Você pode pensar que não conhece
arte, que não convive com objetos artísticos, mas estamos todos muito próximos
da arte. Nossa vida está cercada dela por todos os lados.
Ao acordar pela manhã, se você olhar um relógio
para saber a hora, você poderá ter o primeiro contato do dia com a arte. O
relógio, qualquer que seja o seu desenho, passou por um processo de produção
que exigia planejamento visual. Especialistas estudaram e aplicaram noções de
arte. A forma do seu relógio é resultado de uma longa história da imaginação
humana e das suas preferências. A cor, a forma, o volume, o material escolhido,
tudo isso está testemunhando o tempo e a transformação do gosto e da técnica.
Ao observá-lo, você percebe se é um objeto antigo ou moderno, você reconhece
que quem o desenhou preferia formar curvas ou retas, cores discretas ou fortes,
metais, plásticos ou pedras brilhantes.
Quem escolhe um relógio para comprar, decide com base
em suas preferências pessoais. Alguns preferem os mais elaborados, outros
preferem os mais simples. É o gosto pessoal que predomina, e este
pode variar infinitamente. E, como diz a sabedoria popular: “gosto não se
discute”. Mas, quem sabe possamos discutir o gosto?
Em outros objetos do seu quarto e de seu cotidiano
você pode observar a presença da arte: na estampa do seu lençol, no desenho da
sua cama, no formato da sua escova de dentes, no desenho da torneira e da pia
do banheiro, na xícara que você toma leite, nos talheres, no modelo dos carros
na rua e no formato do telefone. Em todos os objetos há um pouco de arte aplicada. Este esforço para
produzir objetos bonitos, agradáveis ao olhar, atraentes e harmoniosos, está
presente em todas as culturas, em todas as civilizações e em nosso dia-a-dia.
Andando pelas ruas de sua cidade, você passa por
uma praça e vê uma escultura, em um edifício vê um mural de mosaico, em uma
igreja vê um painel de azulejos ou um vitral colorido. Se você é um observador
sensível, e tem tempo, com certeza gosta de ficar olhando para tudo isso.
Essas formas, diferentemente dos objetos
utilitários que você usa no dia-a-dia, têm a função de encantar, de provocar a
reflexão e a admiração, de proporcionar momentos de prazer e emoção. Essas
sensações são despertadas por um conjunto de elementos: a imaginação do
artista, a composição, a cor, a textura, a forma, a harmonia e a qualidade da
idéia. Nem todos os objetos artísticos têm uma utilidade prática imediata, além
de estimular o pensamento, a sensibilidade ou causar prazer estético.
As obras de arte expressam um pensamento, uma visão
de mundo e provocam uma forma de inquietação no
observador, uma sensação especial, uma vontade de contemplar, uma
admiração emocionada ou uma comunicação com a sensibilidade do artista. A este
conjunto de sensações chamamos de experiência
estética.
Nem sempre essa experiência é ligada unicamente ao
prazer, pois às vezes ficamos inquietos, pensativos, tristes, emocionados,
amedrontados ou assustados. O que nos atrai é a sensibilidade do artista, sua
imaginação, seu intelecto, sua percepção especial da vida, mesmo quando
apresenta aspectos negativos.
O gosto e a sensibilidade para apreciar a arte
variam de pessoa para pessoa, de idade para idade, de região para região, de
sociedade para sociedade, de época para época. Assim, as manifestações
artísticas trazem a marca do tempo, do lugar e dos artistas que as criaram,
pois refletem essa variação no conceito de beleza e na função do objeto
artístico.
Em muitas sociedades, a arte é utilizada como forma
de homenagear os deuses, ou seja, está ligada à religião. Observe como as
igrejas, os templos e os túmulos são locais em que a arte se manifesta em todos
os tempos. Indumentárias, objetos que são usados em rituais, instrumentos
musicais, adereços, imagens, completam os cenários das cerimônias religiosas.
Em outras culturas e épocas, a arte surge independente da religião, unicamente
como forma de expressão para quem produz, e como oportunidade de experiência
especial para quem aprecia.
Qualquer que seja sua direção, a arte está em toda
parte e é um elemento definidor da identidade de um povo, de um grupo social e
de um indivíduo.
Linguagem....O
artista pode se manifestar de diversas formas: pelo som (música e canto),
pela linguagem verbal oral ou escrita (literatura), pela linguagem visual
(pintura, desenho, escultura, gravura, fotografia, cinema, grafite) ou pela
linguagem cênica (teatro e dança). Ou pode ainda expressar-se pela mistura de
várias linguagens.
Quando você organiza seus objetos e quadros no seu
quarto, ou enfeita o seu caderno, ou coloca gravuras coladas no seu armário, ou
quando escolhe suas roupas de forma que combinem, você está usando o seu
talento estético, o seu gosto. Dizem “de artista, de médico e de louco todos
temos um pouco”. Mas há pessoas que têm a arte como profissão.
O artista é aquele que se realiza
expressando-se por meio da criação, da imaginação. Quem se dedica à arte pode
ter diversos objetivos, como, entre outros:
• provocar emoção;
• proporcionar prazer estético;
• comunicar aos outros seus pensamentos e
sentimentos;
• sentir alegria ou satisfação durante o ato
criativo;
• explorar novas formas de expressão;
• perpetuar sua existência no mundo;
• divulgar suas crenças;
• ocupar o tempo de forma criativa;
• documentar o seu tempo;
• homenagear alguém, algum fato ou algumas idéias.
Antigamente os artistas se formavam trabalhando nas
oficinas de outros artistas, como ajudantes. Hoje, algumas pessoas se formam em
escolas ou universidades especializadas em arte para se transformarem em
artistas. Outros, sem qualquer formação sistemática (chamados de autodidatas),
começam a produzir arte e se dedicam a essa ocupação durante a vida toda. Tomam
a arte como profissão. Alguns artistas
conseguem tanto sucesso com o seu trabalho que ganham muito dinheiro. Outros,
passam a vida tentando vender os seus trabalhos sem conseguir mas mesmo assim
não abandonam a sua arte, pois o verdadeiro artista não pode viver sem sua
forma de expressão.
Texto baseado no
livro “Explicando a Arte”, de Jô Oliveira e Lucília Garcez.
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