Uma
das principais civilizações da Antiguidade foi a que se desenvolveu no Egito.
Era uma civilização já bastante complexa em sua organização social e riquíssima
em suas realizações culturais, se desenvolveu às margens do rio Nilo entre os
rios Tigre e Eufrates. O rio Nilo é a fonte de água e energia para o país e
fundamental para a agricultura.
Os
egípcios cultivavam o trigo, o cânhamo e a cevada e criaram a técnica da
rotatividade do solo durante o plantio. Fabricavam o vidro, o tecido e o papiro
que consumiam.
O fator geográfico foi determinante para a
continuidade da cultura egípcia (que durou cerca de 3.000 anos).
No período Pré Dinástico , a região era
dividida em Alto e Baixo Egito, não existia unidade política. Esta fase data de
5.000 a.C. à 3.000 a. C., quando ocorre a unificação do Egito, o primeiro faraó
é Menés. Inicia-se o Período Pré Dinástico com uma única religião e língua. O
poder passava de pai para filho. A sociedade era hierárquica.
A religião foi o ponto principal da cultura
egípcia, pois determinou a forma de vida, arquitetura, arte, sociedade,
medicina, ciência, química. Estas áreas se desenvolveram em função da crença
religiosa. Eram politeístas, ou seja, cultuavam mais de um Deus.
Na medicina, desenvolveram a mumificação.
Acreditavam na vida eterna e na continuidade da alma e do corpo.
Assim como acontece em
outras artes, o estudo da arte egípcia – pintura, escultura, arquitetura,
deve-se partir da consideração social e das crenças religiosas de um povo
dominado pela ideia de outro mundo, da existência de uma vida após a morte e
achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.
A religião invadiu toda a vida egípcia,
interpretando o universo, justificando sua organização social e política,
determinando o papel de cada classe social e, consequentemente, orientando toda
a produção artística desse povo.
Além de crer em deuses que poderiam
interferir na história humana, os egípcios acreditavam também numa vida após a
morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no
presente.
Os egípcios usavam:
•
A
argila do rio Nilo fornecia matéria-prima para tijolos e vasilhames;
•
O
linho permitia a fiação e a tecelagem;
•
O
papiro gerava material para cordas, redes e para escrita;
•
A
madeira virava embarcações, carros, móveis e portas;
•
As
pedras duras eram usadas para vasos, estátuas, construção de templos e
túmulos;
•
As
pedras semi-preciosas como a turquesa e metais como o ouro, cujos
processos de mineração eram bastante árduos, resultavam em belas peças de
ourivesaria.
As regras da arte egípcia eram determinadas
pelos faraós e sacerdotes, os artistas não estavam livres para criar. Quanto
mais comprometida a imagem com a questão religiosa, mais rígida era a
composição. Na representação dos escravos, agricultores e animais existe mais
naturalismo, aparecem na vida cotidiana. A arte egípcia era:
*
Simbólica:
porque aconteceu em função da religião;
*
Formalista
e Racionalista: utilizou-se do desenho e da razão para se expressar;
*
Estereotipada:
repetiu modelos;
*
Hierática:
obedeceu aos tabus religiosos.
Existem três tipos de representação na arte
egípcia: Antropomórfico, Zoomórfico e Antropozoomórfico.
* Antropomorfismo:
crença ou doutrina que atribui a Deus ou deuses características humanas;
*
Zoomórfismo:
culto religioso que imprime forma animal à divindade;
*
Antropozoomorfismo: é a característica atríbuida àqueles cujo corpo é parte humano e
parte animal.
Outra característica da arte egípcia está
fundamentada na concepção de um produto de uma sociedade teocrática, na qual o
Faraó é considerado não só como soberano, mas também como um deus auxiliado por
uma toda poderosa casta sacerdotal. Desta forma a arte egípcia concretizou-se
nos túmulos, nas estatuetas e nos vasos deixados juntos aos mortos.
Na arte egípcia os artistas eram criadores
de uma arte anônima, pois a obra deveria revelar um perfeito domínio das
técnicas de execução e não o estilo do artista. É uma arte profundamente simbólica. Todas as
representações estão repletas de significados que ajudam a caracterizar
figuras, a estabelecer níveis hierárquicos e a
descrever situações. Do mesmo modo a simbologia
serve à estruturação, à simplificação e clarificação da mensagem transmitida
criando um forte sentido de ordem e racionalidade extremamente importantes.
Antigo Império
Pintura
Para os antigos egípcios, o que importava
era a “essência eterna”, aquilo que constituía a visão de uma realidade
constante e imutável. Portanto, a arte submetia-se a uma rígida padronização de
formas, as quais muitas vezes se transformavam em símbolos. Toda figura era
mostrada do ângulo em que pudesse ser mais facilmente identificada, conforme
uma escala que se baseava na hierarquia, sendo o tamanho dependente da posição
social. Daí resultava um aspecto muitíssimo padronizado, esquemático e quase
diagramático. A absoluta preocupação com a precisão e a representação
“completa” aplicava-se a todos os temas; assim, a cabeça humana é sempre
reproduzida de perfil, mas os olhos são sempre mostrados de frente (Lei da
Frontalidade). Por essa razão, não há perspectiva nas pinturas egípcias – tudo
é bidimensional. A arte deveria reconhecer claramente que se tratava de uma representação.
A pintura está a serviço da religião ou das
castas dominantes, servindo de veículo para a difusão de preceitos e das
crenças religiosas e por isso era bastante padronizada não dando margem a
criatividade ou a imaginação pessoal.
Características:
§ Lei da Frontalidade
§ Braços colados ao
corpo;
§ Duplicação de
perfis;
§ A figura do Faraó é
representada de tamanho maior, que os restantes humanos;
§ A pintura é a mais
nobre das expressões;
§ Estilização para o
naturalismo;
§ A pintura tem seu
grande campo de concentração nas decorações dos monumentos funerários, no
interior das tumbas, grandes telas murais, aparecem recobertas por relevos e
pinturas onde descrevem as ocupações e o ambiente vital do defunto e se
representam cenas de caráter religioso.
Arquitetura
A arquitetura no Egito se realizou mais nas
construções mortuárias. As tumbas dos primeiros Faraós eram réplicas das casas
em que moravam, enquanto as pessoas sem importância social eram sepultadas em
construções muito simples, chamadas mastabas. Entretanto foram as mastabas que
deram origem às grandes pirâmides construídas mais tarde.
As
características gerais da arquitetura egípcia são:
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.
As
pirâmides tinham base quadrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de
vinte toneladas e mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente
lapidadas. A porta da frente da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim
de que seu influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro
labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e
seus pertences.
Os
templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon.
Os
monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos.
Divididos em três categorias:
Pirâmide – Era túmulo real, destinado ao faraó. Em seu interior construíam-se verdadeiros labirintos, para proteger o sarcófago de possíveis ladrões.
Os egípcios acreditavam que
quando se era enterrado numa pirâmide, subiria até ao céu para se juntar aos
deuses. Todas as pirâmides foram construídas no lado oeste do Nilo, onde o sol
se põe. Para eles a pirâmide significava raios do deus Rá que era o deus sol.
Mastaba – é uma câmara funerária, coberta por uma singela construção de tijolos, de base retangular, com paredes inclinadas. As mastabas foram aumentando de altura, acrescentando-lhes vários andares, em degraus (pisos escalonados); e, assim, evoluíram lentamente para a forma piramidal.
Hipogeus - Eram túmulos subterrâneos, cavados no penhasco à
beira do Nilo. Nas paredes desses túmulos faziam-se desenhos e inscrições, para
orientar o morto na outra vida, destinado à gente do povo.
Templos:
Os
tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel:
Palmiforme
- flores de palmeira
Papiriforme
- flores de papiro; e
Lotiforme
- flor de lótus.
Para seu conhecimento
Esfinge:
representa corpo de leão (força) e cabeça humana (sabedoria). Eram colocadas na
alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco:
era colocado à frente dos templos para materializar a luz solar.
Escultura
A escultura caracterizava-se pela rigidez, as formas cúbicas
e a frontalidade. Primeiro, talhava-se um bloco de pedra de forma retangular;
depois, desenhava-se na frente e nas laterais da pedra a figura ou objeto a ser
representado. Destaca-se, dessa época, a estátua rígida do faraó Quéfren (c. 2530 a.C.).
A escultura em relevo servia a dois propósitos fundamentais:
glorificar o faraó (feita nos muros dos templos) e preparar o espírito em seu
caminho até a eternidade (feita nas tumbas).
Os materiais utilizados na escultura deste período foram
diorite, granito, xisto, basalto, calcário e alabastro.
No Antigo Império as figuras representadas
na escultura tiveram um desenvolvimento na expressão, onde muitas vezes os
olhos eram incrustados com vidros, pedras ou cobres para realçar essas
expressões.
A estátua revelas dados particulares do
representado, sua fisionomia, seus traços raciais e sua condição social (ex. o
escriba representado no gesto da sua função). Era também uma representação mais
realística.
A escultura tem uma importância de 1º ordem
a serviço das crenças religiosas das práticas funerárias.
Cerâmica
e Joias
Na cerâmica, as peças ricamente
decoradas do período pré-dinástico foram substituídas por belas peças não
decoradas, de superfície polida e com uma grande variedade de formas e modelos,
destinadas a servir de objetos de uso cotidiano. Já as joias eram feitas em
ouro e pedras semipreciosas, incorporando formas e desenhos, de animais e de
vegetais.
Médio Império
Médio Império iniciou-se por volta de 2000
a.C. com a coroação de Amenhemet I que dá início á XII dinastia.
Arquitetura
Na arquitetura adotam-se os padrões estilísticos
anteriores ao nível da construção, procurando-se retomar a construção de
pirâmides. Contudo, estas pirâmides não atingem a grandeza das pirâmides do
Império Antigo. Construídas com materiais de baixa qualidade e com técnicas
deficientes, o que resta hoje destas construções é praticamente um monte de
escombros. As mais altas pirâmides construídas nesta época foram a de Senuseret III (78 metros) e a de Amenemhat III (75 metros).
Escultura
A estatuária, além de ter um fim religioso,
foi um instrumento de propaganda política, de prestígio da autoridade, real
divindade.
O Egito contou com uma grande variedade de
pedras cuja brancura e dureza percorria as gamas do calcário, granito, diorita
e mármore e permitiam diferentes efeitos óticos nos contrastes tons de pétreos
do preto, dos vermelhos, brancos ou ocres. Também foi utilizada nas esculturas
madeira policromada.
A expressão humana na escultura vai ganhar uma nova dimensão e
realismo nesta época, passando-se a representar nas estátuas reais o
envelhecimento. Mesmo a representação bidimensional perde a sua dependência dos
cânones adaptando uma maior naturalidade e mesmo noções de profundidade
tridimensional. Nesta época criam-se esfinges reais nas quais o rosto do monarca
surge emoldurado por uma juba, como é o caso de uma
esfinge de Amenemhat III. Destacam-se os retratos de faraós como
Amenemés III e Sesóstris III.
Pintura
Os locais onde a pintura do Império Médio melhor se
manifestou foram os túmulos dos governadores, em cujas paredes se recriam cenas
de caça, pesca, banquetes ou danças. Seguindo a tradição anterior, o dono do
túmulo surge representado em tamanho superior às outras personagens. A pintura
é realizada sobre estuque fresco ou sobre relevo.
A pintura também decorava os sarcófagos retangulares de madeira, típicos
deste período. Os desenhos eram muito lineares e mostravam grande minúcia nos
detalhes.
Temática da pintura
Campanhas bélicas dos faraós, entrega de
presente por embaixadas estrangeiras, cenas de caça ou de pesca, trabalhos
agrícolas e artesanais, as ocupações da vida cotidiana, músicos e bailarinas,
representações de animais no deserto, de pássaros e de peixes, tudo de
inestimável valor documental. Junto a estas decorações funerárias está a de
palácios e casas.
Artes decorativas
As artes decorativas do Império Médio conhecem uma das
épocas mais importantes, sobretudo no que diz respeito aos trabalho de joalharia.
Os amuletos, os pentes, os espelhos e as caixas caracterizam-se pela sua
beleza. São bastante conhecidos os pequenos hipopótamos em faiança decorados
com motivos vegetais.
No Médio Império, também foram produzidos magníficos
trabalhos de arte decorativa, particularmente joias feitas em metais preciosos
com incrustação de pedras coloridas. Neste período aparece a técnica do
granulado e o barro vidrado alcançou grande importância para a elaboração de
amuletos e pequenas figuras.
Na pintura e nos baixos-relevos existiam
muitas regras a serem seguidas.
Escultura
No Médio Império a escultura é mais
convencional, os artistas voltaram a esculpir retratos estereotipados, que
representam a aparência ideal dos seres, principalmente dos reis e não o
aspecto real. A estátua é um símbolo de poder e um meio de prestígio do
representado ou a quem oferece.
Novo Império
O Novo Império (1570-1070 A.C.)
começou com a XVIII dinastia e o Egito viveu o apogeu de seu poderio e de sua cultura.
Foi uma época de grande poder, riqueza e
influência. Quase todos os faraós deste período preocuparam-se em ampliar o
conjunto de templos de Karnak, centro de culto a Amon, que se converteu, assim,
num dos mais impressionantes complexos religiosos da história. Próximo a este
conjunto, destaca-se também o templo de Luxor.
Esteticamente, o aspecto mais importante
desses templos é um novo tipo de coluna, trabalhada com motivos tirados da
natureza, como o papiro e a flor de Lótus.
Escultura
A escultura, naquele momento, alcançou uma nova dimensão e
surgiu um estilo cortesão, no qual se combinavam perfeitamente a elegância e a
cuidadosa atenção aos detalhes mais delicados. Tal estilo alcançaria a
maturidade nos tempos de Amenófis III.
Pintura
No Novo Império a pintura se apresenta com
formas mais leves e de cores mais variadas. A postura rígida das figuras é
abandonada e elas parecem ganhar movimento, chegam inclusive a desobedecer a
lei da frontalidade, os pintores se afastam das convenções antigas e fazem
ensaios de novas disposições espaciais. Deve-se recordar da pintura egípcia, os
rolos de papiros, cujas peças fundamentais são os Livros dos Mortos, ricamente
decorados, onde continham as instruções para guiar-se após a morte e que eram
colocados junto ao defunto no interior da urna.
As figuras tornam-se mais estilizadas,
os artistas procuram refletir o movimento, existe grande variedade na temática,
ao mesmo tempo tentam retratar a natureza com preciosismo. As representações de
pássaros e de peixes nos pântanos, jardins e estanques alcançaram depressa um
grau de graça e de naturalismo próximo ao que veremos na pintura cretense.
A pintura predominou então na decoração
das tumbas privadas.
Durante o Novo Império, a arte
decorativa, a pintura e a escultura alcançaram as mais elevadas etapas de
perfeição e beleza. Os objetos de uso cotidiano, utilizados pela corte real e a
nobreza, foram maravilhosamente desenhados e elaborados com grande destreza
técnica. Não há melhor exemplo para ilustrar esta afirmação do que o enxoval
funerário da tumba (descoberta em 1922) de Tutankhamen.
Técnica
utilizada:
cola fabricada com cores minerais – é aplicada sobre uma camada de gesso branco
que cobre a parede, usa tintas sem matizações, durante o Império Antigo e Médio
Império e só no Novo Império é que começam a introduzir na pintura o uso dos
meios-tons, numa época em que se torna visível certa tendência ao preciosismo.
Glossário
Faiança: Louça de massa
argilosa, macia, porosa, recoberta com verniz impermeável e opaco.
Antropomorfismo: crença ou doutrina
que atribui a Deus ou deuses características humanas;
Zoomorfismo: Culto religioso que
imprime forma animal à divindade;
Antropozoomorfismo: é a característica atríbuida àqueles cujo corpo é parte humano e
parte animal.
Lápis-lazúli: conhecido também como lápis, é uma pedra com uma das tradições mais longas sendo
considerada uma gema, com uma história que se estende antes de 7000
a.C. O azul escuro e opaco, fez com que esta gema fosse altamente apreciada
pelos faraós egípcios, como pode ser visto por seu uso proeminente em muitos dos tesouros
recuperados dos túmulos faraônicos. Lápis é uma rocha e não um mineral porque é composto de vários outros minerais(se
fosse um mineral ele teria um constituinte somente).
Pilone: é um elemento característico da arquitetura do
Antigo Egito que consiste numa porta monumental flanqueada por duas torres
trapezodais.
No interior das torres de um pilone poderiam exixtir quartos. Na parte da
frente dos pilones existiam reentraçias que permitiam inserir mastros de
madeira onde colocam bandeiras, a anunciar a existência de um espaço divino.
Nas paredes das torras representam-se
cenas, sendo a mais habitual a do faraó a castigar os inimigos do Egito.
Obelisco: é um monumento comemorativo, típico do Antigo Egito, constituído de um pilar de pedra em forma quadrangular alongada e sutil,
que se afunila ligeiramente em direção a sua parte mais alta, normalmente
decorado com inscrições hieroglíficas gravadas nos quatro lados, terminado com um ponto piramidal.
Zigurate: torre de vários andares, foi a construção característica das
cidades-estados sumerianas. Nas construções, empregavam argila, ladrilhos e
tijolos.
Referências:
http://www.portalartes.com.br/portal/historia_arte_mundo_antigo.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_do_Antigo_Egipto
JANSON, H. W., História
da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1992,
PROENÇA, Graça.
História da Arte. Ática.São Paulo. 2000
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