Arte brasileira é o termo utilizado para
designar toda e qualquer forma de expressão artística produzida no Brasil,
desde a época pré-colonial até os dias de hoje. Dentro desta ampla definição,
estão compreendidas as primeiras produções artísticas da pré-história
brasileira e as diversas formas de manifestações culturais indígenas, bem como
a arte do período colonial, de inspiração barroca, e os registros pictóricos de
viajantes estrangeiros em terras brasileiras.
De forma genérica, a arte plumária indígena
e a pintura corporal atingem grande complexidade em termos de cor e desenho,
utilizando penas e pigmentos vegetais como matéria-prima. Por fim, destaca-se a
confecção de adornos peitorais, labiais e auriculares, encontrados em diversas
culturas diferentes espalhadas por todo o território brasileiro.
UMA
ARTE UTILITÁRIA
A primeira questão
que se coloca em relação à arte indígena é defini-la entre as muitas atividades
realizadas pelos índios.
Quando dizemos que
um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com
conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao índio. Para
ele, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua utilidade
exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a noção
indígena de beleza.
Outro aspecto
importante a ressaltar: a arte indígena é mais representativa das tradições da
comunidade em que está inserida do que da personalidade do indivíduo que a faz.
É por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam
significativamente de uma tribo para outra.
CERÂMICA
A cerâmica é a
mais antiga de todas as indústrias. Há milênios o homem se utiliza o barro
endurecido pelo fogo.
As mais de 200 tribos indígenas do Brasil
produzem seus próprios utensílios de cerâmica usando técnicas tradicionais de
seus antepassados.
A cerâmica foi uns dos utensílios que nos
ajudaram a identificar as diferentes culturas indígenas. Poderiam ser para
vários usos, como para funerais, bonecas, panelas, etc. Os conhecimentos
ancestrais das técnicas para a produção de objetos cerâmicos envolvem a escolha
da matéria prima, a técnica para queima e a arte do acabamento.
Na cerâmica, a criatividade indígena
encontra materiais com maior durabilidade.
As peças geralmente são produzidas
manualmente pelas mulheres indígenas que trabalham moldando o barro. Na época
das secas, as índias recolhem o barro, nas margens dos rios, armazenando-o em
cestos ou folhas de palmeiras, para evitar que o barro resseque, e depois
retiram as impurezas, como pedaços de gravetos e pedras, amassando a argila com
um pilão, para obterem um grão bem fino e homogêneo.
Para um acabamento de boa qualidade e uma
boa liga, as índias misturam alguns componentes orgânicos ou minerais do tipo
palha picada ou ossos moídos. Como a argila é um material fácil de ser
modelado, o acabamento final é feito alisando as peças com uma concha ou um
utensílio de metal. Essas peças de cerâmica produzidas se dividem em objetos utilitários,
do tipo de cuias, pratos e panelas, ou em objetos de rituais, como os
cachimbos, utilizados em cerimônias religiosas.
A cerâmica
utilitária substituiu à pedra trabalhada, a madeira, as vasilhas feitas de
frutos (cocos) ou de cascas (porongos, cabaças, catutos).
Mas estes
materiais ainda são utilizados pelos nossos índios e pelos civilizados, nos
meios culturais.
A cerâmica
pré-histórica pode ser dividida em três classes: a primeira, de vasos sem asa,
que tinham a cor da argila ou que eram escurecidos por óxido de ferro. A
segunda pertence a cerâmica feita no torno, torneada e com asas. Algumas tribos
brasileiras atingiram este estágio.
A terceira
pertence a cerâmica coberta com um verniz lustroso, que não é encontrada entre
os nossos índios.
O período pré-cabralino: a fase Marajoara e a
cultura Santarém
A
Ilha de Marajó foi habitada por vários povos desde, provavelmente, 1100 a.C. De
acordo com os progressos obtidos, esses povos foram divididos em cinco fases
arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na seqüência da ocupação da ilha e a
que apresenta as criações mais interessantes.
A fase Marajoara
A produção mais característica desses povos
foi a cerâmica, cuja modelagem era tipicamente antropomorfa. Ela pode ser
dividida entre vasos de uso doméstico e vasos cerimoniais e funerários. Os
primeiros são mais simples e geralmente não apresentam a superfície decorada.
Já os vasos cerimoniais possuem uma decoração elaborada, resultante da pintura
bicromática ou policromática de desenhos feitos com incisões na cerâmica e de
desenhos em relevo.
As
pinturas eram acromáticas, havia apenas a tonalidade do barro queimado. A
coloração era obtida com o uso de engobes (barro em estado líquido) e com
pigmentos de origem vegetal. Para o tom vermelho usavam o urucum, para o branco
o caulim e para o preto o jenipapo, além do carvão e da fuligem.
Dentre os outros objetos da cerâmica
marajoara, tais como bancos, colheres, apitos e adornos para orelhas e lábios,
as estatuetas representando seres humanos despertam um interesse especial,
porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja, os estudiosos discutem
ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função cerimonial. Essas
estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas humanas de maneira
estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da realidade.
A fase Marajoara conheceu
um lento, mas constante, declínio e, em torno de 1350, desapareceu, talvez
expulsa ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha de Marajó.
Cultura Santarém
Não
existem estudos dividindo em fases culturais os povos que ao longo do tempo
habitaram a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, como foi
feito em relação aos povos que ocuparam a Ilha de Marajó. Todos os vestígios
culturais encontrados ali foram considerados como realização de um complexo
cultural denominado "Cultura Santarém".
A
cerâmica apresenta uma decoração bastante complexa, pois além da pintura e dos
desenhos, as peças apresentam ornamentos em relevo com figuras de seres humanos
ou animais.
Além
de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração por vezes
já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de
formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da Cultura
Santarém apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres
humanos ou animais que representam.
Por volta do século XVII, os povos que
a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção acabou
por desaparecer.
ARQUITETURA:
A
arquitetura indígena se caracterizou pela Taba ou Aldeia. A Taba é uma reunião
de 4 a 10 ocas e em cada oca viviam várias famílias (ascendentes ou
descendentes), geralmente de 300 a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a
taba devia ser bem ventilado, denominando visualmente a vizinhança, próxima de
rios e da mata. A terra, própria para o cultivo de mandioca e de milho.
No centro da aldeia ficava a ocara, a
praça. Ali se reuniam os conselheiros, as mulheres preparavam as bebidas
rituais e davam lugar as grandes festas. Dessa praça partiam trilhas chamadas
pucu que levavam à roca, ao campo e ao bosque. Destinada a durar no máximo
cinco anos a oca era erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas.
Não possuía janelas, tinha uma abertura em cada extremidade e em seu interior
nenhuma parede ou divisão aparente. Seus habitantes viviam de forma harmoniosa.
ARTE PLUMÁRIA:
Esta é uma arte muito
especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura
busca da beleza.
As penas geralmente
são sobrepostas em camadas, como nas asas dos pássaros. Esse trabalho exige uma
cuidadosa execução.
No Brasil, existem pelo menos 30 grupos indígenas que produzem adornos
plumários. Alguns deles: Xavante, Waurá, Juruna, Kaiapó, Tukano, Urubus-Kaapor,
Asurini, Karajá. A arte plumária indígena possui um caráter ritualístico, em
dois níveis:
A confecção das peças (modo de fazer): é feita exclusivamente pelos homens, que obedecem a um ritual de caça,
coleta, separação, tingimento, corte, amarração, etc.. da matéria-prima, afim
de dar uma forma específica a ela.
Há diversos
objetos feitos com plumas de aves: diademas, braceletes, brincos, pulceiras,
anéis, colares, máscaras, etc. A arte plumária dos índios brasileiros já foi
exibida em exposições pelo mundo todo. É difícil dizer qual nação indígena tem a arte plumária mais bonita.
Matéria Prima
· Penas - são os maiores elementos da
plumagem. Provenientes da cauda e das asas das aves.
· Plumas - cobertura das costas e do abdomen das aves. São menores, largas e arredondadas.
· Penugem - pequenas plumas do pescoço, das costas e do abdomen das aves. Possuem a sua estrutura descontínua.
· Plumas - cobertura das costas e do abdomen das aves. São menores, largas e arredondadas.
· Penugem - pequenas plumas do pescoço, das costas e do abdomen das aves. Possuem a sua estrutura descontínua.
Finalidade:
·
Os grupos indígenas ornamentam o corpo em
contraposição aos outros seres vivos (animais e outros grupos indígenas).
·
Contrapondo-se os diferentes grupos indígenas
cria-se um diferencial, tanto no aspecto interno da tribo quando no externo a
estes grupos.
·
Extrapolando o conceito de enfeite, a plumária é um
símbolo usado em ritos e cerimônias. Pode representar mensagens sobre sexo,
idade, filiação (clã), posição social, importância cerimonial, cargo político e
grau de prestígio dos seus portadores e possuidores.
·
O uso dos objetos plumários é privativo aos homens
principalmente nos cerimoniais onde eles possuem um papel mais destacado que as
mulheres.
Máscaras: Para os índios, as
máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo tempo que são um artefato produzido por
um homem comum, são a figura viva do ser sobrenatural que representam. Elas são
feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas
geralmente em danças cerimoniais, como, por exemplo, na dança do Aruanã, entre
os Karajá, quando representam heróis que mantêm a ordem do mundo.
É largamente difundido entre os índios o
uso das máscaras. No princípio, talvez, a máscara tenha sido usada como
disfarce para as caçadas.
Atualmente ela tem uma função religiosa.
Numas tribos, a máscara não permite o reconhecimento de seu portador por um
espírito maléfico. Em outras, a função é inversa: a máscara serve para que a
divindade reconheça o índio escondido e transmita dons especiais.
Há certas cerimônias em que a máscara, no
caso de iniciação (admissão dentro da vida adulta da tribo), representa um
espírito obsceno, petulante, violento, que deseja se apossar do iniciado.
Na realidade quem faz a máscara não a
considera ou utiliza como obra de arte. A máscara para o índio tem uma função
mágica. Pode protegê-lo da perseguição de uma entidade extraterrena. Pode
emprestar uma força sobrenatural ao índio. E pode, seguramente, dar ao índio
uma posição privilegiada em sua tribo.
Para o preparo das máscaras os índios usam,
em geral, a entrecasca de uma árvore (líber), que é retirada da árvore fina
como um pano. Preparam a entrecasca, cuidadosamente, molhando e expondo ao sol.
Ela fica macia e clara. Depois pintam com cuidado as máscaras. Na pintura
empregam resinas vegetais e tabatinga.
Alguns índios usam apenas máscaras nos
rostos. Outros usam também um disfarce que vai da cabeça aos pés. É o caso dos
índios tucuna, que se cobrem totalmente, configurando seres sobrenaturais.
CESTARIA:
A
arte de trançar é encontrada em todos os povos primitivos. Vários tipos de
cestas e peneiras eram feitos pelos ameríndios, sendo portanto conhecidos os
trançados por diversas tribos brasileiras. Certamente os cesteiros atuais
herdaram técnicas de nossos indígenas, além de receberem influências lusas e
africanas.
A cestaria é o conjunto de objetos
feitos quando se trançam fibras vegetais. Com as fibras, os índios produzem cestos
para transportar coisas e armazená-las, além de trançar pulseiras, cintos,
colares, fazer armadilhas de pesca e muito mais. Cada povo indígena tem um tipo
de cestaria; em cada cesto tem um formato diverso, de acordo com sua função.
Por exemplo, os cestos para transportar cargas têm uma alça para pendurar na
testa, base retangular e borda redonda. Algumas tribos acreditam que fazer
cestos é tarefa dos homens - mas que são as mulheres que devem usá-los! Esse é
o caso dos Wayana e Apalaí, que vivem no Pará. Em outras sociedades, homens e
mulheres trabalham fazendo os cestos. É o caso dos Guarani, que vivem em Angra
dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. As fibras usadas na cestaria indígena
também variam: usa-se a taquara, o arbusto "arumã" e a folha de palmeira,
entre outros.
Tecelagem: Os índios dominaram
a arte da tecelagem com matérias primas como folhas, palmas, cipós, talas e
fibras resultando em redes, cestos, abanos e máscaras.
PINTURA CORPORAL: A pintura corporal
para os índios tem sentidos diversos, não somente na vaidade, ou na busca pela
estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos
através desta arte. Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma
forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade
indígena, como uma forma de indicar os grupos sociais nela existentes, embora
exista tribos que utilizam a pintura corporal segundo suas preferências. Os
materiais utilizados normalmente são tintas como o urucu que produz o vermelho,
o jenipapo da qual se adquire uma coloração azul marinho quase preto, o pó de
carvão que é utilizado no corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o
calcáreo da qual se extrai a cor branca. A escolha dessas cores é importante,
porque o gosto pela pintura corporal está associado ao esforço de transmitir ao
corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas. São os Kadiwéu que
apresentam uma pintura corporal mais elaborada Os primeiros registros dessa
pintura datam de 1560, pois ela impressionou fortemente o colonizados e os
viajantes europeus. Mais tarde foi analisada também por vários estudiosos,
entre os quais Lévi‑Strauss, antropólogo francês que esteve entre os índios
brasileiros em 1935.
Os desenhos dos Kadiwéu são geométricos,
complexos e revelam um equilíbrio e uma beleza que impressionam o observador.
Além do corpo, que é o suporte próprio da pintura Kadiwéu, os seus desenhos
aparecem também em couros, esteiras e abanos, o que faz com que seus objetos
domésticos sejam inconfundíveis.
A expressividade cultural das comunidades
indígenas, a crença e suas raízes ancestrais são vistas através das práticas
artesanais e rituais. A mitologia e as lendas estão relacionadas aos encantados e
aos seres sobrenaturais que habitam as matas, os rios, igarapés, igapós, e
protegem os animais. São histórias narradas no seio da sociedade indígena que
servem de doutrina para os membros da comunidade. Dentre estas histórias de
encantamento e lendas as mais conhecidas são: Anhangá, O Boitatá,
O Boto, O Caipora, O Cairara, A Cidade Encantada, O Curupira, A Galinha Grande,
O Guaraná, A Iara ou Uiara, O Lobisomem, A Mandioca, A Princesa do Lago, O Saci
Pererê, O Uirapuru, O Velho e o Bacurau, O Velho da Praia, A Vitória-Régia,
entre outras. As manifestações folclóricas indígenas compreendem inúmeros
rituais, sendo que o toré e os toantes, são festejos realizados
com mais freqüência entre as índios, como motivo de agradecimento, em
casamentos, batizados, celebrações solenes aos visitantes da tribo e
personalidades importantes, e também quando eles querem reinvindicar às
autoridades governamentais benefícios para sua tribo. Esses folguedos duram a
noite toda, neles tomando parte os homenageados, as mulheres "cantadeiras"
e os "praiás", que são dançadores que se fantasiam com
máscaras, totens, colares e se pintam com tintas coloridas. O Kaurup é também uma das
festas mais tradiconais de algumas tribos do Alto Xingu.
Referências
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática.
São Paulo, 2000
______________. Descobrindo a História da
Arte. Ática. 2005
C:\Users\Bianca\Downloads\3c32a23c8fcf462c07866a53b7884745.gif Esta é uma animação criada por mim para um trabalho de física cujo tema era espelhos planos e produção de multiplas imagens.Infelizmente eu não consegui entregar este para a professora.Obs: se não conseguir ver o vídeo pelo link,então copie o link e cole para visualizar via internet.Nathan Oliveira Guedes dos Santos.2°M7
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