"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

1ª SÉRIE - Texto 3 - Unidade 2 - 2012

Reflexões sobre a História da Música: da pré-história à atualidade


A História da música é o estudo das origens e evolução da música ao longo do tempo.
Até poucas décadas atrás o termo ‘história da música’ significava meramente a história da música erudita europeia. Foi apenas gradualmente que o estudo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não europeia e finalmente da música pré-histórica. Há, portanto, tantas histórias da música quanto há culturas no mundo e todas as suas vertentes têm desdobramentos e subdivisões. Podemos assim falar da história da música do ocidente, mas também podemos desdobrá-la na história da música erudita do ocidente, história da música popular do ocidente, história da música do Brasil, História do samba, história do fado e assim sucessivamente.

A Música através dos tempos:

Povos Antigos: Nenhuma hipótese diz com exatidão o momento em que os primitivos começaram a fazer arte com os sons. Suspeita-se que já as pessoas das cavernas brincavam com os sons e davam á sua música um sentido religioso. Consideravam um presente dos deuses, davam a ela um caráter ritualístico e com ela reverenciavam o sagrado. Ritmavam suas danças com pancadas na madeira. Imitavam os barulhos e os sons da natureza, o sopro do vento, o ruído das águas, o canto dos pássaros. Por fim misturavam palmas e roncos, pulos e uivos, batidas e berros. Certamente assim nasceu a música, a partir da organização de muitos sons. Chama a atenção, no entanto, o fato de a origem da música esteve ligada com a experiência humana com Deus, com o Sagrado.

Idade Média: A música na antiguidade e nos primórdios da Era Medieval tem apenas uma linha melódica cantada e tocada por todos os executantes e é frequentemente chamada monofonia. No início da Idade Média, todos cantavam tanto a música sacra como a profana ou secular (não religiosa) na forma monofônica.
Depois desejaram cantar e tocar uma música mais interessante e mais complexa do que a monofônica. Reuniram duas ou mais melodias, criando um tipo de música chamada polifonia, que significa muitos sons. A polifonia apareceu na Europa mais ou menos no século IX. O contraponto (escrita polifônica) desenvolveu-se nos 800 anos seguintes.

Renascimento: A Renascença, na música, data do século XIV no sul da Europa e de um pouco mais tarde no norte europeu. Os compositores desejavam escrever música secular sem se preocupar com as práticas da Igreja. Sentiam-se atraídos pelas possibilidades da escrita polifônica, na qual cada voz podia ter sua própria linha melódica. A escrita polifônica fornecia oportunidades técnicas para efeitos de grande brilho, que eram impossíveis até então. Uma forma secular de composição, o Madrigal, surgiu no século XIV, na Itália. Os compositores escreviam Madrigais em sua própria língua, em vez de usar o latim. Compositores espanhóis também escreveram obras neste estilo, embora se dedicassem quase essencialmente à composição sacra. Na Itália, Giovanni Palestriona criou o mais importante sistema de escrita polifônica que antecedeu a Bach. Durante a Renascença, a música inglesa atingiu o apogeu. Surgiram grandes compositores madrigalistas ingleses que musicavam a poesia da época.

Música Barroca: A música barroca substituiu o estilo renascentista após o século XVII e dominou a música européia até cerca de 1750. Era elaborada e emocional, ideal para integrar-se a enredos dramáticos. A ópera era a mais importante novidade em forma musical, seguida de perto pelo oratório. A música italiana barroca atingiu o auge com as obras de Antônio Vivaldi.
O início do século XVIII foi marcado por dois grandes compositores: Bach e Haendel. A família de Bach era composta de músicos que atuaram do século XVI ao século XVIII. Dos 50 membros dessa família Johann Sebastian Bach foi o seu maior representante, deixando um legado de inúmeras e maravilhosas obras para a humanidade.
Nenhum estilo musical possui analogias tão nítidas com as artes plásticas como o Barroco. A música descobre a profusão de sons simultâneos como meio de alcançar o Belo. A linguagem tonal se firma como sustentáculo da polifonia. Trata-se de uma das épocas musicais de maior extensão, fecunda, revolucionária e importante da música ocidental, e provavelmente, também a mais influente.
Durante o período barroco, a música instrumental passou a ter importância igual à da música vocal. A orquestra passou a tomar forma no século XVII. O aperfeiçoamento dos instrumentos de corda, principalmente os violinos, fez com que a seção de cordas se tornasse uma unidade independente. Os violinos passaram a ser o centro da orquestra, aos quais os compositores acrescentavam outros instrumentos: flautas, fagotes, trompas, trompetes e tímpanos. Um traço constante nas orquestras barrocas, porém, era a presença do cravo ou órgão como contínuo, fazendo o baixo e preenchendo a harmonia. Novas formas de composições foram criadas como a cantata, fuga, a sonata para teclado, a suíte e o concerto.

Impressionismo: Na passagem do século XIX para o século XX, surgiram na pintura artistas que fundaram a corrente impressionista: Monet, Degàs, entre outros. Esses artistas queriam passar impressões pictóricas tais como achavam que eram sentidas. Na música não tardaram a surgir compositores que tentassem realizar obras de caráter análogo (parecido). Sem dúvida o mais importante deles foi Claude Debussy, francês.

Música no século XX: O século XX foi marcado por avanços constantes no meio eletrônico de comunicação, os quais interferem continuamente na concepção musical. Um outro fato que precisa ser levado em conta é que a civilização já estava bastante adiantada nos países chamados “Novo Mundo” e esses, ajudaram a mudar bastante o panorama da música ocidental. Em linhas gerais a música no século XX é marcada pela ruptura generalizada em relação à música europeia, que imperou até esse momento. Certamente a Europa não perdeu sua importância, mas viu-se obrigada a dividir terreno com a música americana e, inclusive, assimilou dela muitos ingredientes importantes.

O século XX presenciou o desenvolvimento de quatro aspectos importantes na História da Música:
● No início do século XX surgiu o Impressionismo, criado na França por Claude Debussy e mais tarde com Maurice Ravel. O compositor russo Igor Stravinsky foi um inovador por excelência, criando vários estilos musicais. Suas criações levaram-no do nacionalismo e neoclassicismo até as composições dodecafônicas. Os primeiros balés de Stravinsky, especialmente A Sagração da Primavera, foram logo aceitos como clássicos contemporâneos.
● O Nacionalismo tornou-se marcante na música espanhola. Os compositores soviéticos dominados pelo governo comunista criaram uma perspectiva oficialmente anti-romântica, conhecida como realismo soviético. Os mestres húngaros escreveram obras inspiradas em canções folclóricas, mas com um estilo pessoal.
● Novos compositores americanos começaram a expressar ideias de vanguarda de muita importância na música do século XX. A América Latina produziu compositores muito importantes como o mexicano Carlos Chávez e o brasileiro Heitor Villa Lobos.
● Os músicos acreditavam que já haviam esgotado todos os recursos do sistema tônica-dominante e sentiam que a música precisava de uma estrutura harmônica nova. Muitas inovações foram feitas e despertaram uma reação violenta de protesto, tanto do público como de compositores conservadores e críticos de música. Fizeram experiências de atonalidade e de politonalidade (duas ou mais tonalidades ao mesmo tempo).

Na década de 60 o nacionalismo deixou de representar uma força na música erudita. O mundo musical apresentava uma situação semelhante ao século XVII, quando estilos internacionais dominavam o cenário musical e compositores das mais diversas procedências e escolas podiam compartilhar os mesmos pontos de vista artísticos. Nos países comunistas, o realismo socialista ainda era o estilo oficial.
Alguns compositores continuavam a criar dentro dos conceitos de harmonia diatônica ou cromática. Ampliaram os limite4s do sistema harmônico de tônica-dominante, sem o destruir. Embora fossem combatidos por críticos e outros compositores, que os acusavam de conservadores, conseguiram obter o aplauso de um grande público amante da música. Vários compositores ocasionalmente omitiram o intérprete em favor da música eletrônica, que aumentou muito as possibilidades técnicas abertas ao compositor e à expressão musical.
Stockhausen e John Cage tornaram-se figuras importantes na criação e desenvolvimento da música aleatória ou improvisada. Ao contrário da música eletrônica, a música aleatória depende principalmente do intérprete. O compositor propõe alguns elementos rítmicos, harmônicos e melódicos e o intérprete a partir daí, cria sua própria interpretação. Por este motivo não existem duas composições iguais de música aleatória.
Assim como existem várias definições para música, existem muitas divisões a agrupamentos da música em gêneros, estilos e formas. Dividir a música em gêneros é uma tentativa de classificar cada composição de acordo com critérios objetivos que não são sempre fáceis de definir.

Uma das divisões mais frequentes separa a música em grandes grupos:

   Música Erudita - a música tradicionalmente dita como "culta" e no geral, mais elaborada. Seus adeptos consideram que é feita para durar muito tempo e resistir a modas e tendências. Em geral exige uma atitude contemplativa e uma audição concentrada. Alguns consideram que seja uma forma de música superior a todas as outras e que seja a real arte musical. No entanto esse pensamento é tipicamente ocidental, obsoleto e não leva em conta a imensa variedade de formas e funções da música nas mais diversas sociedades. Os gêneros eruditos são divididos sobretudo de acordo com o períodos em que foram compostas ou pelas características predominantes.

   Música Popular - associada a movimentos culturais populares. É a música do dia a dia, tocada na festas, usada para dança e socialização. Segue tendências e modismos e muitas vezes é associada a valores puramente comerciais. É dividida em centenas de gêneros distintos, de acordo com a instrumentação, características musicais predominantes e o comportamento do grupo que a pratica ou ouve.

  Música Folclórica ou Tradicional- associada a fortes elementos culturais de cada sociedade. Normalmente são associadas a festas folclóricas ou rituais específicos. Pode ser funcional (como canções de plantio e colheita ou a música das rendeiras e lavadeiras). Normalmente é transmitida por imitação e costuma durar décadas ou séculos. Incluem-se neste gênero as cantigas de roda e de ninar.

 Música Religiosa -  utilizada em liturgias, tais como missas e funerais. Também pode ser usada para adoração e oração ou em diversas festividades religiosas como o natal e a páscoa, entre outras. Cada religião possui formas específicas de música religiosa, tais como a música sacra católica, o gospel das igrejas evangélicas, a música judaica, os tambores do candomblé ou outros cultos africanos, o canto do muezim, no Islamismo entre outras.

Cada uma dessas divisões possui centenas de subdivisões. Gêneros, subgêneros e estilos são usados numa tentativa de classificar cada música. Em geral é possível estabelecer com um certo grau de acerto o gênero de cada peça musical, mas como a música não é um fenômeno estanque, cada músico é constantemente influenciado por outros gêneros. Isso faz com que subgêneros e fusões sejam criados a cada dia. Por isso devemos considerar a classificação musical como um método útil para o estudo e comercialização, mas sempre insuficiente para conter cada forma específica de produção. A divisão em gêneros também é contestada assim como as definições de música porque cada composição ou execução pode se enquadrar em mais de um gênero ou estilo e muitos consideram que esta é uma forma artificial de classificação que não respeita a diversidade da música. Ainda assim, a classificação em gêneros procura agrupar a música de acordo com características em comum. Quando estas características se misturam, subgêneros ou estilos de fusão são utilizados em um processo interminável. Os estilos musicais ao entrar em contato entre si produzem novos estilos e as culturas se misturam para produzir gêneros transnacionais.

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