a percepção estética e o fazer artístico. 1ª ed. São Paulo. Moderna. 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário