"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

3ª SÉRIE - DADAÍSMO - 4ª UNIDADE


 
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), artistas e intelectuais de diversas nacionalidades, contrários ao envolvimento de seus países no conflito, exilaram-se em Zurique , na Suíça. Aí acabaram fundando um movimento literário que deveria expressar suas decepções com o fracasso das ciências, da religião e da filosofia existentes até então, pois todos esses conhecimentos se revelaram incapazes de evitar a grande destruição que assolava a Europa.
Esse movimento foi denominado Dadá, nome escolhido pelo húngaro Tristan Tzara (1896-1963). Uma das versões sobre a criação desse nome relata que o poeta abriu um dicionário ao acaso e deixou seu dedo cair sobre uma palavra qualquer da página. O dedo indicou a palavra dada, que na linguagem infantil francesa significa “cavalo”. Mas isso não tinha a menor importância. Tanto fazia ser uma palavra como outra qualquer, pois a arte perdia o sentido, já que a guerra havia instaurado o irracionalismo no continente europeu.
É preciso considerar também que os estudos de Freud chamavam a atenção para um aspecto novo da realidade humana. Eles revelavam que muitos atos praticados pelos homens são automáticos e independentes de um encadeamento de razões lógicas.
Dessa forma, os dadaístas propunham que a criação artística se libertasse das amarras do pensamento racionalista e sugeriam que ela fosse apenas o resultado do autoritarismo psíquico, selecionando e combinando elementos ao acaso. Na pintura, essa atitude foi traduzida por obras que usaram o recurso da colagem.
Só que agora a intenção não é plástica e sim de sátira e crítica aos valores tradicionais tão valorizados, mas responsáveis pelo caos em que se encontrava a Europa.
Os adeptos deste movimento promovem uma mudança, a espontaneidade, a liberdade da pessoa, o imediato, o aleatório, a contradição, defendem o caos perante a ordem e a imperfeição frente à perfeição.
Um diretor de teatro, chamado Hugo Ball, e sua esposa criaram um café literário, cujo objetivo era acolher artistas exilados (Cabaret Voltaire), que foi inaugurado no dia 1º de fevereiro de 1916. Ali se juntaram Tristan Tzara (poeta, líder e fundador do dadaísmo) Jean Arp, Marcel Janko, Hans Richter e Richard Huelsenbeck, entre outros. O dadaísmo foi difundido graças à revista Dada e, através dela, as ideias deste movimento chegaram a New York, Berlin, Colônia e Paris.
Para os dadaístas, a pintura deveria ser a expressão da inocência infantil, da simples decorrência do mundo psicomotor do nosso interior.

CARACTERÍSTICAS DO DADAÍSMO
Fotomontagens oníricas
Incorporação de materiais diversos
Elementos mecânicos
Inscrições humorísticas      
Expressões ridículas e burlescas

O Dadaísmo, e principalmente o seu princípio do automatismo psicológico, propiciou o aparecimento do Surrealismo, na França, em 1924.

Artistas:

Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas.
O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os readymades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte.
Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos ópticos.

François Picabia (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se sucessivamente com os principais movimentos estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada. 
Suas primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e transparentes.

Max Ernest (1891-1976), pintor alemão, adepto do irracional e do onírico e do inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaísmo contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o aspecto da superfície posta debaixo dele. Como o artista não tinha controle sobre o quadro que estava criando, o frottage também era considerado um método que dava acesso ao inconsciente.

Referências:
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo. 2000.
www.cyberartes.com.br

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