As manifestações artísticas mais antigas
estão relacionadas com os primeiros restos do Homo sapiens e remontam à época do Paleolítico.
O que
é a arte rupestre
Em linhas gerais, a denominação Arte
Rupestre (do latim rupes, rochedo) define qualquer conjunto de elementos
gráficos pintados ou gravados sobre suportes rochosos fixos – em geral abrigos,
grutas, lajedos, paredões e afloramentos – deixados por populações pretéritas (do
passado), constituídas de grupos de caçadores – coletores, horticultores,
agricultores ou pastores.
Período
Paleolítico Inferior
Aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a . C.;
Os primeiros artistas da humanidade foram
os homens da Pré-história. Eles viviam em pequenos grupos e eram nômades,
não tinham lugar fixo para habitar. Alimentava-se da caça, pesca e da colheita
de frutos.
Dois fatos foram muito importantes nesse
período: o homem aprendeu a fazer fogo, com o qual se aquecia e afugentava os
animais, e a utilizar pedras lascadas, com as quais confeccionavam instrumentos
para caçar, guerrear e realizar entalhes nas paredes e usavam tintas tiradas de
plantas e o vermelho do sangue de animais.
A primeira característica é o pragmatismo, ou seja, a arte produzida
possuía uma utilidade material, cotidiana ou mágico-religiosa. Os primeiros
objetos feitos pelo homem foram de rochas quebradas. Presos ou não há um galho
de árvore, os pedaços de pedra lascada, madeira e ossos: facas e machados,
ferramentas, armas eram escolhidos para caçar, bater, matar.
Características
gerais:
- O homem vai
descobrindo meios de dominar a natureza.
- Vive em pequenos
grupos nômades e se abriga em cavernas.
- Desenvolve a linguagem
para se comunicar.
- Fabrica utensílios
de pedra, osso, madeira. Aparecem machados, martelos, lâminas
cortantes e arpões feitos de pedra lascada.
- Fabricava
anzóis e agulhas de osso, arco e flecha de madeira.
- Caça, pesca e
colhe frutas e raízes como meio de vida.
Período
Paleolítico Superior
As manifestações artísticas mais antigas de
que temos conhecimento hoje datam de aproximadamente 40 mil anos atrás, período
da pré-história chamado de período Paleolítico Superior. São chamadas de arte
rupestre, palavra que faz referência às rochas, paredes das cavernas onde se
encontra grande parte desses registros. Eram feitas com o uso de materiais
naturais presentes no ambiente, como o carvão, pedras, pós-minerais e sangue de
animais.
A principal característica dos desenhos da
Idade da Pedra Lascada, nome pelo qual também é conhecido Paleolítico Superior,
é o naturalismo. O artista pintava o animal do modo como o
via, reproduzindo a natureza tal quais seus olhos a captavam. Observando essas
pinturas, nota-se a presença de animais de grande porte: alguns talvez temidos,
mas que eram caçados pelo ser humano, como bisões; outros que provavelmente não
representavam ameaça alguma, como renas e cavalos.
As amostras mais remotas de pintura
correspondem ao Paleolítico superior. Graças ao uso de pigmentos minerais,
aparece a policromia; as cores mais
utilizadas são o preto, o vermelho, o ocre e o amarelo. O ponto culminante
dessa pintura é atingido em torno de 15.000 anos A.C. em Altamira (Espanha) e
em Lascaux (França). São
representados especialmente grandes animais, como bisões.
Acredita-se que, na pré-história, ao tentar
entender a vida, a morte, o mundo, e os fenômenos da natureza, o ser humano
tenha criado mitos e rituais para simbolizar sua experiência e sua conexão com
tudo o que estava a sua volta, visível ou invisível. As manifestações
artísticas teriam se originado desses rituais. Deuses e divindades eram
associados aos animais. À flora e aos fenômenos naturais, como a chuva, o sol,
o trovão. A existência humana não era entendida como uma divisão entre
realidade concreta e o mundo mágico, onírico e sobrenatural. Para nossos
ancestrais, é possível que tudo estivesse conectado. A caverna, nas profundezas
da terra, talvez fosse um local adequado para essas rituais, iluminados pela
luz das fogueiras e tochas. Provavelmente procurando a comunicação entre si e
com suas divindades, criaram formas às quais deram significados, símbolos que,
acredita-se, eram entendidos pelos diferentes grupos humanos. São
inacreditáveis as perguntas sobre os motivos que levaram o homem a fazer essas
pinturas. Não sabemos exatamente o que simbolizavam; o que existem são
hipóteses. Atualmente, a explicação mais aceita é que essa arte era realizada
por caçadores, e fazia parte de um processo de magia por meio do qual
procurava-se interferir na captura de animais. Ou seja, o
pintor-caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal verdadeiro desde
que o representasse ferido mortalmente num desenho. Assim, para ele, os
desenhos não eram representações de seres, mas os próprios seres. Mas
consideramos essas formas as mais antigas manifestações artísticas da
humanidade.
Características
da pintura:
ð Raridade da figura
humana
ð Ausência de claro
escuro
ð Animais em movimento
ð Desenhos marcados
com incisões fortes
ð Contornos bem
definidos em preto
ð Ausência de perspectiva
Escultura
Paleolítica
Da escultura paleolítica são famosas as estatuetas femininas de pequenas
dimensões designadas genericamente por vênus. Identificadas como possíveis
ídolos para o culto da fertilidade e sexualidade estas figuras
apresentam características semelhantes entre si; são representadas nuas, de pé
e revelam os elementos mais representativos do corpo feminino em linhas
exacerbadas. O exagero destes elementos traduz-se num peito, ventre e ancas
voluminosos em oposição a braços e pernas delicados e cabeça pequena. A face,
tratada com linhas simples reduzidas ao essencial, onde não é possível
reconhecer traços individuais, transforma-se, com o tempo, num elemento cada
vez mais estilizado e simbólico, assim como todo o corpo da figura.
Período
Neolítico
As mudanças climáticas favoreceram o
agrupamento dos homens primitivos ao longo dos rios e, dessa experiência,
fizeram a maior descoberta de todos os tempos: viver e construir juntos é
melhor e mais seguro do que isolados. Dessa maneira, o homem se organizou em
tribos e aprendeu a plantar, a colher e também a criar animais, não precisando
mais mudar-se de um lugar para outro quando o alimento se tornasse escasso.
Esse momento foi denominado Neolítico.
No Neolítico, último período da
Pré-História, iniciou-se o desenvolvimento da agricultura e a domesticação de
animais. Os grupos humanos, que tinham vida nômade, isto é, sem habitação fixa,
não precisaram mais mudar-se constantemente em busca de alimento e puderam se
fixar.
Essa mudança para a vida mais estável foi
decisiva para as sociedades atuais e também teve reflexos na expressão
artística: o artista do Neolítico passou a retratar a
figura humana em suas atividades cotidianas. Como precisavam
representar muitas pessoas em movimento, essas figuras não poderiam ser feitas
em tamanho natural; por esse motivo, elas foram reduzidas em sua dimensão,
simplificadas e trabalhadas com pouca cor, dando origem a formas estilizadas ou
geometrizadas. Assim, podemos dizer que o estilo de arte do Neolítico era
geometrizante ou simplificador.
O ser humano do Neolítico desenvolveu
técnicas como a tecelagem, a cerâmica e a construção de moradias. Além disso,
como já produzia fogo, começou a trabalhar na fundição de metais. Assim, suas
atividades começaram a se modificar e as pinturas rupestres registraram essas
transformações.
Características
gerais:
·
Instrumentos de pedra polida, enxada e tear;
·
Pinturas
de cadáveres e cenas de caça.
·
Início do cultivo dos campos;
·
Artesanato: cerâmica e tecidos;
·
Construção de pedra; e
·
Primeiros arquitetos do mundo.
Esculturas
A escultura foi responsável pela elaboração
tanto de objetos religiosos quanto de utensílios domésticos, onde encontramos a
temática predominante em toda a arte do período, animais e figuras humanas,
principalmente figuras femininas, conhecidas como Vênus, caracterizadas pelos
grandes seios e ancas largas, são associadas ao culto da fertilidade.
Entre as mais famosas estão a Vênus de
Lespugne, encontrada na França, e a Vênus de Willendorf encontrada na Áustria
foram criadas principalmente em pedras calcárias, utilizando-se ferramentas de
pedra pontiaguda.
Os artistas faziam também esculturas em
pedra e metal, que mostram seu empenho na criação de objetos e na representação
da figura humana. Há esculturas em bronze nas quais já é possível observar não
só a postura elegante da figura humana como também detalhes do rosto e das
vestes.
Uma das primeiras representações humanas em
escultura é a figura de mulher chamada a Vênus de Willendorf. Altura:11 cm.
Os escultores pré-históricos produziram
suas peças em metal por meio de dois métodos: o de forma de barro e o da cera perdida. No método da forma de barro o escultor fazia a forma
e despejava nela o metal derretido em fornos. Então, esperava o metal esfriar,
quebrava a forma e obtinha a escultura. Na técnica da cera perdida, o escultor
fazia um modelo em cera e o revestia com barro, deixando nele um orifício.
Depois, aquecia o barro. Com o calor do barro, a cera derretia e escorria pelo
orifício. Assim, ele obtinha um modelo oco e o preenchia com metal fundido.
Quando o metal esfriava, ele quebrava o molde de barro e obtinha uma escultura
igual à que havia modelado na cera. A
partir do uso dos metais, surgiram também esculturas masculinas, simbolizando
guerreiros.
Arquitetura
No período Neolítico, o aparecimento da
agricultura e o consequente sedentarismo do ser humano favoreceram o surgimento
da arquitetura denominada megalítica, por causa do uso de grandes blocos de
pedra.
Os primeiros homo sapiens eram nômades e refugiavam-se nos lugares que a
natureza lhes oferecia, podendo ser em aberturas nas rochas, cavernas, grutas
ao pé de montanhas ou até no alto delas.
Não se pode falar de uma arquitetura pré-histórica no sentido artístico,
apesar de seu caráter funcional. Mais tarde eles começariam a construir abrigos
com as peles dos animais que caçavam ou com as fibras vegetais das árvores das
imediações, que aprenderam a tecer, ou então combinando ambos os materiais.
Durante o período neolítico essa situação
sofreu mudanças, desenvolveram-se as primeiras formas de arquitetura e consequentemente
o grupo humano passou a se fixar por mais tempo em uma mesma região, mas ainda
utilizava-se de abrigos naturais ou fabricados com fibras vegetais ao mesmo
tempo em que passaram a construir monumentos de pedras colossais, que serviam
de câmaras mortuárias ou templos. Raras as construções serviam de habitação.
Esses monumentos de pedra
foram denominados “megalíticos” e
podem ser classificados de: nuragues (feitos de pedras justapostas sem argamassa) e os dolmens (duas grandes pedras fincadas
no chão).
Câmara: Geralmente de forma
trapezoidal ou circular. Era constituída grandes pedras em posição vertical em
número variável entre seis e nove, cobertos por uma laje horizontal, designada de chapéu, mesa ou tampa. Existem câmaras que chegam
a ter a altura de seis metros.
Corredor (não é obrigatória a sua existência)
O corredor ou galeria de acesso à câmara pode ter
variadíssimos tamanhos e é formado por diversos esteios verticais, normalmente
coberto por lajes designadas por tampas. Alguns corredores apresentam um
pequeno átrio
(pátio) no lado oposto à câmara. Conhecem-se em Portugal
antas com corredor de dezesseis metros de comprimento.
Menires, que são grandes
pedras cravadas no chão de forma vertical; e os Cromiech, que são menires e
dolmens organizados em círculo, sendo o mais famoso o de Stonehenge, na
Inglaterra.
Também
encontramos importantes monumentos megalíticos na Ilha de malta e Carnac na
França, todos eles com funções ritualísticas.
Em
todas as regiões do Brasil existem sítios existem sítios arqueológicos em que
foram encontrados registros visuais e vestígios materiais de grupos humanos que
aqui viveram milhares de anos antes da colonização. Esse período é chamado
pré-cabralino, ou seja, antes da chegada de Pedro Alvares Cabral, em 1500. Os
mais antigos ficam no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e chagam
a 12 mil anos de idade. As imagens representam principalmente seres humanos e
animais, e, em alguns lugares, grafismos não reconhecíveis.
Características
específicas das imagens indicam que diferentes grupos humanos desenvolveram
estéticas particulares, que são chamadas de tradições, e, dentro delas, há
divisões em subtradições.
Ainda
há muito o que se estudar sobre os diversos registros rupestres no Brasil, mas
duas tradições já foram mais bem definidas, encontradas principalmente na
Região Nordeste do país: uma delas é a tradição Nordeste, e a outra, a tradição
Agreste.
• Tradição
Nordeste: possui desenho rico em detalhes, e há o predomínio de figuras
reconhecíveis, principalmente humanas e animais. Muitas vezes elas representam
ações ligadas à vida cotidiana ou aos rituais. Há quatro temas nessa tradição:
dança, práticas sexuais, caça e rituais em torno de uma árvore. Estudos indicam
que a tradição Nordeste surgiu por volta de 12 mil anos atrás, e desapareceu há
cerca de 6 mil anos. Acredita-se que surgiu no sudeste do Piauí e espalhou-se
para outras regiões.
• Tradição
Agreste: possivelmente é originária da região de Pernambuco e Paraíba, e
apresenta características bem diferentes daquelas da tradição Nordeste. A
técnica dessa tradição é menos elaborada, as figuras são mais simples, com
poucos detalhes. Há poucas representações de ações e cenas, as figuras são
geralmente estáticas e isoladas. Acredita-se que essa tradição tenha surgido há
cerca de 9 mil anos e durado até 3,5 mil anos atrás.
Referências
Texto
produzido em forma de livreto pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade Federal da Bahia
Proença,
Graça. Descobrindo a História da Arte. 1ª Ed. Ática. São Paulo. 2005.
BOZZANO,
Hugo; FRENDA, Perla; GUSMÃO, Tatiane Cristina. Arte em Integração. Vol. Único
São Paulo:IBEP, 2013.
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