"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin)

domingo, 2 de outubro de 2016

3ª Série - REALISMO - 3ª Unidade - 2016

Entre 1850 e 1900 surge nas artes europeias, sobretudo na pintura francesa, uma nova tendência estética chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades. O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade.
Os realistas buscavam mostrar a realidade tal qual ela se apresentava, demonstrando o que acontecia na sociedade sem ocultar ou distorcer os fatos.
São realistas os trabalhos de arte feitos pelos pintores, desenhistas, arquitetos e escultores que resolveram passar para suas obras a realidade que os circundava.

São características gerais:

* o cientificismo
* a valorização do objeto
* o sóbrio e o minucioso
* a expressão da realidade e dos aspectos descritivos

ARQUITETURA

A arquitetura adapta-se ao novo contexto social, tende a tornar-se realista ou científica.
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia do século XIX. As obras de engenharia e arquitetura passaram a ser realizadas com materiais novos surgidos a partir da Revolução Industrial, como o ferro fundido e o concreto armado. De início o ferro foi utilizado com o propósito unicamente utilitário; depois tornou-se o meio de suporte habitual para a cobertura de grandes espaços, como estações ferroviárias e bibliotecas públicas. Mas tarde, com objetivos mais ambiciosos, o ferro foi o material básico da delicada estrutura do palácio de cristal de Londres, construído em 1851 por Joseph Paxton e também da primeira construção francesa que adotou esse material em toda a sua estrutura e em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade Luz" com 300 metros de altura foi a construção mais alta da época.

ESCULTURA
A escultura realista não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras.
Dentre os escultores do período realista, o que mais se destaca é Auguste Rodin (1840-1917), cuja produção desperta severas polêmicas. Já seu primeiro trabalho importante, A Idade do Bronze, de 1877, causou uma grande discussão motivada pelo seu intenso realismo. Alguns críticos chegaram a acusar o artista de tê-lo feito a partir de moldes tirados do próprio modelo vivo. Mas é com São João Pregando, de 1879, que Rodin revela a sua característica fundamental: fixação do momento significativo de um gesto humano.
Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O Pensador.


PINTURA

A tendência se expressa, sobretudo na pintura. As obras privilegiam cenas cotidianas de grupos sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o uso das cores criam telas pesadas e tristes. O grande expoente é o francês Gustave Courbet (1819-1877). Para ele, a beleza está na verdade. Suas pinturas chocam o público e a crítica, habituados à fantasia romântica. São marcantes suas telas Os Quebradores de Pedra, que mostra operários, e Enterro em Ornans, que retrata o enterro de uma pessoa do povo. Outros dois nomes importantes que seguem a mesma linha são Honoré Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao naturalismo e, mais tarde, ao impressionismo. Sua tela Olympia exibe uma mulher nua que "encara" o espectador.

Características da pintura:

* Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da natureza, ou seja, o pintor buscava representar o mundo de maneira documental;
A pintura deixa completamente de lado os temas mitológicos, bíblicos, históricos, pois o que importa é a criação a partir de uma realidade imediata e não imaginada.
* Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é;
* Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.

Temas da pintura:

* Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injustas; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
* Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. As pessoas das classes menos favorecidas - o povo, em resumo - tornaram-se assunto frequente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os idealizados heróis da pintura romântica.

Principais pintores:

Courbet
Pintor francês Gustave Courbet (1819-1877) é considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade no século XIX.

Obra destacada: Os Britadores e Moças Peneirando o Trigo.

Jean-François Millet, sensível observador da vida campestre, criou uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação ativa do homem com a terra. Foi educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van Gogh. É o caso, por exemplo, "Angelus".
Entre os artistas brasileiros, tem maior expressão o realismo burguês, nascido na França. Em vez de trabalhadores, o que se vê nas telas é o cotidiano da burguesia. Dos seguidores dessa linha se destacam Belmiro de Almeida (1858-1935), autor de Arrufos, que retrata a discussão de um casal, e Almeida Júnior (1850-1899), autor de O Descanso do Modelo. Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se de um realismo mais comprometido com as classes populares, como em Caipira Picando Fumo.

Referências:
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática. São Paulo. 2000.
_____________.Descobrindo a História da Arte. 1ª Ed. São Paulo. Ática. 2005.

LEONARDI, Ângela Cantele. Arte e Habilidade: 8º ano. IPEB, 2012

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