Na Bahia, a produção teatral propriamente dita só
ocorreu no século XX. Até o final do século XIX, na pacata vida de província,
raramente viam-se acontecimentos extraordinários. Só a partir da segunda década
é que começaram a surgir companhias de arte dramática que estudavam,
especialmente, as obras de William Shakespeare. Embora os espetáculos teatrais
já fizessem parte da cidade do Salvador desde a sua fundação, somente em 1957 a
capital baiana ganha o seu primeiro teatro, o Teatro Santo Antônio, que até
hoje faz parte das instalações da Escola de Teatro da UFBA, com o nome de
Teatro Martim Gonçalves. Até então, os poucos espetáculos existentes eram
apresentados em auditórios adaptados em colégios, clubes e praças da capital
baiana. A Escola de Teatro da UFBA, que regulamentava a profissão de atores e fazia
parte do ambicioso projeto cultural do Reitor Edgard Santos, surge no ano de
1956, tendo como principal objetivo a integração da produção universitária com
a população, levando à mesma, novas formas de pensar, agir e vivenciar novos
padrões estéticos. Para o Reitor, idealizador do projeto, esta seria uma forma
da comunidade afirmar a sua identidade cultural. A grande ousadia de implantar
uma faculdade destinada à formação, em nível superior, de atores, diretores, professores,
cenógrafos e críticos de teatro ganharia
novo impulso com a chegada do artista e professor Martim Gonçalves, primeiro
diretor da escola de Teatro e um dos fundadores do teatro Tablado no Rio de
Janeiro. Ao lado dele, ajudando a realizar o sonho de Edgard Santos, pode-se
citar nomes que entraram para a história da arte dramática no Brasil, como
Othon Bastos, Nilda Spencer, José Possi Neto e tantos outros que fizeram de
Salvador, logo nos primeiros anos da Escola, um centro de produção teatral. Nos
anos 60 e 70, o teatro baiano continuou a sua trajetória, porém, com a ditadura
militar e a subsequente ausência de políticas públicas de incentivo às artes cênicas
baianas, houve um longo período em que o teatro produzido na capital baiana não
era muito valorizado nem prestigiado pela comunidade, ficando restrito a um
público mais elitizado, afastando-se totalmente do povo. As produções não
conseguiam patrocínio e, apesar dos excelentes artistas que sempre existiram na
cidade, o teatro perdeu muito da sua importância no cenário da cultura
soteropolitana e em todo o país. Na década de 80, o surgimento da Cia Baiana de
Patifaria fez o teatro baiano ganhar projeção nacional, com a montagem da
comédia besteirol “A Bofetada”, que ficou em cartaz inicialmente por 12 anos e,
inclusive, tem sido remontada inúmeras vezes nos últimos anos. “A Bofetada”
ganhou inúmeros prêmios em festivais nacionais e fez bastante sucesso em todo o
país. “Os Cafajestes”, “Oficina Condensada” e “Noviças Rebeldes” foram peças
que seguiram o sucesso dessa produção, encantando a todos com o seu gênero de comédia.
Atualmente, o teatro baiano tem ampliado sua produção, diversificando os
gêneros e criando um estilo bastante peculiar e reconhecido em todo o país. O
forte traço regional é uma característica marcante nas montagens baianas,
conferindo a textos antigos uma nova roupagem e, aos novos, criatividade e
autenticidade. Inúmeras peças têm feito sucesso nos últimos anos em Salvador e
seguido para outros estados, como: 7 Conto, O Indignado, Vixe Maria Deus e o
Diabo na Bahia, Cabaré da Raça (Bando de Teatro Olodum, etc. O teatro passou a
contar com maiores incentivos das políticas públicas e patrocínios, facilitando
o acesso do grande público às suas produções. Atualmente temos grandes atores
no teatro baiano e muitos têm feito sucesso no eixo Rio-São Paulo, a exemplo de
Lázaro Ramos e Vladimir Brishta (novelas e cinema), Val Perre, Fabrício
Oliveira e Wagner Moura, que esteve a pouco tempo em cartaz com a peça Hamlet e
atualmente é o protagonista de Tropa de Elite 1 e 2, além de inúmeras novelas e outros filmes.
Referências:
www.obrchopero.hpg.ig.com.br , www.canalkids.com.br e www.dionisius.hpg.ig.com.br
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