1. Ariano Suassuna
Estreado no Recife
em 1956, o Auto da Compadecida viajou para o Rio
de Janeiro, consagrando Ariano Suassuna, de imediato, como um dos mais
importantes dramaturgos brasileiros. A obra continha um achado que fundia duas
tradições importantes para a nacionalidade: o teatro religioso medieval, que nutriu Gil Vicente, fundador do
palco português, bem como o jesuíta José de Anchieta, que inaugurou a cena
brasileira; e o populário nordestino,
de riqueza incomparável nas personagens e situações.
A religiosidade
autêntica de O Auto da Compadecida
alimenta-se do melhor sentido que possa ter a palavra misericórdia, guardando
uma irreverência voltada contra o preconceito, ao criar um Cristo negro.
Outras peças: O Arco Desolado, O Auto de João da
Cruz, O Santo
e a Porca e A Pena e a Lei.
2. Augusto Boal
Augusto Boal tem
expressiva obra de dramaturgo além de ser conhecido internacionalmente, com
traduções em mais de vinte línguas, de suas teorias acerca do Teatro do
Oprimido.
Depois de cursar
dramaturgia, nos Estados Unidos, Boal passou a dirigir no Teatro de Arena de São Paulo, onde houve a estréia, em 1960,
de sua peça Revolução na América do Sul,
protagonizada pelo homem do povo José da Silva, vítima de todas as explorações
da classe dominante. Desferido o golpe militar de 1964, Boal, de parceria com
Gianfrancesco Guarnieri, que inaugurou com Eles Não Usam
Black-tie a linha nacionalista do Arena, lançou Arena
Conta Zumbi e mais tarde Arena Conta Tiradentes,
utilizando dois heróis históricos, sacrificados na luta pela liberdade, como
metáfora contra a opressão do momento. Outro texto representativo de Boal é Murro
em Ponta de Faca, dramatização de seu longo exílio, que se seguiu à
prisão e à tortura.
A melhor definição
para o Teatro do Oprimido seria a de que “se trata do teatro das classes
oprimidas e de todos os oprimidos, mesmo no interior dessas classes". As
técnicas para desenvolvê-lo compreendem o teatro invisível, o teatro-imagem e o
teatro-foro, e visam a transformar o espectador em protagonista da ação
dramática e, "através dessa transformação, ajudar o espectador a preparar ações
reais que o conduzam à própria liberação".
3. Dias Gomes
Na seqüência de
peças que, na década de cinqüenta, vinham trazendo acréscimos temáticos à
dramaturgia brasileira, Dias Gomes lançou, em 1960, no Teatro Brasileiro de Comédia de São Paulo, O
Pagador de Promessas, que tem como pano de fundo o problema do
sincretismo religioso. Zé-do-Burro faz uma promessa a Iansã e pretende pagá-la
no interior de uma igreja de Santa Bárbara, em Salvador - a popular Iansã é
sinônimo da santa católica. Mas o padre, movido por intolerância, não admite o
que julga ser sacrilégio, provocando uma tragédia.
Para a crítica e o
público, a estréia pareceu a revelação de um autor maduro. A verdade é que Dias
Gomes, aos 15 anos, com A Comédia dos Moralistas,
já havia ganho um prêmio do Serviço Nacional de Teatro, e, em 1943, assinou
contrato de exclusividade com Procópio Ferreira, considerado então o maior ator
brasileiro. Dos cinco textos que escreveu naquele ano, o dramaturgo teve três
interpretados por Procópio.
A partir de O Pagador, que recebeu
em 1962 a Palma de Ouro do Festival de Cannes, na versão cinematográfica, Dias
Gomes construiu uma das mais sólidas e continuadas carreiras dramatúrgicas.
Alguns de seus títulos expressivos são: A Invasão, A
Revolução dos Beatos, O
Bem Amado (transformado recentemente em filme), O Berço do Herói, O Santo Inquérito, Vargas - Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória
(em parceria com Ferreira Gullar) e Amor em Campo Minado.
Campeões
do Mundo, que estreou em 1980, teve uma importância histórica
fundamental: foi a primeira peça a fazer um balanço da política brasileira,
desde o golpe militar de 1964 até a abertura de 1979, com inteira liberdade,
sem precisar recorrer a metáforas e alusões para iludir a Censura.
Em Meu
Reino por um Cavalo,
estreada em 1989, Dias Gomes se desnuda corajosamente, problematizando a crise
da maturidade. São numerosas, também, as telenovelas que ele escreveu, com grande
aceitação popular.
4. Nélson Rodrigues
Nelson Rodrigues modernizou o palco
brasileiro com a autoria da peça Vestido de Noiva,
estreada em 1943. A montagem do diretor polonês Ziembinski e a cenografia do
pintor Santa Rosa foram fundamentais, também, para o processo de modernização. Considerado
o pai da tragédia urbana, deixou uma obra vigorosa e crítica da sociedade
carioca, mergulhando em uma profunda análise psicológica. Escreveu “Anjo Negro”,
“Engraçadinha”, “ A Mulher sem Pecado”, “ Viúva, porém honesta”, “ Álbum de
Família” e “Dorotéia”, entre outras.
Estimulado pelo
êxito popular dos contos-crônicas de “A
Vida Como Ela É...”, publicados diariamente na imprensa, Nelson
Rodrigues criou as tragédias cariocas, bloco mais numeroso e compacto da
dramaturgia rodriguiana, formado por A
Falecida (1953), Perdoa-me
por me Traíres (1957), Os
Sete Gatinhos (1958), Boca
de Ouro (1959), O
Beijo no Asfalto (1961), Otto
Lara Resende ou Bonitinha,
mas Ordinária (1962), Toda
Nudez Será Castigada (1965) e A
Serpente (1978).
Nas tragédias
cariocas fundem-se, em geral, a realidade, freqüentemente vinculada à Zona
Norte do Rio, e o mundo interior das personagens, com suas fantasias nutridas
de mitos. O prosaísmo das vidas entrelaçadas, maltratadas por um cotidiano
infeliz, se resgata pela presença sempre vigorosa da transcendência, dando ao
destino humano um sentido superior.
5.
Jorge Andrade
– faz uma reconstrução crítica de várias fases de nossa história, sobretudo o
ciclo de café, além de focalizar o problema da decadência dos valores
patriarcais numa sociedade em transformação. Escreveu “Os ossos do barão”, “Senhora na boca do
lixo” e “ Milagre na ceia”, entre outras.
6.
Gianfrancesco Guarnieri – além de autor é também ator, tendo em suas peças uma
constante preocupação social. Escreveu “Eles não usam Brack-tie”, “Ponto de
partida”, “Arena contra Zumbi”, “Arena
contra Tiradentes” (em parceria com Augusto Boal).
7.
Oduvaldo Viana Filho
– reflete em suas peças profunda preocupação da situação social e política do
país. Escreveu “ Chapetuba Futebol Clube”, “A longa noite de cristal” e “Corpo
a corpo”, entre outras.
8.
Oswald de Andrade
– possui uma visão bastante crítica da nossa sociedade revelada em suas obras.
Escreveu “O homem e o cavalo”, “A morta” e “O rei da vela”.
9.
Plínio Marcos
– a extrema originalidade de sua obra fez com que a mesma, pela violência de
sua temática e linguagem, permitisse o surgimento de uma série de autores que,
como ele, abordaram de modo bem crítico os problemas da classe média brasileira.
Escreveu “Dois perdidos numa noite suja” e “Navalha na carne”, entre outras.
Referências:
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