"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

3ª SÉRIE - ARTE BARROCA 3ª Unidade - 2012


A arte barroca desenvolveu-se no século XVII, num período muito importante da história da civilização ocidental, pois nele ocorreram mudanças econômicas, religiosas e sociais na Europa. Com o humanismo, o Renascimento e, principalmente, a Reforma, a Igreja católica teve seu poder enfraquecido. O grande Império cristão começou a se fragmentar em diversas religiões, pois a força da razão libertava o homem do autoritarismo. A Igreja católica, para reconquistar seu prestígio e poder, organizou a contra-reforma, isto é, tomou iniciativas importantes que visavam reafirmar e difundir sua doutrina. Foi então que se estabeleceu a Companhia de Jesus, ordem religiosa que objetivava no trabalho dos padres jesuítas difundir a fé católica entre os povos não-cristãos e edificar grandes igrejas. É na construção e decoração dessas igrejas que nasce a arte barroca. Arquitetos, escultores e pintores foram convocados para transformar igrejas em verdadeiras exibições artísticas, cujo esplendor tinha o propósito de converter ao catolicismo todas as pessoas.
A arte barroca originou-se na Itália, mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Entretanto, ela não se desenvolveu de maneira homogênea. Ela se manifestou de forma distinta em cada país, porém manteve algumas características básicas.
Diferentemente do Renascimento, em que as figuras são apresentadas de forma estática como se estivessem posando para um retrato, no Barroco elas passam a ser apresentadas de forma teatral, isto é, parecem sempre estar em movimento. Jogos de luz dão intensidade dramática à cena, destacando os elementos mais importantes do quadro, os quais formam uma composição em diagonal. A simetria e o equilíbrio entre arte e ciência, metas que o artista renascentista buscava de forma consciente, são rompidos na arte barroca, que procura retratar temas religiosos, mitológicos e do cotidiano com a predominância da emoção e não da razão. Através de um colorido intenso e de um contraste de claro-escuro, a arte barroca consegue expressar de forma peculiar os sentimentos humanos.
Suas características gerais são:
 * emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção  e não apenas pelo raciocínio.
 * busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
 * entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
 * violentos contrastes de luz e sombra;
 * pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.

PINTURA BARROCA NA ITÁLIA


Características da pintura barroca:
§  Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
§  As cenas representadas envolvem-se em acentuado contrataste de claro-escuro, o que intensifica a expressão de sentimentos - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade.
§  É realista, mas a realidade que lhe serve de ponto de partida não é só a vida de reis e rainhas, mas também a do povo simples.
§  Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.

Pintores barrocos:

Tintoreto (1515 – 1549) Pintou temas religiosos (Reencontro do Corpo de São Marcos), mitológicos (Vênus e Vulcano) e retratos (Jacopo Soranzo), sempre com duas características bem marcantes: os corpos das figuras são mais expressivos do que os seus rostos e a luz e a cor têm grande intensidade. Essa forma de organizar a composição era quase uma regra para Tintoretto, pois, para ele, um quadro devia ser visto inicialmente como um grande conjunto e só depois percebido nos detalhes que o artista procurou trabalhar.
Caravaggio (1573 – 1610) não se interessou pela beleza clássica que tanto encantou o Renascimento. Ao contrário, procurava seus modelos entre os vendedores, os músicos ambulantes, os ciganos, entre as pessoas do povo. Para ele não havia a identificação, tão comum na época, entre beleza e classe aristocrática.
Pintou entre 1599 e 1610, telas monumentais para a capela da igreja de S. Luigi dei Francesi.

Características da sua pintura de Caravaggio:
  Retratava personagens bíblicos, principalmente Jesus e Maria, baseando-se em pessoas comuns que encontrava nas ruas de Roma.
  Usava um forte realismo na pintura de suas obras.
  Colocava o foco da imagem nos rostos dos personagens.
  Usava efeitos de sombras e luzes.
  Pintava o fundo de suas obras de cores escuras, principalmente de cor preta. Este recurso dava um aspecto obscuro em suas pinturas.
  Modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador. Ele é conhecido como o fundador do estilo iluminista, que pode ser observado em A Ceia em Emaús, Conversão de São Paulo e Deposição de Cristo.
Os temas sagrados são retratados como um acontecimento contemporâneo entre as pessoas humildes; as figuras bíblicas assemelham-se a trabalhadores comuns, com fisionomias curtidas pelo tempo.

Outras obras: Vocação de São Mateus, Sepultura de Cristo.

 Andrea Pozzo  Pintou entre 1642 e 1709 o teto da Igreja de Santo Inácio, em Roma. Essa obra impressiona pelo número de figuras e pela ilusão criada pela perspectiva de que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os homens para a santidade.
Esse tipo de pintura tornou-se muito comum na época.


ESCULTURA BARROCA
Nos gestos e no rosto das figuras representadas, a escultura barroca exprime emoções: alegria, dor sofrimento. Por vezes, um grupo de esculturas compõe uma cena dramática.

Características:
>         O equilíbrio entre os aspectos intelectuais e emocionais desaparece dando lugar à exaltação dos sentimentos;
>         As formas procuram expressar o movimento e recobrem-se de efeitos decorativos;
>         Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado;
>         Dramaticidade das expressões, os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas;

Artista: Bernini (1598 – 1680) Dentre os artistas foi, sem dúvida o mais importante e completo, pois foi arquiteto, urbanista, escultor, decorador e pintor. Algumas de suas obras serviram como elementos decorativos das igrejas. A obra de Bernini que desperta maior emoção religiosa é o Extase de Santa Teresa, escultura feita para uma capela da igreja de Santa Maria della Vittorio, em Roma.
Outras obras: Apolo e Dafne e Davi 

ARQUITETURA BARROCA
A arquitetura do século XVII realizou-se principalmente nos palácios e nas igrejas. A Igreja Católica queria proclamar o triunfo de sua fé e, por isso, realizou obras que impressionam pelo seu esplendor.
A arquitetura barroca também se caracterizou pelas diferentes combinações de elementos que criaram efeitos de forma e luz, rompendo com a frontalidade dos estilos arquitetônicos precedentes e com os valores renascentistas de simplicidade e racionalidade. Alguns dos mais importantes arquitetos italianos foram: Giacomo della Porta, Francesco Borromini, Gian Lorenzo Bernini e Pietro da Cortona.
A Praça de São Pedro (1657 – 1666). Esse é um dos exemplos mais significativos da arquitetura e do urbanismo do século XVIII na Itália. Em forma de elipse, a praça é cercada por duas grandes colunatas cobertas. Elas se estendem em curva tanto para a esquerda como para a direita, mas ligadas em linha reta aos dois extremos da fachada da igreja. É uma obra de grande porte, pois a colunata circular tem 17 metros de largura, 23 metros de altura e é composta por 284 colunas.

O BARROCO NA ESPANHA

Do século XVII até a primeira metade do século XVIII o Barroco expandiu-se da Itália para a Europa e ganhou, em cada país, características próprias, como é o caso da Espanha e dos Países Baixos.
Um traço original do Barroco espanhol encontra-se na arquitetura, principalmente nas portadas dos edifícios civis e religiosos, decoradas em relevo. A pintura espanhola foi muito influenciada pelo Barroco italiano, principalmente no uso expressivo de luz e sombra, mas conservou preocupações próprias: o realismo e o domínio da técnica. Entre os pintores mas representativos estão El Greco e Velázquez.

El Greco (1941 – 1614) nasceu na ilha de Creta. Seu verdadeiro nome era Domenikos Theotokopoulos, mas seu apelido acabou reunindo as três culturas que influenciaram sua vida: o nome El Greco apresenta o artigo EL do espanhol, o substantivo Greco do italiano, e significa O Grego indicando sua procedência grega.
As obras de El Greco trazem uma característica que marcam sua pintura: a verticalidade das figuras. Essa peculiaridade pode ser observada em obras como O Enterro do conde de Orgaz, A Ressureição de Cristo e São Martinho e o Pobre.
As figuras esguias e alongadas de El Greco superam a visão humanista dos artistas do Renascimento italiano e recuperam o caráter espiritualizado dos mosaicos e ícones bizantinos.
As obras de El Greco trazem uma característica que marca sua pintura: a verticalidade das figuras.
Obras: O Enterro do Conde de Orgaz, A Ressurreição de Cristo e São Martinho, O Pobre, Espólio.

Diego Velázquez (1599 – 1660): O maior pintor da escola espanhola, mestre na representação de luz e sombra. Nasceu em Servilha, e logo produziu obras que impressionam pela elaborada técnica utilizada. Embora tenha se dedicado a pintar retratos da realeza, também procurou registrar em seus quadros os tipos populares do país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história.
Obras: Infanta Margarida aos Oito Anos, Velha Fritando Ovos, Conde-Duque de Olivares

O BARROCO NOS PAÍSES BAIXOS

O Barroco desenvolveu-se em duas grandes dimensões, sobretudo na pintura. Na Bélgica, esse estilo manteve como características as linhas movimentadas e a forte expressão emocional. Já na Holanda ganhou aspectos mais próximos do espírito prático severo do povo holandês. Por isso a pintura desenvolveu uma tendência mais descritiva, cujos temas preferidos foram as cenas da vida doméstica e social, trabalhadas com minucioso realismo.

Peter Paul Rubens (1577 – 1640) nasceu em Siegen, na Alemanha, em que seu pai, um advogado holandês, se refugiou para escapar da perseguição religiosa. Foi na Antuérpia que ele conheceu um de seus mestres o pintor Otto van Veen, que o influenciou a ir para a Itália. Em 1600, dois anos após ter se tornado mestre, Rubens vai para Roma, onde conhece as obras renascentistas que serviam de base para seu grande estilo.
Em seus quadros, é geralmente no vestuário que se localizam as cores como o vermelho, o verde e o amarelo que contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas. Trouxera da Itália a predileção por telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor figuras, a luz e a cor numa vasta escala, segundo o intenso movimento.
Além de um colorista vibrante, Rubens se notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento.
Obras: O Rapto da Filha de Leucipo, Caçada de Leões e Helena, Fourment com seu Filho Francis, O Jardim do Amor.

Hals: A obra de Hals (1581 – 1666) passou por uma evolução no domínio do uso da luz e da sombra. De início predominam os contrastes violentos, depois surgem os tons suavemente graduados e, por fim, um equilíbrio seguro da iluminação.
Do conjunto de sua obra fazem parte inúmeros retratos individuais e alguns de grupo, que registram as fisionomia e os hábitos dos burgueses da Holanda do século XVII.
Obras: O Alegre Bebedor, O Retrato de Isaac  Abrahamsz, Oficiais da Guarda Civil de Santo Adriano em Haarlem.

Rembrandt van Rijn (1606 – 1669): Foi o maior artista da escola holandesa.
Características da sua obra:
>         Predominância de expressões dramáticas e pela utilização de efeitos de luz.
>         Conseguiu reproduzir em suas telas uma gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensas;
Embora os retratos e cenas religiosas e mitológicas constituam a maior parte de sua obra, ele também contribuiu de forma original a outros gêneros, incluindo a natureza-morta e o desenho.
Obras: Mulher no Banho, A Ronda Noturna, A Aula de Anatomia do Dr. Joan Deyman, Os Negociantes de Tecidos.

Vermer: Diferentemente de Rembrandt, Vermeer (1632 – 1675) trabalha os tons em plena claridade. Seus temas são sempre os da vida das pessoas comuns da Holanda seiscentista. Seus quadros documentam com delicadeza os momentos simples da vida cotidiana.
Obras: Mulher lendo uma carta

O BARROCO NO BRASIL

O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII, permaneceu ainda no início do século XIX. Nessa época, na Europa, esse estilo já havia sido abandonado.
O Barroco brasileiro varia de uma região para outra. Nas regiões que enriqueceram com a mineração e o comércio de açúcar como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, encontramos igrejas com talhas douradas e esculturas refinadas, feitas por artistas de renome. Já nas regiões onde não havia açúcar nem ouro como São Paulo, as igrejas apresentam trabalhos modestos de artistas menos experientes.

O Barroco de Pernambuco
A partir de 1759 Recife teve grande crescimento econômico. Entre suas construções barrocas mais bem cuidadas está a igreja de São Pedro dos Clérigos.

O Barroco de Salvador
A partir da segunda metade do século XVII, a arquitetura das cidades mais ricas do Nordeste brasileiro começou a se modificar, ganhando formas mais elegantes e decoração mais requintada. Surgiram então as primeiras igrejas barrocas. Mas somente no século XVIII houve total predomínio desse estilo na arquitetura brasileira.
Nessa época, Salvador tinha uma importância muito grande, pois não era apenas o centro econômico da região mais rica do Brasil, mas também a capital do país.
De Salvador saíam todas as riquezas da colônia para Portugal e para lá se dirigiam os comerciantes portugueses que traziam consigo os hábitos da metrópole e, com eles, os artistas e os produtos portugueses.
Por isso, em Salvador e em todo o Nordeste, encontramos igrejas riquíssimas, como a Igreja e Convento de São Francisco de Assis, na capital baiana, cujo interior todo revestido de talha dourada lhe conferiu o título de “a igreja mais rica do Brasil”. Assim, a beleza da talha, dos azulejos portugueses que decoram o claustro do convento e da fachada externa esculpida em pedra faz do conjunto arquitetônico formado pela igreja e convento de São Francisco e pela Ordem terceira de São Francisco a construção barroca mais conhecida de Salvador.
A igreja de São Francisco cuja construção teve início em 1708, impressiona pela rica decoração interior. O intenso dourado que recobre as colunas, os ornamentos dos altares e as paredes são complementados pelos painéis que decoram o teto da nave central. O espaço interno dividi-se em três naves: uma central e duas laterais. As naves laterais são mais baixas que a nave central e nelas se encontram os altares menores, que são também guarnecidos por um grande número de trabalhos com motivos florais e arabescos dourados, anjos e atlantes. Na fachada, o frontão de linhas curvas é o elemento barroco mais caracterizador da parte externa da igreja.
Já a fachada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, considerada por alguns pesquisadores como um projeto de Gabriel Ribeiro, mostra um trabalho caprichoso de escultura decorando a arquitetura. As figuras de santos, anjos, atlantes e motivos florais esculpidos em pedra, juntamente com os balcões que revelam certa influência do barroco espanhol, fazem desta obra a única no gênero no Brasil.

O Barroco do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro si viria a ter destaque econômico e cultural com o início da extração do ouro em Minas Gerais, no século XVIII. Com seu porto, a cidade passou a centro de intercâmbio entre a região da mineração e Portugal. Em 1763, tornou-se a nova capital do país. A partir daí, foram erguidas muitas construções.
A escultura barroca do Rio de Janeiro contou com artistas portugueses e com um brasileiro em especial: Mestre Valentim (1750 – 1813), tão respeitado quanto Antônio Francisco Lisboa, nosso artista barroco mais conhecido e admirado. Mestre Valentim foi também paisagista, mas suas obras mais bem preservadas são as que fez para as igrejas, como a da Ordem Terceira do Carmo , a de São Francisco de Paula e a de Santa Cruz dos Milagres.

As igrejas de Minas Gerais não têm ouro no interior, apesar de que foi lá que se descobriu ouro. Se o exterior da igreja é simples, seu interior o é ainda mais, decorado com as pedras da região, principalmente a pedra-sabão.
No Brasil, a talha foi usada principalmente na decoração das igrejas barrocas do século XVII. Aparece tanto nos altares como em arcos cruzeiros, tetos e janelas, recobrindo praticamente todo o interior da igreja.
Nesse trabalho escultórico são comuns os motivos florais, a figura de anjos, as linhas espirais, as formas que sugerem movimento e quebram a monotonia das linhas retas que geometrizam o espaço.
O trabalho de talha também é feito em madeira, que depois recebe várias cores. É a talha policromada. As talhas mais exuberantes são as douradas, isto é aquelas em que a madeira é revestida de fina película de ouro.


A ARTE BARROCA EM OURO PRETO

A evolução da arquitetura mineira não foi rápida. A princípio tentou-se utilizar como técnica construtiva a taipa de pilão, um processo tipicamente paulista. Mais não deu certo, por causa do terreno duro e pedregoso, pouco favorável, ao fornecimento de terras argilosas. Depois, paulistas e portugueses tentaram outros processos, até chegarem às construções com muros de pedra.
Porém, essas construções de pedra foram surgindo lentamente. Enquanto isso, o que se usava mesmo era a taipa de pilão, que não permitia aos construtores projetar espaços muito complexos. Assim, as construções constituíram-se de paredes paralelas, que criavam interiores retangulares, com muros lisos, sem as sinuosidades (ondulações) tão comuns ao estilo barroco.
Com o passar do tempo, foram sendo harmonizadas as mais diferentes técnicas de construção e a rica decoração interior. O ponto culminante dessa integração entre arquitetura, escultura, talha e pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730 – 1814).
A igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto que foi construída de taipa e para poder receber de modo mais adequado sua rica decoração, foi necessário remodelar seu espaço interior.
A cidade de Ouro Preto – antiga Vila rica – é a que tem a mais famosa igreja Barroca – a de São Francisco de Assis. Nela trabalharam os dois maiores artistas do período colonial: o arquiteto e escultor Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor Manuel da Costa Ataíde.
É a única igreja barroca do mundo planejada, construída e esculpida por um só artista: o Aleijadinho. Na igreja de São Francisco de Assis tudo foi feito por ele, menos as pinturas do forro, que são do mestre Ataíde.
Além das igrejas em que foi o arquiteto, escultor e entalhador, ele deixou um conjunto de obras magníficas na Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, em congonhas do Campo. As esculturas de madeira colocadas em seis capelas, em frente à igreja, que retratam em tamanho natural os últimos dias de Jesus.
No adro dessa igreja esculpiu doze profetas do Velho Testamento, em pedra-sabão.  

Glossário
Talha: recebem o nome de talha os ornamentos esculpidos por entalhe numa superfície de madeira, marfim ou pedra e muito usados como revestimento da arquitetura.

Taipa de pilão: essas construções foram muito comuns no Brasil colônia e ainda restam pelo país muitas edificações construídas por esse sistema.
A parede de taipa de pilão é construída de blocos de barro comprimido dentro de uma forma de madeira.
A técnica da taipa de pilão na arquitetura, o uso da pedra sabão na escultura da Aleijadinho e os azuis e vermelhos, tão a gosto do povo, na pintura da Ataíde, são exemplos suficientes para demonstrar que o Barroco marcou o início de uma arte brasileira que procura afirmar seus próprios valores.

Retábulo (do espanhol retablo) é uma construção de madeira, de mármore, ou de outro material, com lavores, que fica por trás e/ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em baixo-relevo.
Colunata: série de colunas.

Bibliografia: PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo.2000.
BAZIN. Germain. História da Arte. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1976.
BEUTTENMÜLLER, Alberto. Viagem pela arte brasileira. Aquariana Ltda. São Paulo. 2002.

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