"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

3ª SÉRIE - SURREALISMO - 4ª UNIDADE



As primeiras décadas do século XX foram marcadas pela crise do capitalismo e pelo nascimento das democracias de massa. O homem viveu a guerra e começou a questionar os valores do seu tempo.
A arte do século XX passou por várias transformações atravessando verdadeiras polêmicas e escândalos. Após os movimentos de vanguarda da primeira década, as manifestações artísticas se proliferaram e, dentre as que surgiram nos anos 20, como o futurismo e o dadaísmo, estava o surrealismo. As correntes de vanguarda anteciparam os acontecimentos captando e antecipando o futuro. Daí serem muitas vezes incompreendidas.
O movimento surrealista surgiu em Paris em 1924, foi criado sobre as cinzas da I Guerra Mundial e sobre a experiência acumulada de todos os outros movimentos. Fruto de um grupo de escritores e artistas que, liderados por André Breton (1896-1966), valorizava as pesquisas científicas, sobretudo a psicanálise. Esse grupo de artistas, que ficou conhecido como a vanguarda européia do século XX, baseava-se principalmente nos estudos de Freud e explorava o inconsciente e os sonhos nas expressões artísticas. Dessa maneira, as obras não seguiam nenhum padrão estético e não se prendiam à moral, à lógica e a razão. Elas muitas vezes parecem sem sentido, mas na realidade representam os pensamentos mais íntimos e verdadeiros do homem.
Para o surrealista:
"  O subconsciente é a fonte da criação estética;
"  A reflexão intelectual não deve interferir durante a concepção artística nas manifestações subconscientes que são tão verdadeiras quanto as conscientes.
A pintura surrealista desenvolveu duas tendências: a figurativa e a abstrata.

"  Surrealismo figurativo que se exprime utilizando imagens da realidade.
Representantes do Surrealismo Figurativo: Salvador Dali, Chagall, René Magritte, Paul Delvaux, Greta Feist, Raoul Michaud, Maxime Van Woestijne, Wolfang Hutter, etc.


Salvador Dali

Dos pintores surrealistas, Salvador Dali (1904-1989) é sem dúvida o mais famoso e mais conhecido, com suas obras. Dali gerava controvérsias por causa de sua maneira exótica e excêntrica de ser. Um artista extremamente versátil que, além de pintor, escultor, ilustrador, designer de jóias e cenógrafo, foi estilista de moda, escritor (Faces Ocultas – 1944) e diretor de cinema, junto com Luís Bunel (Um cão andaluz – 1929; Idade do ouro – 1930). Salvador Dali, embora tendo transitado sucessivamente pela arte cubista, futurista e pela pintura metafísica, integrou-se ao movimento surrealista em 1929, estilo que a partir de então adotou para o resto de sua vida.

Características da obra de Salvador Dali:
"  Método clínico-paranóico: recusa da lógica que rege a vida humana; ambigüidade das imagens.
"  Descredito da realidade: cenas absurdas e ilógicas como imagens de sonhos e de alucinações.
"  Dualidade do espírito surrealista: a técnica acadêmica contrasta com um mundo onírico representado com realismo.
"  O imaginário, o irreal são representados de maneira estranha e alucinatória.
"  As pinturas parecem fotografias de sonhos pintadas a mão.
"  Imagens freqüentes: figura de dorsos humanos, girafas, relógios, e reproduções de figuras mitológicas inspiradas em obras de artistas de outras épocas (Bosch, Rafael, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Velázquez, Vermeer, Goya, Picasso).

Temas: políticos, religiosos e sexuais, incluindo sempre sua mulher Gala em seus trabalhos.

René Magritte: Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou-se de processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos.
Suas obras são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da justaposição de objetos comuns, e símbolos recorrentes em sua obra, tais como o torso feminino, o chapéu coco, o castelo, a rocha e a janela, entre outros mais, porém de um modo impossível de ser encontrado na vida real. Magritte não procurava o obscuro e recusava o significado dos sonhos e da psicanálise. Pelo contrário, ele procurava, através da terapia de choque e da surpresa, libertar da sua obscuridade as visões convencionais da realidade.
A simplicidade enganadora das suas telas tem um conteúdo filosófico e poético, satirizando o mundo instável e perturbado do século XX. Um mundo feroz (e veloz) no qual a razão se torna indispensável para dar sentido à vida.

Surrealismo abstrato que se exprime por outros símbolos e signos (podendo se confundir com o próprio Abstracionismo informal ou sensível)
Representantes do Surrealismo Abstrato: Joan Miró, Yves Tanguy, Hans Arp, podendo citar-se algumas obras de Max Ernst, Paul Klee, Picabia.

Joan Miró trazia intuitivamente a visão despojada de preconceitos que os artistas das escolas fauvista e cubista buscavam, mediante a destruição dos valores tradicionais. Em sua pintura e desenhos, tentou criar meios de expressão metafórica, ou seja, descobrir signos que representassem conceitos da natureza num sentido poético e transcendental. Nesse aspecto, tinha muito em comum com dadaístas e surrealistas.
Na década de 1930, seus horizontes artísticos se ampliaram. Fez cenários para balés, e seus quadros passaram a ser expostos regularmente em galerias francesas e americanas. As tapeçarias que realizou em 1934 despertaram seu interesse pela arte monumental e mural. Estava em Paris no fim da década, quando eclodiu a guerra civil espanhola, cujos horrores influenciaram sua produção artística desse período.
No início da segunda guerra mundial voltou à Espanha e pintou a célebre "Constelações", que simboliza a evocação de todo o poder criativo dos elementos e do cosmos para enfrentar as forças anônimas da corrupção política e social causadora da miséria e da guerra.


Referências:
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo, 2000

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