"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

2ª SÉRIE - A ARTE NA MESOPOTÂMIA


A Mesopotâmia - nome dado pelos gregos e que significa "terra entre rios" (do grego, meso e potamos). Situava-se na região delimitada pelos Rios Tigre e Eufrates, no atual território do Iraque. Era uma planície com solo fértil, facilidade de transporte e abundância de peixes e aves. Por estes motivos, foi alvo de muitas invasões e abrigou diferentes povos como sumérios, assírios, acádios, babilônicos, hebreus e caldeus.
O povo da Mesopotâmia costumava representar o seu cotidiano através da escrita em paredes e placas de argila (raramente pedra) – chamada Estela.
Três fatores contribuíram para caracterizar a arte e a arquitetura mesopotâmicas. Primeiro, a organização sociopolítica das cidades-estados sumérias e dos reinos e impérios que lhes sucederam. A guerra era uma constante preocupação dos governos das cobiçadas terras mesopotâmicas, razão pela qual grande parte da produção artística se voltava para a glorificação das vitórias militares. O segundo fator foi o importante papel desempenhado pela religião nos assuntos de estado. Dava-se especial importância às construções religiosas e a maioria das esculturas servia a fins espirituais. O último fator foi a influência exercida pelo meio ambiente. Em virtude da inexistência de pedra e madeira na planície aluvial, os escultores dependiam da importação desses materiais ou tinha que utilizar substitutos como a terracota. A arquitetura também foi afetada pela necessidade de empregar o tijolo como material e por problemas técnicos na construção dos telhados, apenas em parte solucionados com a invenção da abóbada de tijolos no segundo milênio.
O arqueólogo Koldewey, nas escavações que duraram 1899 a 1917, descobriu a segunda Babilônia (do período Neo-Babilonico 612 a.C. a 539 a. C.), onde foram encontradas as ruínas dos:
Ø  “Jardins Suspensos” do Palácio de Nabucodonosor (considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo). Era um grande edifício com terraços interligados por escadarias, onde eram cultivados jardins embelezados por fortes e estátuas;
Ø  “Torre Sagrada” – zigurate muito conhecida como Torre de Babel. Tratava-se de uma torre escalonada com sete pisos, coroada por um Templo a 90 m de altura.
Ø  Palácio Real, perto da “Porta de Isthar”;
Ø  Avenida Procissional, com a “Porta de Isthar” no final.
Outra descoberta importante aconteceu em 1922. Sir Leonard
A arte da Mesopotâmia é em sua quase totalidade de cunho religioso.
A religião, a magia e sua prática fixavam-se na vida cotidiana com força de lei: qualquer transgressão às normas acarretaria o castigo divino. Essa cega obediência era estimulada por sacerdotes e reis, considerados os legítimos representantes dos deuses.
Foi à crença no caráter religioso da realeza que levou os servos do rei Abargi a se deixarem enterrar vivos no túmulo de seu amo, sem esboçar qualquer reação.
Entretanto, cada construção e cada objeto de arte mesopotâmica têm características próprias, que as diferenciam da arte de outros povos igualmente religiosos. São essas características que revelam o espírito da antiga Mesopotâmia.

Arquitetura
A arquitetura foi a mais desenvolvida das artes, porém não era tão notável quanto à egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo.
Na Mesopotâmia, desenvolveram-se várias civilizações com estilos arquitetônicos variados e peculiares. Os primitivos habitantes daquela região construíam suas casas de junco e argila. Mas já desde 5.000 anos a.C. eram conhecidos o tijolo solidificado ao sol e as fundações de pedra. Em 3.000 anos a.C. usaram-se na Mesopotâmia o tijolo cozido e o mosaico de terracota; havia decorações com afrescos, baixos-relevos e frisos. Antes do fim do segundo milênio a.C. os hititas construíram grandes templos de pedra, rodeados por muralhas com altas torres e portas ladeadas por esfinges esculpidas.
Em 1.000 a.C., a arquitetura atingiu grande esplendor entre os assírios: usavam largos pórticos sustentados por colunas de madeira, com bases ricamente ornamentadas, a cujos lados colocavam pesadas esculturas de animais. Os babilônios, que depois dos assírios dominaram a Mesopotâmia, conservaram os elementos assírios, do mesmo modo que os persas.
O estilo de uma época, de um lugar, de um determinado artista, depende, portanto, de muitos fatores - religiosos, geográficos, políticos, tecnológicos. Sem o concreto armado ou o ferro, é claro que a arquitetura moderna não existiria tal como é hoje.
Um dos fatores que mais influenciou a arquitetura ao longo da história foi o desejo de ostentação: edifícios que fossem o orgulho de um povo, que refletissem o status pessoal ou coletivo, ou palácios para reis e imperadores, construídos como símbolos de seu poder. Em geral, as classes privilegiadas sempre foram mecenas de arquitetos, artistas e artesãos, e seus projetos se converteram, algumas vezes, no melhor legado artístico de sua época.
As principais manifestações da arquitetura mesopotâmica eram os palácios, em geral muito grandiosos; como havia pouca pedra, as paredes tinham que ser grossas, pois eram feitas de tijolos e decoradas com baixo-relevos que reproduziam figuras com grande realismo. Os templos possuíam instalações completas, com aposentos para os sacerdotes e outros compartimentos. Um traço característico dessa arquitetura era o “Zigurate”, torre de vários andares, em geral sete, foi a construção característica das cidades-estados sumerianas sobre a qual havia uma capela, usada para observar o céu. Nas construções, empregavam argila, ladrilhos e tijolos.
O templo – zigurate – era o centro político, administrativo, econômico e religioso.

Escultura
A escultura era pobre, representada pelo baixo-relevo. Destacava-se a estatuária assíria, gigantesca e original. Os relevos do palácio de Assurbanipal são obras de artistas excepcionais.
Os escultores desta época representavam o corpo humano de uma forma rígida, sem expressão de movimentos e livre de detalhes anatômicos. Os pés, as mãos e os braços geralmente ficavam colados ao corpo, coberto com longos mantos, enquanto os olhos eram completados com esmalte brilhante.  As estátuas conservavam sempre uma postura estática ante a grandiosidade dos deuses. As figuras esculpidas em baixo-relevo se caracterizavam por um grande realismo. 
Nas esculturas mais antigas, os padrões de elaboração eram rígidos: nariz em forma de bico, globo ocular indicado por uma concha, pupila em lápis-lazúli, cílios marcados com um risco preto, sem expressão de movimento e sem detalhes anatômicos. Pés, mãos e braços ficavam colados ao corpo, coberto com longos mantos; as mãos cruzadas indicam posição de reverência. Os olhos são enfatizados e as formas arredondadas e completados com esmalte brilhante. As estátuas conservavam sempre uma postura estática ante a grandiosidade dos deuses. As figuras esculpidas em baixo-relevo se caracterizavam por um grande realismo.
O “Estandarte de Ur” é um exemplo conhecido de escultura. Trata-se, provavelmente, de uma caixa de ressonância de harpa, onde de um lado são retratadas cenas de paz e do outro de guerra. Utiliza o princípio da perspectiva egípcia com faixas horizontais.
De modo geral, as esculturas destinavam-se a substituir a presença da pessoa representada, no templo. Por essa razão, as figuras, na maior parte das vezes, encontra-se em posição de adoração. Esse rigor formal pode ser observado nas placas fúnebres que acompanhavam o morto ao túmulo, narrando em pedra ou argila os acontecimentos mais importantes da sua vida.
Como era preciso colocar figuras de três dimensões numa superfície de apenas duas, a imagem sofria processo de distorção: cabeça, pernas e pés eram representados de perfil; o busto, de frente. Essa dissociação recebeu o nome de "lei da frontalidade" e marca todas as épocas da arte mesopotâmica. Um dos raros testemunhos da pintura mesopotâmica foi encontrado no palácio de Mari, descoberto entre 1933 e 1955.

Pintura
Na pintura, os artistas se utilizavam de cores claras e reproduziam caçadas, batalhas e cenas da vida dos reis e dos deuses.  A produção de objetos de cerâmica alcançou notável desenvolvimento entre os persas, que utilizavam também tijolos esmaltados. 
Um dos raros testemunhos da pintura mesopotâmica foi encontrados no Pálacio de Mari, descoberto entre 1933 e 1955. Embora as tintas utilizadas fossem extremamente vulneráveis ao tempo, nos poucos fragmentos que restaram é possível perceber o seu brilho e vivacidade. Seus artistas possuíam uma técnica talvez superior à que lhes era permitido demonstrar.

Cerâmica

A produção de objetos de cerâmica alcançou notável desenvolvimento entre os persas, que utilizavam também tijolos esmaltados. Além disso, na Mesopotâmia a ourivesaria era uma das atividades artísticas mais importantes. Estatuetas de cobre, colares e braceletes, assim como utensílios trabalhados em ouro e prata com incrustações de pedras eram muito comuns, e com estilos variados dada a diversidade de povos que ocupou a região.

Artesanato
As atividades artesanais mesopotâmicas eram bem diversificadas. Os povos que aí viviam já conheciam a técnica de fabricação do vidro desde o Império Assírio.
Os artesãos mesopotâmicos eram muito habilidosos e fabricavam, sobretudo, móveis de madeira; vasilhas de argila, pedra, madeira e vidro; objetos de metal (cobre e estanho) e de couro (sandálias, roupas, equipamentos militares, etc.); bijuterias; e tijolos (secos ao sol ou cozidos em fornos). Os tijolos eram a base das construções, pois a região não existiam pedreiras, como o Egito.
A lã retirada das ovelhas era usada para a confecção de tecidos. Esse trabalho era geralmente feito pelas próprias famílias, mas havia também oficinas têxteis que funcionavam nos palácios e templos. 
 
Especificação da arte da Mesopotâmia: 
ARTE SUMÉRIA:
·         Começou a partir de 4000 a.C. na zona de confluência do rio Tigre com o rio Eufrates.
Arquitetura:
·         Muitos palácios,templos (zigurate), câmaras funerárias (abóbada e arco).
·         Utilizava madeira e tijolo colorido para decoração, entre outros.
Escultura:
·         Arte farta de figuras religiosas de alabastro (hierarquia por altura e tamanho dos olhos). Formas geométricas e esquemáticas baseadas no cone e no cilindro.
·         Os trajes convencionais distinguiam as figuras femininas das masculinas: o homem cobria-se até a cintura, enquanto a mulher deixava nus apenas o braço e o ombro direitos.
Influenciou a arte da Assíria e da Babilônia.

  ARTE ASSÍRIA:

  • Começou inicialmente na zona norte do rio Tigre, posteriormente estendeu-se a império de grandes dimensões. Teve seu auge entre c. 1000 e 612 a.C..
Arquitetura:
  • Templos e zigurates monumentais.
  • Utilizava tijolo e pedra nas entradas das cidades e salas.
Escultura:
·         Arte repleta de esculturas monumentais, como demônios e guardiões.
Sofreu influência da arte da Suméria.

ARTE BABILÔNICA:
Na Cidade da Babilônia, teve seu 1º período com o fundador da dinastia babilônica, Hamurabi.
2º período de destaque entre 612-539 a.C. com Nabucodonosor, que construiu obras como a Torre de Babel e os Jardins Suspensos da Babilónia. 
Porta de Ishtar, edificada provavelmente em 575 a.C., uma imponente estrutura de tijolos recoberta de esmalte, a mais majestosa das oito portas que eram usadas como entrada para a Babilônia.
Utilizava tijolo vidrado colorido para decoração de superfícies arquitetônicas.Arte com forte representação da figura animal.  
Sofreu influência da arte da Suméria.     

ARTE PERSA:

  • Começou no oriente da Mesopotâmia (atual Irã), local de passagem de várias tribos nômades.
  • Representada pela arte nômade ornamental (armas, taças, vasos) em madeira, osso, metal. 
  • Estilo animalista, abstração figurativa e orgânica.
  • Palácios colossais (várias influências, ambiente cerimonial e repetitivo).
  • Ausência de arquitetura religiosa. 
  • Escultura associada à arquitetura.



Referências:
VAINFAS, Ronaldo. Et. al. História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutas. Vol.1. Saraiva. São Paulo. 2010.
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática.São Paulo. 2000
http://www.artes.raisites.com/historia-da-arte/75-arte-da-mesopota.html








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