"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

2ª SÉRIE - ARTE ROMÂNICA - 3ª Unidade 2012


Depois de muitas décadas do século III, os imperadores romanos começaram a enfrentar lutas internas pelo poder. Havia, ainda, a ameaça às fronteiras do império por parte de povos invasores, a quem os romanos chamavam “bárbaros”. Começava a decadência do Império Romano e o desaparecimento quase completo, na Europa ocidental, da cultura greco-romana, ou clássica.
As tradições greco-romanas só viriam a ser retomadas no século IX, com Carlos Magno, coroado imperador do Ocidente.
Com a coroação de Carlos Magno pelo Papa Leão III, no ano de 800, teve início um intenso desenvolvimento cultural. Em sua corte criou-se uma academia literária e desenvolveram-se oficinas onde eram produzidos objetos de arte e manuscritos ilustrados. Naquela época, os textos religiosos eram escritos à mão; ilustrá-los era tarefa para artistas que dominassem a pintura e o desenho sobre espaços reduzidos.
As oficinas ligadas ao palácio foram os principais centros de arte. Sabe-se que delas se originaram as oficinas monásticas, isto é, dos mosteiros, que teriam importante papel na evolução da arte após o reinado de Carlos Magno. Como, após sua morte, a corte deixou de ser o centro cultural do império, a atividade intelectual contralizou-se nos mosteiros. Neles, a ilustração de manuscritos era a atividade artística mais importante, mas havia interesse também pela arquitetura, escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica, fundição de sinos, encadernação e fabricação de vidros. Essas oficinas eram também as escolas de arte da época. Ali os jovens artistas preparavam-se para trabalhar nas catedrais e nas casas das famílias importantes.
Características gerais do estilo românico:
1 – substituição do teto de madeira por abóbadas.
2 – grande espessura das paredes, poucas janelas.
3 – consolidação das paredes por contrafortes ou gigantes para dar sustentação ao prédio.
4 – consolidação dos arcos por meio de arquivoltas.
ARQUITETURA

Com as oficinas de arte da corte de Carlos Magno, a cultura greco-romana foi redescoberta. Na arquitetura isso levou à criação, mais tarde, de um novo estilo para a construção principalmente das igrejas: o estilo românico. Esse nome, portanto, designa as obras arquitetônicas do fim dos séculos XI e XII, na Europa, cuja estrutura era semelhante à das construções dos antigos romanos.
As características mais significativas da arquitetura românica são a utilização da abóbada, dos pilares maciços que a sustentam e das paredes espessas com aberturas estreitas usadas como janelas.
Dessas características, resulta um conjunto que chama a atenção do observador; as igrejas românicas são grandes e sólidas. Daí serem chamadas “fortalezas de Deus”.
Tipos de abóbadas das igrejas românicas:

A abóbada de berço consistia num semicírculo – o arco pleno – ampliado lateralmente pelas paredes. Apresentava, entretanto, duas desvantagens; O excesso de peso da pedra, que podia provocar sérios desabamentos, e a pouca luminosidade no interior das construções em virtude das janelas estreitas. A abertura de grandes vãos para janelas era impraticável, pois poderia enfraquecer as paredes e, portanto, aumentar o risco de desabamento.
A abóbada de arestas consistia na intersecção, em ângulo reto, de duas abóbadas de berço apoiadas sobre pilares. Com isso, distribuía-se melhor o peso das pedras para evitar desabamentos, criava-se um ambiente que dava a impressão de leveza e iluminava-se mais o interior das construções.
Embora diferentes, os dois tipos de abóbada causam o mesmo efeito: uma sensação de solidez e repouso, dada pelas linhas semicirculares e pelos grossos pilares.
Na Idade Média assim como hoje, faziam longas peregrinações a lugares considerados sagrados. Muitas aldeias localizadas na rota desses construíram igrejas para acolher os peregrinos. Entre os lugares mais procurados estavam Jerusalém, onde Jesus morreu, Roma, onde fica a sede da Igreja Católica, e Santiago de Compostela, Espanha, onde crê estar enterrado o apóstolo Tiago. No trecho francês do caminho de Santiago construíram-se várias igrejas românicas, como a da abadia de Saint-Pierre, em Moissac.  
Como poucas pessoas, naquela época, sabiam ler, a igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas e transmitir valores religiosos. Um lugar muito usado para isso era os portais, na entrada dos templos. No portal, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. A abadia de Saint-Pierre, em Moissac, possui um dos mais bonitos portais românicos. No grande tímpano, há um conjunto de figuras representando Cristo em majestade, coroado e sentado num trono. Como o tímpano é muito grande, foi colocada uma pilastra central, chamada tremo, que divide a abertura da porta em duas partes iguais. Essa pilastra também é decorada com esculturas que representam leões e uma pessoa descalça, identificada como o profeta Jeremias. 
 
A arquitetura românica na Itália

Na Itália, a arte românica se desenvolveu com características diferentes das do resto da Europa. Mais próximos do exemplo greco-romano, os italianos procuraram usar frontões e colunas. Uma das mais conhecidas edificações da arte românica italiana é o conjunto da catedral de Pisa.

PINTURA

Como poucas pessoas, naquela época sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas e transmitir valores religiosos. Um lugar muito usado para isso era os portais, na entrada dos templos.  
A arquitetura românica, com suas grandes abóbadas e espessas paredes laterais de poucas aberturas, criou amplas superfícies que favoreceram a pintura mural. Assim, a pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, por meio da técnica do afresco.
Os afrescos tinham como modelo as ilustrações dos livros religiosos, pois na época, nos conventos, era intensa a produção de manuscritos à mão com cenas da história sagrada. Assim, a pintura românica praticamente não registra assuntos profanos, isto é, não-religiosos, como paisagens, animais, pessoas em suas atividades diárias.
As características essenciais da pintura românica foram a deformação e o colorismo. A deformação traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística que o artista fazia da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, era sempre maior do que as demais. Sua mão e seu braço, no gesto de abençoar, tinham proporções intencionalmente exageradas para que o fosse valorizado por quem contemplasse a pintura. Os olhos eram muito grandes e abertos para evidenciar a intensa vida espiritual.
O colorismo realizou-se no emprego de cores chapadas, isto é, uniformes, sem preocupação com meios-tons ou jogo de luz e sombra, pois não havia intenção de imitar a natureza.

ESCULTURA
A escultura renasceu no românico, depois de muitos anos esquecida. Seu apogeu  se dá no século 12, quando inicia um estilo realista,mas simbólico, que antecipa o estilo gótico.
A escultura é sempre condicionada a arquitetura é todo trabalho é executado sem deixar espaços sem usos.
Outra importante característica é seu caráter simbólico e ante-naturalista, não havia a preocupação com a representação fiel dos seres e objetos. Volume, cor, efeito de luz e sombra, tudo era confuso e simbólico representando muitas vezes coisas não terrenas, mas sim provenientes, da imaginação. Algumas esculturas notam-se a aparência clássica, influência da antiguidade.

Bibliografia:
PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. Ática. 1ª edição. 2005.

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