"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

quinta-feira, 31 de março de 2016

3ª Série - ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM VISUAL - Texto 3 - 1ª Unidade - 2016

A linguagem funciona como a ordenadora dos símbolos da comunicação num contexto de espaço e tempo, através de acordos (convenções) estabelecidos por grupos humanos para transmitir determinados significados, organizando suas percepções, classificando e relacionando acontecimentos para que os símbolos guardem um mesmo sentido para todos que o empregam.
Se você estiver lendo este livro é por que consegue entender um código (a Língua Portuguesa) que é comum à sua localidade. Este tipo de linguagem (Português, Inglês, Espanhol etc) é chamada de linguagem conceitual.
Mas além da linguagem conceitual (oral e escrita) existe também a linguagem visual. A linguagem visual é uma linguagem talvez mais limitada do que a falada, porém mais direta. Isto nos mostra que a transmissão de informações no modo visual tem um maior no impacto e efeito no observador, já que utilizamos maneiras mais objetivas através das mensagens visuais em seus diversos exemplos.
Ver significa essencialmente conhecer, perceber pela visão, alcançar com a vista os seres, as coisas e as formas do mundo ao redor. Ver é também um exercício de construção perceptiva onde os elementos selecionados e o percurso visual podem ser educados.
Observar é olhar, pesquisar, detalhar, estar atento de diferentes maneiras às particularidades visuais relacionando-as entre si. O saber ver e observar podem ser trabalhados de maneira que a pessoa possa analisar, refletir, interferir e produzir visualmente através do entendimento da linguagem visual.
A linguagem visual pode ser reduzida aos seus elementos básicos, aqueles que formam a imagem e o modo como os percebemos.
Ponto: primeira unidade da imagem, tendo como característica a simplicidade e irredutibilidade (não pode ser reduzido), não possuindo formato nem dimensão. O ponto indica uma posição no espaço e constrói a imagem e funciona como referência no espaço visual por ter um grande poder de atração para a visão humana. Os pontos podem agir agrupados obtendo um expressivo efeito visual com formas ordenadas ou aleatórias em que o olho reúne os pontos em uma única imagem. Uma série de pontos forma uma linha, uma massa de pontos torna-se textura, forma ou plano.
Linha: quando agrupamos os pontos muito próximos, em uma sequência ordenada uns após os outros e de mesmo tamanho, causam à visão uma ilusão de direcionamento e acabamos visualizando-os como uma linha. Uma linha pode ser uma marca positiva ou uma lacuna negativa. Aparecem nos limites dos objetos e onde dois planos se encontram.
As linhas podem ser classificadas como:
GEOMÉTRICAS: são abstratas e tem apenas uma dimensão, o comprimento;
GRÁFICAS: linhas desenhadas ou traçadas numa superfície qualquer;
FÍSICAS: pode ser observada, principalmente, nos contornos dos objetos, naturais ou construídos, criada de maneira abstrata na forma de uma percepção visual ilusória e imaginária como fios de lã, fios de energia, rachaduras em pisos, horizonte etc .
A linha gráfica pode indicar a trajetória de um ou vários pontos de maneira contínua variando quanto:
À ESPESSURA, (fina ou grossa);
À FORMA (reta, sinuosa, quebrada ou mista);
AO TRAÇADO (cheia, tracejada, pontilhada, traço e ponto, etc) e;
À POSIÇÃO (horizontal, vertical ou inclinada).

Forma: é derivada da organização imaginária que damos a um conjunto de linhas dando um sentido de orientação espacial e de reconhecimento da imagem representada. A mesma forma pode se apresentar diferente para nossa observação de acordo com a referência visual da superfície em ela está.
Existem três formas básicas: o círculo, o quadrado e o triângulo equilátero, cada qual com suas características e especificidades, exercendo no observador diferentes efeitos visuais e impressões quanto aos seus significados. As formas também podem se dividir em dois grandes grupos:
GEOMÉTRICAS: figuras ordenadas perfeitamente (formas básicas, polígonos etc), não tão facilmente reconhecidos na natureza no seu estado mais puro;
ORGÂNICAS: formas ordenadas ou aleatórias em estruturas não geométricas, observadas principalmente na natureza, daí o seu nome (asa de inseto, folha de árvore, curso e ramificações de um rio etc).

Textura: é a qualidade impressa em uma superfície, enriquecendo as impressões e sentidos que teremos de determinada forma. A textura pode ser classificada de duas maneiras: quanto à sua natureza e quanto à forma que ela se apresenta.
- Quanto à natureza:
TEXTURA TÁTIL - é aquela que podemos tocar e sentir fisicamente a sua característica peculiar pelo tato, como, por exemplo, o reboco granuloso de uma parede, a aspereza de uma lixa, a lisura de uma cerâmica polida. Também é conhecida por textura concreta por ser palpável e estar efetivamente empregada ou ser característica da superfície de um material.
TEXTURA ÓTICA - é aquela existente apenas na ilusão criada pelo olho humano, como, por exemplo, a capa de um livro que reproduza a imagem de uma parede rebocada ou as imagens impressas num tecido que criam um padrão de textura reconhecido pela visão, mas não sentido pelo tato. Também é conhecida como textura virtual, pois existem somente com efeito captado pela visão como uma representação.
- Quanto à forma que se apresenta:
GEOMÉTRICA – a organização de formas geométricas num padrão dentro de uma área ou superfície acaba dando a esta a característica de uma textura.
ORGÂNICA – a superfície possui uma aparência de algo natural, iludindo o olho como se pudesse ser percebida pelo toque.

Dimensão / Plano: trabalha em conjunto com a linha e com a forma para iludir o nosso olhar criando um efeito tridimensional na imagem, que está numa superfície bidimensional, uma folha de papel, por exemplo. As três dimensões são: altura, comprimento e profundidade.
Junto com o elemento da dimensão relacionaremos o conceito de plano numa superfície, que é uma área da imagem que possui duas dimensões (comprimento e largura) e que, através de sua sobreposição, podemos obter uma ilusão da terceira dimensão (altura).
A representação da dimensão de profundidade no espaço bidimensional (altura e largura) vai depender da capacidade que o olho tem de se iludir quanto ao modo de perceber a imagem. A linha funciona como o contorno das formas obtidas que, por sua vez, são projetadas na superfície plana bidimensional de modo que pareçam estar em diferentes planos. O principal artifício usado para criar este efeito de profundidade é a perspectiva, podendo ser intensificados pelos efeitos de claro-escuro nos diferentes tons da imagem. A representação do espaço tridimensional numa superfície bidimensional, através da perspectiva, vai exigir uma série de regras e métodos estabelecidos matematicamente para iludir o olhar.

A ilusão de perspectiva pode ser causada de duas maneiras no desenho artístico:
- Perspectiva Linear – que tem como referência a linha do horizonte e um ou mais pontos de fuga localizados nesta linha para causar o efeito de profundidade;
- Perspectiva Tonal ou Atmosférica – usa diferentes tonalidades de cores, graduando conforme a distância que se quer representar – quanto mais próxima do observador a figura está (1º plano) os tons são mais fortes e quanto mais distante do observador os tons são mais fracos.

Escala: quando trabalhamos com os elementos visuais em uma área específica bidimensional, devemos prestar atenção na relação entre os tamanhos das imagens. Esta relação entre os tamanhos é a escala, também conhecida como proporção.

Direção: quando observamos qualquer imagem procuramos sempre organizá-la e entendê-la visualmente quanto à sua forma, dimensão, tamanho e outros elementos. Também procuramos um sentido para a nossa observação, isto é, a direção que percebemos na imagem. Podemos fazer relação das direções principais com as três formas básicas: quadrado – horizontal e vertical; triângulo – a inclinada; o círculo – a curva. Cada direção básica expressa um sentido próprio: horizontal – estase, calma; vertical – prontidão, equilíbrio; inclinada – instabilidade, atividade; curva – continuidade, totalidade.

Movimento: ao percorremos a imagem com os olhos durante a observação seguindo uma ou várias direções (horizontal, vertical, inclinado e curva) estamos trabalhando também com o elemento básico do movimento. O movimento funciona como uma ação que se realiza através da ilusão criada pelo olho humano. Podemos observar uma imagem estática num papel e parecer que ela está se movimentando para os nossos olhos. Isso acontece devido à maneira como os elementos básicos são arranjados e combinados entre si para criar a ilusão do movimento. O Movimento trabalha em conjunto com a Escala e a Direção, pois quando os elementos têm o mesmo tamanho, a imagem pode ficar monótona. O contraste no tamanho pode criar uma tensão, bem como uma sensação de profundidade e movimento.

Tom: é a quantidade relativa de luz existente em um ambiente ou numa imagem, definindo sua obscuridade ou claridade, ausência ou presença de luz. Temos uma relação de contraste entre o claro-escuro. Sem esta relação não veríamos o mundo da maneira que ele nos aparenta. A luz natural emitida pelo sol, a luz branca, é refletida, absorvida, circunda e penetra nos objetos que, por sua vez, têm características de absorver ou refletir a luminosidade que recebe. Assim, podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas (elemento da dimensão), o espaço que elas ocupam, identificando sua forma, massa, cor, textura, se está estática ou em movimento etc. As múltiplas gradações entre o claro e escuro consistem numa escala tonal.
Esta escala tonal pode ser aplicada para obtermos vários efeitos sendo um dos principais a perspectiva (ilusão de tridimensionalidade) causada pelo jogo de luz e sombra, chamada de perspectiva tonal. Dentro da linguagem visual o elemento básico do tom se torna essencial para uma representação imagética reconhecida pela percepção humana.

Cor: A cor exerce ação tríplice: a de impressionar, a de expressar e a de construir. A cor é vista: impressiona a retina. A cor é sentida: provoca emoção. A cor é construtiva, pois tendo um significado próprio, possui valor de símbolo, podendo assim, construir uma linguagem que comunique uma ideia, que pode ser de leveza, alegria, sobriedade, etc.
COR: É a sensação provocada pela ação da luz sobre os órgãos da visão. Pode ser percebida de duas formas: cor-luz e cor-pigmento:
A cor enquanto fenômeno físico possui leis naturais que a regem, e, enquanto fenômeno fisiológico, possui características identificáveis quanto ao modo como é percebida pelo olho humano. De acordo com a percepção, as cores possuem três dimensões: matiz (croma), saturação ou intensidade (pureza relativa da cor) e brilho (valor tonal).
O matiz ou croma é a cor em si, com suas especificidades individuais. A saturação é a pureza relativa da cor ou a intensidade da sua presença indo da presença máxima do seu matiz até um cinza neutro. É o local da cor no interior do espectro da luz visível pelo olho humano.
A luminosidade ou valor da cor é o brilho relativo corresponde ao valor tonal das gradações entre sua luminosidade ou obscuridade. Vale destacar que a presença ou ausência de cor não afeta o tom, que é constante.
A saturação ou intensidade da cor é a vivacidade ou o esmaecimento da mesma. Quando diminuímos a saturação de um matiz ele se torna gradativamente um cinza.
 As cores são divididas em cor luz e cor pigmento, cada qual com uma classificação para os diferentes matizes.
Para os que trabalham com cor-luz (como na televisão ou no cinema), as primárias são: vermelho, verde e azul-violetado. A mistura dessas três luzes coloridas produz o branco, denominando-se o fenômeno síntese aditiva.
Cor-pigmento: Aquela percebida através das substâncias materiais corantes na presença da luz. Ex.: folha verde.
Pode ser opaca, como a utilizada na pintura em geral, ou transparente, utilizada principalmente nas artes gráficas.
Para o químico, o artista e todos que trabalham com substâncias corantes opacas (cores-pigmento) as cores primárias são o vermelho, o amarelo e o azul. A mistura das cores-pigmento vermelho, amarelo e azul produz o cinza neutro por síntese subtrativa.

Classificação das cores
Cores primárias: Também chamadas de cores puras. Não se formam pela mistura de outras cores. São elas: azul, vermelho e amarelo.
Cores secundárias: São cores resultantes da mistura de duas cores primárias. São elas: laranja, verde e violeta.
Cores terciárias: Resultam da mistura de uma cor primária com uma cor secundária. São elas: amarelo-alaranjado, vermelho-alaranjado, vermelho-arroxeado, azul-arroxeado, azul-esverdeado e amarelo-esverdeado
Cores análogas: São cores vizinhas no círculo das cores. São análogas porque há nelas uma mesma cor básica. Pôr exemplo o amarelo-ouro e o laranja-avermelhado tem em comum a cor laranja.   
As cores análogas, ou da mesma "família" de tons, são usadas para dar a sensação de uniformidade. Uma composição em cores análogas em geral é elegante, porém deve-se tomar o cuidado de não a deixar monótona. 
Cores complementares: São cores diametralmente opostas no círculo cromático.
Cores frias: como o próprio nome indica, estão associadas à sensação de frio, e são essencialmente todas as cores que derivam do Violeta, Azul e Verde. São consideradas cores calmantes. Aquelas em que predominam o azul e o verde.
Associam-se à água, ao frio, ao gelo, ao mar, ao céu, às árvores, entre outras.
Cores quentes: As cores quentes, estão pois associadas a sensações completamente opostas àquelas que as cores frias transmitem.
Assim, as cores quentes associam-se às sensações de calor, adrenalina. São consideradas cores excitantes. As cores quentes são todas aquelas que, no circulo das cores primárias derivam das seguintes cores: Amarelo, Laranja e Vermelho.
Estas cores associam-se ao sol, ao fogo, a vulcões em erupção, entre outras.
Cores neutras: Caracteriza-se pela não-predominância de tonalidades quentes e ou frias. São consideradas neutras: cinzas, cinzas com ligeira coloração quente ou fria, bege, marrons e ainda o preto e o branco.
Preto e branco: As outras cores permitem uma diluição no sentido do claro ou do escuro, e aproxima-se das cores vizinhas no espectro. Só o preto e o branco insistem em sua pureza; ao se acrescentar a mínima quantidade de outra cor a uma delas, esta perde imediatamente a sua identidade. O branco transforma-se em rosa, cinzento, amarelo, etc., o preto torna-se azul, violetas, castanho ou verde. Não existe branco escuro ou preto claro.
O branco e preto são dois extremos tonais. Nada pode ser mais claro do que o branco, ou mais escuro do que o preto.

Referências:
BRUNA, r. Cantele. Arte, etc e tal... Vol. 3. IBEP. São Paulo.
APOSTILA DE ARTES VISUAIS – Prof. Garcia Junior – www.imagetica.net/blog


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