As
primeiras décadas do século XX foram marcadas pela crise do capitalismo e pelo
nascimento das democracias de massa. O homem viveu a guerra e começou a
questionar os valores do seu tempo.
A
arte do século XX passou por várias transformações atravessando verdadeiras
polêmicas e escândalos. Após os movimentos de vanguarda da primeira década, as
manifestações artísticas se proliferaram e, dentre as que surgiram nos anos 20,
como o futurismo e o dadaísmo, estava o surrealismo. As correntes de vanguarda
anteciparam os acontecimentos captando e antecipando o futuro. Daí serem muitas
vezes incompreendidas.
O
movimento surrealista surgiu em Paris em 1924, foi criado sobre as cinzas da I
Guerra Mundial e sobre a experiência acumulada de todos os outros movimentos.
Fruto de um grupo de escritores e artistas que, liderados por André Breton
(1896-1966), valorizavam as pesquisas científicas, sobretudo a psicanálise.
Esse grupo de artistas, que ficou conhecido como a vanguarda europeia do século
XX, baseava-se principalmente nos estudos de Freud e explorava o inconsciente e
os sonhos nas expressões artísticas. Dessa maneira, as obras não seguiam nenhum
padrão estético e não se prendiam à moral, à lógica e a razão. Elas muitas
vezes parecem sem sentido, mas na realidade representam os pensamentos mais
íntimos e verdadeiros do homem.
Para
o surrealista:
" O subconsciente é a fonte da criação estética;
" A reflexão intelectual não deve interferir durante a
concepção artística nas manifestações subconscientes que são tão verdadeiras
quanto as conscientes.
O
surrealismo pictórico está dividido em:
" Surrealismo figurativo que se exprime utilizando
imagens da realidade.
Representantes
do Surrealismo Figurativo: Salvador Dali, Chagall, René Magritte, Paul Delvaux,
Greta Feist, Raoul Michaud, Maxime Van Woestijne, Wolfang Hutter, etc.
" Surrealismo abstrato que se exprime por outros
símbolos e signos (podendo se confundir com o próprio Abstracionismo informal
ou sensível)
Representantes
do Surrealismo Abstrato: Joan Miró, Yves Tanguy, Hans Arp, podendo citar-se
algumas obras de Max Ernst, Paul Klee, Picabia.
Salvador
Dali
Dos
pintores surrealistas, Salvador Dali (1904-1989) é sem dúvida o mais famoso e
mais conhecido, com suas obras. Dali gerava controvérsias por causa de sua
maneira exótica e excêntrica de ser. Um artista extremamente versátil que, além
de pintor, escultor, ilustrador, designer de joias e cenógrafo, foi estilista
de moda, escritor (Faces Ocultas – 1944) e diretor de cinema, junto com Luís
Bunel (Um cão andaluz – 1929; Idade do ouro – 1930). Salvador Dali, embora
tendo transitado sucessivamente pela arte cubista, futurista e pela pintura
metafísica, integrou-se ao movimento surrealista em 1929, estilo que a partir
de então adotou para o resto de sua vida.
Características
da obra de Salvador Dali:
- Método clínico-paranóico: recusa da lógica que rege a vida humana; ambiguidade das imagens.
- Descrédito da realidade: cenas absurdas e ilógicas como imagens de sonhos e de alucinações.
- Dualidade do espírito surrealista: a técnica acadêmica contrasta com um mundo onírico representado com realismo.
- O imaginário, o irreal são representados de maneira estranha e alucinatória.
- As pinturas parecem fotografias de sonhos pintadas a mão.
- Imagens frequentes: figura de dorsos humanos, girafas, relógios, e reproduções de figuras mitológicas inspiradas em obras de artistas de outras épocas (Bosch, Rafael, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Velázquez, Vermeer, Goya, Picasso).
Temas:
políticos, religiosos e sexuais, incluindo sempre sua mulher Gala em seus
trabalhos.
BIBLIOGRAFIA
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ática.
São Paulo, 2000
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