"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

sábado, 22 de outubro de 2011

2ª SÉRIE - TEXTO 3 - 4ª UNIDADE

A ARTE GÓTICA

A Idade Média foi um dos períodos mais longos da História: durou cerca de dez séculos. Iniciou-se no ano de 476, com a ocupação de Roma pelos bárbaros, e teve fim em 1453, quando ocorreram dois fatos importantes; a tomada de Constantinopla pelos mulçumanos e o fim da Guerra dos Cem Anos, entre a França e Inglaterra.
A partir do século XII o centro irradiador de cultura deixa de ser os mosteiros e se expande para as igrejas das grandes cidades da Europa. Tem início uma economia fundamentada no comércio. A catedral da cidade torna-se o edifício mais importante e é nela que vamos encontrar todas as características do estilo gótico.
O gótico se originou na França e se espalhou por várias regiões. A primeira manifestação gótica ocorreu no norte de Paris com a reconstrução da abadia de Saint Denis.


Arquitetura
No início do século XII ainda predomina a arquitetura românica, mas já surgem mudanças que conduzirão a uma profunda revolução arquitetônica.
O estilo gótico foi na realidade um aprofundamento dos elementos básicos do românico, principalmente no que diz respeito à verticalidade. O clima religioso daquela época favoreceu a construção de edifícios bem mais altos, que refletiam o desejo de uma ascensão espiritual.
A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.
A característica mais importante da arquitetura gótica é a abóbada de nervuras, muito diferente da abóbada de arestas românica, porque deixa visíveis os arcos que formam sua estrutura.
Esse novo tipo de abóbada foi possível graças ao arco ogival, diferente do arco pleno do estilo românico. Com ele as igrejas góticas podiam ser muito mais altas que as românicas. Além disso, as ogivas, que se alongam e apontam para o alto, acentuam a impressão de verticalidade da construção.
Outro elemento muito usado nas catedrais góticas são os pilares. Dispostos em espaços bem regulares, eles dão suporte ao teto de pedra. Graças a eles as paredes não precisam ser muito grossas para sustentar o teto. As largas paredes com janelas estreitas das igrejas românicas dão lugar a paredes muito mais altas e com grandes janelas, preenchidas com belos vitrais. Esses conjunto de arcos ogivais, pilares, paredes altas e cheias de vitrais transmite uma forte impressão de amplitude e leveza.
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre os séculos XII e XIV.
Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja.

Características das construções góticas:
A fachada: A igreja gótica apresenta três portais. No portal central há uma rosácea (vitral circular), presente em quase todas as igrejas construídas no século XII e XIV.

Os arcos: O arco ogival, que apresenta uma quebra em sua parte superior, possibilitou a construção de igrejas mais altas, acentuando a impressão de verticalidade.

As abóbadas: A utilização de arcos ogivais permitiu a construção de abóbadas de nervura nas igrejas góticas, substituindo, assim, as abóbadas de berço e de arestas usadas na arquitetura românica.
A abóbada de nervuras que deixa visíveis os arcos que formam sua estrutura. 
   

Os pilares: Nas igrejas góticas, as abóbadas eram apoiadas nos pilares ou colunas de sustentação. Com a utilização desse novo tipo de apoio, as grossas paredes e pequenas janelas da arquitetura românica desapareceram e deram lugar a paredes mais leves e grandes vitrais, que proporcionaram uma iluminação peculiar à igreja gótica.
A arquitetura Gótica e os vitrais

O interior das catedrais góticas é bastante iluminado. A claridade entra pelas janelas do andar mais alto, pelas janelas das paredes das naves laterais e pelos grandes vitrais que ficam atrás do altar principal.
Combinados a colunas delicadas, os vitrais também dão ao ambiente uma aparência de leveza.
Os vitrais são elementos importantes na arquitetura gótica: ao deixarem passar a luz do Sol, criam um ambiente sereno e multicolorido.

Escultura
A escultura gótica está associada diretamente à arquitetura, pois era executada para ocupar espaços, seja na parte superior das portas, chamadas de tímpanos, ou seja ao longo das paredes. As figuras humanas são alongadas, para caber nas estreitas colunas que as abrigam, e perdem a rigidez do período românico para ganhar espontaneidade. As representações mais comuns são as de reis, rainhas, nobres de alta linhagem e santos.

Pintura
Em relação à arquitetura e à escultura, a pintura gótica teve seu nascimento tardio. As primeiras configurações góticas se deram no século XIII e predominaram até o século XV. As principais características da pintura gótica foram:
*         Profundidade: Diferentemente da pintura românica onde as cenas aconteciam num único plano, à pintura gótica procura dar algum movimento às figuras através da postura dos corpos e das paisagens de fundo. Porém, a ilusão de profundidade só se realizou plenamente no movimento que procedeu o gótico: o Renascimento.

*         Realismo: As figuras são representadas de forma mais detalhada e realista. O artista tenta reproduzir os seres exatamente como eles são. Contudo, isso só foi possível no Renascimento através dos estudos de anatomia, quando a dissecação de cadáveres foi permitida, antes proibida pela igreja.

O pintor mais importante do final do século XIII e início do século XIV foi o florentino Giotto (1266 -1337). A maior parte de suas obras é formada por afrescos que decoravam igrejas.
a principal característica de sua pintura é a representação dos santos como pessoas de aparência comum, mas sempre em posição de destaque.  Esses santos com ar humanizado eram os mais importantes das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura.

Retiro de São Joaquim entre os pastores
As figuras humanas são grandes em relação às árvores e quase se igualam, em altura, às montanhas que compõem a paisagem. A figura humana começa a ganhar destaque na pintura como resultado de uma nova imagem que o ser humano tem de si: ele se sente forte, capaz de muitas conquistas.

Cenni di Petro (Giovanni) Cimabue (c.12401302) foi um pintor florentino e criador de mosaicos. Ele também é popular por ter descoberto Giotto e ser considerado o último grande pintor italiano a seguir a tradição bizantina.
Cimabue introduziu a idéia de tratar imagens e obras como indivíduos. Muitas de suas obras estão no interior da Basílica de São Francisco de Assis e na Galleria degli Uffizi, na Itália e no Louvre, em Paris.



Manuscritos ilustrados
Durante o século XII até o século XV, quando Gutemberg inventou a impressão com tipos móveis, qualquer publicação era manuscrita. Os textos da bíblia eram copiados sobre uma fina pele de cordeiro e o copista deixava espaços pra que os artistas executassem ilustrações.
Neste período, os artistas buscavam representar seres de maneira que se aproximassem do real. Contudo, não conseguiam realizar a ilusão de profundidade do espaço. O afresco era muito utilizado, principalmente nas paredes laterais das igrejas. Fora do ambiente religioso os temas, mais comuns, eram cenas de caça, de reuniões musicais ou de diversões em jardins.
Os principais pintores da época: Giotto, Cimabue e Duccio.
Os manuscritos eram feitos em várias etapas e dependiam do trabalho de várias pessoas. Primeiro, curtia-se de modo especial a pele de cordeiro ou vitela, obtendo-se o velino. Nas oficinas dos mosteiros ou nos ateliês de artistas, os trabalhadores cortavam as folhas de velino no tamanho que teria o livro. A seguir, os copistas transcreviam os textos sobre as páginas já cortadas. Ao fazê-lo, deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras capitulares. Esse trabalho ficou conhecido como iluminuras. 

Glossário: arco ogival: tem forma de ogiva (figura formada pelo cruzamento de dois arcos iguais que se cortam superiormente, formando um ângulo agudo).


Bibliografia:
PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. 1ª edição.  São Paulo. Ática. 2005.
CALABRIA, Carla Paula Brondi. MARTINS, Raquel Valle. Arte, História e Produção. Vol 2. São Paulo. FTD. 1997.



                               

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