"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

1ª Série - 2ª Unidade - DIVERSAS MANIFESTAÇÕES NAS ARTES VISUAIS – PARTE 1

DESENHO: pode ser definido como a arte de representar objetos por meio de linhas e sombras. Na história da humanidade, antes mesmo de representar a realidade pela escrita, os homens desenhavam. As primeiras expressões artísticas são desenhos: os desenhos das cavernas.
Podemos dizer que o desenho vem antes de todas as coisas que o homem produz: roupas, sapatos, casas, edifícios, pontes, automóveis, aviões, móveis, computadores, utensílios, ferramentas, louças, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos... O desenho é a matriz de outras formas de expressão visual que têm como base um esboço: a pintura, a gravura, a escultura, e às vezes até mesmo o cinema, pois muitos diretores famosos gostam de desenhar personagens ou cenas que imaginam antes de filmá-las.
O desenho em preto e branco é feito com lápis, carvão ou lápis-de-cera sobre papel. Há diversas técnicas e diferentes tipos de desenho, dependendo do material que é usado, do tema e do objetivo que o desenhista tem em mente.

BICO-DE PENA: a técnica de desenho o bico-de-pena é muito antiga. Este desenho baseia-se no uso criativo e primoroso do ponto e da linha. Em suas infinitas variações, cruzamentos e combinações, o ponto e a linha criam formas, relevos, texturas, tonalidades, luz e sombra.
Na Idade Média, os monges começaram a difundir esse tipo de desenho, que era feito com um instrumento de bambu ou de pena de ganso. No Renascimento, essa técnica foi muito apreciada. Alguns artistas associaram o bico-de-pena com a aquarela alcançando efeitos maravilhosos. A tinta tradicional é o nanquim preto, embora se possam usar também os coloridos. Hoje há diversos tipos de caneta. A mais comum é a de metal para mergulhar na tinta.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS: O desenho é a base da história em quadrinhos. Nessa forma de expressão, o artista trabalha com narrativa, seqüência, continuidade e movimento. A história em quadrinhos é uma manifestação moderna, pois surgiu a partir da Revolução Industrial e do progresso técnico que permitiu a impressão e a distribuição de revistas em larga escala.
Essas histórias surgiram primeiramente nos jornais, em tiras, para atrair mais leitores adultos, e caíram no gosto das crianças. Por volta de 1930 surgiram as revistas exclusivamente de histórias em quadrinhos, e os heróis americanos se tornaram conhecidos em todo o mundo. Hoje, são os japoneses que fazem sucesso.
O artista gráfico usa uma variedade imensa de recursos e artifícios no seu trabalho: enquadramento, perspectiva, efeitos de luz e sombra, movimento, expressões faciais e corporais para seduzir o leitor e evitar a monotonia. As histórias em quadrinhos obedecem a uma série de princípios, que são:
1. Os personagens são de fácil reconhecimento no decorrer da história. Nunca envelhecem nem mudam de roupa ou de cabelo. Os heróis são bons e bonitos, e os seus adversários são malvados e feios.
2. Os diálogos vêm dentro de balões que apontam para a pessoa que fala.
3. O pensamento tem um balão com uma fila de bolinhas na direção do personagem.
4. Os ruídos, expressos por meio de onomatopéias, vêm dentro de um balão cheio de pontas.
5. Os gritos são expressos por maiúsculas grandes e sussurros são expressos por meio de letras pequenas e com o balão feito de linhas pontilhadas.
6. Imagens traduzem conceitos: serrote = ronco; lagartos, caveiras e bombas = palavrões...

No enquadramento dos elementos o desenhista utiliza o recurso do cinema com a técnica de planos de perspectiva.
Os planos:
a) Plano de exagero: utiliza só a parte do rosto ou detalhe de um objeto.
b) Plano médio: da cabeça aos ombros.
c) Plano geral: toda a figura.
d) Plano 3/4 ou americano: até os joelhos.
 Perspectivas:
a) Para conseguir uma visão de longa distância.
b) De tomada de cima.
c) De tomada de baixo.
 Expressões: riso, pranto, raiva, desprezo, assombro, dúvida, meditação.
 Balões: Normalmente, o balão apresenta formas distintas e é colocado à direita do personagem. Nele escrevem-se os textos que correspondem aos diálogos, sons inarticulados, pensamentos, metáforas visuais e ruídos visuais, de acordo com o que expressa o personagem.
 Metáforas visualizadas: expressam o estado físico e psíquico dos personagens. Normalmente são acompanhados de recursos gráficos. Os recursos gráficos dão vida e movimento aos desenhos.
 Onomatopéia: Significa imitar um som com um fonema ou palavra. Ruídos, gritos, canto de animais, sons da natureza, barulho de máquinas, o timbre da voz humana fazem parte do universo das onomatopéias. As onomatopéias, em geral, são de entendimento universal.

PINTURA: A pintura é o ramo da arte visual que, com o uso de tinta para criar linhas e cores, representa sobre uma superfície as concepções do artista. Na pré-história a tinta era conseguida a partir da madeira, ossos queimados, cal, terra, minérios em pó, misturados à água ou a gordura dos animais. Durante muitos séculos os templos, os palácios e as casas eram decoradas com pinturas feitas com pigmentos misturados à argamassa fresca e úmida com que se fazia o acabamento das paredes: os afrescos.
Do século V até o século XVI, na Europa, o pigmento retirado dos elementos da natureza era misturado com gema de ovo e água para obter a tinta conhecida como têmpera. Mas, além de secar muito rapidamente, a têmpera, ao endurecer, rachava-se.
No início do século XV, os pintores começaram a misturar os pigmentos no óleo de linhaça. Essa invenção é atribuída ao pintor Jan Van Eyk (1390 – 1441). Já que o óleo demorava mais a secar, foi possível detalhar melhor o trabalho e alcançar mais luminosidade.
Por volta de 1840, as tintas passaram a ser vendidas em tubos, facilitando a vida dos artistas, que já não precisavam mais fabricar suas próprias tintas. Essa técnica permitiu novos efeitos e formas de acabamento. Além do pincel, os pintores passaram, pouco a pouco, a usar espátulas e os trabalhos começaram a apresentar uma textura diferente: com relevo e excesso de tinta.
O desenvolvimento da indústria permitiu o uso de resinas acrílicas (plásticas) na fabricação de tintas que são diluídas em água, não tem cheiro forte, secam mais rapidamente que a tinta a óleo e permitem uma variedade muito grande de efeitos. Hoje há uma infinidade de recursos à disposição dos artistas e uma liberdade ilimitada para trabalhar com os materiais.

GRAVURA: Algumas técnicas permitem que a obra de arte tenha várias cópias. A partir de uma matriz, pode-se reproduzi-la várias vezes. Uma dessas técnicas é a gravura.
Um pouco antes da invenção da imprensa de letras móveis e combináveis, por Gutenberg, surgiu a gravura na madeira, ou xilogravura. Pequenos folhetos com imagens de santos e orações eram produzidos nessa técnica no fim da Idade Média, para serem distribuídos entre os devotos.
Depois evoluíram para a gravura em metal, técnica de gravar com ácido sobre o metal (cobre, zinco ou aço), que é usada até hoje por muitos artistas.
Por volta do século XVIII, surgiu a litografia, que é uma técnica em que a matriz é feita de pedra calcária. O desenho é feito diretamente na pedra bem lisa, com pena e tinta ou lápis cera, que penetra nos poros da pedra. Terminado o desenho, espalha-se sobre a pedra uma mistura de água, goma arábica e ácido nítrico. Passa-se água e depois tinta sobre a pedra. A área desenhada retém a tinta e a pedra molhada a repele. O papel é colocado em contato com a pedra e recebe a impressão exata do desenho.
A serigrafia é outra técnica que trabalha com matriz. Era conhecida pelos chineses, mas somente chega ao ocidente no século XIX. A serigrafia imprime em qualquer superfície: papel, madeira, porcelana, tecido, metal. Usa uma matriz de tecido fino (seda, tecido sintético, tela), que é esticada e montada numa moldura.

ESCULTURA E MODELAGEM: Nas artes visuais a forma em três dimensões tem um espaço muito importante. A Escultura e a Modelagem consideram a largura, altura e profundidade, ou seja, as três dimensões do objeto.
As primeiras formas, assim, talvez tenham sido feitas na pré-história, por modelagem na terra úmida. Os artesãos passaram depois a usar materiais mais duráveis, como o barro cozido (terracota). Com o progresso na criação de ferramentas, chegaram a esculpir a madeira, a pedra, o marfim e, finalmente, os metais. Muitas vezes a produção de imagens em três dimensões estava associada a crenças, ritos religiosos ou costumes, mas transformou-se numa arte independente dessas práticas.
A Modelagem trabalha com material flexível: barro, argila, cera, massa, pastas plásticas industrializadas. Alguns desses materiais são colocados em alta temperatura (900°c) para endurecerem, outros secam apenas em contato com o ar.
Há filmes animados a partir de bonecos de massa plástica que têm feito muito sucesso.
A Escultura é a arte que trabalha com materiais duros, cortando-os com instrumentos adequados para obter uma forma desejada. Ela representa a forma em qualquer um desses materiais: madeira, pedra, marfim, mármore, metais. Há esculturas em vários tamanhos e algumas são colocadas ao ar livre para apreciação do público.

 (baseado em texto de Jô Oliveira e Lucília Garcez)

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