"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

2ª SÉRIE - TEXTO 4 - 3ª UNIDADE

ARTE ROMANA

A cidade de Roma originou-se de uma pequena aldeia de pastores e agricultores, situada às margens do Rio Tibre, numa região que permitia a comunicação entre a Etrúria e a Grécia, as duas áreas mais dinâmicas da Península Itálica entre os séculos XIII e VI a.C.
A arte romana desenvolveu-se durante os quase seis séculos que vão da terceira Guerra Púnica (146 a.C) ao séc. IV d.C. Esta sofreu fortes influências por parte da arte etrusca (na técnica), grega (na decoração) e oriental (na monumentalidade). Contudo, os romanos souberam adaptar tais influências ao seu gosto nacional, e criaram um estilo que, embora derivado de outros, não deixa de ser inconfundivelmente romano.
Os romanos já conheciam os termos e métodos de representação dos gregos muito antes de entrar em contato direto com o mundo grego, e foi através da Etrúria que adquiriram este conhecimento e também, também grande parte das características independentes da arte romana origina-se da tradição ítalo-etrusca: o entusiasmo pelo retrato realista, especialmente o busto – retrato, o fascínio pela decoração luxuosa, o prazer no mundo da natureza.

ARQUITETURA

Herdeiros e continuadores da cultura grega, os romanos praticamente nada inovaram em matéria de arte. Mas a sua contribuição original dá-se, no campo da arquitetura, na valorização do espaço interno e na compreensão da dupla importância, estética e estrutural, de elementos como o arco e a abóbada que foram um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos romanos. Esses dois elementos arquitetônicos desconhecidos na Grécia permitiram aos romanos criar amplos espaços internos, livres do excesso de colunas, próprios dos templos gregos.
O arco foi, uma conquista que permitiu ampliar o vão entre uma coluna e outra, pois nele o centro não se sobrecarrega mais que as extremidades e, assim, as tensões são distribuídas de forma mais homogênea. Além disso, como o arco é constituído com blocos de pedra, a tensão comprime esses blocos, dando-lhe maior estabilidade.
A arquitetura se caracterizou pelo uso de três elementos principais: o arco, a abóbada e a cúpula, que os romanos receberam como herança do domínio etrusco, ampliando o seu uso a um grande número de construções. Ao lado desses elementos, as colunas, principalmente o estilo Jônico, foram também muito empregadas sobre tudo nos templos.
Exemplo: Aqueduto romano, arcada do templo de Júpiter em Terracina século I a.C.
Arco do Triunfo do Imperador Tito, abóbada do Panteon – Templo dedicado a todos os deuses, Coliseu – anfiteatro.
Os templos romanos assemelhavam-se aos gregos, tanto na estrutura como na função. Não eram lugares de reunião dos fiéis mas apenas a morada dos deuses.
Até mesmo o culto era celebrado num altar que ficava fora dos templos. Os gregos também forneceram os modelos para os teatros romanos que serviram ainda a construção dos circos e anfiteatros.
As características gerais da arquitetura romana são:
• procura do útil
• grandeza material
• energia e sentimento
• predomínio do caráter sobre a beleza
• originalidade: urbanismo, vias de comunicação, anfiteatro, termas.
No começo, dominada pela influência etrusca – o traçado de cidades, casas, templos e abóbadas, adquiri-se estilo próprio com a descoberta do cimento (século II a.C.) e da construção em tijolos, e o resultante desenvolvimento da construção das abóbadas, cujas variações aparecem em portas e portões, anfiteatros e teatros, pontes e arcos de triunfo.
Outra criação original dos arquitetos romanos são as termas. Seu conjunto cobria, nas cidades grandes, um espaço considerável, consistiam, fora dos banhos propriamente ditos, de sauna (caldarium, tepidarium, frigidarium) e de numerosos estabelecimentos anexos. As termas de banho simples são, por exemplo, as do Foro (80 a.C.), que tinham duas seções, para acomodar homens e mulheres separadamente.
No início, os edifícios de espetáculos eram de madeira. Pompeu construiu o primeiro teatro de alvenaria, em Roma.
Do conjunto arquitetural da cidade romana faziam ainda os portões, colunas comemorativas (de Daílio, 260 a.C.) e os arcos, que em sua origem são de triunfo e depois construídos por razões diversas.
A planta das casas romanas era rigorosa e invariavelmente desenhada a partir de um retângulo básico.
Ao entrar em contato com os gregos, durante o período helenístico, os romanos apreciaram muito a flexibilidade e a elegância das moradias gregas. Mas admiraram, sobretudo o peristilo (galeria de colunas em volta de um pátio ou de um edifício) que havia no pátio de muitas casas.
Como eram zelosos de suas tradições, os romanos não quiseram alterar muito a planta de suas casas, mas encontraram uma solução para incorporar os elementos que admiravam: acrescentaram, nos fundos da casa, um peristilo em torno do qual se dispunham vários cômodos o restante da construção seguia o esquema tradicional.
Os imperadores e patrícios (classe social romana) construíram vilas suntuosas para morar, enquanto o povo habitava em casas unifamiliares de dois andares (o domus), ou em casas populares com quatro ou cinco andares (conjuntos habitacionais).
A via Ápia em Roma é uma sucessão de túmulos não só de ricos senhores romanos, mas também de pessoas do povo. Para construir seus monumentos e habitações, os romanos colocavam pedra, sobre pedra. Eles usavam uma técnica construtiva muito eficaz ligando blocos de argila cozida além de tufo (denominação  dada aos calcários com grandes poros, gerados por fontes de águas ricas em bicarbonato de cálcio) e pedra com betume e trapos torcidos.
O anfiteatro Flávio, um dos mais importantes e mais belos dos edifícios de Roma, recebeu o nome de Coliseu, talvez por causa da gigantesca estátua de Nero erguido nos arredores. O seu exterior era ornamentado por esculturas, que eram abrigadas pelos arcos, por três andares com as ordens de colunas gregas, e a sua planta tem a forma elíptica, os muros são de blocos soldados com betume e lajes de mármore ligadas com ganchos de ferro.
O Coliseu foi inaugurado pelo imperador Tito no ano de 80. A sua função era ser um circo dedicado a espetáculos sanguinolentos, nele realizavam-se combates entre gladiadores, caça a animais ferozes e até batalhas navais, graças a um sistema hidráulico que permitia o alagamento da pista. Cada espetáculo podia ser assistido por cerca de 50 mil pessoas. Sua estrutura principal é construída com uma espécie de concreto, e trata-se de uma obra-prima de engenharia e planejamento eficiente, com quilômetros de galerias e abóbadas para assegurar o fluxo regular do tráfego em volta da arena.
Arcos de Triunfo: eram construídos tendo o objetivo de homenagear os imperadores e generais vitoriosos.
A coluna triunfal: era ao mesmo tempo um monumento comemorativo e funerário. A mais famosa é a de Trajano, característica pelo seu friso em espiral que narra os feitos do Imperador em baixos relevos no fuste.
Nem todos os templos resultaram da soma da tradição romana e dos ornamentos gregos. Enquanto a concepção arquitetônica grega criava edifícios para serem vistos do exterior, a romana procurava criar espaços interiores. O Panteão, construído em Roma, durante o reinado do Imperador Adriano, é certamente o melhor exemplo dessa diferença.
Planejado para reunir a grande variedade de deuses existentes em todo o Império, esse templo romano, com sua planta circular fechada por uma cúpula, cria um local isolado do exterior onde o povo se reunia para o culto.
Ao lado da arquitetura civil, há a religiosa, modesta e sem estilo ainda definido nos templos mais antigos restaram alguns vestígios (templo de Júpiter Capitolino, Saturno, Ceres, todos em Roma). Eram decorados por artistas etruscos, de visível influência grega.
A construção mais impressionante é o Santuário da Fortuna Primogênia, na Palestina. Um monumental conjunto de edifícios construídos de uma série de terrenos superpostos apoiados na encosta de uma coluna, sustentados por abóbadas de concreto a arcos. A construção em concreto é combinada com um emprego decorativo e, em parte estrutural, da arquitetura colunar clássica. Pilastras e meias colunas para decorar os espaços entre os arcos.
Os romanos também modificaram a linguagem arquitetônica que haviam recebido dos gregos, uma vez que acrescentaram aos estilos herdados (dórico, jônico e coríntio) duas novas formas de construção: os estilos toscano e composto.
O estilo toscano era uma espécie de ordem dórica sem estrias no fuste. E no estilo compósito, o capitel foi criado a partir da mistura de elementos jônicos e coríntios. O Pantheon romano.
A ordem Coríntia foi adotada como a ordem romana por excelência devido a suas possibilidades decorativas mais ricas, e as combinações de ordens que parecem ter agradado tanto os romanos, levaram a criação do capitel Compósito, fusão do Jônico e Coríntio. A severa ordem Dórica foi quase inteiramente rejeitada para construção em grande escala.

ESCULTURA 
Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por temperamento eram muito diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos.
No entanto, ao entrar em contato com os gregos, os escultores romanos sofreram forte influência das concepções helenísticas a respeito da arte, só que não abdicaram de um interesse muito próprio: retratar os traços particulares de uma pessoa. O que acabou acontecendo foi uma acomodação entre a concepção artística romana e grega.
Os romanos costumavam dedicar especial apreço pelas obras totalmente naturalistas, dinâmicas e proporcionadas da estatuária grega. Diante da impossibilidade de transportar as obras mais valiosas de Fídias, Policreto ou Praxíteles, eles tomaram providências no sentido de que seus próprios escultores as copiassem. Isso fez com que surgissem importantes escolas de copistas. Pode-se dizer que quase todas logo atingiram um excelente nível de realização. Desse modo, a arte estatuária do império compensou com quantidade sua falta de originalidade. Encontrando na escultura a maneira ideal de perpetuar a história e seus protagonistas, proliferaram no âmbito dessa arte romana os bustos, retratos de corpo inteiro e estátuas eqüestres (referente a cavalaria ou cavaleiros), de imperadores e patrícios, os quais passaram desse modo à posteridade, alçados praticamente à categoria de deuses.
A narração de fatos históricos e a reprodução de campanhas militares tomaram forma de relevos. Num primeiro momento foram utilizados como suporte os frontispícios de templos e arcos de triunfo. No entanto, não demorou muito para essas superfícies se tornaram um espaço exíguo (de pequenas proporções; diminuto) para conter volume dos acontecimentos que deviam transmitir. Foi dessa maneira que nasceram as colunas comemorativas, ao redor das quais se esculpiam as imagens das batalhas do império. A riqueza de detalhes era uma característica desse trabalho.

Bustos: Apesar de serem grandes admiradores da arte grega, os romanos desenvolveram um estilo próprio. Tendo começado como uma forma ancestral de veneração que remota aos tempos pré-históricos. Esse costume tornou-se uma maneira conveniente de demonstrar a importância e continuidade de uma família – um hábito que continua praticamente inalterado em nossos dias, através da exposição de retratos de família. Quando morria o chefe de uma família importante, fazia-se uma imagem em cera do seu rosto, e essas imagens eram preservadas pelas gerações subseqüentes e carregadas nos cortejos funerários da família.
O rosto era a parte mais importante das peças sendo desenvolvidas ao máximo as tendências realistas. O retrato baseava-se em grande parte no culto dos antepassados reproduzindo o rosto do falecido num material perdurável. Os romanos primavam pelo realismo fazendo representações fiéis das pessoas e não pelo idealismo de beleza humana como os gregos. Retratavam os imperadores e homens da sociedade. Busto do imperador Hadrianus. Octávio Augusto, influência grega.

PINTURA
A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém das cidades de Pompéia e Herculano, que foram soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. Os estudiosos da pintura existentes em Pompéia classificam a decoração das paredes internas dos edifícios em quatro estilos.
O primeiro não se refere propriamente à pintura, pois era costume no século II a.C. recobrir as paredes de uma sala com uma camada de gesso pintado; que dava a impressão de placas de mármore. Mais tarde alguns pintores romanos perceberam que o gesso podia ser dispensado, pois a ilusão do mármore podia ser dada apenas pela pintura.
A descoberta da possibilidade de se criar, por meio da pintura, a ilusão de um bloco saliente conduziu ao segundo estilo, pois se era possível sugerir a saliência podia-se sugerir a profundidade. Os artistas começaram então a pintar painéis que criavam a ilusão de janelas abertas por onde eram vistas paisagens com animais, aves e pessoas.
O terceiro estilo surge no final do século I a.C., que pôs fim ao interesse por representações fiéis à realidade e valorizou a delicadeza dos pequenos detalhes.
Entretanto, os romanos abandonaram essa tendência e voltaram às pinturas que simulam a ampliação do espaço. Só que nesse retorno, os artistas procuraram combinar a ilusão do espaço, do segundo estilo, com a delicadeza do terceiro. Essa síntese é o chamado quarto estilo.
A pintura tinha uma variedade de temas como cenas domésticas, retratos, animais e cenas da vida quotidiana. A maior inovação da pintura romana, comparada com a grega, foi o desenvolvimento das paisagens, incorporando técnicas de perspectiva e profundidade. Outro gênero muito explorado foi o das pinturas triunfais onde se descreviam entradas triunfais após vitórias militares, representando episódios das batalhas e das cidades e regiões conquistadas.
A pintura romana sempre esteve estreitamente ligada à arquitetura, e sua finalidade era quase exclusivamente decorativa. Já no século II a.C., na época da república, disseminou-se entre as famílias patrícias, empenhadas em exibir sua riqueza, o peculiar costume de mandar que se fizessem imitações da opulenta decoração de templos e palácios, tanto na casa em que viviam quanto naquelas em que passavam o verão. Graças a um bem-sucedido efeito ótico, chegavam a simular nas paredes portas entreabertas que davam acesso a aposentos inexistentes.
Além dos ornamentos palacianos, os temas favoritos escolhidos por essa arquitetura fictícia eram quase sempre cenas da mitologia grega, vistas de cidades ou praças públicas e paisagens tipicamente romanas. Com o tempo, aproximadamente na metade do império, esse costume deixa de ser moda e foi se atenuando, até que as grandes pinturas murais acabaram tendo reduzidas suas dimensões, para transformar-se finalmente em pequenas imagens destinadas a obter efeitos decorativos.
Isso se passava no âmbito da pintura propriamente dita, porque, convivendo com ela nos lares abastados e em raros edifícios públicos.
O mosaico foi outro grande favorito na decoração de interiores romanos.
O desenvolvimento do mosaico se deu na época do império com cenas de trabalho e figuras de personalidades famosas.
São notáveis as pinturas murais e os mosaicos que eles executaram principalmente no século XVIII. Uma característica da arte romana é o realismo. As cores mais utilizadas nos afrescos de Herculano e Pompéia foram o amarelo e o vermelho, cores que simbolizam o fogo, no colorido os romanos empregavam as cores preto, o vermelho e o azul conseguindo uma harmonia cheia de contrastes.

ARTES MENORES
Por influência etrusca, as chamadas artes menores ganham especial atenção dos romanos. Moedas e medalhas, além das indicações históricas que fornecem alcançam por vezes a categoria de obra-prima. Os trabalhos em marfim tiveram seu grande apogeu no período bizantino, enquanto as oficinas dos ceramistas produziram, em muitas províncias, notáveis vasos decorativos em relevo. Os mais conhecidos e apreciados procedem de Arezzo.
As artes santuárias de Roma não dispensam taças de cristal lapidadas, e jóias de ouro, minuciosamente trabalhadas.
As armaduras e elmos (espécie de capacete que protegia a cabeça nas armaduras antigas) de bronze, trabalhados em relevo com motivos guerreiros ou mitológicos, eram parte indispensável na indumentária dos gladiadores.
Os objetos de uso doméstico eram geralmente de bronze ( lâmpadas, ferramentas, armas, etc.), alguns dos quais verdadeiras obras de arte. Da prataria possuímos peças de grande valor artístico “ tesouro” de Hildesheim, Boscoreale, Berthouville, as melhores sendo obras de artistas gregos. A ornamentação pode ser em estilo alexandrino ou puramente romano (cenas da história contemporânea).

REFERENCIAS: CALABRIA, Carla Paula Brond. MARTINS, Raquel Valle. Arte, História e Produção. FTD. Vol 2. 1997.
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. 2000.
CANTELE, Bruna R. Arte,etc e tal... IBEP. Vol.2 São Paulo. 1998.
Revista: Roma História, Mitos e Lendas

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