"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

1ª Série - Texto 2 - A HISTÓRIA DO TEATRO - 4ª Unidade 2013

A palavra teatro define tanto o prédio onde podem se apresentar várias formas de artes quanto uma determinada forma de arte.
O vocábulo grego Théatron estabelece o lugar físico do espectador, "lugar onde se vai para ver". Entretanto o teatro também é o lugar onde acontece o drama frente à audiência, complemento real e imaginário que acontece no local de representação. Ele surgiu na Grécia antiga, no século IV a.C..
O teatro é uma arte em que um ator, ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades, com auxílio de dramaturgos, diretores e técnicos, que têm como objetivo apresentar uma situação e despertar sentimentos na audiência.
O Teatro na Grécia: A consolidação do teatro enquanto espetáculo, na Grécia antiga, deu-se em função das manifestações em homenagem ao deus do vinho, Dionísio. A cada nova safra de uva, era realizada uma festa em agradecimento ao deus, através de procissões.
Com o passar do tempo, essas procissões, que eram conhecidas como "Ditirambos", foram ficando cada vez mais elaboradas, e surgiram os "diretores de coro" (os organizadores das procissões).
Nas procissões, os participantes se embriagavam, cantavam, dançavam e apresentavam diversas cenas das peripécias de Dionísio. Em procissões urbanas, se reuniam aproximadamente vinte mil pessoas, enquanto que em procissões de localidades rurais (procissões campestres), as festas eram menores.
O primeiro diretor de coro foi Téspis, que foi convidado pelo tirano Préstato para dirigir a procissão de Atenas. Téspis desenvolveu o uso de máscaras para representar pois, em razão do grande número de participantes, era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras.
O "Coro" era composto pelos narradores da história que, através de representação, canções e danças, relatavam as histórias da personagem. Ele era o intermediário entre o ator e a platéia, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o "Corifeu", que era um representante do coro que se comunicava com a platéia.
Em uma dessas procissões, Téspis inovou ao subir em um "tablado" (Thymele – altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (hypócrites). Em razão disso, surgiram os diálogos e Térpis tornou-se o primeiro ator grego.

Autores Gregos
1) Os tragediógrafos
Muitas das tragédias escritas se perderam e, na atualidade, são três os tragediográfos conhecidos e considerados importantes: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.

Ésquilo (525 a 456 a.C.. aproximadamente)
Principal texto: Prometeu acorrentado.
Tema principal que tratava: contava fatos sobre os deuses e os mitos.
Sófocles (496 a 406 a.C. aproximadamente)
Principal texto: Édipo Rei.
Tema principal que tratava: as grandes figuras reais.
Eurípides (484 a 406 a.C aproximadamente)
Principal texto: As troianas
Tema principal que tratava: dos renegados, dos vencidos (pai do drama ocidental)

2) Os comediógrafos
Dramaturgo grego considerado o maior representante da comédia grega clássica.

O Teatro no Brasil (adaptação de texto de Sábato Malgadi)
A implantação do teatro no Brasil foi obra dos jesuítas, empenhados em catequizar os índios para o catolicismo e coibir os hábitos condenáveis dos colonizadores portugueses. O padre José de Anchieta, em quase uma dezena de autos inspirados na dramaturgia religiosa medieval e também Gil Vicente, notabilizaram-se nessa tarefa, de preocupação mais religiosa do que artística.
O teatro dessa época era uma produção sem continuidade e permaneceu sem registro nos séculos XVII e XVIII, salvo alguns documentos esparsos. Sabe-se, de qualquer forma, que se ergueram "casas da ópera" nesse último século, no Rio, em Vila Rica, Diamantina, Recife, São Paulo, Porto Alegre e Salvador, atestando a existência de uma atividade cênica regular. A sala de espetáculos de Vila Rica (atual Ouro Preto) é considerada a mais antiga da América do Sul. Menciona-se o Padre Ventura como o primeiro brasileiro a dedicar-se ao palco, no Rio, e seu elenco era de mulatos.
A transferência da corte portuguesa para o Rio, em 1808, trouxe inegável progresso para o teatro, consolidado pela Independência, em 1822, a que se ligou logo depois o romantismo, de cunho nacionalista. O ator João Caetano formou, em 1833, uma companhia brasileira, com o propósito de "acabar assim com a dependência de atores estrangeiros para o nosso teatro". Seu nome vinculou-se a dois acontecimentos fundamentais da história dramatúrgica nacional: a estréia, a 13 de março de 1838, de O Poeta e a Inquisição, "a primeira tragédia escrita por um brasileiro, e única de assunto nacional", de autoria de Gonçalves de Magalhães e, a 4 de outubro daquele ano, de O Juiz de Paz na Roça, em que Martins Pena abriu o rico filão da comédia de costumes, o gênero mais característico da nossa tradição cênica.
Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias, distingue-se como o melhor drama romântico brasileiro, cuja trama caracteriza-se como precursora do manifesto feminista. E a comédia de costumes marcou as escolas sucessivas, do romantismo e até do simbolismo, passando pelo realismo e pelo naturalismo. Filiaram-se a ela as peças mais expressivas de Joaquim Manoel de Macedo, José de Alencar, Machado de Assis e Artur Azevedo (criador de A Capital Federal e O Mambembe).
A Semana de Arte Moderna de 1922, marco da modernidade artística, não teve a presença do teatro. Só na década seguinte Oswald de Andrade, um de seus líderes, publicou três peças, entre as quais O Rei da Vela, que se tornou em 1967 o manifesto do tropicalismo. Naqueles anos, registrava-se a hegemonia do astro, representado por Leopoldo Fróes e depois por Procópio Ferreira. Só em 1943, com a estréia de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, sob a direção de Ziembinski, modernizou-se o palco brasileiro. Mas a qualidade do texto ainda não trouxe importância para o papel de autor teatral: o encenador ou diretor é que passou nessa época a ser valorizado.
Começava, na montagem do grupo amador carioca de Os Comediantes, a preocupação com a unidade de estilo do espetáculo, continuada a partir de 1948, pelo paulista Teatro Brasileiro de Comédia, que contratou diversos diretores estrangeiros para suas montagens. O ecletismo de repertório dos grupos de teatro da época provocou, a partir do êxito de Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958, uma guinada no teatro brasileiro, inaugurando finalmente a fase da hegemonia do autor brasileiro.
Veio, em 1964, o golpe militar, e ocorreu uma forte censura ao teatro nacional. Afirmou-se então um teatro de resistência à ditadura, desde os grupos mais engajados, como o Arena e o Oficina de São Paulo e o Opinião, do Rio, aos dramaturgos como Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal, Dias Gomes, Oduvaldo Vianna Filho e Plínio Marcos. Autores adeptos do estilo da comédia, a exemplo de Millôr Fernandes, Lauro César Muniz e Mário Prata, seguiram a mesma trilha. Número enorme de peças, até hoje não registrado, foi censurada nessa época e não pode ser encenada.
Com a estréia de Macunaíma, de Mário de Andrade, em 1978, Antunes Filho assumiu a criação radical do espetáculo, inaugurando a hegemonia dos encenadores-criadores. Nessa tendência aconteceram grandes acertos, como por exemplo, a autonomia artística do espetáculo, e desacertos, como a redução da palavra a um jogo de imagens.

O Teatro de Arena de São Paulo
A principal característica do Teatro de Arena, fundado em São Paulo em 1953, tendo à frente José Renato - vindo, como outros, da Escola de Arte Dramática -, foi a de nacionalizar o palco brasileiro, a partir da estréia de Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958.
No início, o grupo, que foi o primeiro na América do Sul a utilizar a cena circular envolvida pelo público, visava sobretudo à economia do espetáculo, adotando as mesmas idéias estéticas do Teatro Brasileiro de Comédia, com o ecletismo (variedade) de repertório. Sem a necessidade de cenários, atuando em locais improvisados, o grupo podia abolir muitas despesas.
Mesmo assim, tendo inaugurado em 1955 a sua sede, o Arena, em difícil situação financeira, preferiu fechar as portas com uma peça de um de seus atores, originário do Teatro Paulista do Estudante, ao qual se uniu para formar-se o Elenco Estável: Gianfrancesco Guarnieri. Eles não usam Black-tie não só se constituiu um grande sucesso de mais de um ano em cartaz, como iniciou a linha de prestígio da dramaturgia brasileira.
O Arena, com a colaboração de Augusto Boal, empenhou-se também na procura de um estilo brasileiro de encenação e de desempenho. A seguir, promoveu a nacionalização dos clássicos. Veio depois a fase dos musicais, expressa por Arena Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes, de Guarnieri e Boal. Depois foi o momento de abrasileirar-se o teatro épico de Brecht.
A repressão violenta da ditadura, principalmente com o Ato Institucional nº 5, de 1968, ainda permitiu a Augusto Boal fazer a experiência do Teatro Jornal, primeiro passo de seu Teatro do Oprimido, que se desenvolveu no exterior nas formas do Teatro Invisível e do Teatro-Foro. Mas, seu exílio em 1971, já estando afastadas outras pessoas do grupo, interrompeu a grande trajetória do Teatro de Arena.

Teatro Brasileiro de Comédia
Criado em São Paulo, em 1948, pelo industrial italiano Franco Zampari, o Teatro Brasileiro de Comédia era, inicialmente, apenas um espaço para abrigar os grupos amadores. Ao verificar-se a inviabilidade econômica da iniciativa, nesse esquema, organizou-se uma companhia profissional, que aproveitou os melhores atores desses grupos, aos quais se agregaram outros, vindos do Rio.
Em pouco tempo o TBC chegou a ter o melhor elenco jovem do País, em que se distinguiam Cacilda Becker, Tônia Carrero, Fernanda Montenegro, Cleyde Yáconis, Nathalia Timberg, Tereza Rachel, Paulo Autran, Sérgio Cardoso, Jardel Filho, Walmor Chagas, Ítalo Rossi e muitos outros. A encenação estava confiada a europeus e, em certos momentos, até quatro deles se alternavam nas montagens.
A necessidade do momento era a implantação de um teatro de equipe, em que todos os papéis recebiam o mesmo tratamento, e se valorizavam igualmente a cenografia, o figurino e a política de variedade de repertório, revezando-se em cartaz peças de diversos autores como Sófocles, Goldoni, Strindberg, Shaw, Pirandello, Tennessee Williams, Arthur Miller, entre muitos outros.
Na última fase, o TBC alterou suas diretrizes, confiando as encenações aos brasileiros Flávio Rangel e Antunes Filho, além do belga Maurice Vaneau, e o repertório privilegiou os dramaturgos nacionais Dias Gomes, Jorge Andrade e Giafrancesco Guarnieri.

Teatro Oficina
Criado em 1958 por um grupo de estudantes da Escola de Direito, em São Paulo, o Teatro Oficina distinguiu-se por ter absorvido, na década de 60, toda a experiência cênica internacional, vinda de fins do século passado até aqueles dias, dando-lhe características totalmente brasileiras.
A primeira grande realização do elenco, em 1963, foi Pequenos Burgueses, de Górki, dirigida por José Celso Martinez Corrêa, responsável por todas as montagens subseqüentes de maior qualidade. A crítica reconheceu nela o melhor exemplo de encenação realista produzida no Brasil.
A estréia de O Rei da Vela, em 1967, teve o mérito de incorporar Oswald de Andrade, com um texto publicado em 1937, à História do Teatro Brasileiro, e de fazer parte de um movimento batizado como tropicalismo, de repercussão em outras artes.

Incansável na sua busca, o Oficina pretendeu romper as fronteiras convencionais do teatro, fazendo "te-ato" em Gracias, Senior, criação coletiva de seus atuadores, não mais intérpretes, em 1972. Com características do Living Theatre norte-americano, a montagem foi discutida em virtude de posturas autoritárias que parecia conter. A rigidez da censura política, os problemas internos do grupo e o exílio de José Celso puseram fim à aventura brilhante do Oficina. Entretanto, ainda hoje José Celso representa um ícone de resistência na luta pela sobrevivência de um teatro crítico-experimental brasileiro.

Fontes:
FEIST, Hildegard. Pequena viagem pelo mundo da arte. Moderna. 2.ed.são Paulo, 2005
_____________. Pequena viagem pelo mundo do teatro. 1. Ed. Moderna. São Paulo, 2005.


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