"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

domingo, 13 de agosto de 2017

2ª Série - Arte Egípcia - 2ª Unidade - 2017

Uma das principais civilizações da Antiguidade foi a que se desenvolveu no Egito. Era uma civilização já bastante complexa em sua organização social e riquíssima em suas realizações culturais, se desenvolveu às margens do rio Nilo entre os rios Tigre e Eufrates. O rio Nilo é a fonte de água e energia para o país e fundamental para a agricultura.
Os egípcios cultivavam o trigo, o cânhamo e a cevada e criaram a técnica da rotatividade do solo durante o plantio. Fabricavam o vidro, o tecido e o papiro que consumiam.
O fator geográfico foi determinante para a continuidade da cultura egípcia (que durou cerca de 3.000 anos).
No período Pré Dinástico , a região era dividida em Alto e Baixo Egito, não existia unidade política. Esta fase data de 5.000 a.C. à 3.000 a. C., quando ocorre a unificação do Egito, o primeiro faraó é Menés. Inicia-se o Período Pré Dinástico com uma única religião e língua. O poder passava de pai para filho. A sociedade era hierárquica.
A religião foi o ponto principal da cultura egípcia, pois determinou a forma de vida, arquitetura, arte, sociedade, medicina, ciência, química. Estas áreas se desenvolveram em função da crença religiosa. Eram politeístas, ou seja, cultuavam mais de um Deus.
Na medicina, desenvolveram a mumificação. Acreditavam na vida eterna e na continuidade da alma e do corpo.
Assim como acontece em outras artes, o estudo da arte egípcia – pintura, escultura, arquitetura, deve-se partir da consideração social e das crenças religiosas de um povo dominado pela ideia de outro mundo, da existência de uma vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.
A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo, justificando sua organização social e política, determinando o papel de cada classe social e, consequentemente, orientando toda a produção artística desse povo.
Além de crer em deuses que poderiam interferir na história humana, os egípcios acreditavam também numa vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.
Os egípcios usavam:
       A argila do rio Nilo fornecia matéria-prima para tijolos e vasilhames;
       O linho permitia a fiação e a tecelagem;
       O papiro gerava material para cordas, redes e para escrita;
       A madeira virava embarcações, carros, móveis e portas;
       As pedras duras eram usadas para vasos, estátuas, construção de templos e túmulos;
       As pedras semi-preciosas como a turquesa e metais como o ouro, cujos processos de mineração eram bastante árduos, resultavam em belas peças de ourivesaria.

As regras da arte egípcia eram determinadas pelos faraós e sacerdotes, os artistas não estavam livres para criar. Quanto mais comprometida a imagem com a questão religiosa, mais rígida era a composição. Na representação dos escravos, agricultores e animais existe mais naturalismo, aparecem na vida cotidiana. A arte egípcia era:
*         Simbólica: porque aconteceu em função da religião;
*         Formalista e Racionalista: utilizou-se do desenho e da razão para se expressar;
*         Estereotipada: repetiu modelos;
*         Hierática: obedeceu aos tabus religiosos.
Existem três tipos de representação na arte egípcia: Antropomórfico, Zoomórfico e Antropozoomórfico.
*          Antropomorfismo: crença ou doutrina que atribui a Deus ou deuses características humanas;
*          Zoomórfismo: culto religioso que imprime forma animal à divindade;
*          Antropozoomorfismo: é a característica atríbuida àqueles cujo corpo é parte humano e parte animal.
Outra característica da arte egípcia está fundamentada na concepção de um produto de uma sociedade teocrática, na qual o Faraó é considerado não só como soberano, mas também como um deus auxiliado por uma toda poderosa casta sacerdotal. Desta forma a arte egípcia concretizou-se nos túmulos, nas estatuetas e nos vasos deixados juntos aos mortos.
Na arte egípcia os artistas eram criadores de uma arte anônima, pois a obra deveria revelar um perfeito domínio das técnicas de execução e não o estilo do artista. É uma arte profundamente simbólica. Todas as representações estão repletas de significados que ajudam a caracterizar figuras, a estabelecer níveis hierárquicos e a descrever situações. Do mesmo modo a simbologia serve à estruturação, à simplificação e clarificação da mensagem transmitida criando um forte sentido de ordem e racionalidade extremamente importantes.

Antigo Império

Pintura

Para os antigos egípcios, o que importava era a “essência eterna”, aquilo que constituía a visão de uma realidade constante e imutável. Portanto, a arte submetia-se a uma rígida padronização de formas, as quais muitas vezes se transformavam em símbolos. Toda figura era mostrada do ângulo em que pudesse ser mais facilmente identificada, conforme uma escala que se baseava na hierarquia, sendo o tamanho dependente da posição social. Daí resultava um aspecto muitíssimo padronizado, esquemático e quase diagramático. A absoluta preocupação com a precisão e a representação “completa” aplicava-se a todos os temas; assim, a cabeça humana é sempre reproduzida de perfil, mas os olhos são sempre mostrados de frente (Lei da Frontalidade). Por essa razão, não há perspectiva nas pinturas egípcias – tudo é bidimensional. A arte deveria reconhecer claramente que se tratava de uma representação.
A pintura está a serviço da religião ou das castas dominantes, servindo de veículo para a difusão de preceitos e das crenças religiosas e por isso era bastante padronizada não dando margem a criatividade ou a imaginação pessoal.

Características:
§  Lei da Frontalidade
§  Braços colados ao corpo;
§  Duplicação de perfis;
§  A figura do Faraó é representada de tamanho maior, que os restantes humanos;
§  A pintura é a mais nobre das expressões;
§  Estilização para o naturalismo;
§  A pintura tem seu grande campo de concentração nas decorações dos monumentos funerários, no interior das tumbas, grandes telas murais, aparecem recobertas por relevos e pinturas onde descrevem as ocupações e o ambiente vital do defunto e se representam cenas de caráter religioso.

Arquitetura
A arquitetura no Egito se realizou mais nas construções mortuárias. As tumbas dos primeiros Faraós eram réplicas das casas em que moravam, enquanto as pessoas sem importância social eram sepultadas em construções muito simples, chamadas mastabas. Entretanto foram as mastabas que deram origem às grandes pirâmides construídas mais tarde.
As características gerais da arquitetura egípcia são:
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.
As pirâmides tinham base quadrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences.
Os templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon.
Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos. Divididos em três categorias:

Pirâmide – Era túmulo real, destinado ao faraó. Em seu interior construíam-se verdadeiros labirintos, para proteger o sarcófago de possíveis ladrões.
Os egípcios acreditavam que quando se era enterrado numa pirâmide, subiria até ao céu para se juntar aos deuses. Todas as pirâmides foram construídas no lado oeste do Nilo, onde o sol se põe. Para eles a pirâmide significava raios do deus Rá que era o deus sol.

Mastaba – é uma câmara funerária, coberta por uma singela construção de tijolos, de base retangular, com paredes inclinadas. As mastabas foram aumentando de altura, acrescentando-lhes vários andares, em degraus (pisos escalonados); e, assim, evoluíram lentamente para a forma piramidal.

Hipogeus  - Eram  túmulos subterrâneos, cavados no penhasco à beira do Nilo. Nas paredes desses túmulos faziam-se desenhos e inscrições, para orientar o morto na outra vida, destinado à gente do povo.

Templos:
Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel:
Palmiforme - flores de palmeira
Papiriforme - flores de papiro; e
Lotiforme - flor de lótus.

Para seu conhecimento
Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana (sabedoria). Eram colocadas na alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco: era colocado à frente dos templos para materializar a luz solar.

Escultura
A escultura caracterizava-se pela rigidez, as formas cúbicas e a frontalidade. Primeiro, talhava-se um bloco de pedra de forma retangular; depois, desenhava-se na frente e nas laterais da pedra a figura ou objeto a ser representado. Destaca-se, dessa época, a estátua rígida do faraó Quéfren (c. 2530 a.C.).
A escultura em relevo servia a dois propósitos fundamentais: glorificar o faraó (feita nos muros dos templos) e preparar o espírito em seu caminho até a eternidade (feita nas tumbas).
Os materiais utilizados na escultura deste período foram diorite, granito, xisto, basalto, calcário e alabastro.
No Antigo Império as figuras representadas na escultura tiveram um desenvolvimento na expressão, onde muitas vezes os olhos eram incrustados com vidros, pedras ou cobres para realçar essas expressões.
A estátua revelas dados particulares do representado, sua fisionomia, seus traços raciais e sua condição social (ex. o escriba representado no gesto da sua função). Era também uma representação mais realística.
A escultura tem uma importância de 1º ordem a serviço das crenças religiosas das práticas funerárias.

Cerâmica e Joias
Na cerâmica, as peças ricamente decoradas do período pré-dinástico foram substituídas por belas peças não decoradas, de superfície polida e com uma grande variedade de formas e modelos, destinadas a servir de objetos de uso cotidiano. Já as joias eram feitas em ouro e pedras semipreciosas, incorporando formas e desenhos, de animais e de vegetais.

Médio Império
Médio Império iniciou-se por volta de 2000 a.C. com a coroação de Amenhemet I que dá início á XII dinastia.

Arquitetura

Na arquitetura adotam-se os padrões estilísticos anteriores ao nível da construção, procurando-se retomar a construção de pirâmides. Contudo, estas pirâmides não atingem a grandeza das pirâmides do Império Antigo. Construídas com materiais de baixa qualidade e com técnicas deficientes, o que resta hoje destas construções é praticamente um monte de escombros. As mais altas pirâmides construídas nesta época foram a de Senuseret III (78 metros) e a de Amenemhat III (75 metros).

Escultura
A estatuária, além de ter um fim religioso, foi um instrumento de propaganda política, de prestígio da autoridade, real divindade.
O Egito contou com uma grande variedade de pedras cuja brancura e dureza percorria as gamas do calcário, granito, diorita e mármore e permitiam diferentes efeitos óticos nos contrastes tons de pétreos do preto, dos vermelhos, brancos ou ocres. Também foi utilizada nas esculturas madeira policromada.
A expressão humana na escultura vai ganhar uma nova dimensão e realismo nesta época, passando-se a representar nas estátuas reais o envelhecimento. Mesmo a representação bidimensional perde a sua dependência dos cânones adaptando uma maior naturalidade e mesmo noções de profundidade tridimensional. Nesta época criam-se esfinges reais nas quais o rosto do monarca surge emoldurado por uma juba, como é o caso de uma esfinge de Amenemhat III.  Destacam-se os retratos de faraós como Amenemés III e Sesóstris III.

Pintura

Os locais onde a pintura do Império Médio melhor se manifestou foram os túmulos dos governadores, em cujas paredes se recriam cenas de caça, pesca, banquetes ou danças. Seguindo a tradição anterior, o dono do túmulo surge representado em tamanho superior às outras personagens. A pintura é realizada sobre estuque fresco ou sobre relevo.
A pintura também decorava os sarcófagos retangulares de madeira, típicos deste período. Os desenhos eram muito lineares e mostravam grande minúcia nos detalhes.

Temática da pintura

Campanhas bélicas dos faraós, entrega de presente por embaixadas estrangeiras, cenas de caça ou de pesca, trabalhos agrícolas e artesanais, as ocupações da vida cotidiana, músicos e bailarinas, representações de animais no deserto, de pássaros e de peixes, tudo de inestimável valor documental. Junto a estas decorações funerárias está a de palácios e casas.

Artes decorativas

As artes decorativas do Império Médio conhecem uma das épocas mais importantes, sobretudo no que diz respeito aos trabalho de joalharia. Os amuletos, os pentes, os espelhos e as caixas caracterizam-se pela sua beleza. São bastante conhecidos os pequenos hipopótamos em faiança decorados com motivos vegetais.
No Médio Império, também foram produzidos magníficos trabalhos de arte decorativa, particularmente joias feitas em metais preciosos com incrustação de pedras coloridas. Neste período aparece a técnica do granulado e o barro vidrado alcançou grande importância para a elaboração de amuletos e pequenas figuras.
Na pintura e nos baixos-relevos existiam muitas regras a serem seguidas.

Escultura

No Médio Império a escultura é mais convencional, os artistas voltaram a esculpir retratos estereotipados, que representam a aparência ideal dos seres, principalmente dos reis e não o aspecto real. A estátua é um símbolo de poder e um meio de prestígio do representado ou a quem oferece.

Novo Império
O Novo Império (1570-1070 A.C.) começou com a XVIII dinastia e o Egito viveu o apogeu de seu poderio e de sua cultura. Foi uma época de grande poder, riqueza e influência. Quase todos os faraós deste período preocuparam-se em ampliar o conjunto de templos de Karnak, centro de culto a Amon, que se converteu, assim, num dos mais impressionantes complexos religiosos da história. Próximo a este conjunto, destaca-se também o templo de Luxor.
Esteticamente, o aspecto mais importante desses templos é um novo tipo de coluna, trabalhada com motivos tirados da natureza, como o papiro e a flor de Lótus.

Escultura
A escultura, naquele momento, alcançou uma nova dimensão e surgiu um estilo cortesão, no qual se combinavam perfeitamente a elegância e a cuidadosa atenção aos detalhes mais delicados. Tal estilo alcançaria a maturidade nos tempos de Amenófis III.

Pintura

No Novo Império a pintura se apresenta com formas mais leves e de cores mais variadas. A postura rígida das figuras é abandonada e elas parecem ganhar movimento, chegam inclusive a desobedecer a lei da frontalidade, os pintores se afastam das convenções antigas e fazem ensaios de novas disposições espaciais. Deve-se recordar da pintura egípcia, os rolos de papiros, cujas peças fundamentais são os Livros dos Mortos, ricamente decorados, onde continham as instruções para guiar-se após a morte e que eram colocados junto ao defunto no interior da urna.
As figuras tornam-se mais estilizadas, os artistas procuram refletir o movimento, existe grande variedade na temática, ao mesmo tempo tentam retratar a natureza com preciosismo. As representações de pássaros e de peixes nos pântanos, jardins e estanques alcançaram depressa um grau de graça e de naturalismo próximo ao que veremos na pintura cretense.
A pintura predominou então na decoração das tumbas privadas.
Durante o Novo Império, a arte decorativa, a pintura e a escultura alcançaram as mais elevadas etapas de perfeição e beleza. Os objetos de uso cotidiano, utilizados pela corte real e a nobreza, foram maravilhosamente desenhados e elaborados com grande destreza técnica. Não há melhor exemplo para ilustrar esta afirmação do que o enxoval funerário da tumba (descoberta em 1922) de Tutankhamen.

Técnica utilizada: cola fabricada com cores minerais – é aplicada sobre uma camada de gesso branco que cobre a parede, usa tintas sem matizações, durante o Império Antigo e Médio Império e só no Novo Império é que começam a introduzir na pintura o uso dos meios-tons, numa época em que se torna visível certa tendência ao preciosismo.

Glossário
Faiança: Louça de massa argilosa, macia, porosa, recoberta com verniz impermeável e opaco.
Antropomorfismo: crença ou doutrina que atribui a Deus ou deuses características humanas;
Zoomorfismo: Culto religioso que imprime forma animal à divindade;
Antropozoomorfismo: é a característica atríbuida àqueles cujo corpo é parte humano e parte animal.
Lápis-lazúli: conhecido também como lápis, é uma pedra com uma das tradições mais longas sendo considerada uma gema, com uma história que se estende antes de 7000 a.C. O azul escuro e opaco, fez com que esta gema fosse altamente apreciada pelos faraós egípcios, como pode ser visto por seu uso proeminente em muitos dos tesouros recuperados dos túmulos faraônicos. Lápis é uma rocha e não um mineral porque é composto de vários outros minerais(se fosse um mineral ele teria um constituinte somente).

Pilone: é um elemento característico da arquitetura do Antigo Egito que consiste numa porta monumental flanqueada por duas torres trapezodais.
No interior das torres de um pilone poderiam exixtir quartos. Na parte da frente dos pilones existiam reentraçias que permitiam inserir mastros de madeira onde colocam bandeiras, a anunciar a existência de um espaço divino. Nas paredes  das torras representam-se cenas, sendo a mais habitual a do faraó a castigar os inimigos do Egito.

Obelisco: é um monumento comemorativo, típico do Antigo Egito, constituído de um pilar de pedra em forma quadrangular alongada e sutil, que se afunila ligeiramente em direção a sua parte mais alta, normalmente decorado com inscrições hieroglíficas gravadas nos quatro lados, terminado com um ponto piramidal.
Zigurate: torre de vários andares, foi a construção característica das cidades-estados sumerianas. Nas construções, empregavam argila, ladrilhos e tijolos.

Referências:
http://www.portalartes.com.br/portal/historia_arte_mundo_antigo.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_do_Antigo_Egipto
JANSON, H. W., História da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1992,
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática.São Paulo. 2000


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