"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

1ª SÉRIE - TEXTO 5 - 4ª UNIDADE



Os Principais Autores Teatrais Brasileiros

1. Ariano Suassuna
Estreado no Recife em 1956, o Auto da Compadecida viajou para o Rio de Janeiro, consagrando Ariano Suassuna, de imediato, como um dos mais importantes dramaturgos brasileiros. A obra continha um achado que fundia duas tradições importantes para a nacionalidade: o teatro religioso medieval, que nutriu Gil Vicente, fundador do palco português, bem como o jesuíta José de Anchieta, que inaugurou a cena brasileira; e o populário nordestino, de riqueza incomparável nas personagens e situações.
A religiosidade autêntica de O Auto da Compadecida alimenta-se do melhor sentido que possa ter a palavra misericórdia, guardando uma irreverência voltada contra o preconceito, ao criar um Cristo negro.
Outras peças: O Arco Desolado, O Auto de João da Cruz, O Santo e a Porca e A Pena e a Lei.  

2. Augusto Boal
Augusto Boal tem expressiva obra de dramaturgo além de ser conhecido internacionalmente, com traduções em mais de vinte línguas, de suas teorias acerca do Teatro do Oprimido.
Depois de cursar dramaturgia, nos Estados Unidos, Boal passou a dirigir no Teatro de Arena de São Paulo, onde houve a estréia, em 1960, de sua peça Revolução na América do Sul, protagonizada pelo homem do povo José da Silva, vítima de todas as explorações da classe dominante.
Desferido o golpe militar de 1964, Boal, de parceria com Gianfrancesco Guarnieri, que inaugurou com Eles Não Usam Black-tie a linha nacionalista do Arena, lançou Arena Conta Zumbi e mais tarde Arena Conta Tiradentes, utilizando dois heróis históricos, sacrificados na luta pela liberdade, como metáfora contra a opressão do momento.
Outro texto representativo de Boal é Murro em Ponta de Faca, dramatização de seu longo exílio, que se seguiu à prisão e à tortura.
A melhor definição para o Teatro do Oprimido seria a de que “se trata do teatro das classes oprimidas e de todos os oprimidos, mesmo no interior dessas classes". As técnicas para desenvolvê-lo compreendem o teatro invisível, o teatro-imagem e o teatro-foro, e visam a transformar o espectador em protagonista da ação dramática e, "através dessa transformação, ajudar o espectador a preparar ações reais que o conduzam à própria liberação".

3. Dias Gomes
Na seqüência de peças que, na década de cinqüenta, vinham trazendo acréscimos temáticos à dramaturgia brasileira, Dias Gomes lançou, em 1960, no Teatro Brasileiro de Comédia de São Paulo, O Pagador de Promessas, que tem como pano de fundo o problema do sincretismo religioso. Zé-do-Burro faz uma promessa a Iansã e pretende pagá-la no interior de uma igreja de Santa Bárbara, em Salvador - a popular Iansã é sinônimo da santa católica. Mas o padre, movido por intolerância, não admite o que julga ser sacrilégio, provocando uma tragédia.
Para a crítica e o público, a estréia pareceu a revelação de um autor maduro. A verdade é que aos 15 anos, com A Comédia dos Moralistas, já havia ganho um prêmio do Serviço Nacional de Teatro, e em 1943, assinou contrato de exclusividade com Procópio Ferreira, considerado o maior ator brasileiro. Dos cinco textos que escreveu naquele ano, teve três interpretados por Procópio.
A partir de O Pagador, que recebeu em 1962 a Palma de Ouro do Festival de Cannes, na versão cinematográfica, Dias Gomes construiu uma das mais sólidas e continuadas carreiras dramatúrgicas. Alguns de seus títulos expressivos são: A Invasão, A Revolução dos Beatos, O Bem Amado (transformado recentemente em filme), O Berço do Herói, O Santo Inquérito, Vargas - Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória (em parceria com Ferreira Gullar) e Amor em Campo Minado. Campeões do Mundo, que estreou em 1980, teve uma importância histórica fundamental: foi a primeira peça a fazer um balanço da política brasileira, desde o golpe militar de 1964 até a abertura de 1979, com inteira liberdade, sem precisar recorrer a metáforas e alusões para iludir a Censura.
Em Meu Reino por um Cavalo, estreada em 1989, Dias Gomes se desnuda corajosamente, problematizando a crise da maturidade. São numerosas, também, as telenovelas que ele escreveu, com grande aceitação popular.

4. Nélson Rodrigues
Nelson Rodrigues modernizou o palco brasileiro com a autoria da peça Vestido de Noiva, estreada em 1943. Considerado o pai da tragédia urbana, deixou uma obra vigorosa e crítica da sociedade carioca, mergulhando em uma profunda análise psicológica. Escreveu “Anjo Negro”, “Engraçadinha”, “A Mulher sem Pecado”, “Viúva, porém honesta”, “Álbum de Família” e “Dorotéia”, entre outras.
Estimulado pelo êxito popular dos contos-crônicas de “A Vida Como Ela É...”, publicados diariamente na imprensa, Nelson Rodrigues criou as tragédias cariocas, bloco mais numeroso e compacto da dramaturgia rodriguiana, formado por A Falecida (1953), Perdoa-me por me Traíres (1957), Os Sete Gatinhos (1958), Boca de Ouro (1959), O Beijo no Asfalto (1961), Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas Ordinária (1962), Toda Nudez Será Castigada (1965) e A Serpente (1978).
Nas tragédias cariocas fundem-se, em geral, a realidade, freqüentemente vinculada à Zona Norte do Rio, e o mundo interior das personagens, com suas fantasias nutridas de mitos.

5. Jorge Andrade – faz uma reconstrução crítica de várias fases de nossa história, sobretudo o ciclo de café, além de focalizar o problema da decadência dos valores patriarcais numa sociedade em transformação. Escreveu “Os ossos do barão”, “Senhora na boca do lixo” e “Milagre na ceia”, entre outras.

6. Gianfrancesco Guarnieri – além de autor é também ator, tendo em suas peças uma constante preocupação social. Escreveu “Eles não usam Black-tie”, “Ponto de partida”, “Arena contra Zumbi”,  “Arena contra Tiradentes” (em parceria com Augusto Boal).

7. Oduvaldo Viana Filho – reflete em suas peças profunda preocupação da situação social e política do país. Escreveu “ Chapetuba Futebol Clube”, “A longa noite de cristal” e “Corpo a corpo”, entre outras.

8. Oswald de Andrade – possui uma visão bastante crítica da nossa sociedade revelada em suas obras. Escreveu “O homem e o cavalo”, “A morta” e “O rei da vela”.

9. Plínio Marcos – a extrema originalidade de sua obra fez com que a mesma, pela violência de sua temática e linguagem, permitisse o surgimento de uma série de autores que, como ele, abordaram de modo bem crítico os problemas da classe média brasileira. Escreveu “Dois perdidos numa noite suja” e “Navalha na carne”, entre outras.

Referências:
www.obrchopero.hpg.ig.com.br 
www.canalkids.com.br 
www.dionisius.hpg.ig.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário