"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

3ª Série - ROMANTISMO - 3ª Unidade - 2015

A França do século XVIII, passou por períodos que determinam grandes mudanças entre eles: Revolução Francesa (1789), com ideias fundamentais para a mudanças, pensamento. Ou seja, o homem aprendeu que havia a mobilidade social, isto é, não deveria conformar-se em nascer e morrer numa mesma classe social herdada dos seus antepassados e a religião deveria ser livre no indivíduo também livre, determinada pela crença na sua bondade que foi a ideia da liberdade; época de Napoleão Bonaparte, ou era Napoleônica, fixou essa imagem; após a queda de Napoleão, instalou-se na França a antiga monarquia, cuja preocupação fundamental foi recompor o país que estava em fase de revisão de valores.
O romantismo é definido de maneira geral, como uma reação ao Neoclassicismo francês que dominava as artes no século XVIII (historicamente situa-se entre 1820 e 1850) e à crença na razão humana que havia caracterizado o Iluminismo. Suas raízes estão em um período de grande renascimento cultural na Alemanha no final do século XVIII e no surgimento de um tipo de filosofia, conhecido como pensamento idealista, que teria um forte impacto na literatura, na filosofia, na estética e no pensamento político.
Enquanto os artistas neoclássicos voltaram-se para a imitação da arte Greco-romana e dos mestres do Renascimento italiano, submetendo-se às regras determinadas pelas escolas de belas artes, os românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista. Assim, de modo geral, podemos afirmar que a característica mais marcante do Romantismo é a valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística.
Ao lado dessas características mais gerais, outros valores compuseram a estética romântica, tais como o sentimento do presente, o nacionalismo e a valorização da natureza.
A natureza é retomada como simples cenário, como ocorria no Neoclassicismo, mas como cúmplice dos sentimentos do artista, como expressão do seu estado de espírito. Assim, se ele está deprimido, tudo em ser redor está hostil, tempestades se aproximam, a Lua melancólica emoldura sua tristeza, à escuridão prevalece sobre a luz. Se está alegre o Sol brilha, os pássaros esvoaçam, as flores desabrocham.
Outra característica importante do romantismo é o misticismo. O gosto pelo sobrenatural e a postura espiritualista foram uma maneira de transcender a angústia, as incertezas de um tempo marcado pelo caos, pelo conflito. A noção de Deus por vezes se confunde com a noção de natureza. O artista fascinado pelo misterioso e sobrenatural, criou em suas obras uma atmosfera de fantasia e heroísmo, valorizando acima de tudo a emoção e a liberdade de criação.
É certo que para transmitir toda essa subjetividade, esse individualismo, os românticos pregavam a liberdade de criação, rebelando-se contra quaisquer regras, modelos ou imposições feitas à expressão artística. O caos apodera-se das normas e as subverte, e o resultado é inovador e interessante.

PINTURA ROMÂNTICA
Os artistas e escritores românticos se basearam nos temas históricos e na literatura da Idade Média.
A arte tornou-se uma manifestação individual; procura de autoidentificação na obra criava um mundo paralelo onde sonhos e os desejos se realizavam. Criavam para si, sem levar em consideração as regras e as formas acadêmicas.
Negavam os críticos e até o público. Mas, ao mesmo tempo, lançavam-se numa atitude revolucionária, as paixões e as incertezas para a aparentemente organizada e disciplinada sociedade burguesa.
Eram contraditórios, apesar do seu protesto, da sua tentativa de independência.
O romantismo foi o movimento essencialmente burguês, embora praticado por filhos de famílias aristocráticas e suas obras se tornavam, cada vez mais, mercadorias consumidas pelo público burguês.
Paralelamente com o sentimento de insegurança e não adaptação social surgiu o culto à morte. Morte voluptuosa, morrer de amor, morrer romanticamente.
A transformação pictórica destes temas, extraídos da literatura, originou uma pintura narrativa de cenas românticas.
O nacionalismo também passou a fazer parte das obras.
Desenvolveu-se cada vez mais a individualização e o ser humano tornou-se um “eu” sozinho enfrentando a vida, defrontando-se com a sociedade.
A corrente romântica de pensamentos, costumes e gostos atingiu toda a Europa até a metade do século XIX.
Ao negar a estética neoclássica, a pintura romântica aproxima-se das formas barrocas. Assim, os pintores românticos, como Goya, Delacroix, Turner e Constable, recuperam o dinamismo e o realismo que os neoclássicos haviam negado.
Características:
*          Composição em diagonal, que sugere instabilidade e dinamismo ao observador;
*          A cor é novamente valorizada e as cores fortes e os contrastes de claro-escuro reaparecem, produzindo efeitos de dramaticidade;
*          Valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística.
Quanto aos temas, os fatos reais da história nacional e contemporânea dos artistas despertam maior interesse do que os da mitologia grego-romana. Além disso, a natureza, relegada ao pano de fundo das cenas aristocráticas pelo Neoclassicismo, ganha importância. Ela mesma passa a ser o tema da pintura. Ora calma, ora agitada, a natureza exibe, na tela dos românticos, um dinamismo equivalente às emoções humanas.
Nas artes plásticas, o romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o espanhol Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as emoções e os sentimentos em suas obras de arte. Na Alemanha, podemos destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable traçava obras com forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução Industrial.
As obras dos pintores brasileiros buscavam valorizar o nacionalismo, retratando fatos históricos importantes. Desta forma, os artistas contribuíam para a formação de uma identidade nacional. As obras principais deste período são : A Batalha do Avaí de Pedro Américo e A Batalha de Guararapes de Victor Meirelles. 

Goya: As primeiras manifestações românticas na pintura foram realizadas por Francisco de Goya (1746-1828), que, apesar de pertencer à academia, não seguia as regras do racionalismo neoclássico. Em muitas de suas pinturas há contrastes de luz e sombra que dão um efeito dramático à cena.
O espanhol Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828) usou temas diversos: retratos da corte espanhola e do povo, os horrores da guerra, a ação incompreensível de personagens fantásticas e cenas históricas.

Delacroix: É talvez o maior representante da pintura romântica, mas sua importância ainda é maior, pois superando os problemas específicos deste movimento, foi um inovador da pintura, e sobre os seus estudos, desenvolveram-se mais tarde as pesquisas do Impressionismo.
Artista famoso pela intensidade de suas cores e por experimentos que o levaram a revolucionar a maneira de trabalhar os tons, Eugène Delacroix é o mais conhecido representante do estilo romântico na pintura.
Considerado o maior expoente do Romantismo na arte, era um artista que acreditava que sua pintura tinha por dever expressar todo tipo de experiência emocional intensa: paixão, luxúria, tristeza, violência, morte, vitórias e derrotas. Seu uso inovador das cores, deixando de lado a tradicional técnica do "sfumato" ao se pintar sombras, também é marcante: Delacroix sobrepunha cores complementares para obter maior riqueza e vivacidade em suas telas (cada uma das três cores primárias possui sua complementar, que resulta da fusão das outras duas).
Comparava as combinações de cor com as combinações musicais.
Para Delacroix, as cores não se encontravam prontas na paleta. Eram criadas por tonalidades justapostas, mesclavam-se na vista do observador.
Se na natureza não há cor preta, também na pintura não devia haver cores mortas e neutras.
Aos 29 anos, o francês Eugène Delacroix (1799-1863) viveu uma importante experiência: visitou Marrocos, no norte da África, com a missão de documentar, por meio da pintura, os hábitos e costumes das pessoas daí. Mas Delacroix tornou-se famoso também por retratar a agitação das ruas.

PAISAGEM ROMANTICA: A pintura paisagística já havia se desenvolvido no século XVIII, mas foi no período romântico que ganhou nova força, principalmente na Inglaterra. A paisagem romântica caracterizava-se, de um lado, por seu realismo e, por outro, pela recriação das contínuas modificações das cores da natureza causadas pela luz solar.
Joseph Mallord William Turner (1775-1851) representou os grandes movimentos da natureza, mas por meio de estudo da luz que a natureza reflete, procurou descrever uma certa “atmosfera” da paisagem. Turner combina os tons claros como  o amarelo e o laranja, são mantidos puros, isto é não foram neutralizados com o branco.
Obras: “O Grande Canal”, e “Chuva, Vapor e Velocidade”.

John Constable (1776-1837) ao contrário de Turner, a natureza retratada por Constable é serena e profundamente ligada aos lugares onde o artista nasceu, cresceu e trabalhou ao lado do pai. Muitos elementos de suas paisagens – os moinhos de vento, as barcaças carregadas de cereais faziam parte da vida cotidiana do artista quando jovem.

ARQUITETURA

A arquitetura do romantismo foi marcada por elementos contraditórios, fazendo dessa forma de expressão algo menos expressivo. O final do século XVIII e início do XIX foram marcados por um conjunto de transformações, envolvendo a industrilaização, valorizando e rearranjando a vida urbana. A arquitetura da época reflete essas mudanças; novos materiais foram utilizados como o ferro e depois o aço.
Ao mesmo tempo, as igrejas e os castelos fora dos limites urbanos, conservaram algumas característica de outros períodos, como o gótico e o clássico. Esse reaparecimento de estilos mais antigos teve relação com a recuperação da identidade nacional.
A urbanização na Europa determinou a construção de edifícios públicos e de edifícios de aluguel para a média e alta burguesia, sem exigências estéticas, preocupadas apenas com o maior rendimento da exploração, e, portanto esqueceu-se do fim último da arquitetura, abandonando as classes menos favorecidas em bairros cujas condições eram calamitosas.
Entre os arquitetos mais reconhecidos desse período historicista ou eclético, deve-se mencionar Garnier, responsável pelo teatro da Ópera de Paris; Barry e Puguin, que reconstruíram o Parlamento de Londres; e Waesemann, na Alemanha, responsável pelo distrito neogótico de Berlim. Na Espanha deu-se um renascimento curioso da arte mudéjar na construção de conventos e igrejas, e na Inglaterra surgiu o chamado neogótico hindu. Este último, em alguns casos, revelou mais mau gosto do que arte.
No Brasil, a arquitetura romântica sofreu influência europeia, principalmente francesa.
Os lucros do café proporcionaram o desenvolvimento de nossa arquitetura (época imperial). Foram construídos vários edifícios públicos e particulares, sobrados e palacetes, igrejas e teatros.

ESCULTURA

A escultura romântica não brilhou exatamente pela sua originalidade, nem tampouco pela maestria de seus artistas. Talvez se possa pensar nesse período como um momento de calma necessário antes da batalha que depois viriam a travar o impressionismo e as vanguardas modernas. Do ponto de vista funcional, a escultura romântica não se afastou dos monumentos funerários, da estátua eqüestre e da decoração arquitetônica, num estilo indefinido a meio caminho entre o classicismo e o barroco.
A grande novidade temática da escultura romântica foi a representação de animais de terras exóticas em cenas de caça ou de luta encarniçada, no melhor estilo das cenas de Rubens. Não abandonaram os motivos heróicos e as homenagens solenes na forma de estátuas superdimensionadas de reis e militares. Em compensação, tornou-se mais rara a temática religiosa. Os mais destacados escultores desse período foram Rude e Barye, na França, Bartolini, na Itália, e Kiss, na Alemanha.

Referências:
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo. 2000.
_____________.Descobrindo a História da Arte. 1ª Ed. São Paulo. Ática. 2005.

LEONARDI, Ângela Cantele. Arte e Habilidade: 8º ano. IPEB, 2012

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