A
linguagem funciona como a ordenadora dos símbolos da comunicação num contexto
de espaço e tempo, através de acordos (convenções) estabelecidos por grupos
humanos para transmitir determinados significados, organizando suas percepções,
classificando e relacionando acontecimentos para que os símbolos guardem um
mesmo sentido para todos que o empregam.
Se
você estiver lendo este livro é por que consegue entender um código (a Língua
Portuguesa) que é comum à sua localidade. Este tipo de linguagem (Português, Inglês,
Espanhol etc) é chamada de linguagem conceitual.
Mas
além da linguagem conceitual (oral e escrita) existe também a linguagem visual.
A linguagem visual é uma linguagem talvez mais limitada do que a falada, porém
mais direta. Isto nos mostra que a transmissão de informações no modo visual
tem um maior no impacto e efeito no observador, já que utilizamos maneiras mais
objetivas através das mensagens visuais em seus diversos exemplos.
Ver
significa essencialmente conhecer, perceber pela visão, alcançar com a vista os
seres, as coisas e as formas do mundo ao redor. Ver é também um exercício de
construção perceptiva onde os elementos selecionados e o percurso visual podem
ser educados.
Observar
é olhar, pesquisar, detalhar, estar atento de diferentes maneiras às
particularidades visuais relacionando-as entre si. O saber ver e observar podem
ser trabalhados de maneira que a pessoa possa analisar, refletir, interferir e
produzir visualmente através do entendimento da linguagem visual.
A
linguagem visual pode ser reduzida aos seus elementos básicos, aqueles que formam
a imagem e o modo como os percebemos.
Ponto:
primeira unidade da imagem, tendo como característica a simplicidade e
irredutibilidade (não pode ser reduzido), não possuindo formato nem dimensão. O
ponto indica uma posição no espaço e constrói a imagem e funciona como
referência no espaço visual por ter um grande poder de atração para a visão
humana. Os pontos podem agir agrupados obtendo um expressivo efeito visual com
formas ordenadas ou aleatórias em que o olho reúne os pontos em uma única
imagem. Uma série de pontos forma uma linha, uma massa de pontos torna-se
textura, forma ou plano.
Linha:
quando agrupamos os pontos muito próximos, em uma sequência ordenada uns após
os outros e de mesmo tamanho, causam à visão uma ilusão de direcionamento e
acabamos visualizando-os como uma linha. Uma linha pode ser uma marca positiva
ou uma lacuna negativa. Aparecem nos limites dos objetos e onde dois planos se
encontram.
As
linhas podem ser classificadas como:
GEOMÉTRICAS:
são abstratas e tem apenas uma dimensão, o comprimento;
GRÁFICAS:
linhas desenhadas ou traçadas numa superfície qualquer;
FÍSICAS:
pode ser observada, principalmente, nos contornos dos objetos, naturais ou
construídos, criada de maneira abstrata na forma de uma percepção visual
ilusória e imaginária como fios de lã, fios de energia, rachaduras em pisos,
horizonte etc .
A
linha gráfica pode indicar a trajetória de um ou vários pontos de maneira
contínua variando quanto:
À ESPESSURA,
(fina ou grossa);
À FORMA
(reta, sinuosa, quebrada ou mista);
AO TRAÇADO
(cheia, tracejada, pontilhada, traço e ponto, etc) e;
À POSIÇÃO
(horizontal, vertical ou inclinada).
Forma: é
derivada da organização imaginária que damos a um conjunto de linhas dando um
sentido de orientação espacial e de reconhecimento da imagem representada. A
mesma forma pode se apresentar diferente para nossa observação de acordo com a
referência visual da superfície em ela está.
Existem
três formas básicas: o círculo, o quadrado e o triângulo equilátero, cada qual
com suas características e especificidades, exercendo no observador diferentes
efeitos visuais e impressões quanto aos seus significados. As formas também
podem se dividir em dois grandes grupos:
GEOMÉTRICAS:
figuras ordenadas perfeitamente (formas básicas, polígonos etc), não tão
facilmente reconhecidos na natureza no seu estado mais puro;
ORGÂNICAS: formas
ordenadas ou aleatórias em estruturas não geométricas, observadas
principalmente na natureza, daí o seu nome (asa de inseto, folha de árvore,
curso e ramificações de um rio etc).
Textura: é
a qualidade impressa em uma superfície, enriquecendo as impressões e sentidos
que teremos de determinada forma. A textura pode ser classificada de duas
maneiras: quanto à sua natureza e quanto à forma que ela se apresenta.
-
Quanto à natureza:
TEXTURA TÁTIL -
é aquela que podemos tocar e sentir fisicamente a sua característica peculiar
pelo tato, como, por exemplo, o reboco granuloso de uma parede, a aspereza de
uma lixa, a lisura de uma cerâmica polida. Também é conhecida por textura
concreta por ser palpável e estar efetivamente empregada ou ser característica
da superfície de um material.
TEXTURA ÓTICA - é
aquela existente apenas na ilusão criada pelo olho humano, como, por exemplo, a
capa de um livro que reproduza a imagem de uma parede rebocada ou as imagens
impressas num tecido que criam um padrão de textura reconhecido pela visão, mas
não sentido pelo tato. Também é conhecida como textura virtual, pois existem
somente com efeito captado pela visão como uma representação.
-
Quanto à forma que se apresenta:
GEOMÉTRICA – a
organização de formas geométricas num padrão dentro de uma área ou superfície
acaba dando a esta a característica de uma textura.
ORGÂNICA – a
superfície possui uma aparência de algo natural, iludindo o olho como se
pudesse ser percebida pelo toque.
Dimensão / Plano:
trabalha em conjunto com a linha e com a forma para iludir o nosso olhar
criando um efeito tridimensional na imagem, que está numa superfície
bidimensional, uma folha de papel, por exemplo. As três dimensões são: altura,
comprimento e profundidade.
Junto
com o elemento da dimensão relacionaremos o conceito de plano numa superfície,
que é uma área da imagem que possui duas dimensões (comprimento e largura) e
que, através de sua sobreposição, podemos obter uma ilusão da terceira dimensão
(altura).
A
representação da dimensão de profundidade no espaço bidimensional (altura e
largura) vai depender da capacidade que o olho tem de se iludir quanto ao modo
de perceber a imagem. A linha funciona como o contorno das formas obtidas que,
por sua vez, são projetadas na superfície plana bidimensional de modo que
pareçam estar em diferentes planos. O principal artifício usado para criar este
efeito de profundidade é a perspectiva, podendo ser intensificados pelos
efeitos de claro-escuro nos diferentes tons da imagem. A representação do
espaço tridimensional numa superfície bidimensional, através da perspectiva,
vai exigir uma série de regras e métodos estabelecidos matematicamente para
iludir o olhar.
A
ilusão de perspectiva pode ser causada de duas maneiras no desenho artístico:
- Perspectiva Linear –
que tem como referência a linha do horizonte e um ou mais pontos de fuga
localizados nesta linha para causar o efeito de profundidade;
- Perspectiva Tonal ou Atmosférica –
usa diferentes tonalidades de cores, graduando conforme a distância que se quer
representar – quanto mais próxima do observador a figura está (1º plano) os
tons são mais fortes e quanto mais distante do observador os tons são mais
fracos.
Escala:
quando trabalhamos com os elementos visuais em uma área específica
bidimensional, devemos prestar atenção na relação entre os tamanhos das
imagens. Esta relação entre os tamanhos é a escala, também conhecida como
proporção.
Direção:
quando observamos qualquer imagem procuramos sempre organizá-la e entendê-la
visualmente quanto à sua forma, dimensão, tamanho e outros elementos. Também
procuramos um sentido para a nossa observação, isto é, a direção que percebemos
na imagem. Podemos fazer relação das direções principais com as três formas
básicas: quadrado – horizontal e vertical; triângulo – a inclinada; o círculo –
a curva. Cada direção básica expressa um sentido próprio: horizontal – estase,
calma; vertical – prontidão, equilíbrio; inclinada – instabilidade, atividade;
curva – continuidade, totalidade.
Movimento: ao
percorremos a imagem com os olhos durante a observação seguindo uma ou várias
direções (horizontal, vertical, inclinado e curva) estamos trabalhando também
com o elemento básico do movimento. O movimento funciona como uma ação que se
realiza através da ilusão criada pelo olho humano. Podemos observar uma imagem
estática num papel e parecer que ela está se movimentando para os nossos olhos.
Isso acontece devido à maneira como os elementos básicos são arranjados e
combinados entre si para criar a ilusão do movimento. O Movimento trabalha em
conjunto com a Escala e a Direção, pois quando os elementos têm o mesmo
tamanho, a imagem pode ficar monótona. O contraste no tamanho pode criar uma
tensão, bem como uma sensação de profundidade e movimento.
Tom: é a quantidade
relativa de luz existente em um ambiente ou numa imagem, definindo sua
obscuridade ou claridade, ausência ou presença de luz. Temos uma relação de
contraste entre o claro-escuro. Sem esta relação não veríamos o mundo da
maneira que ele nos aparenta. A luz natural emitida pelo sol, a luz branca, é
refletida, absorvida, circunda e penetra nos objetos que, por sua vez, têm
características de absorver ou refletir a luminosidade que recebe. Assim,
podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas (elemento da
dimensão), o espaço que elas ocupam, identificando sua forma, massa, cor,
textura, se está estática ou em movimento etc. As múltiplas gradações entre o
claro e escuro consistem numa escala tonal.
Esta escala
tonal pode ser aplicada para obtermos vários efeitos sendo um dos principais a
perspectiva (ilusão de tridimensionalidade) causada pelo jogo de luz e sombra,
chamada de perspectiva tonal. Dentro da linguagem visual o elemento básico do
tom se torna essencial para uma representação imagética reconhecida pela
percepção humana.
Cor: A
cor exerce ação tríplice: a de impressionar, a de expressar e a de construir. A
cor é vista: impressiona a retina. A cor é sentida: provoca emoção. A cor é
construtiva, pois tendo um significado próprio, possui valor de símbolo,
podendo assim, construir uma linguagem que comunique uma ideia, que pode ser de
leveza, alegria, sobriedade, etc.
COR: É a
sensação provocada pela ação da luz sobre os órgãos da visão. Pode ser
percebida de duas formas: cor-luz e cor-pigmento:
A cor
enquanto fenômeno físico possui leis naturais que a regem, e, enquanto fenômeno
fisiológico, possui características identificáveis quanto ao modo como é
percebida pelo olho humano. De acordo com a percepção, as cores possuem três
dimensões: matiz (croma), saturação ou intensidade (pureza relativa da cor) e
brilho (valor tonal).
O matiz ou
croma é a cor em si, com suas especificidades individuais. A saturação é a
pureza relativa da cor ou a intensidade da sua presença indo da presença máxima
do seu matiz até um cinza neutro. É o local da cor no interior do espectro da
luz visível pelo olho humano.
A
luminosidade ou valor da cor é o brilho relativo corresponde ao valor tonal das
gradações entre sua luminosidade ou obscuridade. Vale destacar que a presença
ou ausência de cor não afeta o tom, que é constante.
A saturação
ou intensidade da cor é a vivacidade ou o esmaecimento da mesma. Quando
diminuímos a saturação de um matiz ele se torna gradativamente um cinza.
As cores são divididas em cor luz e
cor pigmento, cada qual com uma classificação para os diferentes matizes.
Cor-luz: Aquela
que pode ser observada através dos raios luminosos: Ex.: arco-íris.
Para os que
trabalham com cor-luz (como na televisão ou no cinema), as primárias são:
vermelho, verde e azul-violetado. A mistura dessas três luzes coloridas produz
o branco, denominando-se o fenômeno síntese aditiva.
Cor-pigmento:
Aquela percebida através das substâncias materiais corantes na presença da luz.
Ex.: folha verde.
Pode
ser opaca, como a utilizada na pintura em geral, ou transparente, utilizada
principalmente nas artes gráficas.
Para o
químico, o artista e todos que trabalham com substâncias corantes opacas
(cores-pigmento) as cores primárias são o vermelho, o amarelo e o azul. A
mistura das cores-pigmento vermelho, amarelo e azul produz o cinza neutro por
síntese subtrativa.
Classificação das cores
Cores primárias:
Também chamadas de cores puras. Não se formam pela mistura de outras cores. São
elas: azul, vermelho e amarelo.
Cores secundárias:
São cores resultantes da mistura de duas cores primárias. São elas: laranja,
verde e violeta.
Cores terciárias:
Resultam da mistura de uma cor primária com uma cor secundária. São elas:
amarelo-alaranjado, vermelho-alaranjado, vermelho-arroxeado, azul-arroxeado,
azul-esverdeado e amarelo-esverdeado
Cores análogas:
São cores vizinhas no círculo das cores. São análogas porque há nelas uma mesma cor básica. Pôr exemplo o amarelo-ouro e o
laranja-avermelhado tem em
comum a cor
laranja.
As cores análogas, ou da
mesma "família" de tons, são usadas para dar a sensação de uniformidade. Uma composição em cores análogas em geral é elegante,
porém deve-se tomar o cuidado de não a deixar monótona.
Cores complementares:
São cores diametralmente opostas no círculo cromático.
Cores frias:
como o próprio nome indica, estão associadas à sensação de frio, e são
essencialmente todas as cores que derivam do Violeta, Azul e Verde.
São consideradas cores calmantes. Aquelas em que predominam o azul e o verde.
Associam-se
à água, ao frio, ao gelo, ao mar, ao céu, às árvores, entre outras.
Cores quentes: As
cores quentes, estão pois associadas a sensações completamente opostas àquelas
que as cores frias transmitem.
Assim,
as cores quentes associam-se às sensações de calor, adrenalina. São
consideradas cores excitantes. As cores quentes são todas aquelas que, no
circulo das cores primárias derivam das seguintes cores: Amarelo, Laranja
e Vermelho.
Estas
cores associam-se ao sol, ao fogo, a vulcões em erupção, entre outras.
Cores neutras: Caracteriza-se pela
não-predominância de tonalidades quentes e ou frias. São
consideradas neutras: cinzas, cinzas com ligeira coloração quente ou fria,
bege, marrons e ainda o preto e o branco.
Preto e branco: As
outras cores permitem uma diluição no sentido do claro ou do escuro, e
aproxima-se das cores vizinhas no espectro. Só o preto e o branco
insistem em sua pureza; ao se acrescentar a mínima quantidade de outra cor a
uma delas, esta perde imediatamente a sua identidade. O branco
transforma-se em rosa, cinzento, amarelo, etc., o preto torna-se azul,
violetas, castanho ou verde. Não existe branco escuro ou preto claro.
O
branco e preto são dois extremos tonais. Nada
pode ser mais claro do que o branco, ou mais escuro do que o preto.
Referências:
BRUNA, r.
Cantele. Arte, etc e tal... Vol. 3. IBEP. São Paulo.
APOSTILA DE
ARTES VISUAIS – Prof. Garcia Junior – www.imagetica.net/blog
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