"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

domingo, 15 de novembro de 2015

2ª Série - O Índio Brasileiro e sua arte - 4ª Unidade - 2015

Arte brasileira é o termo utilizado para designar toda e qualquer forma de expressão artística produzida no Brasil, desde a época pré-colonial até os dias de hoje. Dentro desta ampla definição, estão compreendidas as primeiras produções artísticas da pré-história brasileira e as diversas formas de manifestações culturais indígenas, bem como a arte do período colonial, de inspiração barroca, e os registros pictóricos de viajantes estrangeiros em terras brasileiras.
De forma genérica, a arte plumária indígena e a pintura corporal atingem grande complexidade em termos de cor e desenho, utilizando penas e pigmentos vegetais como matéria-prima. Por fim, destaca-se a confecção de adornos peitorais, labiais e auriculares, encontrados em diversas culturas diferentes espalhadas por todo o território brasileiro.

 UMA ARTE UTILITÁRIA
A primeira questão que se coloca em relação à arte indígena é defini-la entre as muitas atividades realizadas pelos índios.
Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao índio. Para ele, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a noção indígena de beleza.
Outro aspecto importante a ressaltar: a arte indígena é mais representativa das tradições da comunidade em que está inserida do que da personalidade do indivíduo que a faz. É por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam significativamente de uma tribo para outra.

CERÂMICA
A cerâmica é a mais antiga de todas as indústrias. Há milênios o homem se utiliza o barro endurecido pelo fogo.
As mais de 200 tribos indígenas do Brasil produzem seus próprios utensílios de cerâmica usando técnicas tradicionais de seus antepassados.
A cerâmica foi uns dos utensílios que nos ajudaram a identificar as diferentes culturas indígenas. Poderiam ser para vários usos, como para funerais, bonecas, panelas, etc. Os conhecimentos ancestrais das técnicas para a produção de objetos cerâmicos envolvem a escolha da matéria prima, a técnica para queima e a arte do acabamento.
Na cerâmica, a criatividade indígena encontra materiais com maior durabilidade.
As peças geralmente são produzidas manualmente pelas mulheres indígenas que trabalham moldando o barro. Na época das secas, as índias recolhem o barro, nas margens dos rios, armazenando-o em cestos ou folhas de palmeiras, para evitar que o barro resseque, e depois retiram as impurezas, como pedaços de gravetos e pedras, amassando a argila com um pilão, para obterem um grão bem fino e homogêneo.
Para um acabamento de boa qualidade e uma boa liga, as índias misturam alguns componentes orgânicos ou minerais do tipo palha picada ou ossos moídos. Como a argila é um material fácil de ser modelado, o acabamento final é feito alisando as peças com uma concha ou um utensílio de metal. Essas peças de cerâmica produzidas se dividem em objetos utilitários, do tipo de cuias, pratos e panelas, ou em objetos de rituais, como os cachimbos, utilizados em cerimônias religiosas.
A cerâmica utilitária substituiu à pedra trabalhada, a madeira, as vasilhas feitas de frutos (cocos) ou de cascas (porongos, cabaças, catutos).
Mas estes materiais ainda são utilizados pelos nossos índios e pelos civilizados, nos meios culturais.
A cerâmica pré-histórica pode ser dividida em três classes: a primeira, de vasos sem asa, que tinham a cor da argila ou que eram escurecidos por óxido de ferro. A segunda pertence a cerâmica feita no torno, torneada e com asas. Algumas tribos brasileiras atingiram este estágio.
A terceira pertence a cerâmica coberta com um verniz lustroso, que não é encontrada entre os nossos índios.

 O período pré-cabralino: a fase Marajoara e a cultura Santarém

A Ilha de Marajó foi habitada por vários povos desde, provavelmente, 1100 a.C. De acordo com os progressos obtidos, esses povos foram divididos em cinco fases arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na sequência da ocupação da ilha e a que apresenta as criações mais interessantes.
A fase Marajoara
A produção mais característica desses povos foi a cerâmica, cuja modelagem era tipicamente antropomorfa. Ela pode ser dividida entre vasos de uso doméstico e vasos cerimoniais e funerários. Os primeiros são mais simples e geralmente não apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais possuem uma decoração elaborada, resultante da pintura bicromática ou policromática de desenhos feitos com incisões na cerâmica e de desenhos em relevo.
As pinturas eram acromáticas, havia apenas a tonalidade do barro queimado. A coloração era obtida com o uso de engobes (barro em estado líquido) e com pigmentos de origem vegetal. Para o tom vermelho usavam o urucum, para o branco o caulim e para o preto o jenipapo, além do carvão e da fuligem.
Dentre os outros objetos da cerâmica marajoara, tais como bancos, colheres, apitos e adornos para orelhas e lábios, as estatuetas representando seres humanos despertam um interesse especial, porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja, os estudiosos discutem ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função cerimonial. Essas estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas humanas de maneira estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da realidade.
A fase Marajoara conheceu um lento, mas constante, declínio e, em torno de 1350, desapareceu, talvez expulsa ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha de Marajó.

Cultura Santarém

Não existem estudos dividindo em fases culturais os povos que ao longo do tempo habitaram a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, como foi feito em relação aos povos que ocuparam a Ilha de Marajó. Todos os vestígios culturais encontrados ali foram considerados como realização de um complexo cultural denominado "Cultura Santarém".
A cerâmica apresenta uma decoração bastante complexa, pois além da pintura e dos desenhos, as peças apresentam ornamentos em relevo com figuras de seres humanos ou animais.
Além de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração por vezes já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da Cultura Santarém apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou animais que representam.
Por volta do século XVII, os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção acabou por desaparecer.
CERÂMICA (MARAJOARA E TAPAJÔNICA):

A partir do Século I povos ocupam a Amazônia, desenvolvendo agricultura itinerante, com queimadas ou derrubadas de árvores. Destacam-se os povos Marajoaras e Tapajós, exímios horticultores de floresta tropical, que constroem aterros artificiais para erguer suas casas. Confeccionam cerâmicas usando técnicas decorativas coloridas e extremamente complexas, que resultam em peças requintadas de rara beleza.
Peças Marajoaras e Tapajônicas revelam detalhes sobre a vida e os costumes dos antigos povos da Amazônia. As civilizações Marajoaras e Tapajônicas não deixaram para a posteridade cidades e obras de arquitetura, mas legaram á Amazônia uma cerâmica capaz de reconstituir sua história. Louças e outros objetos, como enfeites e peças de decoração, de povos como os que habitavam a Ilha de Marajó e os que viveram em Santarém, são exemplos da riqueza cultural dos ancestrais dos amazônidas. Diversas hipóteses surgiram indicando possíveis origens da cerâmica da Ilha do Marajó. Uma delas, é a de que as fases arqueológicas da Ilha do Marajó foram cinco, correspondendo, cada uma, a diferentes culturas instaladas na região e a diferentes níveis de ocupação. As fases foram Ananatuba, Mangueiras, Formiga, Marajoara e Aruã. A fase Marajoara, ocorrida provavelmente entre os anos 200 e 690 d.C., simboliza a época de um povo que chegou à ilha vivendo seu apogeu. Nesta fase vive-se a tradição policrônica, com exuberância e a variedade da decoração. O povo desta fase viveu em uma área circular, com cerca de 100km de diâmetro, em torno do Rio Arari.
Ananatuba - Marcada por incisões e hachurado. Os principais objetos são tigelas e igaçabas.
Mangueiras - Seu traço principal é a borda incisa, particularmente no que diz respeito à ornamentação.
Formiga - Fase pobre. Não apresenta características de modo a ser encaixada em um determinado estilo.
Marajoara - Caracteriza-se pela exuberância e variedade de decoração, utilizando pintura vermelha e preta sobre matriz branca.
Aruã - A louçaria Aruã é a mais inferior e bem simples, sem decoração. Apenas as urnas para enterramentos secundários tinham decoração.


ARQUITETURA: A arquitetura indígena se caracterizou pela Taba ou Aldeia. A Taba é uma reunião de 4 a 10 ocas e em cada oca viviam várias famílias (ascendentes ou descendentes), geralmente de 300 a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a taba devia ser bem ventilado, denominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo de mandioca e de milho.
No centro da aldeia ficava a ocara, a praça. Ali se reuniam os conselheiros, as mulheres preparavam as bebidas rituais e davam lugar as grandes festas. Dessa praça partiam trilhas chamadas pucu que levavam à roca, ao campo e ao bosque. Destinada a durar no máximo cinco anos a oca era erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Não possuía janelas, tinha uma abertura em cada extremidade e em seu interior nenhuma parede ou divisão aparente. Seus habitantes viviam de forma harmoniosa.

ARTE PLUMÁRIA:
Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da beleza.
As penas geralmente são sobrepostas em camadas, como nas asas dos pássaros. Esse trabalho exige uma cuidadosa execução.
No Brasil, existem pelo menos 30 grupos indígenas que produzem adornos plumários. Alguns deles: Xavante, Waurá, Juruna, Kaiapó, Tukano, Urubus-Kaapor, Asurini, Karajá. A arte plumária indígena possui um caráter ritualístico, em dois níveis:
A confecção das peças (modo de fazer): é feita exclusivamente pelos homens, que obedecem a um ritual de caça, coleta, separação, tingimento, corte, amarração, etc.. da matéria-prima, afim de dar uma forma específica a ela.
Há diversos objetos feitos com plumas de aves: diademas, braceletes, brincos, pulseiras, anéis, colares, máscaras, etc. A arte plumária dos índios brasileiros já foi exibida em exposições pelo mundo todo. É difícil dizer qual nação indígena  tem a arte plumária mais bonita.
Matéria Prima
· Penas - são os maiores elementos da plumagem. Provenientes da cauda e das asas das aves.
· Plumas - cobertura das costas e do abdômen das aves. São menores, largas e arredondadas.
· Penugem - pequenas plumas do pescoço, das costas e do abdômen das aves. Possuem a sua estrutura descontínua.

Finalidade:
·         Os grupos indígenas ornamentam o corpo em contraposição aos outros seres vivos (animais e outros grupos indígenas).
·         Contrapondo-se os diferentes grupos indígenas cria-se um diferencial, tanto no aspecto interno da tribo quando no externo a estes grupos.
·         Extrapolando o conceito de enfeite, a plumária é um símbolo usado em ritos e cerimônias. Pode representar mensagens sobre sexo, idade, filiação (clã), posição social, importância cerimonial, cargo político e grau de prestígio dos seus portadores e possuidores.
·         O uso dos objetos plumários é privativo aos homens principalmente nos cerimoniais onde eles possuem um papel mais destacado que as mulheres.

Máscaras: Para os índios, as máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo  tempo que são um artefato produzido por um homem comum, são a figura viva do ser sobrenatural que representam. Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente em danças cerimoniais, como, por exemplo, na dança do Aruanã, entre os Karajá, quando representam heróis que mantêm a ordem do mundo.
É largamente difundido entre os índios o uso das máscaras. No princípio, talvez, a máscara tenha sido usada como disfarce para as caçadas.
Atualmente ela tem uma função religiosa. Numas tribos, a máscara não permite o reconhecimento de seu portador por um espírito maléfico. Em outras, a função é inversa: a máscara serve para que a divindade reconheça o índio escondido e transmita dons especiais.
Há certas cerimônias em que a máscara, no caso de iniciação (admissão dentro da vida adulta da tribo), representa um espírito obsceno, petulante, violento, que deseja se apossar do iniciado.
Na realidade quem faz a máscara não a considera ou utiliza como obra de arte. A máscara para o índio tem uma função mágica. Pode protegê-lo da perseguição de uma entidade extraterrena. Pode emprestar uma força sobrenatural ao índio. E pode, seguramente, dar ao índio uma posição privilegiada em sua tribo.
Para o preparo das máscaras os índios usam, em geral, a entrecasca de uma árvore (líber), que é retirada da árvore fina como um pano. Preparam a entrecasca, cuidadosamente, molhando e expondo ao sol. Ela fica macia e clara. Depois pintam com cuidado as máscaras. Na pintura empregam resinas vegetais e tabatinga.
Alguns índios usam apenas máscaras nos rostos. Outros usam também um disfarce que vai da cabeça aos pés. É o caso dos índios tucuna, que se cobrem totalmente, configurando seres sobrenaturais.


CESTARIA: A arte de trançar é encontrada em todos os povos primitivos. Vários tipos de cestas e peneiras eram feitos pelos ameríndios, sendo portanto conhecidos os trançados por diversas tribos brasileiras. Certamente os cesteiros atuais herdaram técnicas de nossos indígenas, além de receberem influências lusas e africanas.
A cestaria é o conjunto de objetos feitos quando se trançam fibras vegetais. Com as fibras, os índios produzem cestos para transportar coisas e armazená-las, além de trançar pulseiras, cintos, colares, fazer armadilhas de pesca e muito mais. Cada povo indígena tem um tipo de cestaria; em cada cesto tem um formato diverso, de acordo com sua função. Por exemplo, os cestos para transportar cargas têm uma alça para pendurar na testa, base retangular e borda redonda. Algumas tribos acreditam que fazer cestos é tarefa dos homens - mas que são as mulheres que devem usá-los! Esse é o caso dos Wayana e Apalaí, que vivem no Pará. Em outras sociedades, homens e mulheres trabalham fazendo os cestos. É o caso dos Guarani, que vivem em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. As fibras usadas na cestaria indígena também variam: usa-se a taquara, o arbusto "arumã" e a folha de palmeira, entre outros.

Tecelagem: Os índios dominaram a arte da tecelagem com matérias primas como folhas, palmas, cipós, talas e fibras resultando em redes, cestos, abanos e máscaras.


PINTURA CORPORAL: A pintura corporal para os índios tem sentidos diversos, não somente na vaidade, ou na busca pela estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos através desta arte. Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade indígena, como uma forma de indicar os grupos sociais nela existentes, embora exista tribos que utilizam a pintura corporal segundo suas preferencias. Os materiais utilizados normalmente são tintas como o urucu que produz o vermelho, o jenipapo da qual se adquire uma coloração azul marinho quase preto, o pó de carvão que é utilizado no corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o calcário da qual se extrai a cor branca. A expressividade cultural das comunidades indígenas, a crença e suas raízes ancestrais são vistas através das práticas artesanais e rituais. A mitologia e as lendas estão relacionadas aos encantados e aos seres sobrenaturais que habitam as matas, os rios, igarapés, igapós, e protegem os animais. São histórias narradas no seio da sociedade indígena que servem de doutrina para os membros da comunidade. Dentre estas histórias de encantamento e lendas as mais conhecidas são: Anhangá, O Boitatá, O Boto, O Caipora, O Cairara, A Cidade Encantada, O Curupira, A Galinha Grande, O Guaraná, A Iara ou Uiara, O Lobisomem, A Mandioca, A Princesa do Lago, O Saci Pererê, O Uirapuru, O Velho e o Bacurau, O Velho da Praia, A Vitória-Régia, entre outras. As manifestações folclóricas indígenas compreendem inúmeros rituais, sendo que o toré e os toantes, são festejos realizados com mais frequência entre as índios, como motivo de agradecimento, em casamentos, batizados, celebrações solenes aos visitantes da tribo e personalidades importantes, e também quando eles querem reivindicar às autoridades governamentais benefícios para sua tribo. Esses folguedos duram a noite toda, neles tomando parte os homenageados, as mulheres "cantadeiras" e os "praiás", que são dançadores que se fantasiam com máscaras, totens, colares e se pintam com tintas coloridas. O Kaurup é também uma das festas mais tradicionais de algumas tribos do Alto Xingu.

TORÉ: Geralmente, os índios associam a música instrumental ao canto e à dança. O Toré é uma manifestação sociocultural comum a vários grupos indígenas das regiões Norte e Nordeste do Brasil. É dançado ao ar livre por homens e mulheres que aos pares formam um grande círculo que gira em torno do centro. Cada par ao acompanhar os movimentos gira em torno de si próprio, pisando fortemente o solo, marcando o ritmo da dança, acompanhado por maracás, gaitas, totens e amuletos e pelo coro de vozes dos dançarinos, que declamam versos de difícil compreensão, puxados pelo guia do grupo, no idioma da tribo. É um ritual que expressa contentamento, sobre diferentes aspectos como: festas religiosas, louvação aos encantados, recepção a personalidades ilustres, confraternização, casamentos, batizados e outros. É uma forma de manter viva não apenas a cultura, a magia e a mística da tribo, mas também da conquista do seu espaço e a preservação de seus costumes e de sua identidade diante de muitas lutas durante toda a história do Brasil.

KAURUP: É uma das maiores festas tradicionais indígenas. Trata-se de uma reverência aos mortos, representados por troncos de uma árvore sagrada chamada Kam´ywá. É uma cerimônia dos índios do Alto Xingu, em Mato Grosso. O Kaurup se incia sempre no sábado pela manhã. Os índios, com muita dança e canto, colocam os troncos em frente ao local onde os corpos dos homenageados estão enterrados. Os filhos, filhas, esposas e irmãos choram o ente perdido e enfeitam o tronco que simboliza o espírito que se foi. O tronco é pintado com tinta de jenipanpo e envolvido com faixas de linhas amarelas e vermelhas. Sobre o tronco enfeitado são colocados objetos pessoais do homenageado como, o cocar de penas de gavião, o colar feito de conchas, a faixa de miçangas usada na cintura e outros objetos. Cada morto é representado por um tronco de árvore. A cerimônia do Kaurup realiza-se, tradicionalmente, nos meses de agosto e setembro, os mais secos do ano e que antecedem as grandes chuvas.

TOANTES: São as músicas sagradas dos índios, cantadas durante os cerimoniais para invocar a presença de um ou mais seres encantados. Possui uma alucinante monotonia que hipnotiza e empolga os participantes. São cantadas pelos cantadores ou cantadeiras e dançadas pelos praiás, índios dançadores profissionais, que usam máscaras, roupas e pinturas rituais. Estão presentes em todos os cerimoniais das tribos, sejam cerimoniais abertos, rituais fechados ou particulares. Existem diversos tipos de toantes: toantes das festas, que não possuem letra e os índios apenas emitem sons vocalizados; toantes particulares, que possuem letras e falam a respeito do encantado a que pertence e não pode ser assistido por estranhos; toantes de cura, um tipo de música utilizada pelos pajés benzedeiros, quando são solicitados para a cura de uma pessoa doente, executados durante os rituais para invocar a presença de um ou mais encantados, que tenham o poder de cura.


Referências
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo, 2000
______________. Descobrindo a História da Arte. Ática. 2005

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